quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Maior vigilância à TB induz ao aumento de casos

 

O NÚMERO de casos de tuberculose notificados pelas autoridades sanitárias tem vindo a crescer nos últimos anos, tendo passado de cerca de 22 500 em 2002, para 47 000 casos no final de 2011.
Maputo, Quarta-Feira, 12 de Dezembro de 2012:: Notícias
De acordo com os dados facultados à nossa Reportagem pelo responsável do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose (PNCT), no Ministério da Saúde, Egídio Langa, no contexto da realização, em Maputo, do seminário de formação em gestão programática de tuberculose-resistente, contribuíram para o aumento dos casos a expansão da estratégia de tratamento de curto prazo, directamente observada (DOT) para todas as unidades sanitárias.
Outro facto que terá contribuído para esta subida tem a ver com a colocação de clínicos nos hospitais, com destaque para médicos e expansão da rede laboratorial para pesquisa do bacilo da tuberculose, o que permite que haja mais informação sobre as ocorrências da doença.
Segundo apurámos, por um lado, a taxa de sucesso ao tratamento também tem vindo a registar melhorias, passando de 80 por cento em 2007 para 86 por cento em 2010, tendo sido ultrapassada a meta preconizada pela OMS, que é de 85 por cento.
As actividades colaborativas TB/HIV começaram, por outro lado, a ser implementadas de forma integrada desde Outubro de 2006, registando-se, por isso, bons resultados no que se refere ao aconselhamento e testagem do HIV entre os doentes com tuberculose e a administração do Tratamento Preventivo com Cotrimoxazol nos doentes com TB/HIV.
De acordo com o PNCT, a gestão dos casos de tuberculose multidroga resistentes (TB-MDR) constitui uma das prioridades do programa, pois o diagnóstico, tratamento e seguimento dos casos de resistência ainda é um grande desafio.
Um estudo de resistência aos medicamentos de tuberculose, realizado entre os anos 2007 e 2008, revelou uma prevalência de TB-MDR nos novos casos na ordem de 3.5 por cento e 11.2 por cento em casos previamente tratados. Desde 2006 a esta parte já foram diagnosticados e iniciaram o tratamento 600 pacientes com TB-resistente.
Dados avançados pela nossa fonte indicam que Moçambique situa-se entre os 22 países do mundo com maior peso de tuberculose, constituindo, por isso, um sério problema de Saúde Pública e a sua associação com a pandemia do HIV/SIDA é um dos maiores desafios na luta contra a doença.
O número de casos de TB associados ao HIV continua a aumentar e em Moçambique cerca de 60 por cento dos doentes estão infectados pelo virus HIV.
Em 2006, o Governo declarou a tuberculose como emergência nacional. Apesar dos avanços no seu controlo, ainda persistem alguns desafios, nomeadamente o acesso universal ao diagnóstico e tratamento, a cobertura da rede laboratorial que ainda é baixa, isto é, nem todas as unidades sanitárias têm capacidade de fazer o diagnóstico laboratorial da tuberculose.
Segundo Egídio Langa, apesar dos progressos alcançados nas actividades TB/HIV, há áreas que precisam de melhoria, como o rastreio da doença em todos os pacientes seropositivos, em seguimento nas unidades sanitárias, a administração do tratamento preventivo com Isoniazida e o acesso ao tratamento anti-Retroviral aos doentes com tuberculose e HIV.
Nos esforços de combate a esta doença, impõe-se igualmente a melhoria do diagnóstico e maneio dos casos de resistência às drogas, com o objectivo de aumentar a taxa de cura e reduzir os abandonos.
O seminário de Maputo envolve representantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e decorre sob a égide da Organização Mundial da Saúde, estando o seu término previsto para a próxima sexta-feira.

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