terça-feira, 15 de abril de 2014

Ocidente ameaça a Rússia com sanções energéticas

 

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Sanções energéticas que o Ocidente ameaça aplicar em relação à Rússia segundo o cenário iraniano são pouco eficazes, concluem em seu relatório analistas do Centro de Matérias-Primas Energéticas da Academia de Economia Nacional e de Função Pública da Rússia.

O documento examina três possíveis variantes de sanções contra a Rússia – a limitação da exportação de produtos de petróleo, a redução das compras de gás russo pela União Europeia e a tentativa de baixar os preços do petróleo.
O Ocidente está debatendo a possibilidade de introduzir sanções energéticas contra a Rússia. O Centro de Matérias-Primas Energéticas da Academia de Economia Nacional e de Função Pública da Rússia considera que em primeiro lugar possa ser proibida a exportação de recursos energéticos, como aconteceu no caso do Irã. Mas no caso da Rússia a introdução de semelhantes medidas é perigosa para o mercado de consumidores e para todo o mercado mundial do petróleo e do gás. Por outro lado, no caso do Irã, foi necessário muito tempo para formar uma coalizão internacional.
É evidente que a União Europeia não poderá renunciar ao combustível russo. Primeiro, porque hoje não existe simplesmente uma alternativa a esta variante. Segundo, porque os fornecimentos de petróleo e de derivados constituem uma metade de todo o volume e estas medidas levarão a uma subida brusca dos respetivos preços acima dos 150 dólares por barril. É pouco provável que tal cenário agrade a Europa. Em opinião de analistas, também é pouco provável a redução artificial dos preços segundo o chamado "cenário de Reagan". Para isso, os Estados Unidos, que defendem esta ideia, terão de entender-se com o Oriente Próximo. Ultimamente, tais conversações, para não dizer mais, são pouco resultantes, afirma o presidente do Instituto do Oriente Próximo, Evgueni Satanovsky:
"Fracassou a visita de Obama à Arábia Saudita com o objetivo de convencer o reino de fazer cair os preços do petróleo segundo o "cenário de Reagan". Mas a Arábia Saudita não pretende ir à falência. O país existe normalmente com o preço de 100-110 dólares por barril e não está disposto a abalar o orçamento vendendo o petróleo a preços baixos. Por isso, a situação não é tão triste como parece, sem levar em contra o barulho informativo."
Anteriormente, os Estados Unidos declaravam sobre a introdução de novas sanções em relação à Rússia, se o país continuasse a cooperar com o Irã. Trata-se do chamado acordo de "mercadorias em troca de produtos de petróleo". Só os entendimentos iniciais entre Moscou e Teerã são estimados em 20 bilhões de dólares. Os EUA consideram que este acordo contrarie as sanções impostas contra o Irã. A Rússia, porém, não vê razões para renunciar à interação comercial e econômica com o Irã. Esta é uma tentativa do Ocidente de se apoderar de uma fatia de bolo antes do levantamento definido do bloqueio contra o Irã, sustenta o diretor do Fundo de Desenvolvimento Energético, Serguei Pikin:
"Hoje a Rússia dá ao Irã uma possibilidade real de vender uma parte de petróleo, recebendo em troca mercadorias, alimentos, etc., apresentando-se, no fundo, como intermediário na venda de petróleo. Nem todos gostam disso, porque no mundo reina a concorrência global. Mas não é uma questão política. Esta é a economia pura que se tenta apresentar através da política."
A Rússia não estuda a possibilidade de aplicar em resposta quaisquer sanções, inclusive energéticas. Mas se o Ocidente introduzir medidas restritivas, a Rússia poderá reorientar suas exportações para países asiáticos, onde ninguém pretende declarar sanções. Estes países aumentam o consumo e sentem falta de petróleo e de gás. A Rússia não esconde o interesse em relação a esta região que, diferentemente da União Europeia, tem maior simpatia em relação a companhias de petróleo e de gás russas. Destaque-se que ainda antes do agravamento das relações e da ameaça de introduzir sanções a UE pressionava produtores russos, sobretudo a Gazprom.

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