domingo, 14 de outubro de 2012

Correspondência de JC na internet sem revisão ortográfica

Devido ao seu grande interesse histórico-etno-linguístico, transcrevo:
Correspondência de JC na internet sem revisão ortográfica Enviado: 7/8/2005
(Correspondências online) – Resposta de João Craveirinha (JC) à carta de um amigo investigador histórico…e molungo da Beira…
JMC escreveu:
Caro Amigo

grato pelas explicações a propósito de makwero.

Por acaso sabe-me dizer em que ano é que os britânicos conferiram o título
de "Sir" a Samora Machel?

Um abraço,

JMC…………………………………………………………………
(Resposta de JC) Meu caro JMC,
Essa do Samora Machel, SIR…é uma novidade para mim. Ainda se fosse ao Chissas...mas vou investigar...de facto algo me soou sobre isso na altura dele em vida…mas como a propaganda era rainha na altura…sempre duvidei… mas a ver vamos…
Post scriptum: A propósito ainda do prefixo MA nas palavras baNto (gente /pessoas)...
Regra geral, todas as palavras em "ki baNto" começadas em ma ou ama são prefixos no plural (a esmagadora maioria das palavras da África Austral seguem esta regra)...ex. – em suázi e zulo : amassuáti ou amazulo = os suázis ou os
zulos...maShangaan, maRonga, maSena, máTsuá ( e vaTswa ou vaTsuá)... maNdao, maNguni, maShona, maChope, maGoerre, muMadji, xiColonhi (3 formas para português de Portugal)…os “brancos” nascidos em Moçambique tinham outro nome idiomático nativo (tipo código), face à influência (grosso modo) que tinham da África do Sul bóer em LM e influência da Rodésia os da Beira e Vila Pery…aliás como sabe
perfeitamente…ao que me refiro…
A norte do rio Zambeze em Moçambique o prefixo MA podia mudar para outro tipo de variação lexical do plural...face aos neologismos e arabismos adaptados... via suhaili…
No entanto mais correcto seria o prefixo Va / Ba plural de Mu (derivado de munto = pessoa = GENTE (baNto plural) como a si mesmos se intitulavam os africanos da África Central a Sul, antes da invasão europeia (mais significativa além da árabe)...o conceito de "branco /negro (amarelo), para a cor aproximada da
pele …não é conceito original africano (nem asiático)...deriva do preconceito eurocêntrico do mundo e da presunção de detentores da “luz branca divina superior” e do negro das trevas imerso na escuridão filho do diabo…e da maldição de Caim… "é uma "invenção" judaico - cristã - árabe, herdada pela Europa e introduzida e adaptada em África (e no mundo tbm), para justificar a escravatura como medida “profiláctica” de " trazer os cafres negros (selvagens - infiéis) das trevas da escuridão negra à Luz branca Divina do Deus comum de Abraão... por aproximação do mais claro se transformar em branco e o mais escuro em negro - preto...daí invocando uma legitimidade espiritual / religiosa (apesar de económica) de onde surgiria o conceito antes do preconceito aos dias de hoje...base do racismo "dos mais claros"...no mundo inteiro…há séculos…é História e a crua realidade actual…só exorcizando esses fantasmas se alcança a fraternidade e sã convivência…não será negando como a avestruz…para bom entendedor não é necessária nenhuma palavra…eheheh…eheheh….ao contrário do aforismo da meia palavra (só nos pés como diz uma amiga minha, a meia)…ehehehe eheheh
Do termo árabe Bilad al Sudan (árabe) daria a palavra Sudan / Sudão... provém de <: terra das trevas ou por outra ; terra dos negros...e a ela Omar sobrinho do profeta Mahome se teria referido , com desprezo, (após a morte de seu tio Profeta em 632 d.C) no início da Djiahde expansionista políticomilitar e económica em direcção à Índia 1º ): No entanto Mahome com algum carinho se teria referido ao maGribe / Magreb (a ocidente para os árabes – no norte de África ainda em poder dos vulgo negros) do maGribe ser uma das portas do Paraíso (na terra)...
O verdadeiro nome do Sudão anterior à invasão árabe era o reino da Núbia aliado do reino de Memphis dos Faraós do antigo Egipto...
...não se confunda mo – Lungo com branco europeu ou mais claro…a palavra moLungo (mulungo) provém da palavra Deus (Grande Espírito) em kiBanto na África Central como no Kongo ou em Angola / e passou a querer dizer senhor e kuLunga algo positivo...xiLunguile = está muito bem…divinal….
Curioso o caso Moçambicano: - antes da chegada dos "senhores europeus, brancos", moLungos (senhores) -, eram os "reis e chefes" locais "negros"....mas estes ao serem dominados passaram a ser os brancos os "molungos de 1ª "...associando-se o termo à cor da pele muito mais clara dos colonos europeus....séculos mais tarde com a Independência em Moçambique a palavra regressou à origem...
Hoje em Moçambique moLungo aplica-se a qualquer fulano com poder económico e ou político, independentemente de ser mais escuro ou mais claro...deixou de estar tão associada (de novo), à cor mais clara da pele do colono europeu da era colonial...a baixa de Maputo era chamada de xiLunguíne como o local dos senhores e por analogia dos senhores brancos....em 1ª análise molungo nunca quis dizer somente "branco" mas –, senhor = master ...e como eram os brancos" então se fez "short cut" : - molungo = branco mas subentendendo-se o senhor = ruler, antes do prefixo MO or MU....singular masculino...ou indefinido para o feminino...como vê o racismo institucionalizado sempre teve remetente…o resto é mesmo preconceito eurocêntrico…
Bem meu caro por hoje é tudo.
Um abraço
JC
De: Joaode1
Enviado: 7/8/2005 01:17
 
