Rodesianos foram responsáveis por casos de Cólera e
Antraz
Com o desenrolar da guerra civil o Governo moçambicano
também passou a envenenar fontes de água e alimentação nas zonas sob controle
da RNM (Resistência Nacional de Moçambique- RENAMO)
Maputo) Uma grande parte dos casos de “cólera” e “antraz”
que ocorreram nas províncias de Gaza, Manica e Tete durante a guerra entre
Moçambique e a Rodésia (1975-1979) foram causados pelos serviços de Segurança
do regime de Ian Smith. A revelação vem contida num livro de memórias de
autoria de Jim Parker, um antigo oficial rodesiano da Central Intelligence
Organization (CIO), que serviu de elo de ligação entre aquela polícia
política e a temida unidade paramilitar rodesiana, «Selous Scouts». Aliás, essa prática é em
tudo idêntica à que em Moçambique foi usada pelo SNASP em parceria com os
serviços secretos cubanos contra moçambicanos em luta enquadrada pela Renamo
contra as pretensões dos pró soviéticos e seus aliados “anti-imperialistas”
personalizados pelo regime de partido único então vigente em Moçambique.
Parker
afirma no seu livro, intitulado Assignment Selous Scouts - Inside story
of a Rhodesian Special Branch Officer (Galago Publishing, África do
Sul, 2006), que um grupo de reconhecimento dos «Selous Scouts» (forças
especiais rodesianas) havia despejado para dentro dos depósitos de água dos
Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), em Chicualacuala (Malvérnia no período
colonial) frascos contendo o vibrião causador da cólera. A mesma bactéria foi
lançada na lagoa de Madulo, na referida zona da província de Gaza, tendo
causado uma epidemia de grandes proporções entre soldados das FPLM e
guerrilheiros do ZANLA, braço armado da ZANU de Robert Mugabe.
A epidemia, salienta Parker, alastrou para o interior do Zimbabwe, dado que guerrilheiros do ZANLA que infiltravam o território sob administração de Ian Smith eram portadores do vírus.
O vibrião da cólera foi igualmente usado pelos «Selous Scouts» para contaminar lagoas na reserva de caça de Ruya na fronteira leste entre Moçambique e o Zimbabwe.
Os tanques de água do posto administrativo de Cochemane, na província de Tete, foram também contaminados por elementos do «Selous Scouts», que usaram “um misterioso veneno” que Parker não identifica no seu livro. A área de Cochemane era utilizada pela guerrilha de Mugabe como ponto de infiltração do Zimbabwe.
Em 1977, acrescenta Parker, os «Selous Scouts» infiltraram a região de Chicualacula, contaminando áreas de pasto com o bacilo de «antraz» para impedir que as tropas moçambicanas e os guerrilheiros do ZANLA, de Robert Mugabe pudessem comer carne bovina. O mesmo vírus foi usado para contaminar gado bovino no interior do próprio Zimbabwe, nomeadamente na área de Mazoe e Plumtree, esta última junto à fronteira com o Botswana.
A epidemia, salienta Parker, alastrou para o interior do Zimbabwe, dado que guerrilheiros do ZANLA que infiltravam o território sob administração de Ian Smith eram portadores do vírus.
O vibrião da cólera foi igualmente usado pelos «Selous Scouts» para contaminar lagoas na reserva de caça de Ruya na fronteira leste entre Moçambique e o Zimbabwe.
Os tanques de água do posto administrativo de Cochemane, na província de Tete, foram também contaminados por elementos do «Selous Scouts», que usaram “um misterioso veneno” que Parker não identifica no seu livro. A área de Cochemane era utilizada pela guerrilha de Mugabe como ponto de infiltração do Zimbabwe.
Em 1977, acrescenta Parker, os «Selous Scouts» infiltraram a região de Chicualacula, contaminando áreas de pasto com o bacilo de «antraz» para impedir que as tropas moçambicanas e os guerrilheiros do ZANLA, de Robert Mugabe pudessem comer carne bovina. O mesmo vírus foi usado para contaminar gado bovino no interior do próprio Zimbabwe, nomeadamente na área de Mazoe e Plumtree, esta última junto à fronteira com o Botswana.
Inglaterra e Estados Unidos apoiaram guerra
bacteriológica
Jim Parker cita no seu livro o antigo ministro da Saúde do
Zimbabwe, Timothy Stamps, médico por formação, como tendo dito que os casos de
«antraz» ocorridos no Zimbabwe durante a guerra haviam sido causados por
um bacilo originário de Porton Down, no Reino Unido, o que sugere
conivência britânica na guerra bacteriológica movida pelo regime de Ian
Smith. Responsáveis britânicos em Porton Down negaram qualquer envolvimento,
mas de acordo com Parker, citando o Tenente General Knobel do Corpo Médico
das antigas Forças Armadas Sul-Africanas, “a África do Sul havia contado
com o apoio tácito não-oficial da Inglaterra e dos Estados na obtenção do
vibrião da cólera e do bacilo causador do antraz.”
O autor do
livro a que temos vindo a fazer referência, menciona um relatório da
CIO, com a classificação de “Muito Secreto”, o qual revela que a segurança
rodesiana costumava distribuir bens de consumo e roupas contendo substâncias
venenosas por lojas em zonas de guerra e que costumavam ser alvo de ataques por
parte da guerrilha zimbabweana. Muitos guerrilheiros viriam a perder a vida
pouco depois de haverem consumido produtos saqueados.
Esta
prática já havia sido confirmada pelo ex-chefe da CIO, Ken Flower,
no seu livro de memórias, Serving Secretely
- Rhodesia's CIO Chief on Record (GalagoPublishing, África do
Sul, 1987). Depois do conflito rodesiano, a CIO passou a colaborar com a
sua congénere moçambicana, o SNASP (hoje designado por SISE). Com
efeito, a partir da década de 80, nas áreas afectadas pela acção da
guerrilha da Renamo, ocorreram casos de envenenamento em lagoas e poços de
água. Em 1983, Francisco Girmoio, um sobrinho de Afonso Dhlakama que comandava
uma unidade de guerrilha, viria a perder a vida, juntamente com
outros guerrilheiros, depois de ter bebido água envenenada de um
poço na província de Inhambane. Sacos de farinha, contendo
substâncias venenosas, foram, também, propositadamente abandonados em zonas da
guerrilha.
O
SNASP, por intermédio dos Destacamentos Operativos Especiais (afectos ao
Gabinete de Luta Contra Bandidos, GLCB) criados pelo coronel Sérgio Vieira
(hoje DG do Gabinete do Plano do Zambeze), com assessoria da congénere cubana (LCB,
Lucha Contra Bandidos) foram igualmente responsáveis pela propagação
em zonas específicas da província de Inhambane de «neisseria gonorrhoeae»,
a bactéria causadora da gonorreia, uma doença venérea altamente
contagiosa. Mulheres portadoras dessa doença foram enviadas para zonas da
Renamo na expectativa de virem a contaminar as bases da Renamo.
(Redacção)
CANAL DE MOÇAMBIQUE – 19.06.2006
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