Sunday, September 2, 2012

Compulsando sobre a génese da RENAMO

Comments

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A RENAMO e desnecessaria, Afonso Dhlakama e BANDIDO ARMADO
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Santa Cruz-1944 said...
Caro Saturado,
Quando se pretende subverter um regime (no caso um regime colonial) e se usam armas, trata-se de subversão armada. É o que eu penso...
No caso dos combonianos, julgo que uma discussão sobre o posicionamento de uns tantos deles, em Moçambique, durante a guerra (de guerrilha e contra-guerrilha), seria interessante. Por exemplo: quando (em que ano?) é que eles (e D. Manuel Vieira Pinto) decidiram apoiar a subversão armada? E antes, de que lado estavam?
Um abraço para si.
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Saturado said...
Caro Santa Cruz
1. Chamar de subversão a um movimento que luta, depende do lado onde a pessoa que o chama está. Também isso depende de como a pessoa qualifica os objectivo da luta que esse movimento trava. No caso de Mocambique temos dois exemplos de chamadas subversões armadas: uma os "turras" referindo à Frelimo e outra os "bandidos armados" chamando à Renamo. No caso da Renamo já discutímos ou estamos ainda a discutir. Interessa-me neste momento dizer que para nós mocambicanos a Frelimo não foi nenhuma subversão armada, mas sim, um movimento de luta contra o colonialismo português, luta pela conquista do direito do mocambicano à independência, como qualquer outro povo do mundo, o povo Português, por exemplo. Pessoalmente tenho dificuldades de pensar que tenham havido mocambicanos que não quisessem ser independentes. Com a minha idade tenra que conheci a máquina colonial, por exemplo, do administrador Magalhães, com o seu "segue-lhe 50 palmatórias, pá", tenho essas imensas dificuldades. Pode ter havido pessoas que quiseram lutar por dentro. Isso também notava-se...
2. A Igreja, sobretudo os Combonianos que conheci, tiveram muita coragem e apostaram-se naquele momento a sacrifícios. Nessas coisas de apoiar um movimento que luta contra um Poderio, requerem isso mesmo: coragem e sacrifícios. Aqueles missionários fizeram a sua missão e continuaram a fazer mesmo depois da independência, sendo por isso que a guerra em Mocambique não foi além dos 16 anos. O Dom Manuel Vieira Pinto nunca havia ocultado o seu amor ao povo mocambicano que nem a sua expulsão constituira uma viragem. Aliás isso pode ter sido uma "flor" sim ao povo mocambicano, porque aquilo catalizou as nossas paixões à luta pela independência.
3. A questão de entrega do poder à Frelimo, é uma outra. Seria ideal que houvesse eleicões, mas também não há dúvidas que a Frelimo teria formado o primeiro governo em 1975. Quanto à entrega do poder à Frelimo e às pressas na transicão, acredito naquilo que alguns historiadores dizem: os portugueses, no pós 25 de Abril, estavam muito ocupados com seus problemas, isto é com Portugal que com as ex-colónias...
Abracos

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AfroMozMan said...
Por hábito de usar hotmail, dei-lhe um endereço que já deve estar descativado de tanto que não o uso. Me desculpe por isso.
Queira please enviar o documento para afromozman@yahoo.com.br
Concorda com o encontro?

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Saturado said...
AfroMozMan
Uma parte do documento é electrónica. tentei enviar-te pelo endereco que indicaste, mas recebi-o devolvido.
Penso em fazê-lo de link no meu blog. Talvez seja assim acessível a muitos que por lá passam.
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AfroMozMan said...
Saturado,
se o tens electronicamente podes, por favor, enviá-lo para o afromozman@hotmail.com
Devíamos sumarizar o que estamos a debater aqui, para ver se CONSTRUÍMOS algo ou não.
Alguém tinha prometido mas não vi nada.
Estamos a falar da génese da guerra e dos seus motivos.
Falamos de barbaridades cometidas que, pelo que se foi dizendo, se situam de ambos os lados;
Falamos da ditadura e suas manifestações.
Falamos da laicidade do Estado. Etc.
Resumo o meu ponto de vista neste debate dizendo que qualquer guerra provoca DOR. Não há guerras SANTAS... rezo muitas vezes que fosse possível apagar as experiências da guerra que, muitas vezes, me aparecem na mente e me perturbam.
Outra coisa que desejo é que todos nós façamos uma reflexão sobre as causas VERDADEIRAS da guerra em Moçambique. Há factores internos e MUITOS EXTERNOS por detrás da guerra que assolou mozie durante 16 anos (repararam que já não falo de barbárie? É uma prova de compromisso pela paz).
Uma sugestão... meu email é afromozman@hotmail.com queria sugerir a todos que se encontram em Maputo que nos encontrássemos algures e debatéssemos os assuntos que temos vindo a debater por aqui.
Quem sabe, se não conseguiremos influenciar os políticos de tal sorte que algo MUDE no país.
Se concordarem, sugiro que tal seja no dia 11 de agosto na esplanada Mikuti na coop ou no clube dos professores embora seja flexível para aceitar outras sugestões.
como viram, sou simpatizante da FRELIMO mas não me repugna estar com pessoas que comungam ideias diversas da minha.
Desafio-os a aceitar.
Um abraço espero ouvir de vós. Sem traumas.
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Santa Cruz-1944 said...
Saturado não traz novidade, mas confirma o envolvimento dos Combonianos (nem todos, talvez...) na subversão armada, antes da entrega do Poder à Frelimo pelos golpistas de Lisboa e seus compadres comuno-socialistas. Mas outra gente de outras missões houve que também colaborou com o grupo de Samora. E é bom que pessoas bem informadas, como é o caso de Saturado, confirmem isto, para ver se de uma vez por todas se deixa de falsificar a História, arranjando uma vítimas da... Pide. Vítimas? Pois se eles (esses missionários) estavam totalmente engajados, em termos de subversão armada, que é que esperavam do regime português? Flores? Aliás, tudo o que nestes comentários se vem revelando é bastante instrutivo, também para os Portugueses, a ver se, de uma vez por todas, os chamados «intelectuais» tugas deixam de vender um Moçambique a preto e branco, quando, afinal, o cinzento domina... Ontem, como hoje. Ah!, e importa avançar que a Joana Simeão (então com outro nome) era militante activa do COREMO - e actuava na Zâmbia - ainda antes da formação da Frelimo.
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Saturado said...
AfroMozMan
Notei que não respondeste se queirias material que confirma aquilo vive sobre a Frelimo e a religião.
Tenho o material, resultado de um estudo. Se queres até posso te enviar pessoalmente. É boa coisa para ti, penso eu.
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Saturado said...
AfroMozMan
Não entendo nada sobre generalizacão de que falas. Pensas que o encerramento de igrejas foi uma questão local? Pensas que foi um administrador ou governador a decidir? Não, foi Samora Moises Machel. Isso foi em todo o país, talvez com excepcão de Majancaze/Gaza. E isso for aqui também estudarmos.
Não por anarquia de Armando Panguene ou Daniel Mbaze muito menos de Feliciano Gundana que as igrejas se encerraram em Nampula.
