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Dois australianos condenados à morte na Indonésia foram levados nesta quarta-feira a uma prisão de Java para a sua execução, apesar dos protestos do governo em Canberra, indignado com a intransigência de Jacarta.
Andrew Chan, 31 anos, e Myuran Sukumaran, 33, condenados à morte em 2006 por dirigir uma rede de tráfico de heroína entre Indonésia e Austrália, foram transferidos no início da manhã da prisão de Kerobakan, na ilha de Bali.
Michael Chan, que tentou ver seu irmão Andrew antes de sua transferência, não pôde entrar no centro de detenção. "Este não é um dia de visita", justificou um funcionário local do ministério da Justiça, Nyoman Putra Surya.
Os dois detidos foram despertados ao amanhecer e os guardas deram alguns minutos para que se preparassem, segundo Surya. Depois agradeceram aos vigias.
"Colocamos as algemas, eles permaneceram em silêncio", disse o funcionário.
Em seguida, Chan e Sukumaran deixaram a prisão em veículos blindados em direção ao aeroporto de Bali, constatou um jornalista da AFP, para serem transferidos a uma penitenciária de segurança máxima na ilha de Nusakambangan.
Quase 200 policiais, 50 soldados e canhões de água foram mobilizados ao redor do estabelecimento penitenciário.
As autoridades não informaram a data da execução, mas o envio da dupla a Nusakambangan aponta para um desfecho iminente. O ministro indonésio da Justiça, Muahamad Prasetyo, afirmou que os últimos preparativos para a execução, em particular o treinamento do pelotão de fuzilamento, já estavam em andamento.
Os condenados à morte são avisados da execução 72 horas antes.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, afirmou nesta quarta-feira que se sentia "indignado pela perspectiva das execuções" de seus dois compatriotas e convocou a Indonésia a mudar de parecer, advertindo que, com isso, não pretendia dar falsas esperanças às famílias.
Os dois australianos estão entre os 10 condenados à morte que serão fuzilados em breve, entre os quais há estrangeiros originários de Brasil, França, Filipinas, Nigéria e Gana, que também tiveram seus pedidos de indulto negados.
O brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos, condenado à morte por entrar no país com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surf, está preso na Indonésia desde 2004 e sua família tenta provar às autoridades que sofre de esquizofrenia para evitar o fuzilamento, com a transferência para um centro psiquiátrico.
No dia 18 de janeiro, a Indonésia executou o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, um holandês, um vietnamita, um malauiano e um nigeriano. As primeiras execuções no país desde 2013 provocaram uma onda de indignação internacional.
Dezenas de indonésios e estrangeiros de 15 países condenados à pena capital por casos envolvendo entorpecentes estão no corredor da morte na Indonésia, que tem uma das legislações mais severas do mundo em matéria de drogas.
O novo presidente indonésio, Joko Widodo, afirmou pouco depois de chegar ao poder, em outubro, que não concederia nenhum indulto aos condenados à morte por narcotráfico. Considera que seu país vive uma situação de estado de urgência em matéria de entorpecentes, que provocam a morte de dezenas de jovens todos os dias.
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