OPINIÃO
Putin, desta vez, sabe quem é o verdadeiro inimigo e tomará as medidas convenientes.
Como nos bons tempos de Estaline, Putin disse anteontem a uma assembleia de “historiadores” bem obedientes que não havia nada de errado no Pacto entre Hitler e a URSS. Ou por outras palavras, Putin declarou guerra ao Ocidente no próprio dia em que se festejava em Berlim a queda do muro.
Em 2014, depois de ter perdido a guerra fria e, com ela, uma grossa fatia do seu império, Putin vem atribuir as culpas da II Grande Guerra à Inglaterra e à França. Segundo essa ilustre vergôntea do KGB, tinham aberto a Hitler as portas da URSS na conferência de Munique (para que a Rússia não foi convidada) em 1938. De facto, a Inglaterra e a França obrigaram a Checoslováquia a aceitar as condições dos nazis, que na prática equivaliam a uma rendição. Existem duas justificações para esta miséria. Primeira, a de que as potências ocidentais precisavam de mais tempo para se rearmar (ganharam um ano). E, segunda – de resto, insustentável – a de que, cedendo a Hitler, o queriam atirar contra a URSS e o comunismo, sem custo para eles e para maior descanso do “capital”.
Voltando a Putin, a inversão da história que ele fez perante a assembleia (ou congresso) de “historiadores” vem reviver a tese da cumplicidade das potências do Ocidente (e com elas da América) na invasão da Rússia, num momento em que a Rússia já tirou à Ucrânia a Crimeia e as províncias orientais, necessárias para defender essa sua nova conquista. A culpa tem se ser, também hoje, do Ocidente, e principalmente da Alemanha, que se preparam, embora com forças militares ridículas, para reduzir a Rússia à insignificância. Ao fim de 25 anos de humilhação e de pobreza, chegou a altura de responder à letra à ofensiva da Alemanha, da França e da América e não se deixar cair nas doçuras de uma segunda Munique. Putin, desta vez, sabe quem é o verdadeiro inimigo e tomará as medidas convenientes.~ºk
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