Olha, amigo, digo-te que quando abriste os olhos - não estou te ofender - a Frelimo estava bem apertada pela Renamo. Sobre o progresso da guerra civil lê o livro do João Cabrita, claro se tens possibilidades, pq isso dependente do lugar onde te encontras. Podes não gostar de saber do progresso, mas passas a ter ideia. O livro fala da guerra civil duma forma assim muito detalhada.
Eu lembro-me perfeitamente quando a guerra atingiu a zona norte de Nampula nos finais de 1983. Lembro-me da atrapalhacão de muitos desses generais, governador Gundana, dos administradores, e, outros chefes. Lembro-me da minha própria atrapalhacão, para te ser sincero. Lembro-me da visita atabalhoada da Graca Machel à província de Nampula, em 1983. Lembro-me da afectacão de comandantes provinciais naturais das respectivas províncias. Lembro-me daquela movimentacão de governadores e ministros fartados a uniforme militar.
Sobre isto de igrejas posso te trazer mais material. Mas atencão, Mondlane não tem nada a ver com o que aconteceu depois 1975. Não aqui a falar se este ou aquele passou pela igreja. Aliás isso o que foi muito ridículo. Veja, que eu tenho contado diversas vezes que conheci os objectos da Frelimo (a luta pela libertacão nacional), em 1973, pelos padres combonianos. Eles sensibilizavam-nos sobre a necessidade de luta. Os seminaristas estimulados pelos padres eram activos. é por causa disso que lanco-te aqui o nome dum dos seminaristas. Nos primeiros meses de 1974, muitos padres, incluindo o arcebispo Dom Manuel Vieira Pinto, foram expulsos de Mocambique pelo regime colonial, por estes apoiarem a luta de libertacão nacional. O controle aos padres ficou cerrado, lembro-me dum helicóptero militar que aterrou na nossa missão, foi sensivel nos em Abril de 1974. Lembro-me da festa que tivemos pelo golpe de Estado em Portugal, quando o irmão Agostinho trouxe-nos o rádio para escutarmos.
Porém, paradoxalmente, estes missionários voltaram a ser vítimas da Frelimo a que tinham apoiado. foram tirados das casas, arrancados algumas propriedades, encerraram-lhes as igrejas, etc.

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AfroMozMan said...
Meu caro Saturado.
É engraçado. Podemos generalizar essa realidade que conta?
Me parece que não. Aliás o trajecto de Eduardo mondlane e de muitos nacionalistas incluiu passagens pela igreja cujo papel foi sempre enaltecido.
A nossa igreja de que te falei no meu post anterior foi fundada em 1940 por missionários americanos que se estabeleceram em Gaza. A missão de TAVANE em Gaza conheceu menor fulgor POR CAUSA da GUERRA e não por decisão politico-administrativa de a encerrar.
Como essa muitas missões permaneceram em funcionamento.
Não vamos tomar situações contigenciais e generalizá-las. O centro 8 de Março tinha sido nacionalizado mas a Igreja católica não foi proibida em Moçambique. Ficou desprovida desse património mas continuou a "operar" em Mozie.
Como dizia ao Sr. Mutequeia o período pós independência foi de muitas paixões e nele certos exageros foram cometidos. Algumas pessoas levaram ao extremo certas coisas e pode ser que em algum momento, e em algum local situação dessa natureza possa ter acontecido mas será generalizável?
Tenho dúvidas.
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Saturado said...
Rectifo:
Em vez de, Li o livro do Geffray, para você entender melhor fica:
Leia o livro do Geffray, para você entender melhor.
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Saturado said...
AfroMozMan
Já acredito mesmo que a tua idade é responsável da sua ignorância. Se isso não fosse não terias coragem aqui de negar a proibicão de prática de religião. Mas AfroMozMan vá ao tempo que conto para você entender e que falo.
Li o livro do Geffray, para você entender melhor.
Olha, as igrejas foram sim encerradas pela Frelimo. Estou a escrever aqui num lugar público. Entende!
A entrega de igrejas aos missionários comecou sensivelmente em 1984 por causa da pressão da guerra.
Antes de negar a verdade, você vai perguntar o Sr Aires Ali, o meu antigo director provincial em Nampula. Vai perguntar o Brazão Mazula antigo padre; vai perguntar o Luciano de Castro o ex-seminarista. SÃO TODOS ESSES DA FRELIMO.
Na escola secundária e centro internato onde fui director a igreja era dormitório até em 1985. Pergunte isso ao deputado Mário Viegas da Frelimo que também passou por ali como director.
Repito. Estou a escrever aqui num lugar público e fui professor desde 1979.
Você cresceu quando a Frelimo estava a se afrouxar por causa da pressão da guerra.
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Madeira said...
Gostaria de saber se percebi bem o posicionamento da Linete Of.
O que é que temos que olhar "de maneira global"?
Para si reescrever a história o que é que significa?
Qual seria o método mais correcto de reescrever a nossa história?
Começar do zero apagando o que existe ou corrigir o que, possa estar incorrecto?
Nesta "viagem" pelo reescrever da história qual o lugar das paixoes e das crispações partidárias? Isto é, quem seria o garante da verdade da história que pretenderiámos correcta?
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AfroMozMan said...
É interessante observar como o diálogo está a fluir neste tema.
Obrigado Gonçalves por vir ao meu "apoio". Obrigado Sr. Mutequeia por manter um alto nível do debate apesar de, em alguns momentos,ter estado quase a "perder as estribeiras". Coisas de alguém para quem é difícil abordar certas coisas.
O debate é interessante. Mas do que repitir chavões políticos sobre as causas da guerra, era importante aferir a consistência desses chavões.
"Pegamos em armas para combater o regime que instaurou uma ditadura com poucas liberdades para os moçambicanos"... este é em resumo o posicionamento de muitos ao longo deste debate.
Como bem diz o Matsinhe seria importante perceber como os ideiais de liberdade seriam implementados pela própria renamo caso fosse governo.
Infelizmente não há ideiais. A FRELIMO se assume também como um partido SOCIALISTA. Teríamos que ir buscar aos LIVROS as características de um PARTIDO SOCIALISTA e analisarmos se se compadecem com a prática.
Se pretendemos, através destes fóruns, contribuir para que mais de nós conheçamos a história... temos QUE IR MAIS ALÈM do que repitir coisas que na maior parte dos casos não correspondem à verdade.
Quando se fala aqui da proibição da religião fico assustado. Como? Onde?
Vivi em Manjacaze até aos 10 anos (1985 - vim a cidade 15 dias depois deser resgatado do rapto da Renamo) pertencemos à Igreja do Nazareno, tinhamos uma parróquia bem ao lado de casa. Não me lembro de termos que "nos esconder" para rezar em virtude de a RELIGIÃO SER PROIBIDA.
Quando cheguei a Maputo continuei a frequentar a IGREJA como muitos dos meus vizinhos iam às mesquitas ou aos diferentes credos existentes... nem a CATEDRAL ESTEVE FECHADA que possa consubstanciar a PROIBIÇÃO da RELIGIÃO.
Posso estar na idade da paixão mas precisamos avançar um pouco mais quando pretendemos apresentar certas coisas como factos, para justificar a tomada de decisão de iniciar "a segunda luta de libertação".
