by Matias De Jesus Júnior on Friday, 20 July 2012 at 12:49 ·
Da legitimidade crítica à globalização da ética jornalística
“Um simples e justo raciocínio costuma ilustrar como estão distantes os mundos ideal e real: É fácil ser pedra; difícil é ser vidraça! Traduzindo: é sempre muito mais cómodo ou descomplicado criticar, acusar e cobrar do que propriamente enfrentar situações incómodas e delicadas”. A frase não é minha. É do Prof. Rogério Christofoletti, quanto a mim, um dos maiores críticos do jornalismo moderno.
A frase assenta como uma luva na mão quando vem à liça, o debate sobre o jornalismo moçambicano e a legitimidade dos actores do mesmo debate. Vem isto, muito a propósito do último texto do professor e deputado Ismael Mussa. O deputado critica o facto de o jornal onde trabalho ter publicado uma notícia dando conta da circulação de um vídeo de cariz pornográfico, onde o protagonista é o Delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades em Sofala (INGC), Luís Pacheco, por sinal, irmão mais novo do ministro da Agricultura e membro da Comissão Política do partido no poder, José Pacheco. A minha competência como jornalista está arder no texto do Dr Mussa.
Ismael Mussa fala de invasão de privacidade ou Direito Privado dos actores do vídeo, da falta de ética por parte do jornalista (eu) que escreveu a peça e chega a uma conclusão: é urgente a capacitação dos jornalistas em matéria de ética e Direito. Dito em outras palavras: eu preciso de capacitação sob o risco de subverter todos os padrões jornalísticos e colocar os meus leitores na indesejável condição de apreciadores e compradores da mais áspera mediocridade jornalística. Confesso que nem ofendido fiquei, mas preocupado! Ismael Mussa é para além de um amigo, meu ex professor de Teoria Política nos tempos de faculdade. E como ensinou-me democracia e liberdades (de resto, coisa que admiro em Estado de Direito) percebi que o professor estava em pleno gozo dos seus direitos. E são dois. De dizer o que pensa e de não entender bem certas coisas, o que acho absolutamente normal. Não é do meu grande amigo e professor que escrevo. Quero aqui defender que a circulação de um vídeo pornográfico, pior ainda quando um dos actores é um Delegado Provincial, é notícia. Espero também explicar a razão da menção do nome do ministro na peça, incluindo do Director Nacional do INGC.
Aqui o debate é mesmo sobre a legislação e a ética jornalística. Comecemos primeiro por falar da notícia. Sem ter que recorrer a manuais, a notícia é um acontecimento verídico, actual e que representa o interesse geral. Por tanto todo aquele acontecimento que seja verdadeiro, não inventado, e que pelo seu carácter temporal constitua agenda de debate público tem condições para ser notícia independentemente da sua temática: sexo, religião, economia, prostituição, poder, política, ciência e por aí fora. Dada essa abertura de abordagem viu-se a necessidade regular certas questões de índole ética que atravessam a própria produção noticiosa. Exactamente para que o direito de informar que os jornalistas têm e de ser informado que público tem não ferisse o direito ao bom nome (imagem) que as todas as pessoas têm, incluindo os próprios jornalistas e o público. Questões como verdade, honestidade, direito a contraditório passaram a ser cada vez mais escrutinados no dia-a-dia da produção noticiosa. Isso para que todos os assuntos fossem abordados independentemente da sua sensibilidade ou não.
Para tal, os teóricos do jornalismo padronizaram os chamados critérios de noticiabilidade, quais carris em que a notícia deve obedecer para si constituir em conceito cientificamente válido. São muitos e não vou mencionar aqui todos.
Galtung e Ruge (1965) destacam entre os vários critérios de noticiabilidade ou de valor-notícia, a Proeminência social das pessoas envolvidas, a Personificação e o Desvio em relação à norma socialmente aceite.
Em palavras simples, a Proeminência social das pessoas envolvidas explica que quanto maior for a proeminência social das pessoas envolvidas num acontecimento, mais probabilidades este mesmo acontecimento tem, de se tornar notícia.
A Personificação preconiza que um acontecimento tem mais hipóteses de se tornar notícia se permitir o seu tratamento jornalístico com base nas histórias das pessoas envolvidas, em particular de uma das pessoas envolvidas.
O desvio à norma é tal como o próprio nome diz um acontecimento que cause estranheza a normal concepção que temos em relação ao mundo.
Ora, voltando ao nosso objecto, o vídeo pornográfico do Delegado do INGC, nele estão incorporados todos os três e mais outros factores para que o acontecimento se constitua em facto noticioso. E dos bons!
Primeiro: porque a figura envolvida não é qualquer. É um funcionário sénior do Estado, sobre quem recaem muitas responsabilidades no que tange ao seu comportamento.
Segundo: O facto de ser figura pública faz com que as suas actuações estejam sob escrutínio público elevado.
Terceiro: a norma socialmente aceite manda-nos dizer que o sexo – qual actividade íntima e tabu para sociedades conservadoras como a nossa – é acto particular dos praticantes, sendo anormal que o mesmo venha à praça pública. Pelo menos na República de Moçambique a pornografia é um crime. Além do crime é contra as nossas normas culturais aparecer em público em acrobacias sexuais. É de um comportamento manifestamente delinquente o sexo público.
Os jornalistas não foram ao local da cópula e montaram câmaras de filmar. Nem os presumíveis “propagadores” do vídeo. É o delegado que filmou a sua própria cópula, e está no seu direito. Assim como está no seu direito esquecer que a sua curta-metragem estava no computador que foi à reparação.
