Sunday, March 30, 2014

MANUEL BISSOPO EM DISCURSO DIRECTO



EM ENTREVISTA EXCLUSIVA AO ZAMBEZE BISSOPO DISPARA:
Dhlakama é nosso candidato natural às eleições
• E diz que Renamo nun...ca vai aceitar ser refém do Governo…
• “Os nossos guardas possuem somente 150 armas à luz do AGP” – Manuel Bissopo
• Governo deve aceitar nova ordem política nacional
Constantino Novela

Em grande entrevista, Manuel Zeca Bissopo, Secretário-Geral da Renamo, faz uma radiografia da saúde da Renamo ao mesmo tempo que anuncia a necessidade de encontra-se consenso político entre o governo da Frelimo e o partido Renamo com vista a se instituir uma nova ordem política nacional para o bem da democracia. “É natural no sentido de que até agora é que dirige e controla o partido. Ele é que está a dar os destinos deste partido e apesar do tempo em que ele está como presidente, acaba sendo natural” refere Bissopo.O número dois da perdiz diz que os quatro pontos apresentados à mesa de diálogo com o governo é que vão definir novas formas de convivência política, social e económica no país, contudo isso passa pela vontade do Governo. Nesta entrevista, o secretário-geral da Renamo, fala pela primeira, com detalhes sobre o ataque a Santugira pelas FADM/FIR e as circunstâncias em que morreu o deputado Armindo Milaco.Numa altura em que apesar de ainda prevalecer a tensão político-militar na província de Sofala, com o líder da Renamo ainda em parte incert, de Janeiro a esta parte o governo e a Renamo já alcançaram consensos em pontos significativos no diálogo político, com destaque paraa composição dos órgãos eleitorais, contudo, a Renamo na voz de Manuel Zeca Bissopo, apela a que o governo entenda que deve haver uma ordem política nacional.
O Secretário-Geral da Renamo, que esteve em Santugura no dia 21 de Outubro de 2013, dia em que atacaram a base central da Perdiz, afirmou uma vez mais que Afonso Dhlakama está de boa saúde algures na província de Sofala, contudo o seu aparecimento é condicionada pelo entendimento no diálogo político no que tange à Defesa e Segurança.
Aliás, a Defesa e Segurança é um dos pontos fundamentais para o avanço a os restantes dois últimos pontos e a consequente devolução da paz no país.
Confirmou a participação da Renamo nas eleições gerais marcadas para dia 15 de Outubro, ao mesmo tempo que denunciou irregularidades no processo de recenseamento eleitoral.
Nas linhas que se seguem, confira nas palavras do próprio Secretário-Geral da Renamo em grande entrevista que concedeu ao ZAMBEZE os fundamentos de todas as exigências da Perdiz que culminaram com a tensão político-militar.