Se calhar o Sr. Saturado esteja a confundir a opção expressa na Constituição da República Popular de Moçambique de 1975 e continuou nas sucessivas constituições aprovadas de FAZER DE MOÇAMBIQUE UM ESTADO LAÍCO, no sentido de que NÃO EXISTE UMA RELIGIÃO DO ESTADO, sem que isto implique a limitação da liberdade das pessoas de professarem a religião que melhor lhes aprover.
A Laicidade do Estado nunca deve ser lida como LIMITAÇÃO para a prática de qualquer religião.. deverá ser vista como opção do Estado de não se tornar confessional ele próprio. Isto é, a pessoa jurídica Estado não professa nem se inclina para qualquer religião.
Daqui surge o meu apelo para que fundamentemos e apresentemos factos que justifiquem a opção expressa de enveredar pela luta armada, tomada por Matsangaíssa com apoio, ao que se diz, do Dr. Máximo Dias.
Vamos lá falar.
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Saturado said...
As Proibições
Uma das características de um regime totalitário é imposição de deveres e regras estritas com um inúmero de proibições. Muitas das proibições são em regra geral ridículas. No nosso caso, as proibições atingiram ao um nível que criaram condições para um apoio ao ideal da guerra civil. Lamento bastante quando o esforço de alguns, dirigindo-se às novas gerações não é apontar aquilo que criou um descontentamento em muitos moçambicanos, dando origem à guerra civil e não menos o seu apoio. Na minha opinião, é apontando estes erros graves que poderemos evitar uma nova guerra. Muitos dos que negam as arbitrariedades praticadas pelo regime pós-independência, apontando os defuntos regimes da Rodésia e do Apartheid dão uma falsa mensagem às novas gerações. Muitos são saudisistas do regime totalitário e até fazem um grande esforço para o seu regresso, procurando convencer às novas gerações que não haverá guerra, pois que hoje já não há os regimes da Rodésia e Apartheid. Esta é uma mensagem perigosa. Nós africanos em geral e moçambicanos em particular precisamos duma flexibilidade nas nossas reflexões para evitarmos algo igual ou pior à guerra civil que tivemos.
Christian Geffray no seu livro “A causa da guerra” é um dos materiais muito importantes para compreender-se o impacto das proibições na guerra. Para quem viveu naquele tempo como eu acha ridículo quando os mesmos que proibiam a prática de religião, dizem hoje serem religiosos. Quando se diz que a Renamo trouxe a democracia, precisa-se compreender que é porque o usufuio de muitos direitos e mesmo a introdução de uma nova Constituição da República, em 1990, foi graças a pressão da Renamo. A livre prática de religião foi primeiro restaurada nas zonas da Renamo. A prática de religião em Moçambique é uma conquista da Renamo. A reinstalação das autoridades tradicionais é uma conquista da Renamo. A introdução do multipartidarismo, a imprensa livre, a economia do mercado, a valorização de certas etnias foi e é graças à pressão da Renamo. Portanto, muita coisa que começou alterar nos princípios de 80 foi graças à pressão da Renamo. Deixemos de lado as propagandas e analisemos as coisas com profundidade, como eu disse para evitarmos problemas graves no futuro.

Antes de eu terminar esta parte de comentário, vou dar aqui um exemplo de proibições. Vou contar episódios que quem quiser que pergunte a uma das grandes deputadas pela bancada da Frelimo que viveu isto. Ela foi minha colega. No meu curso de formação de professores, em 1978, éramos proíbidos comprar algum produto alimentar nas populações. De regresso de férias não podiamos trazer se quer alguma coisa que se comesse. Aquilo que as nossas queridas mães nos davam, comíamos ou deitávamos fora antes de apanharmos o camião da DPEC para o centro. Aquele que fosse apanhado a mastigar qualquer coisa ia cavar latrinas ou trincheiras. E ser apanhado não era a coisa difícil porque a “vigilância” estava cerrada. Todos éramos feitos de vigilantes. Éramos proíbidos andar em pares ou sozinhos. No mínimo tinhamos que ser três.
Na verdade, alguns alunos não aguentaram fugiram do curso. Mas para quem fugisse do curso de formação de professores, tinha que se esconder num lugar muito seguro para não ser apanhado pelas autoridades. Uma vez apanhado era levado de volta ao centro. Como recepção, era rapado o cabelo com linhas na cabeça, precisamente ao que se fazia em Moçambique a um ladrão. Depois tinha que cumprir um castigo que era normalmente de cavar latrinas, trincheiras ou aterros sanitários. Uma das pessoas que havia fugido, foi um colega meu da Escola Secundária de Nacala.

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Saturado said...
A idade e paixão de alguns podem ser a razão de não compreenção sobre a “génese da guerra civil”, logo depois da independência. A reflexão sobre a génese da Renamo é objectiva, concisa e clara quando se liga à génese da guerra civil ou vice-versa. Isto se a concepção de ser patriota não for por condenar guerra civil ou fazer intrigas contra ela, bajulando ao poder da Frelimo. Isso até é muitíssimo fácil. Lutar contra um poder instalado requer coragem e sobretudo sacrifícios, sendo por isso que se é HERÓI. Foi coragem e sacrifício para muitos moçambicanos ao formar movimentos para libertação (MANU, UDENAMO; UNAMI), ao ir para guerrilha de libertação nacional, lutando contra o regime colonial (na Frelimo) como foi para guerra pela democracia, lutando contra o regime totalitário da Frelimo (na Renamo).
Para já, o importante é saber que tanto o regime colonial português como o regime totalitário da Frelimo, achavam-se incontestáveis. Achavam-se no direito de governar no Estado instituido e quem os contestasse se chamava por terrorista (turras à Frelimo e bandidos armados à Renamo). É por costume que em todas as guerras se busquem fantasmas como causa e protagonistas ao invés de se revelarem as verdadeiras causas e protagonistas. Para o regime colonial a luta pela independência nacional fora protagonizada pela China e União Soviética com o objectivo de expandir o comunismo na África Austral. Se é verdade que o apoio prestado pela China, União Soviética e outros os país do bloco do leste tinha motivação à expansão do comunismo na nossa região, já isto não era o objectivo dos moçambicanos na proclamação da luta armada. Houve os que cederam aos soviéticos e chineses, mas pelo que lemos em muitos livros, Eduardo Mondlane manteve-se aos objectivos. Naqueles países, os que por objectivo de expandir as suas doutrinas, a Frelimo sob Mondlane buscava apenas materiais de guerra para efectivizar a luta de independência de Moçambique. É exactamente o que aconteceu com a Renamo. A Renamo tal como vemos foi um movimento de guerrilha composto por moçambicanos contra o regime totalitário da Frelimo. E tal como foi dito em diversos comentários, a Renamo só era capaz de levar a cabo a guerra, se tivesse material de guerra, inicialmente bases de treinos militares longe do território controlado pela Frelimo. Os regimes na região com um contendo (Rodésia e RSA) com o regime da Frelimo que no pior de tudo não teve cautelas como havia feito por exemplo o Botswana e Swazilândia e, ainda, a Frelimo foi inflexível se dispuseram naturalmente ao apoio do movimento de rebelião. Mas isto é apenas apoio tal igual a Frelimo recebeu durante a luta armada dos países do leste e ainda continuou a recebê-lo durante a guerra civil. Do resto sabemos ainda que a Frelimo é quem teve soldados estrangeiros (zimbabweanos, tanzanianos), incluindo conselheiros e treinadores soviéticos, cubanos e mesmo britânicos, durante a guerra civil enquanto contou no terreno com as suas forças e apoio popular.