E aqui entra em cena a legislação, mais concretamente o Direito Privado. A constituição atribui às pessoas o Direito ao bom-nome, mas a sociedade exige dos cidadãos sem excepção, um bom comportamento. E para a teoria de informação e do jornalismo, o Direito Privado das figuras públicas não deve ser visto sob o mesmo prisma com as pessoas comuns. Tal como o Prof. Jorge Pedro Sousa é a teoria do elástico. A seguir explico: o Direito Privado das Figuras Públicas é reduzido (sofre compressão) em relação às demais pessoas (é esticada). E figuras públicas, são os políticos, artistas, autoridades científicas, religiosas e demais entidades. O escrutínio da vida privada destas entidades é rigoroso por se constituírem em exemplos para a sociedade. O João do Povo Sofrimento e Azares pode lutar com a sua esposa, diga-se, numa boa, que não é notícia. A sua figura é irrelevante para a sociedade e o impacto da sua luta para com as nossas vidas é nula. Mas para o caso do Presidente da República o tratamento já não é o mesmo. O impacto da luta (tornada pública e comprovada) do Presidente com a sua esposa é outro, sobre as nossas vidas. O comportamento das figuras públicas no dizer de Pedro Sousa é previsível. Qualquer imprevisto em relação ao seu comportamento desde que comprovado é notícia. Está previsto que o Delegado entre em cópulas com a sua parceira independentemente das posições em que a preferirem realizar em seus aposentos fechados e privados. Mas é imprevisto que as imagens venham ao consumo público independentemente se for por descuido ou por má fé de terceiros.
Isso porque a luz da Teoria Democrática, o jornalismo vigia e controla os outros poderes, baseando-se no princípio da liberdade de expressão, em especial na sua vertente da liberdade de informação (liberdade de informar, informar-se e ser informado). Não foi por acaso que Johnstone, Slawski e Bowman (1972) instituíram o "Participant Journalism ", ou seja jornalismo participante. É um jornalismo definido por estes autores como sendo de "cães de guarda", agentes de controle dos poderes, pelo que investigam as informações e actos dos governantes e entidades com interesse sobre o público providenciando análises para problemas complexos, discutem políticas e desenvolvem interesses intelectuais e culturais. É do interesse da nossa cultura a possibilidade das filmagens pornográficas de dirigentes estarem expostas para consumo público. Mais uma vez reitero, independentemente do dolo da exposição por parte do praticante.
Fui também criticado (para meu espanto até por jornalistas) por ter mencionado o nome do ministro da Agricultura, José Pacheco na notícia escrita. É mesmo uma questão de ignorância que também é um direito constitucional (direito de não querer aprender). E aqui vai a explicação: Molotch e Lester (1974) servem-se das figuras dos "promotores de notícias", ou seja, os indivíduos que elevam um acontecimento à categoria de notícia, para tipificar os acontecimentos noticiosos. Olha-se aqui, para elementos próximos ao acontecimento para conferirem a este, um cunho de interesse ainda mais geral. Traquina (2002: 186-202) explicita que existem valores-notícia de construção destacando entre muitas a (amplificação – hiperbolização do acontecimento e das suas consequências; relevância – capacidade de mostrar como o acontecimento é importante; potencial de personalização; potencial de dramatização; consonância – ou potencialidade de enquadrar um acontecimento para criar mais interesse). José Pacheco dá mais interesse a figura do protagonista do vídeo, segundo a hiperbolização. É uma questão de escola. A questão do Direito Privado das figuras públicas não é intuito personna em relação à elas, ou seja não circunscreve às suas pessoas apenas, mas aos que lhes são próximos. O mau comportamento da família Pacheco tem repercussão directa em termos de imagem, primeiro sobre a figura mais proeminente da família e só depois a consequência é em cadeia.
Por último temos o acontecimento (o vídeo pornográfico público) em si, em termos de nomenclatura jornalística. O acontecimento está previsto em todos os manuais de introdução ao jornalismo. Molotch e Lester distinguem, assim: Acontecimentos de rotina (acontecimentos intencionais promovidos por aqueles que neles estão envolvidos); Acidentes (acontecimentos inesperados, cujos implicados pretendem manter em segredo, promovidos a notícia por alguém que neles não está envolvido); e o Escândalos (acontecimentos intencionais promovidos por pessoas que não partilham das estratégias dos envolvidos).
O vídeo que circulou e que circula, tem a particularidade de ser um acidente e ao mesmo tempo escândalo. Acidente porque os implicados pretende(ia)m manter em segredo, e foi promovidos a notícia por alguém que neles não está envolvido. Escândalo porque a pessoa que o promoveu e que o debatem não partilham da ideia de filmagem de cópulas.
Sobre a contrastação de fontes ou o contraditório defendido por todo os autores do jornalismo não me vou debruçar muito. Dado o escândalo ou acidente se assim quisermos, contactei o implicado para falar do desvio em relação a norma, em que estava envolvido. Não foi possível. Contactei uma fonte obrigatória em nome do rigor jornalístico: o superior hierárquico que tem responsabilidades sobre o dirigente público que aparece em cenas sexuais em consumo público. É tudo uma questão do interesse público. Até porque na minha opinião, quem aparece em acrobacias sexuais publicamente, (com ou sem dolo) não tem condições murais para nos representar em qualquer empreitada.
Concluindo, há fundamentos científicos em matéria de jornalismo, mais do que suficientes para publicação da notícia dando conta da circulação de um vídeo manifestamente pornográfico gravado por um dirigente do Estado. A tese do meu amigo e professor Ismael Mussa recorda-me a primeira tese doutoral sobre as ciências de comunicação de Tobias Peucer, considerado o pai e fundador das Ciências da Comunicação. A tese foi apresentada na Universidade de Leipzig, em 1690. Com muitos aspectos válidos a tese é actualmente muito criticada por expor critérios que deveriam reger a selecção de notícias, sendo um deles e que considerava fundamental “a notícias deve evitar referir a vida privada dos príncipes e de toda a gente”. Naquela época até fazia sentido porque as notícias nem eram notícias vistas sob o prisma moderno do jornalismo e da dinâmica do debate público e construção de opinião.
Eis a minha resposta à crítica do meu amigo e professor Ismael Mussa e espero criar debate académico!!!
