Uma cidadã dizia, em tom de reclamação, no jornal da Noite de ontem da STV, a propósito da greve dos fornecedores de água, o seguinte: “Pedimos a Guebuza que nos governe bem…Se já não nos quer mande-nos uma bomba atómica para nos exterminar”.
Quando começo a ver cidadão comum a pronunciar-se livremente começo a ficar feliz e esperançoso no futuro de Moçambique, porque quer dizer que a era do medo está no princípio do fim. E há unanimidade de que o visionário e o clarividente Armando Guebuza só o é ao nível do seu grupo partidário.
Quer dizer que o poder está a pluralizar-se e estamos a caminhar para o período de coalizões de grupos (sociedade civil, igrejas, associações estudantis, académicas, políticos), o que irá permitir tenhamos instituições inclusivas e iniciemos o que Acemoglu e Robinson (2012) considera de um “círculo virtuoso” e terminemos com longo período do “círculo vicioso”.
Carlos Cardoso (morto em Novembro de 2000) escreveu uma opinião muito interessante no seu jornal “Metical” de 15 de Julho de 1997, sobre o visionário e clarividente da pérola do Índico: “Na nossa opinião Guebuza não. O nosso parecer assenta em dois factores: 1. As pessoas têm medo de Guebuza.
Ele foi, talvez por uma razão de causa e efeito o primeiro factor, um dos ministros mais incompetentes a passar pela governação da Frelimo. Onde tocou, estragou.
Vamos à questão do medo.
Moçambique precisa, pois, de um presidente, cuja personalidade, ainda que menos hesitante do que a de Chissano seja pelo menos tão aberta ao diálogo como a dele.
Guebuza tem sido o contrário disso. As pessoas calam-se por causa dele. Não tem nem um décimo da postura de Chissano no tocante a aceitação de crítica contra ele.
A governação do país ficaria seriamente prejudicada com um presidente inspirador de-temor-e revolta-entre os cidadãos.
Em segundo, mas não menos importante, lugar, a questão da incompetência. Armando Guebuza tem sido mau gestor da coisa pública. Como Governador de Sofala pôs em perigo o relacionamento com Portugal.
Como ministro do Interior, adoptou para a operação produção, um método que anulou qualquer hipótese para a concretização das intenções que lhe deram vida (pese as responsabilidades do presidente Samora Machel numa conceptualização apressada do programa).
E nos transportes Guebuza cruzou os braços perante o alastramento impetuoso do roubo e da corrupção, levando entre outros males, a uma quebra terrível do tráfego via porto de Maputo e ao desmoronamento quase irreversível da LAM.”
Cardoso conhecia, mesmo, Guebuza por dentro.
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