Do porque houve a guerra dos 16 anos é conclusível reflectindo sobre o carácter totalitário do regime da Frelimo no período pós-independência, o mesmo carácter que tem criado guerras civis em todo o mundo. Sei que por mais inteligente que se seja, há simpatizantes da Frelimo que recusam as razões, mas isso é o problemas das suas paixões.
O melhor para tal, é como se tem aqui focado sobre os acontecimentos, no período após a independência ou mesmo da maneira como a independência foi proclamada. Reflectindo sobre como os outros países da região evitaram guerras cívis, menos o nosso e Angola é cunclusível que a falta de realização de eleições livres e justas na proclamação da independência constituiu uma das causas da eclosão da guerra civil. Porém, o cúmulo foi de implantação pela Frelimo de um regime totalitário em Moçambique. Ora, por causa das perseguições, prisões arbitrárias de muitos compatriotas, os que puderam, sentiram-se obrigados a refugiarem-se para outros países, em particular para o Malawi, Quénia. Zimbabwe (então Rodésia), África do Sul, Portugal, Alemanha Federal, EUA, Canadá, entre países com menos risco de serem entregues ao regime da Frelimo como acontecia na Tanzania, aí ficou preparada uma guerra civil. Isto nem começou na altura da independência, mas culminou com ela.
Culmina com a independência porque infelizmente, a Frelimo instala um regime estalinista ou comunista com todas as suas implicações. Aí quando a Linette falou de proibição de adidas é um dos muitos exemplos que pessoas que não viveram esse tempo não acham de problema.
Continua...

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linette said...
Saturado!
Muito bem dito, muito bem reflectido e concluído!
Acho também muito interessante coloca-lo no blog de
comunidade Mocambicana, assim mais compatriotas terao a opurtunidade de ler e fazer o juízo de todas opinioes e sobretudo,tirarem as suas propias ilacoes.
A nossa Historia! ainda está por ser escrita, errado os que pensam que esta concluída, pisando sempre na mesma tecla, (como o Marcelino dos Santos e muitos outros).
a Na luta de libertacao...bla,bla,bla.
Houve a segunda luta de Libertacao de Mocambique dirigida pelo Comandante André Matsangaissa (e outros acontecimentos relevantes.
Muita pena que o Damasio Chipande nao apareceu uma so vez para contra argumentar os nossos depoimentos.
A analise! deve ser feita de uma forma global.
Linette Olofsson
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Saturado said...
O objectivo da minha solicitação para o Moçambique para todos ou o Macua de Moçambique, do artigo de opinião do Damásio Chipande foi para criar um ambiente de debate. Encontrei a oportunidade desse debate ao saber que ele, Damásio, frequentava neste espaço. No Notícias como é em muitos jornais, não há um ambiente de debate, pois este é só possível quando há diálogo. Hoje, mais do que nunca, os blogues garantem-nos o direito ao debate, isto é, pelos blogues usufruimos melhor o direito à expressão. Sendo o diálogo o meu carácter, a presença neste neste debate de AfroMozMan e Gonçalves Matsinhe, constitui momento para eu voltar a contribuir com alguns artigos relativos ao artigo do Damásio Chipande. Tentarei estar com contexto de todas as contribuicões neste espaco dadas. Os mesmos artigos postarei no seguinte blogue: http://comunidademocambicana.blogspot.com/

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mutequia said...
Eu disse que valtaria. E assim faco. Uma das questões importantes é essa de facto do que deu azo à guerra. E isso é o dá resposta ao Damásio.
Mas será que esta pergunta nunca teve resposta em todos os comentários dados aqui e antes? Naturalmente, isso já teve resposta e foi reconhecido pela Frelimo. Foi pelo reconhecimento das razões da guerra que se assinou o AGP em Roma. Eu pessoalmente, não acredito que a guerra civil tivesse lugar em Mocambique se não se implantasse um regime totalitário, depois da independência. As prisões e execucões de nacionalistas prominentes têm grande significado, por ISSO mobilizou mais para a guerra que viria dissimar um milhão de cidadãos. Indo a história ou mesmo olhando a nossa volta, isto é as guerras em processo, entende-se melhor o que afirmo. Como os regimes querem se desculpar por aquilo que criaram, não tem interesse.
O que mais se condena nas mortes durante a guerra civil, foram os exageros de ambas as partes. É lamentável o que se passou com Afro acto levado a cabo pelos guerrilheiros da Renamo como é lamentável daquilo se passou com aqueles executados pelo soldados da Frelimo em frente de multidão, e os os que assistiram. Não penso que há intencões de balancar mas é uma realidade que a Frelimo executou. Duvida-se? Não. A MELHOR prova é que em tempo de PAZ a Frelimo executou (extra-judicial) a muitos mocambicanos: Montepuez, Mocimboa da Praia, são algumas provas. Embora haja provas, a Frelimo tenta negar estes factos.
A pergunta o programa ou posicionamento da Renamo é importante, mas é como importante fazer a mesma pergunta para a Frelimo. Bem dito Matsinhe que até nisto, os estatutos, o escrito pouco interessa, mas como os partidos agem. Mas isto é outra coisa. Quem não leu a resposta que Guebuza deu numa entrevista sobre a posicão da Frelimo? Ele mesmo não sabe do posicionamento da Frelimo, fiquei eu a saber embora no papel se diga que ela é da esquerda. A Renamo diz que é partido do centro-direita, mas o que é ser do centro-direita? Isso é que seria importante saber.

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Matsinhe said...
Eu tenho por princípio discutir ideias e não pessoas.
Apesar de em algum momento podermos defender ideias contrárias, o Sr. Mutequeia tem mostrado POLIDEZ de ideias. Isso é bom.
Ao Sr. Max85 (pseudónimo de certeza, ao contrário de mim que assino com meu apelido verdadeiro - de Gonçalves Matsinhe) talvez tenha que voltar a ler o meu post anterior para me entender.
O que todos, com paixão ou sem paixão, temos tentado dizer aqui (ao que entendo) é que todas as mortes por causa de certos ideais SÃO CONDENÁVEIS.
Diz quem sabe que no pós 75 a FRELIMO com a sua política eliminou diversos moçambicanos por fuzilamento e nos campos de reeducação. Consideremos isto um facto.
A guerra civil (a que eu e o meu primo chamamos barbárie) teve um saldo de 1 milhão de mortos. Não os quero atribuir todos a Renamo mas esta tem responsabilidade directa e indirecta nestas mortes. Isto é um facto.
Ao invés de buscarmos um equilíbrio (no sentido de quem matou menos ou mais) temos que condenar TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA QUE CULMINARAM COM A MORTE DOS NOSSOS COMPATRIOTAS alguns dos quais, como diz o Afro e eu repito, o único CRIME fis não conseguir andar de cansaço.