Reenviado do LM /Maputo site retirado do
mocambiqueonline yahoo.groups
1 / 2 Correspondência de David Matsinhe do Canadá com João
Craveirinha sobre etno-História de Moçambique
"David M. Matsinhe" escreveu:
Dear JC,

Acho a sua resposta em si e interessante. E bem possivel que o Soshangana tenha sido descendente de "ronga antiga", como sugeres. Tendo dito isso, de adicionar que por mais que assim tenha sido, de 1500 a 1800 existe um  "time span" de 3 seculos durante os quais os tais decendentes de "ronga antiga" evolveram em direccoes politicas, sociais, psiquicas, linguísticas e culturais diferentes. Nao manteram intacta a identificacao 
"original" dos seus supostos ancestros, os tais "rongas antigos" de  que falas.

Isto so em si da legitimade ao problema sociologico que coloco: os conquistadores liderados pelo Soshangane, vindos da zona de Zululand, traziam consigo uma lingua, habitos e costumes que nao eram Tsonga ou Ronga. Como membros de "ruling class," de certeza que o seu tecido cultural e linguistico viria ser real e de poder -- da elite. Como evidencia houve fertilizacao da cultura e lingua dos vencidos e dominados.
Houve Zuluficacao da cultura dos Tsongas, como o caso concreto de Ngiyana (aquela coroa preta na cabeca). Nao interessa se o Soshangana era ou nao Zulu. Sabe-se que na corte real ele, os filhos (Mzila e Mawewe) e o neto (Ngugunyana)praticavam o "habitus" Zulu (lingua, costumes e habitos
culturais semelhantes aos dos Zulus de Zulunad). Ngugunyana e um termo
Zulu e significa "pequeno rei" ou "xi-hosana" em Tsonga ou Ronga.
Soshangana (como Mzilikazi) era um comandante das forcas do Shaka. Ambos eram Zulus. Soshangana era Zulu de clan Mtetwa. Os povos que se
estabeleceram nos locais chamados Swaziland e Matabelaland (no actual
Zimbabwe) sao todos descendentes dos Zulus -- ou melhor, descendentes dos que actualmente sao conhecidos pro esse nome.