PS: Agradeço por tudo que fez como professor e amigo para a minha formação como cidadão. Tudo que sei sobre o jornalismo deve-se em parte ao incentivo à leitura que o senhor sempre pregou. Obrigado por todos os conselhos que me tem dado para o bem da minha carreira! Saudações académicas Dr.
“Um simples e justo raciocínio costuma ilustrar como estão distantes os mundos ideal e real: É fácil ser pedra; difícil é ser vidraça! Traduzindo: é sempre muito mais cómodo ou descomplicado criticar, acusar e cobrar do que propriamente enfrentar situações incómodas e delicadas”. A frase não é minha. É do Prof. Rogério Christofoletti, quanto a mim, um dos maiores críticos do jornalismo moderno.
A frase assenta como uma luva na mão quando vem à liça, o debate sobre o jornalismo moçambicano e a legitimidade dos actores do mesmo debate. Vem isto, muito a propósito do último texto do professor e deputado Ismael Mussa. O deputado critica o facto de o jornal onde trabalho ter publicado uma notícia dando conta da circulação de um vídeo de cariz pornográfico, onde o protagonista é o Delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades em Sofala (INGC), Luís Pacheco, por sinal, irmão mais novo do ministro da Agricultura e membro da Comissão Política do partido no poder, José Pacheco. A minha competência como jornalista está arder no texto do Dr Mussa.
Ismael Mussa fala de invasão de privacidade ou Direito Privado dos actores do vídeo, da falta de ética por parte do jornalista (eu) que escreveu a peça e chega a uma conclusão: é urgente a capacitação dos jornalistas em matéria de ética e Direito. Dito em outras palavras: eu preciso de capacitação sob o risco de subverter todos os padrões jornalísticos e colocar os meus leitores na indesejável condição de apreciadores e compradores da mais áspera mediocridade jornalística. Confesso que nem ofendido fiquei, mas preocupado! Ismael Mussa é para além de um amigo, meu ex professor de Teoria Política nos tempos de faculdade. E como ensinou-me democracia e liberdades (de resto, coisa que admiro em Estado de Direito) percebi que o professor estava em pleno gozo dos seus direitos. E são dois. De dizer o que pensa e de não entender bem certas coisas, o que acho absolutamente normal. Não é do meu grande amigo e professor que escrevo. Quero aqui defender que a circulação de um vídeo pornográfico, pior ainda quando um dos actores é um Delegado Provincial, é notícia. Espero também explicar a razão da menção do nome do ministro na peça, incluindo do Director Nacional do INGC.
Aqui o debate é mesmo sobre a legislação e a ética jornalística. Comecemos primeiro por falar da notícia. Sem ter que recorrer a manuais, a notícia é um acontecimento verídico, actual e que representa o interesse geral. Por tanto todo aquele acontecimento que seja verdadeiro, não inventado, e que pelo seu carácter temporal constitua agenda de debate público tem condições para ser notícia independentemente da sua temática: sexo, religião, economia, prostituição, poder, política, ciência e por aí fora. Dada essa abertura de abordagem viu-se a necessidade regular certas questões de índole ética que atravessam a própria produção noticiosa. Exactamente para que o direito de informar que os jornalistas têm e de ser informado que público tem não ferisse o direito ao bom nome (imagem) que as todas as pessoas têm, incluindo os próprios jornalistas e o público. Questões como verdade, honestidade, direito a contraditório passaram a ser cada vez mais escrutinados no dia-a-dia da produção noticiosa. Isso para que todos os assuntos fossem abordados independentemente da sua sensibilidade ou não.
Para tal, os teóricos do jornalismo padronizaram os chamados critérios de noticiabilidade, quais carris em que a notícia deve obedecer para si constituir em conceito cientificamente válido. São muitos e não vou mencionar aqui todos.
Galtung e Ruge (1965) destacam entre os vários critérios de noticiabilidade ou de valor-notícia, a Proeminência social das pessoas envolvidas, a Personificação e o Desvio em relação à norma socialmente aceite.
Em palavras simples, a Proeminência social das pessoas envolvidas explica que quanto maior for a proeminência social das pessoas envolvidas num acontecimento, mais probabilidades este mesmo acontecimento tem, de se tornar notícia.
A Personificação preconiza que um acontecimento tem mais hipóteses de se tornar notícia se permitir o seu tratamento jornalístico com base nas histórias das pessoas envolvidas, em particular de uma das pessoas envolvidas.
O desvio à norma é tal como o próprio nome diz um acontecimento que cause estranheza a normal concepção que temos em relação ao mundo.
Ora, voltando ao nosso objecto, o vídeo pornográfico do Delegado do INGC, nele estão incorporados todos os três e mais outros factores para que o acontecimento se constitua em facto noticioso. E dos bons!
Primeiro: porque a figura envolvida não é qualquer. É um funcionário sénior do Estado, sobre quem recaem muitas responsabilidades no que tange ao seu comportamento.
Segundo: O facto de ser figura pública faz com que as suas actuações estejam sob escrutínio público elevado.
Terceiro: a norma socialmente aceite manda-nos dizer que o sexo – qual actividade íntima e tabu para sociedades conservadoras como a nossa – é acto particular dos praticantes, sendo anormal que o mesmo venha à praça pública. Pelo menos na República de Moçambique a pornografia é um crime. Além do crime é contra as nossas normas culturais aparecer em público em acrobacias sexuais. É de um comportamento manifestamente delinquente o sexo público.
Os jornalistas não foram ao local da cópula e montaram câmaras de filmar. Nem os presumíveis “propagadores” do vídeo. É o delegado que filmou a sua própria cópula, e está no seu direito. Assim como está no seu direito esquecer que a sua curta-metragem estava no computador que foi à reparação.