Então abandonemos esta visão e nos concentremos no QUID que deu azo à guerra.
O que é que temos hoje resultante da transformação da Renamo que lutou contra o "comunismo" e agora é um partido político? Que ideiais persegue? Que ideias produz?
A minha resposta é que a Renamo se calhar nem sabe se ela própria é comunista ou não. É que a qualificação do posicionamento de um partido em social democrata, socialista, da direita ou da esquerda não depende do que os SEUS DIRIGENTES DIZEM OU DO QUE VEM PLASMADO NOS ESTATUTOS. Depende do seu posicionamento perante o fenómeno político, económico e social.
Qual tem sido o posicionamento desta Renamo? Alguém conhece?
Eu não.
Da Renamo nunca ouvimos uma alternativa em termos de governação desta nação. Nem ideias económicas, políticas nem sociais. NADA.
Ora, se desde 1976 a Renamo combate o comunismo é porque tem ideias alternativas de governação do país. Quais são essas ideias?
Na Democracia tanto cabem comunistas, socialistas, progressistas, nacionalistas/extremistas etc. Onde se posiciona a Renamo na Democracia que diz ter trazido do combate ao comunismo frelimista?
A ausência de ideias claras da Renamo não será uma prova de que esta surgiu como instrumento externo para a desestabilização do país?
Se de facto a Renamo queria um novo status quo para o país como é que pensa pô-lo em prática?
São inquietações companheiros me respondam se calhar passe a perceber as motivações da Renamo que parece satisfeita de já haver democracia apesar de poder desaparecer do mapa político pela secura de ideias em que está.
Venha daí companheiro mutequeia. Venham todos os que podem ou tem algo a acrescentar neste debate.
A ideia não é fazer propaganda aqui. A ideia é discutirmos de peito aberto as opções de desenvolvimento de Moçambique.
Para que não restem dúvidas sobre o meu posicionamento eu SOU da FRELIMO e tal como o AFRO sofri na carne as consequências da guerra.
Quando o AFro foi raptado, o soldado MATSANGA que o pegou não me viu... eu estava a dois metros dele. Nesse dia chorei porque não consegui defender meu primo e porque o soldado MATSANGA levou o meu BODE reprodutor preferido cuja pele foi dada ao AFRO e a minha prima para que dela se alimentassem.
O Afro até hoje não come carne de cabrito.
21
jaaba said...
Onde para o Damasio Chipande?
nao contra argumenta porque?
Ele tem que voltar e dialogar com os demias.
Talvez nao tenha capacidade de o fazer! por isso, encosta-se ao silencio.
Ou entoa foi uma encomenda dos frels tios e primos.
22
malx85 said...
Senhor Motequia.
OS seus argumentos ja bastavam para abrandar a discussao.
Mas pessoas que se armam em chicos espertos e vem perguntar quantas pessoas morreram na mao da frelimo e quantas na mao da renamo.
é uma pergunta que se costuma fazer no ensino primario.
Ora!
numa guerra civil atraves da guerrilha os ataques vem de ambos os lados.
Muitos ataques a populacao indefesa foi feito pela frelimo e em nome da renamo.
O povo sabe bem quem fes o que durante a guerra, por isso nao venha para ca fazer essas perguntas completamente
infantais.
Qual é a diferenca senhor Matsinhe de ambos terem pardrinhos brancos?
A frelimo teve como padrinhos "brancos" do leste,e ate asiaticos chneses cubanos, defensores radicais do comunismo. Esses padrinhos brancos, foneceram armamento migues para assassinar a populacao indefesa...
A renamo teve os pro ocidentais e assim o Pais alcancou a democracia.
a Frelimo é a mesma de ontem, se podessem fazer o que o Mugabe esta a fazer a oposicao e ao povo Zimbabweano, os frelimistas faziam-no.
Sabem que jamais o consiguiram, pois o povo jamais! telerará.
Max85

23
Mutequia said...
Caro Matsinhe
Obrigado. Acho que você prestou uma grande ajuda ao seu primo que entra na lama por querer minimisar o outro lado. Mas ainda há que dizermos claramente que os crimes no que você considera de segundo período foram permetrados pela Frelimo, pelo regime da Frelimo e foram uma barbaridade.
Outro facto que não se deve evitar é que na GUERRA CIVIL houve barbaridades praticadas pela Frelimo e Renamo. É barbaridade, numa guerra, aquilo que se pode considerar crimes de guerra.
A discussão continuará. Há pontos importantíssimos a tocar.
Nota: Lembrem-se que o autor do artigo é Damásio Chipande da Frelimo. Isto para dizer que é ele quem lanca propagandas.
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Matsinhe said...
Este é um debate difícil de se entrar nele.
Se eu fosse o AfroMozMan (meu primo) eu dividia as coisas da seguinte forma para responder ao Sr. Mutequeia:
1º perído Luta de Libertação Nacional.
reza a história (confirmada recentemente em suplemento ao domingo com entrevista por exemplo ao General Mondlane) que confirma querelas internas no movimento guerrilheiro que culminaram com a morte de Mondlane. Dessas querelas alguns (entre os percursores da luta nas palavras de Mutequeia) foram rotulados traidores e, como primeira medida, expulsos da Frelimo ou simplesmente encostados. Estes, ao que se sabe viriam a ser executados num período posterior difícil de determinar.
Nestes casos parece fazer sentido a ideia de que as querelas da época da luta não foram esquecidas e havia necessidade de "ajustar contas" e com base nessa "traição" à causa libertadora FORAM FUZILADOS. Sinto muito. RAZÃO PARA O AFRO
2º Período - Pós independência
Época de paixões. Época de afirmação do movimento guerrilheiro como governo e necessidade de vincar o poder de um Estado recém formado e de o posicionar no contexto histórico da época.
Há excessos. Uns são executados por delitos contra a economia e outros, se calhar, e ao que se conta, por mostrarem desacordo com o rumo seguido.
NESTA FASE SR. MUTEQUEIA HOUVE CRIMES PRATICADOS POR AGENTES DO ESTADO E, EM MUITOS CASOS, EM NOME DO ESTADO.
A operação produção de que fala, em minha opinião e do que tenho lido, foi MAL EXECUTADA. Tinha um pressuposto bom PÔR OS IMPRODUTIVOS A PRODUZIR. Acabou servindo de punição aos que mostravam algum desacordo com a política governativa. É uma fase negra da nossa história colectiva. TEM RAZÃO O MUTEQUEIA.
3º Perído Desestabilização via RENAMO
Moçambique embarca no apoio à libertação do Zimbabwe e da RSA... caminho sinuoso e perigoso. Arma-se um grupo de descontentes que começam uma guerra controlada de fora na qual as causas desses eventualmente pouco interessassem. Interessava sim pôr moçambique concentrado a problemas e desviar a sua atenção do apoio ao Zimbabwe e ao ANC. Começa a barbárie de que fala o Afro. Nossas casas são queimadas etc. Massacres que não páram. Não fazem sentido. FOI UMA BARBÁRIE SIM - TEM RAZÃO O AFRO.
AGORA caro Mutequeia quid juris?
Qualquer luta pela democracia justifica as centenas de mortes em Homoine?
