A Eletricidade de Moçambique (EDM) vai aumentar as suas tarifas, que não eram ajustadas desde 2010, justificando que os preços atuais eram insustentáveis e para evitar a degradação das contas da empresa e o colapso do sistema elétrico.
"O ajustamento médio das tarifas é de 0,7 meticais [0,014 euros], por cada quilovátio/hora, com incremento médio de 0,54 meticais por cada quilovátio/hora nos clientes da categoria doméstica, onde está a maior parte dos clientes da EDM", anunciou a elétrica estatal na sua página na Internet.
De fora dos aumentos estão os clientes com um consumo até 100 quilovátios/hora por mês, os da Tarifa Social e da Tarifa Agrícola de Baixa Tensão.
"O ajustamento tarifário teve também em consideração a proteção dos clientes da categoria doméstica de baixa tensão, que representam a esmagadora maioria dos clientes da EDM", diz a empresa.
Este é o segundo aumento de um bem essencial em Moçambique, depois de há um mês ter sido anunciada a subida em 1,5 meticais (0,031 euros) do preço do pão.
A EDM lembra que o último aumento de tarifas aconteceu em 2010 e que, "desde então, a globalidade dos custos operacionais tem vindo a subir continuamente, incluindo os custos de aquisição de energia, serviços, materiais, equipamentos, financeiros [juros sobre os créditos]".
Apesar da energia da Hidroelétrica de Cahora Bassa, a empresa diz que o consumo de eletricidade em Moçambique cresce 12% ano e implica a aquisição deste serviço a partir de outras fontes de produção e a custos acima do preço de venda médio praticado ao público
Este ajustamento, defende a empresa, "ainda não é o ideal, tendo em consideração os custos reais de fornecimento de energia elétrica, as necessidades futuras de investimento e as recomendações dos estudos tarifários realizados", além da forte depreciação do metical face ao dólar.
Segundo a elétrica, este aumento já deveria ter acontecido em 2012, após recomendações de um estudo tarifário, e não podia ser mais adiado, sob ameaça de "se degradar ainda mais a situação financeira da EDM e o risco de o sistema elétrico colapsar a qualquer momento".
O aumento, disse ainda a EDM, "vai permitir de imediato reduzir a deterioração da situação da tesouraria da empresa, criando bases para a melhoria gradual da qualidade de fornecimento de energia elétrica".
Maputo tem enfrentado sérias restrições no fornecimento de energia desde há um mês, devido à avaria de um transformador na subestação da Matola, arredores da capital moçambicana, e que se juntou a outro já inoperacional.
A reparação dos dois transformadores do sistema de abastecimento de energia a Maputo custa cem milhões de meticais (2,1 milhões de euros), informou a EDM, que esperava terminar os trabalhos em 45 dias.
A inflação em Moçambique tem estado baixa, em cerca de 2%, mas, segundo o relatório divulgado na semana passada de uma missão de avaliação do FMI, é esperado um aumento para 5% a 6% ao longo dos próximos meses, devido à recente depreciação do metical, e ajustes necessários nos preços administrados".
HB // EL
Lusa – 05.11.2015
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