A Direção Nacional do MpD, realizada no último fim de semana, aprovou o MODELO DE ESCOLHA DOS CANDIDATOS A DEPUTADOS que, segundo fiquei a saber, visa dois objetivos: 1) ter “uma lista que transmita confiança ao eleitorado” e 2)- ter “um Parlamento com a qualidade exigida pela consolidação da democracia”.
Analisando o modelo aprovado, a conclusão é óbvia: vai continuar tudo na mesma.
E porquê?
Segundo fiquei a saber, o modelo aprovado consiste em:
1.- O Presidente do MpD (neste caso, Ulisses Correia e Silva) escolher diretamente 34 candidatos (24%);
E
2. Os restantes 110 candidatos (76%) serem escolhidos por sondagens.
Aparentemente parece uma grande descoberta, um Graaaaannnnnnde contributo à Democracia e à “participação da sociedade cabo-verdiana na escolha dos candidatos”.
Infelizmente não é assim. Bastaria ver que o MpD tem hoje 33 deputados (salvo erro) e o novo modelo propõe que 34 sejam escolhidos diretamente pelo Presidente do Partido.
Este modelo não trás alterações de fundo ao sistema, muito pelo contrário mantém o sistema, apesar de tanto alarido à volta da questão. É caso para se dizer que se investiu demais para se fabricar um modelo que não inova em nada, senão na teoria.
Houvesse já, em 2011, este modelo, com grande probabilidade teríamos hoje os mesmos parlamentares que o MpD tem no Parlamento.
E porquê?
É que segundo o modelo agora descoberto pela Direção do MpD:
a)- Os Cabeças de Listas dos círculos eleitorais no país, em número de 10, são escolhidos pelo Presidente do MpD (Em 2011 os 10 cabeças de lista foram eleitos);
b)- Todos os candidatos dos círculos eleitorais da diáspora, em número de 6, são escolhidos pelo Presidente do MpD (Em 2011 os três cabeças de lista foram eleitos). Portanto já teríamos 13 deputados eleitos pelo Presidente;
c)- Um núcleo de competências técnico-políticas em áreas identificadas, em número arredondado de 18, serão escolhidos diretamente pelo presidente. Ora estes escolhidos deverão merecer lugares de destaque nas listas, pois seria um contra senso não ser assim. E portanto, já teríamos 31 deputados escolhidos pelo Presidente no Parlamento;
d)- E como se isso não bastasse, os poucos lugares elegíveis restantes serão preenchidos “com base em sondagens que apurarão, caso a caso, o seu grau de notoriedade, intenção de voto e grau de rejeição no seu círculo eleitoral”. Já se sabe quem tem maior notoriedade.
CONCLUSÃO: certo, certo, o Presidente teria escolhido, em 2011, 31 deputados dos 33 (salvo erro) eleitos. E a probabilidade de ter sido o presidente a escolher também os outros dois deputados eleitos é muito grande.
É caso para dizer: a montanha pariu um ratinho, para não dizer tornou-se estéril.
Por tudo isso, é minha opinião que não valeu apena o investimento. O modelo aprovado, para além de falsear a realidade, o que é péssimo porque faz passar uma imagem enganadora do líder do partido, o que não combina, em nada, com o Ulisses que conheço, só vem criar uma série de problemas ao MpD. Desnecessariamente. Foi uma péssima opção.
Este modelo é um exemplo acabado de quem sabe que está a vender gato por lebre, pois quem o concebeu sabe e bem que está a pretender enganar os cabo-verdianos…, os eleitores... Está a querer dizer que é democrata sem o ser realmente.
Pode até ser verdade que os cabo-verdianos escolham (através das sondagens) 110 candidatos (76%), mas é falso que serão os cabo-verdianos (através das sondagens) a escolher 76% dos deputados do MpD. O mais certo, é que com este truque, os cabo-verdianos não escolham sequer 10% dos deputados do MpD.
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