A história ainda não nos disse quantos traidores à causa da Renamo foram "executados" mas temos o relato de moçambicanos mortos à CATANA por não conseguirem dar mais um passo de cansaço?
É esta comparação que pretendemos fazer? Quantos moçambicanos morreram nas mãos da Frelimo e quantos morreram nas mãos da Renamo?
Parece absurdo.
Seja qual for o número para qualquer dos lados continuaremos com esse nó na garganta de porquê aquela velhota tinha que morrer, não era mais prudente deixá-la voltar?
25
Mutequia said...
AfroMozMan
Não sei se você usa lógica nas suas afirmacões.
Ora muito bem, depois de tanta resistência sua para nos falar do que considerava erros grossos da Frelimo, foi quase que provocar-lhe quando eu disse crimes da Frelimo. SIM EU E MUITOS OUTROS DIZEMOS CRIMES DA FRELIMO. Foram CRIMEs contra os Direitos Humanos o que a Frelimo praticou e não menos a partir do dia 25 de Junho de 1975, quando Mocambique tornou-se um Estado Independente. Isso voce concorda ao afirmar: "Se no pós independência pessoas foram mortas arbitrariamente sem precedência de julgamento prévio como mandam as regras de um Estado houve crime" (AfroMozMan escreveu).
Você já nos confessou que leu o livro do Barnabé Ncomo. Aí você deve ter se apercebido que os nacionalistas (os traidores do AfroMozMan) mocambicanos e como você lê a historia deve saber que muitos desses foram os pioneiros na luta pela independência foram executados, segundo fontes não confirmadas nem desmentidas, duma forma mais desumana - queimados vivos - muito depois de 1975. É, não é? E se é, porque você evita dizer que isso foi crime? A operacão producão que deixou famílias enlutadas, familiares devorados pelos leões, mortos pelo frio, etc, teve lugar em 1983, oito anos depois da proclamacão da independência nacional.
Quando você fala de guerrilhas, desviando execucões praticadas muito depois da independência para o período da guerra anti-colonial, suponho, você exclui nessa sua regra à Renamo, nem que aprove todas no mundo. Fantástico, não é? OU É PORQUE ESTAMOS PERANTE FRELIMIANOS?
Mais uma pergunta importante que nasce das suas afirmacões:
O que é traicão para você?
26
AfroMozMan said...
O Sr. Mutequeia é pródigo em ler as coisas a sua maneira.
Crimes da Frelimo? Falsea os meus comentários quando afirma que atribuo "crimes da Frelimo" a todo um povo.
tenho bem assente a noção de crime e creio ainda não a ter usado nestes comentários.
O que disse e repito é que houve indivíduos que no contexto da Luta de Libertação Nacional foram considerados pelos seus pares como traidores vindo a ser mortos posteriormente em circunstâncias ainda não muito claras.
Disse que nesse contexto o que podemos indagar agora não é se as pessoas que agiram como tal tinha legitimidade para o fazer ou não.
Perguntei quem no contexto da Luta de Libertação Nacional julgaria quem é traidor e quem não é se não fosse a própria organização. Acrescento agora no contexto de guerras seja ela qual for, do que a história nos revela, qual foi o fim dos traidores?
Repito para si e para todos sr. mutequeia:DEVEMOS estudar a nossa história e o percurso de cada um dos que levantamos a bandeira como fuzilados para INDAGAR SE ESTAVAM REUNIDOS OS PRESSUPOSTOS PARA QUE ESSES INDIVIDUOS FOSSEM TIDOS POR TRAIDORES E POR ISSO FUZILADOS. Isso só acontecerá se estudarmos a história despidos de qualquer paixão. Eu sou apaixonado.
O que é que o Sr. considera crimes da Frelimo? Se no pós independência pessoas foram mortas arbitrariamente sem precedência de julgamento prévio como mandam as regras de um Estado houve crime.

27
mutequia said...
AfroMozMan
Não lhe pedi para dar aulas de ciências políticas. Voce deve perceber que eu peco-lhe argumentos plausíveis para sustentar suas afirmãcões. Por exemplo, não lhe entendo quando voce atribui crimes da Frelimo ao Estado mocambicano e no pior ao país inteiro - Mocambique. Segundo parece que para voce não se pode fazer guerra num país com insituicões estatais -Estado. Por isso dei-lhe exemplos.
Mas ainda não respondeu as primeiras perguntas que vou resumir agora em uma:
Os crimes da Frelimo foram/são barbaridades ou não?
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AfroMozMan said...
A minha visão sobre a barbárie dos 16 anos está toldada pelos acontecimentos que presenciei ao longo dos 30 e poucos dias de cativeiro.
Sr. Shasa, os moçambicanos precisam ter a coragem de vir a público e contar o que sabem das barbaridades cometidas. Servir de contraponto da versão oficial da história e dos acontecimentos da nossa história.
A tal história do "Batalhão Maconde comandado por Mabote que arrasava tudo quando passava" se se pretende real não pode ser lançada como uma granada que se lança em desespero: é necessário que quem viveu os factos os conte como realmente aconteciam.
O Livro de Bernabé Lucas Nkomo trouxe me uma visão diferente do Uria Simango passei a ser mais crítico em relação aos factos que me eram dados a conhecer.
É este exercício de trazer a história a conhecimento de todos que todos nós devemos abraçar sem paixões. Infelizmente EU pelo que passei não posso ser essa pessoa.
Quanto ao Sr. Mutequeia dizer lhe que através de orgãos próprios o Estado cumpre a sua função legislativa, judiciária e executiva.
repito que sou contra fuzilamentos e qualquer forma de "interromper" a vida mas ao analisarmos qualquer facto histórico temos que o colocar dentro de certo contexto.
Não queira analisar com a estrutura existente em 2007 factos ocorridos antes de de 1975 mesmo que o resultado se tenha dado depois disso, porque o julgamento disso (tendo em conta o contexto) reportará a altura em que tais factos se deram.
Ao Sr. Mutequeia não vou aqui dar lições de ciência política porque parece ser uma pessoa informada. Tanto é assim que não preciso lhe dar lições de história sobre o regime prevalecente a partir de 1975 que se foi transformando principalmente com a aprovação da Constituição de 1990. Para isso remeto-lhe à leitura de muito material interessante publicado sobre o assunto.
Moçambique não é a Frelimo. Nos seus conhecimentos de ciência política saberá que Moçambique é um Estado e que este contempla um território povoado e um poder político instituido. Portanto, sendo a Frelimo quem exerce o poder político na actualidade em Moçambique, a Frelimo não pode ser Moçambique nem o Estado... é parte destas duas realidades.
À Renamo partido político só desejo que se organize para que se torne uma alternativa de governação neste país até para o bem da própria FRELIMO que de tanto correr sozinha corre o risco de se tornar um PAVÃO difícil de gerir.
Um bom dia a todos.
29
Mutequia said...
AfroMozMan
Se eu tiver a sorte terei resposta das minhas perguntas, mas ainda você criou-me outras:
- Voce pode me dizer as funcões e fins dum Estado?
- Sabe distinguir Estado do Governo?
_ Sabe distinguir Mocambique da Frelimo?