O interssante e que em Matabelaland e Swaziland as praticas, costumes,
atitudes, lingua, cultura -- o "habitus" no seu todo daqueles povos e
identico ao dos Zulus de Zulunad. Se o Soshangana e o povo que lederava
faziam parte do povo lidederado pelo Shaka em Zululand, como os
"settlers" de Matabelaland e Swaziland, porque e que o reino do Soshangana, reino dos filhos, e reino do seu neto Ngugunyana -- porque e que as 3 geracoes successivas do reino dos ivasores (Soshangane, Mzila/Mawewe e Ngugunyana) nao foram "successful" em implantar o habtus semelhante ao Zulu habitus tal como aconteceu em Matabelaland e Swaziland? Que estruturas sociais e psiquicas existiram entre os Tsongas por um lado, entre os invasores por outro lado, e entre os Tsongas e os invasores por mais outro lado que impediram esse processo no Sul de mocambique? Para mim esse e um problema sociologico interessante cuja resposta depende menos em saber se o Soshangana era ou nao descendente de ronga antiga. Ele, bem como os Zulus, era Nguni.

E uma resposta que nao se poder lograr sem explorar as dinamicas entre os
invasores/dominadores e os invadidos/dominados. E preciso explorar os
processos sociogeneticos e psycogeneticos das cortes reais: do
Soshangane, do Mzila/Mawewe e do Ngugunyana; os processos sociogeticos e psicogeneticos das cortes subordinadas (dos invadidos e vencidos) bem como as resultantes emocoes que atraiam ou repeliam o dominador. Existe desde a independencia uma tendencia de romantizar esta historia como se a invasão do Soshangane tivesse sido "an embrace of love" ou interpenetracao sensual amorosa entre amantes. Esquece-se que o abate e captura do Ngugunyana foi recebida com festejos entre os Tsongas e Rongas. Esquece-se que as guerras dos Zulus na Africa Asutral nos anos 1820s chamavam-se "mfekani" (em Zulu) ou "difekani" (em Tswana), o que significa "esmagamento" ou "the great crash." Isso involvedou sangue, dor, tristeza, estigma, vergonha e outras emocoes melancolicas que as 3 geracoes do reino dos invasores não conseguiram reprimir. Isto tem que ser investigado. Ideologia de libertacao foi importante e serviu os seus fins de libertacao. Agora precisamos de fazer producao e tratamento serios da historia.
1/2. De JC a DM
Caro David Matsinhe
a) Please, estude a etno História da Suazilandia e leia o meu livro sff:-
Moçambique - Feitiços, Cobras e Lagartos...e o Romance semi-Histórico JEZEBELA…

b) ...o ronga antigo ou arcaico deu origem ao zulo e suázi (inguni) e
Soshangana não entrou vitorioso em 1818 mas sim derrotado fugindo de
Tchaca Zulo depois deste ter derrotado Zuid...cujo general do exército era
o mesmo Soshangana....fugindo assim como seu parente Mzilikatsi que daria origem ao 2º Bulawayao (lugar da matança) em Zimbábue e aos
Matabeles..Lobengula etc...(sogro de Gungu dos muitos que teve)... a
saudação laudatória ou o xitocôzélo real dos suázis Dlamines
(De-Lhamines)...actuais verdadeiros iNgunis faz referencia à origem Ronga
-Tembe e a dos feiticeiros...e desde o sec. XVI ao actual...a tradição
nacional da recolha anual das ameijoas (tinbatsana) na Catembe para
cerimónias mágico espirituais no Palácio real suázi...por altura do
Inquaya suázi...com o sacrífico de um touro e de um jovem emolado na pega
desse touro...( a recolha das ameijoas na caTembe faz parte da tradição
ronga arcaica e actual) apesar da influencia dos vencedores zulos em serem
"iNgonhamas" – leões comedores de carne os suázis mantém desde o ano de 1500 as ameijoas mas continuam a rejeitar o peixe por ser "Inhoca" - cobra...