ZAMBEZE (Z) – Como secretário-geral, tem a dimensão do que é a Renamo neste momento, depois de todos os acontecimentos em volta das vossas exigências que culminaram com as negociações com o Governo?
Manuel Bissopo (MB) – Bom, falar da dimensão actual da Renamo é uma coisa muito vasta, porque muita coisa foi feita e houve envolvimento de muita gente, nós apenas somos actores, o presidente Dhlakama e a Renamo são actores e eles se comprometeram a liderar esta vontade popular, de modo que, de uma forma geral, no rol de uma análise sobre a agenda apresentada pela Renamo sobre o futuro do país, sobre a Democracia, Defesa e Segurança, sobre as questões económicas e despartidarização do Estado, de facto até hoje nós temos um consenso no primeiro ponto que é o pacote eleitoral que é extremamente importante por ele determinar o nível de democracia no país, sendo assim, a Renamo está pronta a participar nas eleições de 15 de Outubro, está a sensibilizar as pessoas para se recensear e queremos que nos próximos dias haja um consenso também ao nível do ponto relativo à Defesa e Segurança. Esperamos que da mesma maneira que se conseguiu consenso no pacote eleitoral, também pela vontade do povo e do presidente da Renamo consigamos consenso nos pontos subsequentes. É que o presidente Dhlakama é que estende a mão pois mesmo a agenda de discussão das propostas da revisão da Lei Eleitoral é da proposta dele com grande sentido de responsabilidade para com a democracia. Sabemos todos que o nosso líder não está em condições correntes de vida por defender interesses dos moçambicanos, e para o regime, se calhar é um alvo, mas não devia ser assim.
Z – O que dizer pelo facto de a Renamo não ter participado nas eleições autárquicas de 20 de Novembro de 2013?
MB – Em relação a representação da Renamo nas Assembleias Municipais, eu acho que não perdemos, e antes pelo contrário, nós ganhamos porque não fomos apanhados de surpresa, nós antecipadamente prevíamos, sabíamos onde íamos nos posicionar. Nós sabíamos até que ponto a nossa não participação nas eleições autárquicas vão contribuir para o nosso sucesso na democracia que queremos. Nós tínhamos previsto tudo e decidimos que mais valia sacrificar para adquirir um bem maior, pois nunca alcançaríamos um consenso com a Frelimo sem que este tenha percebido que já não estamos para brincadeira e que 20 anos foram suficiente pois o compromisso e a paciência têm tempo.
Z – A Renamo está satisfeita com a actual composição dos órgãos eleitorais?
MB – Estamos satisfeitos no sentido de que pelo menos há uma diferença em relação ao que estava inicialmente, queremos nós que com esta nova composição se obedeça a regra de dois terços na tomada de decisões, isso é que é muito importante, não interessa ter um equilíbrio de cem por cento ou um equilíbrio de 50 por 50, mas interessa-nos sim como é que as decisões são tomadas, isso pela democracia é muito importante e a constituição actual pelo menos garante que se houver boa-fé as decisões sempre vão passar nos dois terços.
Z – Para quando a apresentação do vosso candidato às eleições presidenciais?
MB – Afonso Dhlakama é o nosso candidato natural…
Z – O que quer dizer “candidato natural”? Quer dizer que ele é vitalício?
MB – Quando eu digo que é natural você percebe de que maneira…? Ele não é vitalício… É natural no sentido de que até agora é que dirige e controla o partido. Ele é que está a dar os destinos deste partido e apesar do tempo em que ele está como presidente, acaba sendo natural. O natural refere-se ao facto de ele estar activo, estar a dar o máximo para que este partido tenha resultados, apoio de muita gente, de maneira que consigamos estes consensos todos. É desta maneira que o peso natural tem, pois que de facto está a fazer muito para isso acontecer.
Z – Quando é que vai ser substituído por um outro membro do cargo de Presidente e de candidato as eleições presidenciais?
MB – Para isso acontecer o tempo é que vai falar. O que acontece numa organização é que ao longo do tempo, prepara-se as pessoas e nunca se antevê. Neste momento, a Renamo, por exemplo eu como Secretário-Geral sinto que o presidente continua forte e um grande professor meu acima de tudo.
Z – Ainda deposita confiança nele como candidato capaz de ser presidente da República de Moçambique?
MB – Sim, com todo o mérito, pela experiência, pelo conhecimento de Moçambique, da África e do mundo, a contribuição dele neste país, pelo menos dá me sensação que superaremos muitas questões que hoje nos debatemos com elas ao nível económico, a melhoria das condições de vida, o emprego, e a subida da renda per capita entre outros indicadores macroeconómicas, estou a ver eles a subirem em flecha caso Afonso Dlhakama dirija este país.
Z – Até que ponto a Renamo está preparada para participar nas eleições de 15 de Outubro próximo?
MB – Nós estamos preparados para participar nas eleições. Eu mesmo estive em Quelimane, em Nampula, Pemba e Sofala ao mesmo tempo que os meus colegas estiveram a fazer trabalhar em todo o país, assim já comunicamos a todos os quadros que vão fazer parte dos órgãos eleitorais do nível provincial e distrital, tendo em conta que ao nível central os nossos membros já tomaram posse. Estamos em interacção com os nossos quadros em todo o país não nos restando mais nada em termos de preparação. Estamos afinados em termos de preparação…estamos afinados!
Os nossos delgados estão nos postos de recenseamento eleitoral excepto um e outro problema, quer por parte de falta de credenciação por negligência ou por espírito de complicação de alguns presidentes das Comissões Distritais.
E porque também as pessoas têm que perceber em que momentos devem convocar o processo, independentemente da vontade do Governo em ver um recenseamento fiasco com menos pessoas a recensear principalmente nas zonas de influência da Renamo, sobretudo na zona centro e norte do país com vista a beneficiar a Frelimo.
Mas em termos concretos, a gente conclui que há um fracasso no processo visto que algumas brigadas ainda não chegaram nos seus locais devido a falta de estrada ou avaria de máquinas.
Temos conhecimento também de algumas brigadas serem instruídos a apagar nomes de alguns eleitores em determinadas zonas rurais com influência da Renamo, isto está acontecer, com provas ou sem provas mas é um facto. Isto tudo é com intuito de dar desvantagem a Renamo no dia de votação, pois as pessoas não encontrarão os seus nomes nas Assembleias de Voto em que se recensearam e não poderem reclamar por medo de serem presas pela FIR.
Por exemplo em Gorongosa não está a decorrer o recenseamento, mas porquê não sabemos…o chefe do estado já decretou estado de sítio naquela região? Ainda não decretou. E porque Gorongosa tem que estar prejudicado. Então estas questões todas devem ser postas na mesa para discussão, com vista a credibilizar primeiro o processo de recenseamento eleitoral.
Z – O que tem a dizer sobre a circulação da FIR próximo às Assembleias de Voto no dia da votação?
MB – Isso vai acabar, penso que temos que ter fé…todos somos moçambicanos, incluindo aqueles que são membros do Governo da Frelimo, são pessoas que vivem a realidade moçambicana e eles também querem viver num ambiente de harmonia por isso não vão aceitar viver mergulhados num ambiente de turbulências. Tudo o que for feito para garantir que o processo seja transparente e com maior número a contribuir para eliminar estas anomalias será maior solução para resolver todos os problemas.