E aqui entra em cena a legislação, mais concretamente o Direito Privado. A constituição atribui às pessoas o Direito ao bom-nome, mas a sociedade exige dos cidadãos sem excepção, um bom comportamento. E para a teoria de informação e do jornalismo, o Direito Privado das figuras públicas não deve ser visto sob o mesmo prisma com as pessoas comuns. Tal como o Prof. Jorge Pedro Sousa é a teoria do elástico. A seguir explico: o Direito Privado das Figuras Públicas é reduzido (sofre compressão) em relação às demais pessoas (é esticada). E figuras públicas, são os políticos, artistas, autoridades científicas, religiosas e demais entidades. O escrutínio da vida privada destas entidades é rigoroso por se constituírem em exemplos para a sociedade. O João do Povo Sofrimento e Azares pode lutar com a sua esposa, diga-se, numa boa, que não é notícia. A sua figura é irrelevante para a sociedade e o impacto da sua luta para com as nossas vidas é nula. Mas para o caso do Presidente da República o tratamento já não é o mesmo. O impacto da luta (tornada pública e comprovada) do Presidente com a sua esposa é outro, sobre as nossas vidas. O comportamento das figuras públicas no dizer de Pedro Sousa é previsível. Qualquer imprevisto em relação ao seu comportamento desde que comprovado é notícia. Está previsto que o Delegado entre em cópulas com a sua parceira independentemente das posições em que a preferirem realizar em seus aposentos fechados e privados. Mas é imprevisto que as imagens venham ao consumo público independentemente se for por descuido ou por má fé de terceiros.
Isso porque a luz da Teoria Democrática, o jornalismo vigia e controla os outros poderes, baseando-se no princípio da liberdade de expressão, em especial na sua vertente da liberdade de informação (liberdade de informar, informar-se e ser informado). Não foi por acaso que Johnstone, Slawski e Bowman (1972) instituíram o "Participant Journalism ", ou seja jornalismo participante. É um jornalismo definido por estes autores como sendo de "cães de guarda", agentes de controle dos poderes, pelo que investigam as informações e actos dos governantes e entidades com interesse sobre o público providenciando análises para problemas complexos, discutem políticas e desenvolvem interesses intelectuais e culturais. É do interesse da nossa cultura a possibilidade das filmagens pornográficas de dirigentes estarem expostas para consumo público. Mais uma vez reitero, independentemente do dolo da exposição por parte do praticante.
Fui também criticado (para meu espanto até por jornalistas) por ter mencionado o nome do ministro da Agricultura, José Pacheco na notícia escrita. É mesmo uma questão de ignorância que também é um direito constitucional (direito de não querer aprender). E aqui vai a explicação: Molotch e Lester (1974) servem-se das figuras dos "promotores de notícias", ou seja, os indivíduos que elevam um acontecimento à categoria de notícia, para tipificar os acontecimentos noticiosos. Olha-se aqui, para elementos próximos ao acontecimento para conferirem a este, um cunho de interesse ainda mais geral. Traquina (2002: 186-202) explicita que existem valores-notícia de construção destacando entre muitas a (amplificação – hiperbolização do acontecimento e das suas consequências; relevância – capacidade de mostrar como o acontecimento é importante; potencial de personalização; potencial de dramatização; consonância – ou potencialidade de enquadrar um acontecimento para criar mais interesse). José Pacheco dá mais interesse a figura do protagonista do vídeo, segundo a hiperbolização. É uma questão de escola. A questão do Direito Privado das figuras públicas não é intuito personna em relação à elas, ou seja não circunscreve às suas pessoas apenas, mas aos que lhes são próximos. O mau comportamento da família Pacheco tem repercussão directa em termos de imagem, primeiro sobre a figura mais proeminente da família e só depois a consequência é em cadeia.
Por último temos o acontecimento (o vídeo pornográfico público) em si, em termos de nomenclatura jornalística. O acontecimento está previsto em todos os manuais de introdução ao jornalismo. Molotch e Lester distinguem, assim: Acontecimentos de rotina (acontecimentos intencionais promovidos por aqueles que neles estão envolvidos); Acidentes (acontecimentos inesperados, cujos implicados pretendem manter em segredo, promovidos a notícia por alguém que neles não está envolvido); e o Escândalos (acontecimentos intencionais promovidos por pessoas que não partilham das estratégias dos envolvidos).
O vídeo que circulou e que circula, tem a particularidade de ser um acidente e ao mesmo tempo escândalo. Acidente porque os implicados pretende(ia)m manter em segredo, e foi promovidos a notícia por alguém que neles não está envolvido. Escândalo porque a pessoa que o promoveu e que o debatem não partilham da ideia de filmagem de cópulas.
Sobre a contrastação de fontes ou o contraditório defendido por todo os autores do jornalismo não me vou debruçar muito. Dado o escândalo ou acidente se assim quisermos, contactei o implicado para falar do desvio em relação a norma, em que estava envolvido. Não foi possível. Contactei uma fonte obrigatória em nome do rigor jornalístico: o superior hierárquico que tem responsabilidades sobre o dirigente público que aparece em cenas sexuais em consumo público. É tudo uma questão do interesse público. Até porque na minha opinião, quem aparece em acrobacias sexuais publicamente, (com ou sem dolo) não tem condições murais para nos representar em qualquer empreitada.
Concluindo, há fundamentos científicos em matéria de jornalismo, mais do que suficientes para publicação da notícia dando conta da circulação de um vídeo manifestamente pornográfico gravado por um dirigente do Estado. A tese do meu amigo e professor Ismael Mussa recorda-me a primeira tese doutoral sobre as ciências de comunicação de Tobias Peucer, considerado o pai e fundador das Ciências da Comunicação. A tese foi apresentada na Universidade de Leipzig, em 1690. Com muitos aspectos válidos a tese é actualmente muito criticada por expor critérios que deveriam reger a selecção de notícias, sendo um deles e que considerava fundamental “a notícias deve evitar referir a vida privada dos príncipes e de toda a gente”. Naquela época até fazia sentido porque as notícias nem eram notícias vistas sob o prisma moderno do jornalismo e da dinâmica do debate público e construção de opinião.
Eis a minha resposta à crítica do meu amigo e professor Ismael Mussa e espero criar debate académico!!!