c) - (aliás uma das várias fontes foram os suázis a confirmarem e o ancião
Moçambicano Daniel Nconwana...(na altura ainda vivo) e guardião da biblioteca da Missão Suíça em Marracuene), mas sobre esta matéria leiam o
livro e depois conversamos melhor senão estou em redundâncias cansativas
que me remetem a 1997 quando iniciei como pioneiro em semanários em
Moçambique até hoje as crónicas históricas no Demos e fui melhorando com novas pesquisas e abordagens...A resposta está na História Suázi assim
como o termo depreciativo shangana (não era nome de grupo étnico) que
quer dizer escravo guerreiro de Soshangana tal qual os Atchicundas na
Zambézia...o foram dos prazeiros mestiços de negro-goeses e portugeses e
os Bongas de Tete até de chinês de Macau...dariam origem aos sipaios...(para mais precisão ver livro Jezebela do autor JC)

d) ...em Gaza a maioria da população era vaLengue vulgo chope antes da
invasão por Pongola de Soshangana e seu grupo fugindo de Tchaca...em
1818...nada a ver nesta fase com o iM'Fecane...guerra de terror...

e) Essa confusão sobre os zulos e ingunis (quer dizer os grandes) é uma
confusão dos cronistas coloniais europeus exceptuando um ou outro...face à
derrota com os mutetuas (izulos) terem adoptado alguns aspectos da cultura
que os derrotou (como o caso dos Moçambicanos que se assumem fanáticos
benfiquistas ou de outros clubes de Portugal por avassalamento da força
dos portuguesismos culturais....eheheheh eheheh...) é sociologia e
psicologia de massas...imita-se e adaptam-se costumes dos vencedores...e
pode acreditar que Portugal venceu em Moçambique está aí a prova nos
futebóis e na RTPÁfrica e a RDP em sinal aberto arrumando com a TVM e a RM
estatais...ehhehehe...isto é provocação mas tbm triste realidade....melhor
rir que chorar...com esta ingerência à soberania de Moçambique...enfim...era o mesmo que a TVE espanhola ou AL Jazeera árabe fosse autorizada em sinal aberto em Portugal...nem a RTPÁfrica tem sinal aberto em Portugal (as privadas TVi e a SIC não deixaram e houve falta de vontade política portuguesa)...Moçambique continua a ser a região onde se vê mais a RTPÁfrica devido ao sinal aberto...e idem para a Rádio RDPÁfrica...que não se sintoniza fora de Lisboa...enfim...Angola não autorizou só por antena parabólica...restam STP, GB e CV...em sinal abertos...

f) Voltando a Soshangana ele era iNduandue (ramo dos Dlamines e aparentado a Mzilikatse) e não Mutetua...Soshangana estava subordinado a Zuid e não a Dinguinssuaio que era Mutetua e protegeria Tchaca... Dinguissuaio viveu anos entre os Tembes e Mpfumos e portugueses na Catembe e caMpfumo e na cidadela de Lourenço Marques...Baía da Lagoa ou Delagoa Bay à inglesa...em meados do sec. XVIII ( 1750/70)...debaixo da protecção dos rongas...que ainda detinham algum poder...sobre a Baía e os europeus...

g) ...se o meu amigo David maTsinhe chegar à casa real dos Dlamines na
Suázilandia entre os anciãos e dizer que ..."ni uma ca Tembe la va ku
loia"...vão-lhe chamar de príncipe e dar-lhe honrarias...(sobretudo em
(Nlhati) iN- lhate inkulo) ao contrário se disser que é shangaan vão -lhe
desprezar por lhe considerar descendente de escravos de seus
antepassados...e insultar-lhe...

