Tuesday, March 17, 2015

Inhambane pronto para receber homens da Renamo


Terça, 17 Março 2015

O GOVERNADOR de Inhambane, Agostinho Trinta, afirmou ontem em Mabote, que o seu Executivo já criou todas as condições necessárias para implementar o plano da reintegração dos homens residuais da Renamo, no quadro da operacionalização dos acordos de cessação das hostilidades militares, celebrados a 05 de Setembro último, pelo Governo e pela Renamo.
Agostinho Trinta que iniciou ontem um périplo pelo norte da província, em visita de trabalho, apelou os homens armados da Renamo aquartelados desde Agosto do ano passado, na floresta de Ribye, interior do distrito de Mabote, para se juntarem à população e iniciarem uma nova vida.
“Já não estamos á espera das listas que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama nega entregar ao Governo para a reintegração destes compatriotas, nas Forças de Defesa e Segurança e na vida civil, para quem assim o desejar. Podem entregar-se em todos os locais onde existem representações do Governo: Serão bem recebidos e encaminhados para as estruturas próprias, para se beneficiar dos vossos direitos, nomeadamente, o fundo da paz, ou então esquadrados nas Forças de Defesa e Segurança”, apelou, Trinta aqueles homens.
O dirigente de Inhambane disse que os homens da Renamo escondidos no mato, passando todas as dificuldades, desde a fome, passando pela seca, chuva e frio, disputam a pouca agua que existe nos poços e rios na região com animais selvagens e repetíeis, além de terem abandonado as suas famílias de qualquer maneira. “Deviam ter percebido há muito tempo que estão a ser enganados por Dhlakama. Por isso, podem entregar-se ao Governo, com as vossas armas, para viverem e trabalharem a terra em paz, matar a fome e criar a riqueza para as vossas famílias”, insistiu Trinta.
“Se estão neste comício, podem vir falar comigo agora mesmo. Vamos a Inhambane começar nova vida. Companheiros e irmãos, vocês estão sendo enganados por Dhlakama. Saiam do mato, venham buscar o vosso dinheiro. O Dhlakama está a viver bem. Tem todas as condições criadas pelo Governo. Toda a sua família vive bem. Vocês estão a sofrer no mato sem futuro nenhum. O tempo para organizarem a vossa vida está a passar”, referiu Trinta num concorrido comício, num mensagem especificamente dirigida aos homens da Renamo que se encontravam presentes na reunião, misturados com a população do bairro Josina Machel nos arredores da vila de Mabote.
Informações obtidas no local indicam que os homens da Renamo enviados para as florestas dos distritos de Funhalouro e Mabote, antes das eleições gerais e provinciais de 2014, andam pelas aldeias a pedir apoio alimentar por falta de assistência adequada.
Num contacto com as comunidades de Mabote, soubemos que aqueles homens, alguns dos quais constituíram já famílias em Mabote, manifestam total cansaço e desespero, sobre o seu futuro.
Na sequência desta informação, o governador de Inhambane apelou para aqueles homens se entregarem sem pré-condições.
“Quando atravessaram o Rio Save, (para esta zona) a partir da região de Zinave, tomamos conhecimento. Sabemos muito bem onde vivem, mas não temos interesse em atacá-los e muito menos expulsá-los porque são vocês são moçambicanos. São nossos irmãos e é por isso que passeiam à vontade na aldeia. Os que não tinham mulheres já casaram em Mabote e por isso, não há qualquer rivalidade, dai que convidamo-los a juntarem-se ao Governo para uma outra vida, melhor de que a que estão a passar na floresta”, indicou ainda o governante de Inhambane.
Para Trinta, todos os homens da Renamo, em todo país, devem perceber isso. São 23 anos com a sua vida estagnada, sem nada para fazer por ela. “Ė altura para dizerem basta. Abandonem o vosso líder que só quer o bem para ele e a sua família, remetendo ao sofrimento mulheres de pessoas sob suas ordens.
Sobre as regiões autónomas, Trinta disse que a ideia de Dhlakama, não visa apenas dividir o país, mas sobretudo criar ódio entre os moçambicanos, dai que há toda uma necessidade de todos se unirem contra esse projecto que não passa de uma aberração inconstitucional.
“A ideia das regiões autónomas não é da cabeça do Dhlakama. Está a esconder outras coisas. Ele, Dhlakama, está a esconder outras coisas. Quer criar revolta entre as diversas tribos de Moçambique”, disse Trinta para quem isso vai degenerar em guerras fratricidas que vão paralisar o país e o combate à pobreza.

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