PS: Agradeço por tudo que fez como professor e amigo para a minha formação como cidadão. Tudo que sei sobre o jornalismo deve-se em parte ao incentivo à leitura que o senhor sempre pregou. Obrigado por todos os conselhos que me tem dado para o bem da minha carreira! Saudações académicas Dr.
- You, José de Matos, Antonio A. S. Kawaria, Chacate Joaquim and 12 others like this.
- Matias De Jesus Júnior Poderá conter erros. Foi escrito às pressas, para cumprir com o deadlineSee Translation
- Matias De Jesus Júnior Este artigo não inocenta a mim e ao meu grupo de trabalho por prováveis falhas que possamos ter cometido desde que iniciamos a produção do Canal de Moçambique e o CanalMoz!See Translation
- Joao Bruno Craveirinha Meu mano Matias De Jesus Júnior, gostei do teu artigo e da forma como explanaste os teus argumentos. Mas o que o amigo Ismael Mussa descreveu e um facto em Mocambique ao nivel do jornalismo e da Etica Jornalistica.Infelizmente, ha poucos jornalistas BONS como tu e o Borges Nhamirre, José Belmiro, Lazaro Mabunda,Lazaro Mauricio Bamo, Rui Lamarques e outros.Nao ha Etica Jornalistica da parte de muito jornalista e ate qualidade e argumentos, onde o fenomeno do copy paste sem a minima data venia ocorre.Temos um jornalismo no geral politizado ou pro-frelimo ou anti-frelimo e havendo jornalistas que ate falseiam documentos e vao extremo de procurar-se protagonismo e ate como no caso da STV e TVM "anunciaram a morte do Eusebio".Ou como aquele jornalista Mirim que toda hora inventa que foi agredido ou que "confirmou" ha uns meses que Hosni Mubarak tinha morrido quando nao tinha .Para alem disso, verifico em muitos jornalistas mocambicanos uma certa proposopeia sua e arrogancia e abuso da sua funcao procurando denegrir a imagem, obra e opinioes das pessoas, por vezes.A Etica e Deontologia devem estar em primeiro lugar a bem do nobre acto de Informar e ate instruir, reportar, denunciar as pessoas e principalmente da promocao dum Mocambique melhor.Trata-se de uma questao de Tolerancia e Cultura Democratica e qualidade tambem, que nao e sinonimo da classe dos jornalistas apenas mas do Estado de Coisas que o nosso Pais vive.Temos Escola no Jornalismo e devemos tambem enaltecer o bom jornalismo online que possuimos.E importante que se de conta do tremendo esforco que muito jornalista vive todos os dias para poder exercer a sua profissao e informar, principalmente os que nao estao ligados a lobbies politicos.Muito jornalista mocambicano depara-se com toda uma serie de dificuldades e armadilhas e perseguicoes, lutando ao mesmo tempo para garantir o pao em casa.Sem voces jornalistas as coisas nao caminharao para a frente!Mas e importante que o Jornalismo Mocambicano no seu Todo siga habitos e principios de Etica e nesse sentido, quanto mais oportunidades de capacitacoes e upgrade, melhor.Siavuma!See Translation
- Francey Zeúte Meu caro Matias De Jesus Júnior os meus parabéns pelo post em tempo util. Prometo também contribuir para o debate que aqui nos colocas...See Translation
- Matias De Jesus Júnior Por lapso esqueci me de identificar o meu amigo e eterno professor Ismael Mussa!See Translation
- Edgar Mujahidine Barroso Nem há espaço para mais debate aqui. Acabaste de o matar. Grande artigo. Sinto-me profundamente orgulhoso por saber que fazes parte da minha geração e que, para além da competência jornalística inerente à todo o escriba digno desse nome, tu tens CIÊNCIA como mais valia.
E já imagino os que te criticaram a corarem-se todos de vergonha. Salvaste a minha sexta-feira, son... See Translation - Ameriyaz Mata-Valy yeah, uma resposta bem longa. Mas dentro desta resposta aparece a verdadeira razão de porque da diferença tipo de jornalismo que se pratica em Moz: Escolas. Cada jornalista tem preferência por uma certa Escola, como o fazem os economistas. Mas eu acres...See MoreSee Translation
- Matias De Jesus Júnior E o meu jornal certamente não é católico, por isso o Director o faz funcionar na laicidade, para o bem da opinião pública e da sociedade democrática! Americo MataveleSee Translation
- Ameriyaz Mata-Valy Então Matias De Jesus Júnior, resta a outra parte? É isso que sugeres? (Estou a usar a técnica Edgariana). E a propósito, não sou Americo Mário Mrt Matavele. Kikikikikikikikikiki... Não falaste do centro do meu comentário, "Mas eu acrescento que para além de Escola, tem que entrar aqui a sensibilidade pessoal, aquilo que se chama "conhecimento intuitivo", que livro algum ensina. Quando falo disto, refiro-me a capacidade de filtrar pela moral a essência do que o teu ser te diz que é notícia." Cito-me.See Translation
- Matias De Jesus Júnior Isso cabe a cada jornalista! é pessoal ao próprio jornalista dependendo dos valores ideológicos, culturais e crenças que tem em relação ao assunto!See Translation
- Matias De Jesus Júnior Há uma frase que é muito pronunciada nos manuais do jornalismo moderno e na teoria do senacionalismo que diz o seguinte: "A sensibilidade está para os médicos tal como escândalo está para os jornalistas"See Translation
- Ameriyaz Mata-Valy Por isso, mano. Por isso mesmo que eu disse que há jornnais católicos e os da extrema direita. Dependendo dos valores. E posto isto, será que podemos inferir os valores de cada pessoa (entenda-se jornalista), pelo tipo de notícia que veicula? Será que a notícia que cada jornalista nos dá a ler serve para fazer uma psicanálise? Pelos vistos, o mano Matias De Jesus Júnior acha que sim.See Translation
- Matias De Jesus Júnior Americo Matavele tudo que tinha a dizer sobre o vídeo já disse e está claro. Agora se quiseres debater a cultura noticiosa é outro assunto! De jornalismo sei o mínimo e por isso falo com alguma propriedade!See Translation
- Edgar Mujahidine Barroso Américo, não desvie o assunto... Diga, se te for conveniente, onde é que reside a tua crítica ao "sumo" que o Matias aqui nos serviu.