h) ...É preciso atenção --- se existe preconceito do lado europeu em relação
ao relato da etno história africana existirá também do lado africano face
à distorção dos vencedores das limpezas étnicas...e os vencidos ocultarão
a sua derrota adoptando atitudes de assimilação e integração...ainda que
distorcidas......todos assim o fizeram na história universal...uma questão
de sobrevivência psicológica...colectiva...

i) ...e-x. o caso dos indaos shangaans contra os vaLengue (chopes) na era
Gungunhana ...shangaans não representando a linhagem directa mas sim dos
avassalados e das mestiçagens inter étnicas por violação...neste caso
avassalados dos ingunis...

j) ...só para terminar os primeiros shanganas a sério foram os indao/shonas
avassalados por Soshangana em Sofala e mais tarde por uMuzila seu filho em Manica...razão pela qual se encontra sepultado em Udengo onde os da Renamo (de liderança maioritária indao/shona) faziam cerimónias em sua honra durante a guerra civil...os cerca de 100 mil indaos shangaans com Gungu a chefiá-los ao invadirem Gaza de maioria vaLengue na altura, arrasaram tudo à sua frente com o beneplácito das autoridades coloniais lusas...que no Sul do Save além dos rongas de Zixaxa e dos Mazuaias (Magaias) e antes de Amule e Hassan, pai, avô e bisavô de nuáMatibyana (maTidjuana desterrado nos Açores) respectivamente..
k) …dizia, os coloniais lusos temiam a bravura dos vaLengues e dividir para reinar deixaram os vaNdao de Gungunhana e os poucos e já velhos ingunis restantes de seu avô e pai fazerem o trabalho sujo de limpeza étnica culminando com o massacre de Binguane Mondlane (Mond-lhane) no seu Kokolo (sede) e a violação de suas cerca de 700 mulheres pelos guerreiros vaNdao de Gungunhana...na proporção de 1 muLengue para 10 indaos...em Mandla - inkazi...o processo de avassalamento ou de shanganização forçada dos vaLengue (chopes) teve início para sobreviver ...gerando ainda hoje muita confusão de identidade entre os clãs vaLengue dos Mondlanes (Macambanes), Massangos, Muguambes, Langas, Macuacuas, Nhantumbos, Macheles, Manaves, Zandamelas, etc..etc....uma das formas de avassalamento forçado era a cerimónia do iNquaya que consistia numa iniciação de jovens vaLengue (chopes) capturados em canibalismo ritual preparado com coração de criança e um touro...mas isto tudo está no meu livro...os indaos até hoje dançam o genuino iNquaya e não a adulterada maQuayela vinda da África do Sul com influências do "step" euro-afro - norte anmericano importado na década de 30 /40 pra a África do Sul através do cinema e introduzida em Gaza e caMpfumo nos anos 1950 pelos magaízas que vinham do Jone das minas do Rand...Os indaos terão sido dos primeiros em Sofala e Manica a praticarem a iniciação forçada do iNquaya na era de Soshangana e Muzila e continuada por Gungunhana.

L) Caro dDavid Matsinhe, Não se esqueça que o zulo e o suázi (inguni) provém do ronga arcaico e assim em espiral recuando no tempo....aos baCongos, baLubas e Hutus...na África Central...como aliás já citei...para isso a hermeuneutica baNto é auxiliar valioso na linguistica...sem contar com as análises ao sangue...culinária...danças...etc...hoje com os testes na
genética do ADN é mais fácil chegar lá...mas mesmo na década de 30 foram feitos estudos comparativos do parentesco dos povos do Sul de Africa ...Moçambique incluído... isto tudo conto nos meus livros...

m) Eu não pretendo entrar em debate sobre este tema ...leia o meu livro e tire as suas ilações...não tenho mais disponibilidade e é uma perda de tempo eu repetir o mesmo desde 1997 e descrito no livro fruto de muita pesquisa e recordações de criança com os anciãos...aguardam-me 3 livros que tenho entre mãos no PC...e entregá-los até Setembro um dos quais com CD musical...e poemas épicos...sobre a nossa etno história...ao abrir excepção a si acho que pequei pelo aspecto didáctico de querer transmitir algo...ao contrário de muita gente que não fornece pistas grátis como o fiz de boa fé...daí a ter de me remeter ao silêncio...pois os meus livros assim me obrigam...sairam 3 livros este ano faltam mais 3...para prefazer 6...

n) Em achega: não existe isso de Tsonga...foi uma forma cómoda de "enlatar" todos dentro de um conceito étnocentrico...sobre a atribuição errada da origem dos nomes dos povos a sul de África consultar o livro sobre a
Educação em Moçambique do filósofo Moussam...e Prof. Universitário na
Suíça Severino iNGoenha (também Mondlane ...pronuncia-se mais ou menos Mond- Lhane)...não existe o som exacto em português...

o) ...mais...os Zulos não surgiram como um grupo étnico mas sim nome de um pequeno de clã de pastores entre os mu - Tétúas que se autodenominaram a si mesmos de filhos do céu ...Izulo originando ZULO...(em ronga arcaico e
actual diz-se Izuluine para se referir a celeste)...

p) A origem do shangaan - idioma hoje (antes dialecto) deriva da fusão do
ronga arcaico (inguni - suázi) com o xiLengue (chope) e indao de Manica e Sofala...não se esqueça que antes da invasão de Soshangana o termo shangaan não existia...mais tarde passou a ser insultuoso (como ainda o é entre os suázis ingunis)...mesmo os portugueses passaram a ser chamados de shangaans pelos velhos ingunis de Gungunhana (ver livro Africa de Antonio Enes) em que Sanches de Miranda no Caniçado - HLanguene - pede ao Comissário Régio que o exército português entre duro contra os cafres "vatuas (!?!)" de Gungunhana pois os cafres(selvagens) já diziam que os portugueses também eram machanganes deGungunhana (isto é vassalos - submetidos) ...pela passividade na expectativa...aguardando ordens de avanço...contra Chaimite...e o Gungunhana...

q) O nome ou alcunha iNgungunhana provem de gungunhar - ku gungunha (som onomatopaico)...pois segundo a tradição Gungu...quando miúdo em Manica /Zimbabué ele com o induco partia as bilhas dos súbditos do pai por
maldade...(leia o livro)...

r) Por hoje chega e não haverá mais...ehehehehe eheheh senão terão de me pagar meus honorários...ehehehe ehehehe...pois estas aulas grátis me cansam por serem repetitivas...e na net em directo pior cansam -me a memória...em directo sem recorrer ás minhas fontes e apontamentos
...disponíveis...na minha modesta biblioteca...e sem revisão / correcção ortográfica…

So long,
Best regards...
JC

( p.s. 1/4 ) ...caro Matsinhe pergunte a seus avós de onde veio a palavra Matsinhe...mesmo que não goste veio dos rongas Tembes...ehhehehe hehehe...a palavra ronga não quer dizer gente ou tribo na origem mas sim provem de vudjonga..poente onde nasce o sol...tal qual Lengue quer dizer
um ponto cardeal)....a origem dos nomes étnicos, apelidos de família, provem de alcunhas ou títulos normalmente...e quase que é universal...válido para África, Ásia, Oceânia, Ameríndia, Europa....é o facto comum da Antropologia...por exemplo Tchaca vem de iTchaca = escaravelho...do calendário muTétúa...

p.s 2/4 ) Desculpe meu caro, sem desfazer sua prosa, mas em relação a seu texto até que me deu dor de cabeça pela embrulhada histórica ...e eu tentar desemaranhar a teia toda embrulhada...confesso que desisti...

Como deve saber ...há séculos...os maTsinhe migraram da caTembe para Gaza e Inhambane (terra dos Nhambes)...e demonstraram ser bons conselheiros (kuTsinya) e de Tembes passaram para maTsinhes...isto anterior à existência dos Zulos como potência regional...provavelmente nos inícos do sec. XVIII quando os portugueses e outros europeus e mais tarde os baleeiros norte-americanos prestavam ainda vassalagem ao rei Mpfumo e Tembe na baía do Mpfumos ( reis)...está documentado...

p.s 3/4 ) ...Outra coisa Soshangana poupou os rongas por respeito à origem comum ancestral ...e seu filho uMuzila pediu ajuda em termos familiares ao rei ronga Mashakene Mpfumo na sua residência no local onde hoje é a Igreja Anglicana na av. 24 de Julho perto do ex MK actual "Franca"...

....como sabe os africanos tem por base espiritual a ancestrolatria...o culto dos antepassados...e mesmo Gungunhana era aliado dos rongas por tal acolheu Magaia e uãMatidjuane em Chicomo (Gaza), como refugiados políticos e não os entregou até ao último momento dando o pretexto a Mouzinho de Albuquerque e sua gente a avançarem contra Chaimite ao contrário de Antº Enes a caminho de Portugal no seu navio...que queria uma solução política e pacífica em princípio...

p.s 4/4 ) Uf...vaya faena...eehehehe... que trabalheira de resposta....e dor de cabeça....over time mesmo...tenho de cobrar horas
extras...ehehehehe...eheheheh...se eu fosse americano quanto valia Mr Matsinhe? eehehehe heheheh I' am joking.... p.s, penso que correcto seu apelido seria Matsinha derivado de ..."la va ku tsinya"...os que aconselham ou conselheiros...de Tsinha mais Ma ...Matsinha...bem não é importante....forget please... Amanhã não há mais....tenho de voltar ao trabalho que não é pouco...

Best regards
JC (João Craveirinha)

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Última resposta de DM do Canadá a JC sobre etno-História
2/2 - David"David M. Matsinhe" <dmmatsin@ucalgary.ca> escreveu:
Estimado JC,
Claro que e cansativo ter que leccionar na net, particularmente quando se trata de temas complicados como a historia da africa do sul que neste momento encontra-se penumbrosa (it's fusy) para muitos de nos. Sou o primeiro a admitir que my knowledge desta historia is very poor. Procurei fontes ricos de que podia me beneficiar. Mas muitos deles sao inadequados.
 
This exchange is helpful porque tenho muitos gaps por preencher. So I apprecite your time and effort to let your knowledge flow on our computer monitors. As an act of recognition and appreciation of your dedication to escavate our history I'll buy ALL, and I mean ALL, your books. I'll buy them also because I value knowlwdge. So thanks JC. The exchange was fruitful. It may have been annoying to you.
 
But trust me when I say it was fruitful not only for me, I think, but also for many of us who bother to read what's posted in mocambiqueonline. I wish you the best in your research projects. Buy the way, whenever you happen to pass through  Canada please let me know. And do you mind adding me to your mailing list, if you have one? Finally, I will not quote you, as you wish, and I will not plegiarise. Trust me. I take these things seriously myself. When I cite I'll do so from your books. And I'll do it strictly apropriately.
Regards,
David
2 / 2 – última Resposta de JC a DM do Canadá…
Meu caro David Matsinhe,


Caro e ilustre David Matsinhe uá Tembe, la va ku Tsinya (ma - Tsinya), la va ku loya (linhagem dos Tembes feiticeiros do princípe Ingoanaze a uã Djikiza),
Grato pelas suas inquietações online, sempre que as vejo de boa fé tento contribuir no que posso face às nossas trevas no ensino da nossa própria História ...antes e depois utilizadas para fins de "preconceitos" políticos dos regimes no Poder quer colonial quer nacional...
...Sem dúvida seu contacto encontra-se no meu email list desde a sua 1ª abordagem...e Canada (Toronto e Vancouver e agora Calgary...eehhe, estão no meu roteiro de viagem)...talvez next year...
Sabe, o esforço de memória apesar de não ser 100% é sempre compensado porque na transmissão de algum conhecimento alguma coisa fica e esse esforço me põe bem comigo mesmo por ter deixado pistas a outros que investiguem melhor e com condições que não tive...simplesmente fruto de meu interesse herança genética de meu pai que foi professor particular de muita gente para auto-financiar seus próprios estudos... além de dar aulas ao próprio irmão que se tornaria poeta e jornalista laureado muitos anos e anos mais tarde...
Bem hajam os David's Matsinhes que pela sua "fome" de conhecimento das nossas origens um dia irão trazer mais luz às trevas que nos foram impostas por designios para não nos conhecermos pois em realidade somos todos em Moçambique uma grande família alargada de costas voltadas muitas vezes...e isso deve-se às guerras étnicas do Império de Gaza e dos Prazos do rio Zambeze, duas grandes guerras coloniais, de revoltas e mesmo da primeira guerra mundial ( do rio Rovuma ao rio Zambeze)...., cujos up and down's andaram a forçar mestiçagens inter étnicas baNtos e mesmo em alguns casos com gente de Angola, Cabo Verde, S.Tomé e da Guiné Bissao para Moçambique sem contar com o contributo genético indiano de Goa e Europeu e Chinês e ainda vulgo mulatos do Brasil (em xi sena bebida alcoólica tbm se dizia catchaço trazida no rio Zambeze por esses ditos mulatos do Brasil)...e os Senas quiçá até podem reclamar no seu AdN sangue indonésio há cerca de 1000 anos...e malaio (?!) em Inhambane...sem contar o etíope do tempo de Bilkis rainha de Sabá (Ophir!?) do tempo de Salomão do Templo de Jerusalem e ainda sangue judeu (no povo original da Gorongosa), romano e árabe em Sofala e toda a costa norte da Quionga suhaili a Inhambane Cêu / Linga Linga das Baleias...ehehehhe...isto tudo um super melting pot sem contar com a primeira guerra civil Frel / Rena de 16 anos que misturaria o super misturado...AdN Moçambicano...com muito suor , sangue e lágrimas ainda hoje traumas não cicatrizados...por falta de acompanhamento psicológico a traumas de guerra e genocídio...O Acordo de Roma "escondeu debaixo do tapete"... e esses "Milandos de Um Sonho" um dia revelarão de ambos os lados o que realmente se passou...para além das propagandas...(me perdoe a boleia do título do livro de meu amigo Bassani Adamogí de Sofala / Beira / Maputo e Lisboa)....
..mas isso já demais para seguir online...
Best regards, Mr David Matsinhe, my country fellow,
João Craveirinha – JC
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Caro Fergil,
Para agitar teu sensaborão final de domingo te reenvio (já com ordem cronológica), a minha Correspondência na net que anda por aí circulando sobre a ignorada Etno – História de Moçambique que vim a saber e para tua informação que neste momento sou considerado em Moçambique (nos meios académicos), como um dos especialistas Moçambicanos da Etno – História. Se isso me desse dinheiro estava milionário.
Já me tem pedido a reprodução de meus textos “vadios na internet” e às vezes não. Caso queiras utilizá-lo agradecia sem cortes ou amputações pois retiraria o sentido da fonte e cronologia da troca de correspondência que julgo ser útil aos possíveis leitores já de si mesmo muitos deles confusos. (A carapuça que sirva a quem a merecê-la). Mas é um risco sempre a correr. Neste caso por ser reprodução não posso intervir a replicar nada de nada. Não tenho tempo nem pachorra. “Aulas grátis online” e ainda refilanços? Porca miséria e mundo ingrato! Ehhehhh, ehehehehhh! JC.
NOTA: Mais uma vez grato ao João Craveirinha. Um abraço e

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