O autor |
José Victor de Brito Nogueira e
Carvalho
|
Neste excelente livro o autor relata
minuciosamente o que se passou com a descolonização de Angola. Sugerimos
vivamente a sua leitura a todos aqueles que estão interessados em saber a
verdade sobre a descolonização e guerra em Angola. Como o livro tem copyright e
não será fácil de adquirir àqueles que vivem em Angola, solicitamos a
complacência da Editora e do Autor. Obrigado.
Pag.183 - Pouco ou nada significarão para a maior parte dos
portugueses estas palavras, que contudo englobam no seu significado cometimentos
que encheriam páginas e páginas descrevendo actos heróicos de fidelidade
absoluta e dedicação a uma Pátria. Pátria que tendo sido sua, os ignorou, os
esqueceu, lançando-os nas mãos daqueles que combatiam não só por ideologia, mas
na esperança de os fazer reconhecer em tempo, que a verdadeira verdade era a
sua.
Eram os Flechas forças que poderíamos considerar militarizadas,
constituídas por negros de Angola, que lutaram para que a sua terra não caísse
sob o jugo ou influência de países estrangeiros, nem na luta tribal que anteviam
e os arrastaria para o holocausto em que foram lançados.
Eram recrutados e treinados unicamente por elementos da
ex-Direcção Geral de Segurança, normalmente ex-Oficiais milicianos e graduados,
que tinham prestado serviço no Exército em zonas operacionais e missões de
guerrilha.
Muitos deles eram oriundos das forças do próprio inimigo, que
em tempo se deram conta do engano e do joguete de interesses que não eram os
seus.
Embora estas forças não dependessem directamente das Forças
Armadas, com elas teria de haver sempre ligação não só pela dependência de acção
operacional que exigia a sua autorização, bem como de apoios logísticos
essenciais em operações de grande envergadura.
E a ligação entre a D.G.S. e as Chefias Militares foi sempre
perfeita através da colaboração de ex-oficiais integrados na D.G.S., e ainda
porque a luta e finalidade a atingir era uma única. As operações conjuntas foram
pois e também, uma constante.
Angola 1974. Catota, Distrito do Bié.
Um dos acampamentos construídos pelos Flexas (foto livro)
Os Flechas, constituíam famílias, construíam os seus próprios
bairros, e trabalhavam a terra, sendo exemplo de disciplina e boa conduta
moral.
Recebiam um pequeno vencimento que os ajudava na manutenção dos
seus familiares e melhorias habitacionais, e era-lhes distribuído armamento bem
como uma farda que com orgulho usavam.
Nos seus bairros tremulava sempre a sua bandeira que era a
Portuguesa, e à qual em cerimónia cheia de significado, era ofertada sempre que
havia resultados, uma arma apreendida ao inimigo, como símbolo de dedicação e da
luta que travavam.
Angola 1974. Flechas: Cerimónia da entrega
à Bandeira Nacional
de uma das armas apeendidas ao inimigo (foto livro).
de uma das armas apeendidas ao inimigo (foto livro).
Devido à sua longa experiência e vivência permanente em teatro
de guerrilha de que eram profundos conhecedores, aliada à instrução que lhes era
ministrada, formavam núcleos de elevado grau operacional, comparável a qualquer
força especial do nosso Exército. Nunca houve sequer uma deserção.
Actuavam em grupos de 20 a 25 elementos quando em operações
desencadeadas isoladamente, normalmente na exploração imediata de qualquer
informação que chegava.
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