Se é que tens alguma, evidentemente.See Translation - Ameriyaz Mata-Valy Edgar, não tenho nada a declarar. Thanks. Matias De Jesus Júnior, claro que tens toda a propriedade sobre o assunto, e digo sinceramente que aprendi maning com este texticulo sobre os meus vazios conhecimentos sobre jornalismo. E nos meus comentSee Translation
- Ameriyaz Mata-Valy dizia, nos meus comentários não cheguei de falar do video em momento algum. Estou a falar dos valores (você é que me guiou até esta designação, thanks), valores esses que guiam a sensibilidade no trato de um assunto. E isto é subjacente no teu post, mano.See Translation
- Egidio Guilherme Vaz Raposo Bom texto e muito instrutivo como alis, tem sido nos teus ultimos escritos. Ja que ando frustrado nestes ultimos dias, ainda vou colocar lenha para que Americo Matavele acredite que sou mesmo um frustrado. SIM, concordo que havia materia bastante para que a noticia ate fosse machete pelos motivos sabiamente enlencados no teu texo. Mesmo que nao houvesse: eu prefiro ir preso por ter insultado um dirigente do Estado, normalmente corrupto do que deixar de publicar o sexo por ele praticado algueres. Ha o minimo de reserva que ele devia nos poupar. Aquilo nao foi nenhuma cidente. fazer sexo, guardar a filmagem para recordacao futura...coisas feitas por um dirigente, e nao um maniaco, so lembra diabos.See Translation
- Ameriyaz Mata-Valy Eh eh eh eh eh... Mano Egidio Guilherme Vaz Raposo, alguma vez chamei a si de frustrado? Não ponha palavras na minha boca e nem nos meus dedos please. Eu respeito maning a si, e espero que isto dure eternamente. Se alguma vez chamei nomes a alguém aqui, como está a dizer o mano Vaz, peço desculpas, e que talvez estava djezz ou pancado. Mas no meu juizo perfeito, ainda sigo a educação principesca que a Vovo Cristina deu-me. Sorry mano Egidio. Sorry mesmo.See Translation
- Edgar Mujahidine Barroso O Américo "morreu"....
Pena que eu estou a teclar de um telemóvel que não me permite identificar pessoas agora. Queria muito identificar o Milton Machel, o Johane Zonjo, a Zenaida Machado, o Amosse Macamo, o Rafael Shikhani... Quem mais?
Deveriam vir rever aqui noçoes pertinentes de jornalismo. Quem é que os pode identificar por mim? Ficaria profundamente agradecido.See Translation - Ameriyaz Mata-Valy "Morri" eu? Kakakakaka... Edgar meu. Não espere isso de mim. E tu sabes muito bem que raramente eu "morro", meu. Um dia vai me "enterrar" vivo, por me negar a "morrer". Focus.See Translation
- Amosse Macamo Matias, o seu texto é extenso e eu as sextas depois de meio dia nao penso. Guardei o para ler em casa e depois disso direi algo embora pense que a ciência nos da a oportunidade de defender qualquer posição, cabendo aos princípios morais e éticos nos guiar onde corremos o risco de sermos demasiados cientistas. Abraço e até na segunda.See Translation
- Matias De Jesus Júnior Eh eh eh eh eh. Exactamente a moral e ética no comportamento Delegado do INGC! Até porque gostaria de recordar ao meu amigo Amosse que a ética estuda a moral, sendo por isso, tudo ciência!!!See Translation
- Amosse Macamo Tenho medo dos extremos mano Matias De Jesus Júnior porque se concordas que tenha "havido quebra da moral e da ética" por parte do delegado (embora nao perceba bem como quando fez tudo na intimidade), o que dizer de quem levou um facto que antes da publicidade era desconhecido?See Translation
- Matias De Jesus Júnior É preciso perceber que os jornalistas não foram a casa do delegado. receberam o vídeo que circulava "publicamente" e fizeram o seu trabalho, que era denunciar a publicidade sexual do Delegado!See Translation
- Amosse Macamo Pois, os jornalistas foram vitimas! Outros jornalistas teriam negado publicitar esta matéria certo? E sabes o que diriam? "já agora como é que se "denuncia a publicidade"?See Translation
- Matias De Jesus Júnior Simples. Dizendo (desde que tenha certeza): que há um vídeo pornográfico a circular envolvendo o Delegado XYZ!See Translation
- Amosse Macamo Nao entrei de todo Beula, queria saudar e enaltecer o esforço que o Matias, fez em tratar o assunto de outra forma. Termino por aqui, lembrando as palavras do Deviz Simango quando o questionaram das dividas do Nhaca: isso é assunto do fórum pessoal-sem gaguejar. (e o democrata do Nhaca nem se demitiu).See Translation
- Hélder Shirangano Xavier Muito bem, meu caro Matias De Jesus Júnior por esta obra. Sem retirar a razão de Ismael Mussa e outros que estão a "diabolizar" o Canal e o seu repórter pela atitude, é preciso perceber que não se pode analisar o jornalismo de uma forma reducionista. Para quem conhece os critérios de noticiabilidade, percebe que Matias não rompeu os limites da ética, pois vários factores interferem na construção da notícia. Alguns deles já foram expostos neste artigo. A atitude do repórter foi um "acto jornalístico" nobre, porque está à lei fundamental da verdade e sinceridade, aspectos a serem tomados em conta ao fazermos uma reflexão sobre a ética jornalística.See Translation
- Emidio Beula Amosse Macamo, pelos vistos ainda nao leu o Tanglo desta semana... O que é facebook, senao uma Mesa Grande.