ORGANIZAÇÃO INTERNA DA RENAMO

Z – Há uma percepção de existência de três Renamos, nomeadamente, a Renamo parlamentar, a Renamo militarizada que se encontra nas matas e os restantes militantes espalhados por todo o país…
MB – Mas como é que se manifestam essas Renamos…? Qual é o seu modo de vida…? é preciso clarificar como é que se manifestam essas Renamos, porque as pessoas falam e nós não podemos fazer comentários sobre questões de bastidores.
Para mim não existem essas Renamo. A Renamo é uma e única só…
Z – Como Secretário-Geral, como é que conseguem aglutinar todos os membros e mantém o controlo tanto nos parlamentares como nos militares?
MB – Na Renamo há regras, tem estatutos, e temos chefes de departamentos e todos eles obedecem e fazem funcionar as regras para o grupo ganhar. É assim como eu faço…
Z – Os membros da Renamo têm salário?
MB – Os membros da Renamo não têm salário. Se calhar um e o outro tem um subsídio de transporte proveniente da verba que nós temos a partir da Assembleia da República. No rol dos Recursos Humanos, alguns quadros têm subsídio de transporte. Naquele bolo temos uma nossa planificação e é ai onde conseguimos também suprir as nossas despesas correntes na nossa sede nacional e nas nossas delegações provinciais. Temos também a cotização de alguns membros e isso é suficiente para suprir as nossas despesas correntes.
Z – Depois de duas dezenas de rondas negociais sem consenso no diálogo entre o governo e a Renamo, nos últimos dias, estranhamente há uma percepção de que as partes estão a se entender em vários pontos e que o governo é que cede mais…alguma pressão nos bastidores ou alguma coisa está por detrás disso?
MB – Nós pontualmente escolhemos os pontos, quer em termos de sequência quer em termos de prioridade e neste caso colocamos a lei eleitoral em frente e de seguida as questões de Defesa e Segurança. Provavelmente o segundo ponto não poderá levar o mesmo tempo que levou o primeiro, pois são questões muito técnicas ao nível militar que tem que ser analisadas para garantir a circulação de pessoas e bens tendo em contas que o governo já provou que não tem condições para isso, havendo a necessidade da intervenção de uma força externa séria, comprometida e com uma certa responsabilidade ao nível da região ou do mundo para garantir o que não se repita o que está a acontecer.
Z – Mas o que é que a Renamo quer Relativamente ao ponto ligado à Defesa e Segurança?
MB – Em primeira mão, exigimos que seja reposto o organigrama que constou no âmbito da formação das FADM em que a Renamo estava representada em todos os níveis, com uma certa posição e um certo poder de expressão. Actualmente alguns militares vindos da Renamo só usam a farda mas não tem poder de decisão tal como aconteceu em 1992 logo que assinou o acordo geral de paz, então o que nós queremos é que se volte ao que foi acordado. Queremos que o Governo se abra para voltarmos àquele organigrama e a Renamo estar bem representada no Ministério da Defesa e nas diversas especialidades da Polícia da República de Moçambique.
Z- Mas o Governo exige a desmilitarização imediata e incondicional da Renamo…
MB – Esse é um desejo que o Governo tem, é um sonho…ele pensa que vai alcançar esse sonho, qualquer um sonha… o governo também está a sonhar, pensar que de mão a abanar pode desmilitarizar a Renamo como quer…mas a prática vai demonstrar.
Z – E uma vez que o Governo sonha, caso exija, qual será a posição da Renamo?
MB – A nossa posição seria sempre uma coisa favorável para nós, no sentido de que trememos o controlo a partir de um esqueleto organizacional um pouco mais abrangente que promove diálogo, reconciliação e que se traduza na junção de partes para construir a mesma coisa, e isso tem que existir também ao nível de Defesa e Segurança porque isso é que vai garantir a segurança. Agora pensar que desmilitarizar a Renamo é arrancar-lhe as armas ou apreender todos os homens ou quadros está enganado. O governo tem que dizer o que vai fazer nesse processo de desmilitarização da Renamo à força. Eu penso que da mesma maneira que se conseguiu consenso no primeiro ponto, se conseguirá entendimento nas questões militares. As exigências da Renamo não é um assunto novo, todas as elites africanas e mundiais já consumiram o tamanho da razão que a Renamo tem.
Z - Há círculos de opinião na praça que acusam a Renamo de estar a dificultar o consenso no tocante à questões de Defesa e Segurança, onde depois de mais uma ronda negocial, no mesmo dia regista-se ataques na zona centro do país, qual é o seu comentário?
MB – Esse é um assunto que mexe com questões militares e que eu não estou em condições de clarificar porquê que isso acontece, mas devo lhe dizer que quem percorre maiores distâncias para ir atacar outro é o governo. Agora cabe ao governo explicar porque isso acontece, porque quem gasta dinheiro do Estado para impender guerra, e a Renamo está sempre onde esteve. Mas as pessoas já se aperceberam que quem é que proporciona esta instabilidade é o governo através das FADM/FIR.
Z – Há quem diz que as cedências do governo às vossas exigências fazem parte de uma estratégia do partido Frelimo para ver a Renamo nas eleições com vista a dispersar o voto da oposição e manter-se no poder…
MB – Isso é interpretar pensamentos de alguém…! As pessoas que pensaram assim, que deduzem…eu pelo menos nunca reservei o meu tempo para analisar isso porque não faz parte da minha agenda do dia-a-dia, se calhar a partir de agora vou começar as ver com pormenores.
Z – Últimas considerações…
MB – Apelar para que as pessoas afluam nos Postos de Recenseamento pois sem isso não vão poder ajudar neste sacrifício todo que os moçambicanos estão a fazer para encontrar consenso e fazer valer a democracia. É necessário recensear para que as pessoas possam eleger quem acharem competente para dar destino deste país, e é muito bom o cidadão ter esse sentimento para poder se recensear.

