O Ministro do Interior, Basílio Monteiro, disse que as armas fora do controlo do Estado em Moçambique não representam ameaça total à estabilidade do país
Basílio Monteiro reagia a uma pergunta da Rádio Moçambique sobre o estágio da recolha das armas em poder dos homens residuais da Renamo e de outros indivíduos não autorizados.
O Ministro do Interior vincou que há qualquer momento, o governo poderá chegar a conclusão de que não se justifica a recolha coerciva das armas, porque as pessoas estão a entrega-las voluntariamente.
O governante moçambicano prestou estas declarações no encerramento da sessão da Comissão Conjunta Permanente da Defesa e Segurança, entre Malawi e Moçambique.
O encontro, segundo Basílio Monteiro, permitiu alcançar consensos sobre o ambiente de paz e para uma melhor gestão da fronteira estatal.
A reunião da Comissão Conjunta Permanente de Defesa e Segurança, entre Moçambique e Malawi, teve lugar em Mangoche, naquele país vizinho. (RM-Malawi)
Recorde-se que:
O Presidente da República, Filipe Nyusi, instruiu as Forças de Defesa e Segurança a ponderarem no processo, em curso, de desarmamento compulsivo dos homens da Renamo
O chefe do Estado disse que tomou essa decisão após consultar vários segmentos da sociedade, entre nacionais e estrangeiros.
Filipe Nyusi falava esta quinta-feira, em Maputo, na qualidade de Comandante em Chefe das Forças de Defesa e Segurança, durante a cerimónia de encerramento do décimo quinto curso da Guarda Penitenciária.
O comandante em chefe das Forças de Defesa e Segurança considera que o processo de desarmamento compulsivo está a ser implementado no espírito da concórdia, reconciliação e tolerância, de modo a permitir que a sociedade se encontre e se restabeleça o diálogo que todos os moçambicanos esperam.
“Afirmo que estou pronto para falar com qualquer pessoa que seja, incluindo a liderança do partido Renamo, e outras que já temos estado a conversar, para podermos encontrar soluções para o sossego dos moçambicanos”- garantiu o chefe do Estado.
O chefe do Estado disse que instruiu as forças de defesa e segurança consciente de que não têm precisado de nenhuma outra ordem porque, quando juram à bandeira, quando iniciam uma fase, recebem a missão atribuída pela Constituição da República, que é de proteger o país.
“Mas digo, usamos este pódio para instruir a ponderação do desarmamento compulsivo e permitir que todos possam, voluntariamente, entregar aquilo que acham que não devem possuir mas, sobretudo, para nos permitir que possamos trabalhar e dialogar. Isso no espírito da confiança e da vontade mútua. Se não acontecer a vontade da parte de todos os intervenientes no processo da paz em Moçambique, temos a consciência que essa paz não pode acontecer”- enfatizou o chefe do Estado.
Segundo o Presidente da República, o povo tem que continuar a ser protegido, porque é a razão da existência das forças de defesa e segurança. (RM)
01.11.2015 • 01h21
Governo moçambicano confirma novas operações para recolher armas da Renamo
Moçambique vive novos momentos de incerteza política, provocada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado.
Por Agência Lusa.
O ministro do Interior moçambicano confirmou ontem novas operações das forças de defesa e segurança para recolher armas em posse da guarda da Renamo, em Gorongosa e Morrumbala, centro de Moçambique.
A polícia, disse Basílio Monteiro em declarações aos jornalistas na Gorongosa, província de Sofala, “tem todo interesse que prossiga [a busca de armamento da Renamo] até desactivar o último ‘ninho’ [base dos militares da oposição] e deixe o país totalmente tranquilo”.
O governante assegurou que, enquanto não se desactivarem as bases do maior partido de oposição, “a operação de recolha de armas será mantida”.
“O que pode estar a acontecer em Vunduzi [Gorongosa] ou em Morrumbala [província da Zambézia] são esforços de instituições com vocação que perseguem ‘ninhos’ de instabilidade para remover as ameaças”, disse Basílio Monteiro.
Sem avançar as circunstâncias das operações, o ministro afirmou que as operações estão “em obediência com os anseios do povo moçambicano, que clama pela paz”.
Em declarações à Lusa, um morador de Gorongosa contou que uma caravana com cinco viaturas da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) partiu na madrugada de quinta-feira de Gorongosa para Satunjira, usando a via Nhamapadza, tendo sido registados três confrontos perto da base da Renamo no local.
Um outro grupo confrontou-se igualmente na quarta-feira no recém instalado quartel-general da Renamo em Morrumbala, informou à Lusa um jornalista local.
Há relatos de mortes durante os confrontos nas duas regiões, embora não confirmadas por nenhuma entidade oficial.
Questionado sobre a localização do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e a sua segurança pessoal, Basílio Monteiro considerou que a questão “não é preocupante nem relevante”.
“Ele achou melhor sítio para estar e está livre de se estabelecer onde se sente melhor, e nós vamos manter a segurança onde ele estiver, para se sentir como qualquer outro cidadão”, declarou sem mais detalhes.
Basílio Monteiro esteve na Gorongosa para fazer o lançamento da campanha agrária ao nível da província de Sofala, adiantando que “o aumento da produtividade do país depende da tranquilidade e estabilidade”.
Dhlakama não é visto publicamente desde o dia 9 de Outubro, quando forças policiais cercaram a sua residência na cidade da Beira e prenderam por algumas horas sete elementos da sua guarda.
A operação policial ocorreu um dia depois de o líder da oposição ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de duas semanas em parte incerta, na sequência de dois incidentes envolvendo a sua comitiva e as forças de defesa e segurança.
O cerco à residência da Beira só terminou quando o líder da Renamo aceitou entregar o armamento na posse da sua guarda ao grupo de mediadores que já o tinha acompanhado na saída da Gorongosa e que por sua vez o deixou à responsabilidade da polícia.
Antes dos acontecimentos na Beira, registaram-se três incidentes em três semanas com a Renamo, dois dos quais envolvendo a comitiva do presidente do partido.
A 12 de Setembro, a caravana de Dhlakama foi emboscada perto do Chimoio, província de Manica, num episódio testemunhado por jornalistas e que permanece por esclarecer.
A 25 do mesmo mês, em Gondola, também na província de Manica, a guarda da Renamo e forças de defesa e segurança protagonizaram uma troca de tiros, que levou ao desaparecimento do líder da oposição para lugar desconhecido.
Uma semana mais tarde, forças de defesa e segurança e da Renamo confrontaram-se novamente em Chicaca (Gondola), com as duas partes a responsabilizarem-se mutuamente pelo começo do tiroteio.
Moçambique vive novos momentos de incerteza política, provocada pela recusa da Renamo em reconhecer os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado e pela sua proposta de governar nas seis províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.
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