- Emidio Beula O meu amigo Matias insiste que eu, jornalista de profissão e estudante de Jornalismo, tenho a obrigação de dizer algo neste longo e não poucas vezes penoso debate. Antes que me coloquem aquela pergunta reducionista do tipo “publicavas ou não publicavas uma matéria sobre o vídeo pornográfico do director do INGC”, vou mesmo dizer que NÃO. Não publicava, não pelos argumentos (???) elencados por Ismael Mussá, mas por razoes puramente de juízo (pessoal). Não que o meu juízo esteja em cima ou em baixo do juízo dos colegas que escreveram sobre o vídeo pornográfico. Não, apenas juízos diferentes, olhares diferentes. Mas que aquilo é notícia, é. E não haja dúvida. A pergunta, ou melhor, as perguntas são: Que tipo de notícia? Quais são as condições de possibilidade para a transformação de eventos da esfera privada de figuras públicas em factos noticiosos? E que eventos da esfera privada de figuras públicas sao de interesse jornalístico?
Se a realidade é uma construção social, tal como proclamam os sociólogos Niklas Luhmann e Peter Berger, que dizer das notícias… As notícias não reproduzem a realidade, nem de longe, constroem-na. - Emidio Beula Tenho para mim que nomear uma coisa, sobretudo em jornalismo, é fazer ver essa coisa, é recriar essa coisa, é construir uma realidade. Quando dizemos, por exemplo, que o “vídeo pornográfico…”, estamos a fazer ver um vídeo pornográfico, no lugar de imagens gravadas de um acto sexual. Arrisco mesmo em dizer que a realidade construída pelo mundo da imprensa não se baseia em factos, mas nas suas representações. E não poucas vezes representações falsas.
- Ismael Mussa Meu caro Matias Guente, agradeço-te pela forma como reagiste ao meu artigo que, embora em momento algum tivesse citado o teu nome, entendeste no entanto ser a ti dirigido e te dignaste em responder-me. Fico-te grato pelo teu contributo no pensar diferente e no exercitar da cidadania. Indo ao cerne da questão do teu texto, permita-me uma questão prévia: em nenhum momento questionei o aspecto noticioso do facto mas sim a forma como foi dada a notícia tendo em conta a obrigação de qualquer jornalista em respeitar os Direitos de Personalidade, entendendo-se o papel do jornalista como sendo o de dar a informação de forma isenta, abstendo-se de juízos de valor e de nunca visar contribuir para denegrir a imagem e o bom nome de quem quer que seja. Portanto, da leitura que fiz do teu texto, em nenhum momento vi alguma resposta a obrigatoriedade de se respeitar ou não a estes preceitos constitucionais e legais mas tão-somente o recurso a doutrina. E como também deves saber, a doutrina é subalterna tanto a Constituição da Republica bem como as Leis em vigor, pelo menos em Moçambique é assim porque assim rezam as leis e como jornalista moçambicano quer queiras ou não. estas vinculado as mesmas.
Portanto, enquanto o meu amigo fala de DOUTRINA, eu falei de algo bem distinto e que tem prevalência sobre a doutrina e em momento algum o seu texto responde.
O Direito à Informação, a liberdade de imprensa e os Direitos de Personalidade são todos DIREITOS FUNDAMENTAIS do cidadão e estão consagrados na CRM e o artigo 56 da CRM no seu número 2 e 3 prevê por exemplo que o exercício dos direitos e liberdades pode ser limitado em razão da salvaguarda de outros direitos ou interesses protegidos pela Constituição e que a Lei só pode limitar os direitos, liberdades e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição. Nesta sequência o número 6 do artigo 48 da CRM na parte referente a liberdade de expressão e informação vem a limitar a liberdade de expressão e informação quando estabelece que o exercício dos direitos e liberdades são regulados por lei, com base nos imperativos do respeito pela CRM e pela dignidade da pessoa humana. É deste modo que a LEI DE IMPRENSA que vem a regular o direito constitucionalmente consagrado à informação e a liberdade de imprensa, consagra no seu artigo 28 que são deveres do jornalista respeitar os DIREITOS E LIBERDADES DOS CIDADÃOS, ter como objectivo produzir uma informação completa e objectiva, repudiar a calunia, a difamação, a mentira, a acusação sem provas, a injuria, entre ouros.
Portanto, é isto meu caro amigo que eu esperava que rebatesses no teu artigo, pois a doutrina da qual muito inteligentemente fazes uso em nenhum momento SOBREPOE-SE AO DISPOSTO NA LEI, pois em nenhum momento estou a discutir o carácter noticioso mas sim a forma como ela é apresentada tendo em conta os preceitos constitucionais e legais em vigor no nosso ordenamento jurídico. De qualquer forma, obrigado pela forma educada e salutar como estamos a promover o pensar diferente em prol de um exercício pleno de cidadania. Terei todo o prazer de continuar a interagir nesta matéria caso a tua resposta se centre no cerne da questão que o texto levanta, de contrário estaremos a promover entre nós os dois “um diálogo de mudos” e como certamente concordarás comigo não será de todo proveitoso. Pelo que recomendo-lhe que volte a ler o meu artigo e caso assim entendas que respondas ao cerne da questão que defendo: OS DIREITOS DE PERSONALIDADE DEVEM SER RESPEITADOS POR TODOS.
Um abraço e um bom fim-de-semana.See Translation - Edgar Mujahidine Barroso Dr. Ismael, em que momento o Matias, na peça jornalística que publicou, atentou CONTRA os tais direitos de personalidade?