ATAQUE A SANTUNGIRA

Os detalhes sobre a morte do deputado Armindo Milaco
Em entrevista exclusiva ao ZAMBEZE, Manuel Bissopo, Secretário-geral da Renamo explicou em detalhes o ataque à base de Santungira a 21 de Outubro de 2013 e que culminou com a morte do deputado da Assembleia da República Armindo Milaco.
Bissopo confirmou que estava no local dos acontecimentos no dia do ataque a base da Renamo pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS), e que estava acompanhado do falecido deputado Armindo Milaco e do seu líder Afonso Dhlakama.
“Éramos três, dois quadros seniores e o líder Afonso Dhlakama, as Forças Governamentais começaram a atacar e saímos para um local seguro. Fomos atacados, as tropas avançaram a disparar e nós a vermos foi quando concluímos que não havia mais nada se não sairmos do local pois caso não eles haviam de nos matar” disse Bissopo.
“ Nós usamos experiência militar da Renamo, naquele cruzado de fogo, conseguimos ir para o sítio mais seguro sob liderança do Presidente” explicou o Secretário-geral da Renamo evidenciando que não chegaram de sair para fora do país.
Bissopo explicou que durante a fuga de mais de quinhentas pessoas e com o fogo arrojado das FDS que iam lançando obuses, Armindo Milaco foi numa zona onde houve muito flagelamento tendo caído um roquete que lhe atingiu gravemente.
Disse que quando Milaco foi atingido caiu tendo sido levado pela equipe dos guardas da Renamo que vinha na defensiva e porque era um dia de muito calor, na tentativa de avançar com ele para um local mais seguro, ele não aguentou e morreu.
Segundo Bissopo, o deputado Armindo Milaco foi enterrado no mato sem caixão, depois de cerimónias mínimas, num momento de guerrilha, contudo com sinalização clara para poder exumar o corpo no sentido de realizar uma cerimónia fúnebre mais decente logo que a tensão militar terminar, tendo em conta que ele era deputado da AR.

