sábado, 24 de outubro de 2015

Convenhamos: Resposta possível a quem precisa de uma

No passado dia 22 do mês corrente (Outubro de 2015), fiz uma "dedicatória" ao Joaquim Alberto Chissano (JAC), um incontestável lutador incansável pela liberdade do povo Moçambique e não só, por ocasião da passagem do 76º aniversário natalício. Pessoas que se dão tempo para analisar o que outras pessoas dizem, já começam a dizer que estou a "diablizar" o JAC. Até querem "ensinar-me" como o devo tratar, porque desconhecedoras, quiçá, do sentido profundo de tratar alguém que estimamos na segunda pessoa gramatical. À essas pessoas, respondo nos seguintes termos:
1. Não tenho porquê "diabolizar" o JAC, tampouco como. Apenas questiono a validade do legado que a ele atribuímos, sem que ele tenha solicitado se quer. Portanto, o problema de fundo até nem se quer é o JAC. O problemas somo nós "opinadores" (opinion makers). Nós é que fizemos/fazemos do JAC uma vedeta política sem paralelo na nossa história!
2. Há coisa boas que aconteceram no consulado do JAC como PR. Uma dessas boas coisas é que as pessoas aprenderam a falar livremente. Mas o "senão" é que, ao mesmo tempo que as pessoas ganharam a confiança de expressarem livremente o seu pensamento, não aprenderam a respeitar a liberdade de outras pessoas fazerem o mesmo: expressarem livremente. Na minha opinião, isso ofuscou o sentido de liberdade para muitos de nós, até os dias de hoje. Uma das poucas pessoas que demonstrou compreender perfeitamente o sentido de liberdade é o próprio JAC, porque deixou as pessoas falarem livremente, sem ser ele próprio respondão. Nisso o JAC foi uma inquestionável vedeta. Mas pecou por não dar respostas pragmáticas, mesmo sem falar, à crítica popular. Isso levou as pessoas a pensarem que ele ignorava o que diziam; que ele não tinha nada a ver com o que diziam; que ele pouco se importava com o que diziam. Ora, a esse comportamento de ignorar o clamor de outrem por algo, chama-se cinismo. A indiferença do JAC para com o clamor do povo contra a corrupção generalizada, por exemplo, acabou ficando a marca da sua governação, chamada "deixar-andar" ou "o cabrito come onde está amarrado". Ou seja, o JAC fez bem por criar abertura para o exercício pleno das liberdades individuais, mas fez mal por "ignorar" o que as pessoas diziam. Isso resultou em que as pessoas começassem a abusar das liberdades, enquanto os governantes as ignoravam completamente. Isso distorceu/inverteu os nossos valores.
3. Não se pode justificar a transgressão da lei ante a indiferença das autoridades em nome da paz. A indiferença das autoridades banaliza o Estado. Deixar a Renamo armada até hoje, no lugar de promover a paz, perigou-a; o desrespeito pela lei generalizou-se; as instituições do Estado ficaram banalizadas. O único que colheu bons resultados com essa situação, vivida no consulado do JAC, é só o próprio JAC. Hoje todos olhamos para ele como o "obreiro" da paz. Que paz? Esta paz pobre?! ...
Não me parece que trazer este pensamento e as questões que dele emanam, para partilhar com os outros utentes desta plataforma (Facebook), seja "diabolizar" alguém. Convenhamos!

Sem comentários: