No passado dia 22 do mês corrente (Outubro de 2015), fiz uma "dedicatória" ao Joaquim Alberto Chissano (JAC), um incontestável lutador incansável pela liberdade do povo Moçambique e não só, por ocasião da passagem do 76º aniversário natalício. Pessoas que se dão tempo para analisar o que outras pessoas dizem, já começam a dizer que estou a "diablizar" o JAC. Até querem "ensinar-me" como o devo tratar, porque desconhecedoras, quiçá, do sentido profundo de tratar alguém que estimamos na segunda pessoa gramatical. À essas pessoas, respondo nos seguintes termos:
1. Não tenho porquê "diabolizar" o JAC, tampouco como. Apenas questiono a validade do legado que a ele atribuímos, sem que ele tenha solicitado se quer. Portanto, o problema de fundo até nem se quer é o JAC. O problemas somo nós "opinadores" (opinion makers). Nós é que fizemos/fazemos do JAC uma vedeta política sem paralelo na nossa história!
2. Há coisa boas que aconteceram no consulado do JAC como PR. Uma dessas boas coisas é que as pessoas aprenderam a falar livremente. Mas o "senão" é que, ao mesmo tempo que as pessoas ganharam a confiança de expressarem livremente o seu pensamento, não aprenderam a respeitar a liberdade de outras pessoas fazerem o mesmo: expressarem livremente. Na minha opinião, isso ofuscou o sentido de liberdade para muitos de nós, até os dias de hoje. Uma das poucas pessoas que demonstrou compreender perfeitamente o sentido de liberdade é o próprio JAC, porque deixou as pessoas falarem livremente, sem ser ele próprio respondão. Nisso o JAC foi uma inquestionável vedeta. Mas pecou por não dar respostas pragmáticas, mesmo sem falar, à crítica popular. Isso levou as pessoas a pensarem que ele ignorava o que diziam; que ele não tinha nada a ver com o que diziam; que ele pouco se importava com o que diziam. Ora, a esse comportamento de ignorar o clamor de outrem por algo, chama-se cinismo. A indiferença do JAC para com o clamor do povo contra a corrupção generalizada, por exemplo, acabou ficando a marca da sua governação, chamada "deixar-andar" ou "o cabrito come onde está amarrado". Ou seja, o JAC fez bem por criar abertura para o exercício pleno das liberdades individuais, mas fez mal por "ignorar" o que as pessoas diziam. Isso resultou em que as pessoas começassem a abusar das liberdades, enquanto os governantes as ignoravam completamente. Isso distorceu/inverteu os nossos valores.
3. Não se pode justificar a transgressão da lei ante a indiferença das autoridades em nome da paz. A indiferença das autoridades banaliza o Estado. Deixar a Renamo armada até hoje, no lugar de promover a paz, perigou-a; o desrespeito pela lei generalizou-se; as instituições do Estado ficaram banalizadas. O único que colheu bons resultados com essa situação, vivida no consulado do JAC, é só o próprio JAC. Hoje todos olhamos para ele como o "obreiro" da paz. Que paz? Esta paz pobre?! ...
Não me parece que trazer este pensamento e as questões que dele emanam, para partilhar com os outros utentes desta plataforma (Facebook), seja "diabolizar" alguém. Convenhamos!
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