QUE USAM DURANTE CONFRONTOS MILITARES COM AS FADM

Bissopo diz que Renamo tem apenas 150 armas
O secretário-Geral da Renamo, Manuel Zeca Bissopo, questionado sobre a proveniência das armas que os seus militares têm usado durante os confrontos militares em vários pontos no centro do país com as FADM/FIR disse que a sua organização possui somente 150 armas de fogo. Segundo Bissopo, as 150 armas estão nas mãos de igual número de guardas pessoais do líder da Renamo e das delegações provinciais à luz dos Acordos Gerais de Paz assinados em Roma. Disse igualmente que a Renamo não tem nenhum apoio externo, da mesma forma que desmentiu que na calada da noite costumam aterrar helicópteros na calada da noite.
Os confrontos militares travados entre as forças governamentais e os homens armados da Renamo na zona centro do país, mas concretamente na província de Sofala vieram provar o contrário sobre a incapacidade militar e insuficiência de armamento da Perdiz.
Durante vários combates, a Renamo provou ter um poder militar muito forte e com muitas armas em sua posse.
Entretanto, questionado sobre o facto, o Secretário-geral da Renamo disse que aquela organização possui somente 150 armas de fogo com igual número de guardas pessoais do seu líder e nalgumas delegações provinciais.
De acordo com Bissopo, é com estas armas que a Renamo tem se defendido em todas as situações em que é atacada pelas FADM/FIR.
“O Acordo Geral de Paz é muito explícito que a Renamo tem direito a 150 guardas com o igual número de armas de fogo, isso está escrito lá”
Questionado se são 150 armas que provocam a tensão política Bissopo retorquiu “150 é pouco...? É muito para nós, se não havíamos de desaparecer. Aquilo que está previsto é a nossa capacidade pois não temos intenção de fazer guerra”.
Contudo, reconhece que o número de homens aumentou com a marginalização de desmobilizados de guerra vindos da Renamo que voluntariamente saem das suas casas e se agrupam devido a frequentes perseguições do governo da Frelimo.
Outrossim explicou que a Renamo não tem apoio estrangeiro e que não conhece nenhuma fonte oficial sobre a alegada aterragem de helicópteros nas imediações da Serra de Gorongosa dai ser difícil fazer qualquer comentário a respeito.

RENAMO EXIGE NOVA ORDEM POLÍTICA NACIONAL

Governo deve colaborar para Dhlakama sair em público
De acordo com o Secretário da Renamo, Manuel Bissopo, Afonso Dhlakama neste momento encontra-se algures na província de Sofala, ele já falou muitas vezes nos órgãos de informação nacionais e estrangeiro. Contudo, a Renamo apela a que o Governo colabore para que o líder da Renamo volte ao convívio público em segurança, acelerando o alcance dos consensos na mesa de diálogo bem como mandando retirar as FADM/FIR que neste momento controlam a serra de Gorongosa.
Como sempre, Bissopo garantiu que Dhlakama está bem de saúde e continua a coordenar todas as actividades do partido, tem o controlo de toda a situação política do país e está atento, preocupado para que se alcance entendimento o mais rápido possível.
“Logo que as condições de segurança, no âmbito da discussão das questões militares, ora na mesa do diálogo conseguirem passos significativos, sinceramente que será fácil o presidente aparecer e voltar a fazer a política normalmente” disse a fonte explicando que a segurança refere-se a um conjunto de elementos políticos, militares neste caso por causa de concentração de militares em Gorongosa e outros elementos que garantam que de facto a vontade do Governo de assassinar Dhlakama acabou.
Segundo Bissopo, a segurança é a condição sine qua non para que o líder da Renamo se recenseie e depois participar activamente na campanha eleitoral.
“Ele nunca vai pensar, assim do nada que ‘hoje vou me recensear…’, se as condições ainda não foram criadas, temos que ter fé que até o tempo útil as condições estarão criadas para ele poder se recensear” disse o Secretário-Geral da Renamo acrescentando que para que Dhlakama apareça também depende do Governo e em função de o executivo poder facilitar isso, a Renamo vai tomar suas condições.
Disse igualmente, Bissopo que o seu partido nunca vai aceitar ser refém do Governo, e que já o fez durante 20 anos.
O aparecimento de Afonso Dhlakama e os passos subsequentes devem acontecer como a nova ordem política exige.
“A Nova Ordem Política Nacional, ao nível da discussão do ponto número dois relativo a Defesa e Segurança, exige que tenha que se encontrar consensos para garantir que o país volte a normalidade” disse a fonte realçando que para tal não basta a movimentação de militares de um lado para o outro, mas passa também de uma vontade política dai ser difícil afirmar quando é que Dhlakama vai sair para se recensear.

ZAMBEZE , citado no Moçambique para todos
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