Simples.See Translation - Marcelo Machava Perdi este debate. Mas ainda ha tempo para referir que jornalismo tem o seu fundamento em factos. Quanto não ha ficcao - ha verdade e pronto - No jornalismo moderno o jornalista pode fazer juizo de valores socorrendo se no bom senso, legislacao e habitos e costumes duma sociedade. Agora um vídeo com pessoas nuas a fazer sexo feito propositadamente não ha duvidas:pornografiaSee Translation
- Ismael Mussa Edgar Kamikaze Barroso, desde o comeco do debate no outro forum que percebi que o meu caro amigo aindanao teve tempo de ler tanto a Constituicao da Republica de Mocambique assim como a Lei de Imprensa e como deve imaginar isso nao ajuda quando pretendemos debater algo centrado nestes instrumentos. A cabula, ou seja os artigo que citei estao ai disponiveis e poderao ajudar-lhe tanto na consulta como no entendimento caso assim o entenda. Pode estar certo que se ler a CRM e a Lei de imprensa vai ficar esclarecido. Um abraco cordial e bom proveito na leitura.See Translation
- Borges Nhamirre Nem mais Matias. É por isso que como teu colega e chefe (deixa-me agora me autopromover) sempre trabalho contigo de forma segura. Claro que todos temos algo a melhorar, o Dr. Mussa inclusive, mas que estás no caminho certo, isso é. Agora curta o fim de semana a pensar no trabalho da proxima edição. As criticas sao um desafio para melhorarmos.
Abraço!See Translation - Emidio Beula Nós, os jornalistas, interessamo-nos pelo que nos é excepcional. E o que aos nossos olhos é excepcional, pode ser trivial para outros. O “vídeo pornográfico (eh eh estou a nomear) ” do director provincial do INGC é excepcional para nós, pois rompe com o ordinário, rompe com as nossas expectativas, enfim, rompe com o nosso quotidiano. Mas o que é (verdadeiramente) extraordinário para outros, para muitos outros, pode ser banal para nós. Um exemplo? As marchas dos antigos trabalhadores da RDA às quartas-feiras tornaram-se, aos olhos dos jornalistas (com poucas e honrosas excepções), coisas ordinárias, banais, previsíveis. Mas no dia que a Polícia perder a paciência e impedir que a reivindicação dos seus direitos viole os direitos dos demais concidadãos (por exemplo, o direito a livre circulação nas estradas) e isso resvalar para uma autêntica confusão, ai teremos o inesperado, o imprevisto, o extraordinário, o extraordinariamente ordinário a fazer manchetes nos jornais, tvs e rádios. Mas, no fundo, os antigos trabalhadores da extinta RDA, órfãos de ONGs porta-vozes dos injustiçados e excluídos, longe das agendas seminaristas da nossa “sociedade civil”, longe de monitorias e avaliações, estão a fazer uma história extraordinária, estão a constituir-se num movimento extraordinário de reivindicação de direitos e merecedora de reportagens todas as semanas. Em cada “madjermane”, permitam-me nomear, afinal sou jornalista, há mil histórias de vida por contar. Em forma de notícia ou reportagem. Bom fim de semana para todos…
- Borges Nhamirre E o Beula meu amigo, colega de formacao e de ofício e conterrâneo nao conta essas mil e tantas histórias dos magermanies. Hahahaha pk, meu brada? See Translation
- Edgar Mujahidine Barroso Dr. Ismael Mussa, eu conheço de cor e salteado a Constituição da República de Moçambique.
Não vejo nenhum atropelo à tal, por parte da notícia do Matias. SINCERAMENTE.See Translation - David Pentchiço Nhassengo Está tudo dito. Texto estupidamente argumentativo.
Deixem-me ler os comments para entender o fundamento dos que insistem em atacar o meu Matias! Tsc tsc tscSee Translation - David Pentchiço Nhassengo Mas meus caros, quem fimou o vídeo foi o Matias?? Não percebo porque o mesmo não podia seguir como notícia.
Agora, se o "modus" como o Matias procedeu para nos informar não tenha sido dos melhores, é outro debate.
Mas coMmon, o filme pornográfico é notícia sim.
Se isto fosse na Noruega ah sim, podiamos noticiar sem qualquer problemaSee Translation - Milton Machel Edgar Kamikaze Barroso, ao contrario do Matias De Jesus Júnior que ja concluiu o curso de Jornalismo, eu sou ainda estudante de Ciencias da Comunicacao...quando chegar ao ano em que tenho de rever ou aprender esses conceitos de Jornalismo...depois volto ao debate...combinado?See Translation
- Joao Bruno Craveirinha Os Jornalistas sao das pecas mais importantes do xadrez da mudanca construtiva e devem possuir a humildade de reconhecer que muito ha por fazer em termos da sua forma de trabalhar e por via disso, jamais devem usar da sua condicao profissional para de modo tendencioso e altamente parcial sejam eles pro-regime como anti-regime pois a verdade dos factos e das coisas, impoe e ate nos termos da lei.E nesse sentido, subscrevo a analise do meu amigo Ismael Mussa a quem um envio abraco.See Translation
- Matias De Jesus Júnior Eu ficaria muito feliz se o prof Mussa pegasse no artigo do Canal de Moçambique e dissesse no parágrafo X há violação da Lei Y. No parágrafo Z há violação do artigo K. Assim ajudaria a mim e ao meu jornal a melhorar. Veja que no artigo que está no jornal em nenhum momento foi colocada em causa a pessoa de Luís Pacheco nem a sua família. Tratei apenas do vídeo e dos acontecimentos daí decorrentes. Se o Dr Mussa trouxesse factos que colocam em causa ao bom nome do visado eu apreciaria bastante. Porquê por exemplo, Pacheco processaria o jornal. Com que parágrafo?? Se identificar assim vamos avançar muito neste debate meu estimado professor. Caso contrário continuaremos neste ponto!See Translation
- Ismael Mussa Caro amigo Matias Guente, terei todo o prazer e de forma didatica em auxiliar-te nao so na identificacao dos atropelos a Lei nessa peca como tambem na vossa peca mais recente referente ao filho do general da policia. Portanto, sugiro-te que me contactes depois da quinta-feira porque estarei ausente do pais a partir de domingo. Embora estaja fazer jejum poderemos encontrarmo-nos num cafe ou na Faculdade. Um abraco cordial e bom fim de semana.See Translation
- Alves Talala Mano Matias De Jesus Júnior, ja recebi a tua intimação e promote que irei comentar o teu artigo assim que eu ler na integra. Abraços.See Translation
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