- Já ouviu sobre quando foram executados os nacionalistas como Urias Simango, Lázaro Nkavandame?
Sabe que estranho que voce escreva que "...confirmou-se por um Sérgio Viera...". Será que voce não conhece Sérgio Vieira ou seja não sabe quem é ele?
30
Nhaca said...
alo Afromozman.
É ai que erras. as barbaridades foram cometidos por todos. Voce viveu somente uma faceta da guerra entao nao podes julgar por isso. Voceu conheceu o Batalhao Maconde comandado por Mabote que arrasava tudo quando passava. A famosa quinta brigada com o seu comando. te digo más vi um comandante de 13 años da Frelimo a fazer barbaridades. A Renamo fez barbaridades alias aceitou e A frelimo nunca aceitou que fezs barbaridades sempre disse que sao reacionarios o Bandidos armados, esquece que alguns estivemos em todas faces até apoiamos o Zimbabwe a libertarse e agora temos a vergonha do Mugabe. Por isso SR Afromozman quando que A FRelimo vai aceptar? vamos a crear a a comissao da reconciliaçao para fazer sair isso. Desculpe penso que tu estais actuar sobre rancor. A historia nao pode ser escrito assim.
por os fuzilamentos nunca foram antes da independencia mas sim depois. Nao invente historia.
31
AfroMozMan said...
Os fuzilamentos da época anterior a independência, que Sérgio Viera confirmou terem existido, em minha opinião aconteceram num contexto próprio de um movimento guerrilheiro em GUERRA.
Creio que, numa situação dessas é inusitado perguntar por um TRIBUNAL que nem se quer existia. O que existia era uma estrutura de comando desse movimento que PODE ter ordenado tais fuzilamentos motivados (ao que se sabe) por TRAIÇÃO.
O que podemos indagar agora não é se as pessoas que agiram como tal tinha legitimidade para o fazer ou não. Se não fossem elas a fazer "justiça" no contexto da guerra em que estavam envolvidos quem o faria?
O que DEVEMOS INDAGAR É SE ESTAVAM REUNIDOS OS PRESSUPOSTOS PARA QUE ESSES INDIVIDUOS FOSSEM TIDOS POR TRAIDORES E POR ISSO FUZILADOS. Isso só acontecerá se estudarmos a história despidos de qualquer paixão.
Nos meus 30 e poucos dias de cativeiro com a RENAMO assisti a mortes crueis com as quais não concordo, do mesmo jeito que não concordo com o fuzilamento dos tidos por reaccionários ou traidores.
O que quero que diferenciemos do que relatei da minha vivência desta guerra dos 16 anos e dos fuzilamentos dos chamados traidores é, essencialmente, QUEM FORAM OS FUZILADOS.
No caso do que o ilustre Mutequeia se refere eram MEMBROS DA FRELIMO, GUERRILHEIROS ou DIRIGENTES que em dado momento foram tidos pelos seus correligionários como não servindo os seus interesses e por isso FUZILADOS com muita pena minha.
No caso da RENAMO e que EU VIVI foi uma camponesa de 65 anos cujo mal foi não conseguir carregar um fardo de roupa (diga-se levada da minha casa), foram doentes queimados numa ambulância.
São estes factos que determinam que eu fale de erros e barbáries.
Digo lhe mais, é assim porque os sobre a FRELIMO só ouvi dizer e confirmou-se por um Sérgio Vieira apaixonado e irrado enquanto no caso da RENAMO vivi com apenas 10 anos.
Não acho a pena de MORTE algo bonito... nem um pouco. Acho também que não existe no mundo um governo santo a política é um jogo não muito leal.
32
mutequia said...
AfroMozMan
Repito que voce responde as minhas perguntas que isso nem tem a ver com as bases. Voce sabe muito bem ou já ouviu que muitos mortes pela Frelimo não foram executadas nas bases. Repito as perguntas e gostaria que voce me fosse franco:
Quero saber se é só as incrussões da Renamo que se devem considerar de barbaridades e não as da Frelimo também. Vamos pegar por exemplo nas execuções de pessoas e eu quero crer que o compatriota sabe que elas foram também cometidas pela Frelimo. Acha que se devem considerar de apenas ERROS GROSSOS? E se isso for, porquê os actos da Renamo não podem ser considerados de ERROS GROSSOS?
E a questão de Estado o ser poderá nos explicar bem. Lembre-se que Mocambique antes da independência era parte de um Estado. Zimbabwe antes da independência, era um Estado; Africa do Sul antes da independência, era um Estado; Eritrea antes da independência pertencia a um Estado, etc, etc - espero que compreenda em que quero chegar.
33
shasa said...
Nada neste mundo justifica um fuzilamento! Interrronper uma vida humana e pensando de actuar uma lei legal. Isto em cima de tudo, mas num debate como este pensar de passar um fuzilamento por uma causa politica, nao se pode aceitar. Quando o primeiro Governador da Zambezia Sr° Groveta ordenou aquele fuzilamento, foi depois de tao grande cruelta, quando um por um destes assassinos contaram nos minimos detalhes o que tinham feito, atrocidades incriveis, em mulheres e crianças (uma de pouca idade).E pensem bem...uma era familia portuguesa. O Senhor GROVETA perguntou ao Povo: que devemos fazer com esta gente? e todo o povo respondeu...o que era natural responder num momento daqueles. Por isto eu penso, quando se contam estas coisas devemos sempre ser precisos no que dissemos. Como foi contado aqui parecia uma presiguiçao Politica, mas nao foi assim, eu tambem esta la e vi...nao ouvi, como repete sempre o afromozman. Ja temos tantas incognitas nesta nossa triste historia, nao aumentamos mais. Shasa
34
AfroMozMan said...
Não vamos defender barbaridade por barbaridade. Como fiz questão de sublinhar, os meus comentários aqui baseiam-se em factos que VIVI e não dos que OUVI.
MAIS, uma pessoa como eu dificilmente olhará para os RENAMOS de outra forma que não na perspectiva de agressores.
Acredito que quando se atacassem as bases muitos civis morressem. Aliás no ataque à base onde a minha irmã estava muitos civis devem ter morrido. Foi assim nessa base como em muitas outras onde eventualmente tais migues tenham sido usados.
A GUERRA É DE TODO CONDENÁVEL... isso temos que condenar. Uma guerra feita de motivos fúteis é mais condenável ainda.
Muitos de vós podem não querer perceber por terem as mentes toldadas de ideais que muitas vezes não questionam mas, partindo das premissas que se seguem quero que me respondam com franqueza como é que querem que EU e muitos que sofreram o que sofri vejam a RENAMO e a sua "luta" (que eu prefiro chamar barbárie):
1. Fui raptado;
2. A minha irmã também;
3. Tivemos a casa saqueada;
4. Tivemos o seleiro saqueado e queimado.
5. Assistimos a assassinatos;
6. Minha irmã e outros conhecidos foram mantidos em cativeiro até serem resgatados pelas FPLM (que para nós eram os NOSSOS defensores) 6 meses depois;
7. Fomos obrigados a interromper nossos sonhos.
Venham daí se tiverem resposta a isto.
