minuce@gmail.com
Minha cara Judite
Espero que estejas bem de saúde assim como toda a tua família. Eu estou bem, felizmente.
E muito mais descontraído do que andei nos últimos tempos.
Tenho pena é desses pobres G40 que, mais uma vez, vão ter de fazer uns flic-flacs para justificar o facto de Filipe Nyusi se ter encontrado com o chefe dos “bandidos armados” e, aparentemente, se terem dado bem um com o outro. E, aparentemente, terem tido resultados positivos do encontro.
Como podes imaginar eu não sei o que falaram e decidiram, mas sei que se encontraram e tiveram matéria de conversa para duas horas e meia, o que não é nada pouco. E, não contentes com isso, marcaram novo encontro para este momento mesmo em que te estou a escrever.
E também os aspectos (in)formais do encontro me agradaram bastante. Para já o facto de ter ocorrido no HOTEL onde Dhlakama se hospeda quando está em Maputo. Isto é, Nyusi aceitou ir jogar ao campo do adversário. Uma bandeira nacional a um canto parece ter sido o único aspecto protocolar e o seu significado é, pelo menos, dúbio.
Depois o facto de os dois homens terem conversado em mangas de camisa, com ar descontraído. Nada dos fatos e gravatas habituais mas sim um trajo de quem está a trabalhar e a tarefa pode ser longa.
O facto de Dhlakama, à saída, ter afirmado que os deputados eleitos pela Renamo vão tomar posse brevemente pode ser um grande alívio para as duas partes. Para o Governo porque isso vai permitir o início do funcionamento mais normal das instituições. Para Dhlakama porque se encontrava em grave risco de ser desautorizado por uma tomada de posse, em massa, à sua revelia.
De qualquer forma, essa tomada de posse e o facto de Dhlakama ter tratado Nyusi por Presidente parecem indicar uma aceitação dos resultados eleitorais. Em troca de quê? Não sabemos, mas as contrapartidas não poderão ser pequenas sob pena de Dhlakama perder a face perante os seus apoiantes depois do que andou a afirmar publicamente nos últimos tempos.
Vejamos o que nos trazem os próximos dias mas, agora, com a esperança de que nos tragam a paz e não desesperados a ver a guerra a aproximar-se.
Que, neste momento em que te escrevo, se estejam a reforçar os alicerces do bem de todos os moçambicanos é o desejo deste teu amigo.
Um beijo para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 10.02.2015
Minha cara Judite
Espero que estejas bem de saúde assim como toda a tua família. Eu estou bem, felizmente.
E muito mais descontraído do que andei nos últimos tempos.
Tenho pena é desses pobres G40 que, mais uma vez, vão ter de fazer uns flic-flacs para justificar o facto de Filipe Nyusi se ter encontrado com o chefe dos “bandidos armados” e, aparentemente, se terem dado bem um com o outro. E, aparentemente, terem tido resultados positivos do encontro.
Como podes imaginar eu não sei o que falaram e decidiram, mas sei que se encontraram e tiveram matéria de conversa para duas horas e meia, o que não é nada pouco. E, não contentes com isso, marcaram novo encontro para este momento mesmo em que te estou a escrever.
E também os aspectos (in)formais do encontro me agradaram bastante. Para já o facto de ter ocorrido no HOTEL onde Dhlakama se hospeda quando está em Maputo. Isto é, Nyusi aceitou ir jogar ao campo do adversário. Uma bandeira nacional a um canto parece ter sido o único aspecto protocolar e o seu significado é, pelo menos, dúbio.
Depois o facto de os dois homens terem conversado em mangas de camisa, com ar descontraído. Nada dos fatos e gravatas habituais mas sim um trajo de quem está a trabalhar e a tarefa pode ser longa.
O facto de Dhlakama, à saída, ter afirmado que os deputados eleitos pela Renamo vão tomar posse brevemente pode ser um grande alívio para as duas partes. Para o Governo porque isso vai permitir o início do funcionamento mais normal das instituições. Para Dhlakama porque se encontrava em grave risco de ser desautorizado por uma tomada de posse, em massa, à sua revelia.
De qualquer forma, essa tomada de posse e o facto de Dhlakama ter tratado Nyusi por Presidente parecem indicar uma aceitação dos resultados eleitorais. Em troca de quê? Não sabemos, mas as contrapartidas não poderão ser pequenas sob pena de Dhlakama perder a face perante os seus apoiantes depois do que andou a afirmar publicamente nos últimos tempos.
Vejamos o que nos trazem os próximos dias mas, agora, com a esperança de que nos tragam a paz e não desesperados a ver a guerra a aproximar-se.
Que, neste momento em que te escrevo, se estejam a reforçar os alicerces do bem de todos os moçambicanos é o desejo deste teu amigo.
Um beijo para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 10.02.2015
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