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O embaixador dos Estados Unidos em Moçambique, Douglas Griffiths, manifestou hoje a abertura da comunidade internacional para a resolução da crise política em Moçambique, considerando a situação preocupante 23 anos após o Acordo Geral de Paz.
"A situação é preocupante. Em qualquer país, quando um membro da oposição está envolvido em atentados é sempre preocupante. A comunidade internacional está pronta para ajudar", disse à Lusa Douglas Griffiths, falando em Maputo à margem da cerimónia da comemoração do acordo de Roma, assinado há 23 anos, encerrando uma década e meia de guerra civil.
Para Douglas Griffiths, a data que hoje se assinala remete os moçambicanos para uma reflexão sobre a necessidade da manutenção da paz, quando o país vive sob o espetro de uma nova guerra, com registo de três confrontações militares em três semanas, que levaram o líder da oposição para parte incerta.
"O diálogo é a única maneira de resolver o problema, não se pode usar violência", afirmou o diplomata norte-americano, acrescentando que este é o momento de o país aplicar as lições aprendidas há 23 anos e destacando o papel da cooperação entre as nações.
"Em qualquer situação, as pessoas as vezes pedem ajuda aos amigos", declarou Griffiths, lembrando que o seu país investiu mais de cinco mil milhões de dólares em projetos de cooperação nos últimos 20 anos.
Também Sven von Burgsdorff, chefe da missão da União Europeia em Moçambique, disse à Lusa que os últimos incidentes envolvendo a caravana do líder da Renamo colocam o país numa situação preocupante, considerando que os episódios precisam ser esclarecidos e os autores responsabilizados, como forma de o país criar um clima de paz e estabilidade, condição para o desenvolvimento.
"É necessário que o Governo e maior partido de oposição encontrem mecanismos para restabelecer a confiança, um elemento indispensável no processo do diálogo", considerou.
Para o chefe da missão da UE em Moçambique, a ausência de dirigentes do maior partido da oposição na cerimónia de hoje é um sinal de que o diálogo ainda constitui um desafio, um obstáculo que só pode ser ultrapassado se houver vontade entre os atores políticos.
"Nós [UE] estamos prontos para apoiar, como sempre fizemos, mas a solução é endógena e só pode ser encontrada nos próprios moçambicanos ", acrescentou o diplomata.
A violência política aumentou nas últimas semanas e na sexta-feira forças de defesa e segurança e militares da Renamo voltaram a confrontar-se no distrito de Gondola, província de Manica, com as duas partes a responsabilizarem-se mutuamente pelo começo do tiroteio.
Após este último incidente, que forçou a fuga de dezenas de habitantes na região, não houve registo de novos confrontos, apesar da permanência no local de forças da polícia e presumivelmente também de homens armados da Renamo.
Foi no mesmo distrito que, no passado dia 25, Afonso Dhlakama disse ter escapado de uma emboscada das forças de defesa e segurança, que por sua vez acusam os homens da Renamo de ter iniciado o incidente ao abrir fogo sobre uma viatura de transporte semipúblico que ia a passar e alegando que a polícia apenas se dirigiu ao local para repor a ordem.
Destes confrontos, morreram pelo menos sete elementos da Renamo, segundo o partido da oposição, e 23 homens de Dhlakama, de acordo com o Governo moçambicano, além do motorista da viatura civil.
Esse foi o segundo incidente em menos de duas semanas envolvendo a comitiva de Afonso Dhlakama, após, a 12 de setembro, a sua caravana ter sido atacada também na província de Manica, num caso que permanece por esclarecer.
Moçambique vive sob a ameaça de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo, que quer governar pela força as seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.
EYAC (HB/AYAC/PMA) // EL
Lusa/Fim
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