Nuno Sá Lourenço
02/10/2015 - 22:54
O líder socialista preservou a voz para a demarcação com o actual Governo. Carlos César puxou da sua para defender que votar no PCP ou BE era como “falhar um penalti no último minuto do jogo”.
FOTOS PAULO PIMENTA
Costa contra a direita, César versus a extrema-esquerda. Foi assim o comício de encerramento da campanha socialista, realizado esta sexta-feira em Almada. Numa iniciativa que juntou cerca de 3 mil pessoas, das quais mil ocuparam os lugares sentados, o secretário-geral do PS concentrou toda a energia da sua voz num apelo aos indecisos, tentando marcar a diferença do PS em relação à coligação de direita. Foi ao passado, ao presente, mas também ao futuro para o assinalar. Dirigindo-se directamente aos que estão “a pensar abster-se”, António Costa lançou uma bateria de perguntas para rematar a sua conclusão: “Nós não fomos nunca iguais.”
A diferença para o futuro, frisou, estava nos programas eleitorais. Por isso perguntou se era “a mesma coisa” a manutenção dos cortes salariais por mais tempo, assumidos pelo actual Governo, ou “repor os vencimentos dos funcionários públicos em dois anos”.
A diferença no presente foi revisto por Costa nas notícias sobre o Governo – medidas para esconder o défice ou o relatório do observatório da emigração – mas também em relação à Europa. “Aí também não somos iguais”, disse antes de garantir fazer toda a diferença que estaria a “representar Portugal no Conselho Europeu”: “Procuraremos sempre um caminho alternativo ao senhor Schauble [ministro das Finanças alemão]”.
E porque, à medida que os minutos passavam, a voz do candidato melhorava, o socialista teve tempo para recuar mais de 30 anos, para marcar a diferença entre o PS e a direita. “O PS não foi igual à direita quando com Mário Soares criou o Serviço Nacional de Saúde”.
Os exemplos foram-se somando até que Costa, receando fazer aumentar a abstenção por constipar os apoiantes, terminou o seu discurso pedindo uma “maioria absoluta que ninguém ponha em causa”.
Para o presidente do partido, Carlos César, e a cabeça de lista por Setúbal, Ana Catarina Mendes, ficou a tarefa de apelar ao voto útil. O açoriano – ex-chefe do governo regional – foi o mais coloquial que podia ser: “Votar num pequeno partido é como falhar um penalti no último minuto”. Repetiu a ideia vezes sem conta para que não restassem dúvidas no eleitorado. “A Catarina e o Jerónimo são boas pessoas, mas votar no Jerónimo ou Catarina é como votar no Pedro [Passos Coelho] e no Paulo [Portas]. Cada voto que cai na urna para o Jerónimo ou para a Catarina é um alívio para o Portas e para o Passos”, disse. "Votar na coligação é pedir mais austeridade. Votar na extrema-esquerda é pedir mais irresponsabilidade", insistiu.
Ana Catarina Mendes fizera o mesmo antes. “Peço a quem está indeciso: não estamos em tempo de brincadeiras”, disse depois de reconhecer que o voto de protesto era “legítimo”, apesar de ter “apenas uma consequência prática: impedirá a derrota da direita”.
O comício final incluiu ainda um resumo dos comícios e arruadas da campanha socialista no Porto, Lisboa, Coimbra e Aveiro, que foi revelado antes da intervenção do líder socialista. No fim,perante os aplausos dos apoiantes, Costa saiu da Praça São João Baptista da mesma forma como havia chegado. Partiu no seu monovolume, em vez da viagem no Metro Sul do Tejo, onde regressaram a Cacilhas para embarcar para Lisboa os apoiantes e personalidades como Maria João Rodrigues.
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PS
António Costa
Coligação
Legislativas 2015
02/10/2015 - 22:54
O líder socialista preservou a voz para a demarcação com o actual Governo. Carlos César puxou da sua para defender que votar no PCP ou BE era como “falhar um penalti no último minuto do jogo”.
FOTOS PAULO PIMENTA
Costa contra a direita, César versus a extrema-esquerda. Foi assim o comício de encerramento da campanha socialista, realizado esta sexta-feira em Almada. Numa iniciativa que juntou cerca de 3 mil pessoas, das quais mil ocuparam os lugares sentados, o secretário-geral do PS concentrou toda a energia da sua voz num apelo aos indecisos, tentando marcar a diferença do PS em relação à coligação de direita. Foi ao passado, ao presente, mas também ao futuro para o assinalar. Dirigindo-se directamente aos que estão “a pensar abster-se”, António Costa lançou uma bateria de perguntas para rematar a sua conclusão: “Nós não fomos nunca iguais.”
A diferença para o futuro, frisou, estava nos programas eleitorais. Por isso perguntou se era “a mesma coisa” a manutenção dos cortes salariais por mais tempo, assumidos pelo actual Governo, ou “repor os vencimentos dos funcionários públicos em dois anos”.
A diferença no presente foi revisto por Costa nas notícias sobre o Governo – medidas para esconder o défice ou o relatório do observatório da emigração – mas também em relação à Europa. “Aí também não somos iguais”, disse antes de garantir fazer toda a diferença que estaria a “representar Portugal no Conselho Europeu”: “Procuraremos sempre um caminho alternativo ao senhor Schauble [ministro das Finanças alemão]”.
E porque, à medida que os minutos passavam, a voz do candidato melhorava, o socialista teve tempo para recuar mais de 30 anos, para marcar a diferença entre o PS e a direita. “O PS não foi igual à direita quando com Mário Soares criou o Serviço Nacional de Saúde”.
Os exemplos foram-se somando até que Costa, receando fazer aumentar a abstenção por constipar os apoiantes, terminou o seu discurso pedindo uma “maioria absoluta que ninguém ponha em causa”.
Para o presidente do partido, Carlos César, e a cabeça de lista por Setúbal, Ana Catarina Mendes, ficou a tarefa de apelar ao voto útil. O açoriano – ex-chefe do governo regional – foi o mais coloquial que podia ser: “Votar num pequeno partido é como falhar um penalti no último minuto”. Repetiu a ideia vezes sem conta para que não restassem dúvidas no eleitorado. “A Catarina e o Jerónimo são boas pessoas, mas votar no Jerónimo ou Catarina é como votar no Pedro [Passos Coelho] e no Paulo [Portas]. Cada voto que cai na urna para o Jerónimo ou para a Catarina é um alívio para o Portas e para o Passos”, disse. "Votar na coligação é pedir mais austeridade. Votar na extrema-esquerda é pedir mais irresponsabilidade", insistiu.
Ana Catarina Mendes fizera o mesmo antes. “Peço a quem está indeciso: não estamos em tempo de brincadeiras”, disse depois de reconhecer que o voto de protesto era “legítimo”, apesar de ter “apenas uma consequência prática: impedirá a derrota da direita”.
O comício final incluiu ainda um resumo dos comícios e arruadas da campanha socialista no Porto, Lisboa, Coimbra e Aveiro, que foi revelado antes da intervenção do líder socialista. No fim,perante os aplausos dos apoiantes, Costa saiu da Praça São João Baptista da mesma forma como havia chegado. Partiu no seu monovolume, em vez da viagem no Metro Sul do Tejo, onde regressaram a Cacilhas para embarcar para Lisboa os apoiantes e personalidades como Maria João Rodrigues.
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