Ao senhor Mutequia dizer que cada Estado é governado tendo em conta as leis que se instituem de acordo com os fins que cada Estado pretende alcançar. ACHO A PENA DE MORTE ABOMINÁVEL. Moçambique não foi o único país do mundo que um dia a levou a cabo.
Não sou especialista militar mas sempre me questiono porque nos raptavam aos montes e nos "armazenavam" nas bases? Não seria para inibir qualquer tentativa das FPLM em atacar tais bases? Se as FPLM não atacassem as bases com centenas de civis que estratégia deveriam usar para defender os milhares ameaçados?
A política da FRELIMO no pós independência deixou marcas em muitos é verdade. Houve excessos é outro facto.
35
linette said...
O Senhor Nhaca trouxe ao debate um dado novo extremamente importante que é dos Migues! Ele deu um exemplo pontual dos bombardeamentos feitos pela frelimo as populacoes civis nos distritos.
Esse testemunho existe ainda hoje bem vivo nas populacoes rurais, por pessoas que sobreviveram a guerra civil.
Durante a guerra havia zonas de forte influencia da renamo que a frelimo nunca, mas nuca conseguiu peneterar até ao fim da guerra.
(A Renamo teve mais zonas libertadas em todo o País que a frelimo durante a guerra contra o colonialismo Portuges).
As populacoes,nestas zonas, tinha medo sim dos Migues.
Aprenderam a defender-se, fugindo logo apos um pequeno ruído.
A frelimo bombardeou a populacoes civis durante a guerra como os americanos e cambojianos (kremlis)o fizeram em Camboja.
A renamo nao possuiam avioes de qualquer especie.
Aguns quando aqui aprecem a defender a frelimo cegamente, deveriam parar e pensar um pouco!Especialmente quando, acusam a Renamo de todos os males em Mocambique.
Houve guerra civil entre irmaos, ambas as partes tiveram apoio externo, houve violacoes dos direitos humanos por ambas as partes.
A minha condenacao em primeiro lugar vai para as violacoes barbares cometidas pelo entao partido unico (frelimo) aos cidadaos, por
ordem de Samora em defesa do tal socialismo cientifico, que nunca chegamos a saber o que isso é na verdade, muitas destas accoes foram cometidas pelo SNASP e CIM.
Uma das piores lembrancas dos massacres cometidos pela frelimo, foram os fuzilamentos em público nos campos de futebol.
Chamavam a populacao, fechavam os portoes e fuzilavam as pessoas em pleno publico, havia mulheres gravidas que desmaivam!
Eu ainda nao era maior de idade quando isso aconteceu no campo do ferroviario de Quelimane em pleno dia, comandado pelo genenral Bonifacio Groveta, por sinal, primeiro governador da Provincia.
O Afro, deveria ter cuidado quando se mete nestas discussoes, pois milhares de testmunhos podem aqui aparecer sobre a crueldade do partido frelimo durante o seu reinado como partido unico.
Perdoar nao é esquecer!
Em politica, os erros pagam-se caro
36
Mutequia said...
Caro AfroMozMan
Descupe-me, mas duvido que o senhor tenha me respondido. Quero saber se é só as incrussões da Renamo que se devem considerar de barbaridades e não as da Frelimo também. Vamos pegar por exemplo nas execuções de pessoas e eu quero crer que o compatriota sabe que elas foram também cometidas pela Frelimo. Acha que se devem considerar de apenas ERROS GROSSOS? E se isso for, porquê os actos da Renamo não podem ser considerados de ERROS GROSSOS?

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Nhaca said...
Caro Afromozman
caiste no mesmo erro de querer defender doctrinas baratas. Só falas de Homoíne. Bem nao queiro defender A linette mas tem Razao. Veja lá a paradoxa da historia. Quem destruiu a ponte do Zambeze? Mig 17 . Sabes quantos dos nossos irmaos foram levados para campo reducaçao? sabes quantas pessoas foram matadas com este famosos avioes no distritos? sabes quando a RENAMO ataca e depois o que fazia os soldados a FRelimo? Ia torturava as pessoas . O senhor sabe porque Samora Machel Chamou cabeça de Galinha os Beirenses na su última visita que tirou Marcelino dos Santos em 24 horas? a Guerra fez victimas em ambas as partes , por isso nao venha com esta estoria Afromozman. Victimas foram todos matados pela FRELIMO E RENAMO. Graças a RENAMO muito se transformou até a democracia.
Por isso deixe de ir contra Linette com argumento Baratos. Moçambique ja sofreu o processo de reconciliaçao. e nao sao voces que nasceram agora que devem manipular a historia. Se tens tempo de ir em uma hemeroteca veja revistas tempo desde 1990 até 1996 . Quando uma criança de 13 anos da FRELIMO, foi posto como exemplar.
fico por aqui ainda podemos discutir mas argumentos sólidos .
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AfroMozMan said...
No meu post anterior o primeiro parágrafo debe ser lido: "A FRELIMO governa este país desde 1975 e esse percurso foi cimentado com erros grosseiros que devemos condenar e de muitas realizações positivas de que os moçambicanos se orgulham e continuarão se orgulhando."
O Texto todo do meu post deve responder à pergunta do Sr. MUTEQUEIA sobre o porquê de eu dizer barbaridades da Renamo e erros da Frelimo e se acho que não foram barbaridades as incrussões da Frelimo.
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AfroMozMan said...
A FRELIMO governa este país desde 1975 e esse percurso não foi cimentado com erros grosseiros que devemos condenar e de muitas realizações positivas de que os moçambicanos se orgulham e continuarão se orgulhando.
Ai de mim se viesse aqui propagandear a glória da FRELIMO (com que simpatizo) fechando literalmente os olhos aos muitos erros cometidos ao longo de todo este percurso.
O que é que motivou a bárbarie a que V.Excias chamam guerra civil?
A instituição de guias de marcha?
O comunismo - marxismo - socialismo?
O controle que o Estado exercia sobre os cidadãos perante as circunstâncias históricas em que nos constituimos como Estado?
Isso justifica o sacrifício de um milhão de moçambicanos na "luta pela democracia" que deixou o país sem escolas, hospitais e nos atrasou na "viagem pelo desenvolvimento"?
Hahahaha dá para rir.
Não vos parece fazer sentido o argumento de que interessava a alguns países da região deixar-nos entretidos com problemas internos para não apoiarmos nada nem niguém na luta pela liberdade que o país tinha abraçado como meta para os vizinhos, e para não nos imiscuirmos na hegemonia económica que se perpectivava para certas nações?
As barbáries cara Linete Olfson não me são contadas pelos media. Vivi as.
A nossa casa foi saqueada vezes sem conta. Eu e a minha irmã fomos raptados pelos homens do vosso "exército" que não hesitavam em matar a nossa frente "quem os atrasasse".
Sabe que idade tinha Linete? 10 anos. Sabe onde fui raptado? Algures em Manjacaze na província de Gaza. Sabe onde consegui escapar? Em pande na província de Inhambane 34 dias depois. Sabe quanto tempo ficou a minha irmã em cativeiro numa base perdida por aí 185 dias até ser resgatada num ataque das extintas FPLM.
Eu e a minha sister poderiamos escrever um livro sobre o que assistimos... mas só lembrar disso aqui me dá nojo. Ver os vossos líderes engravatados a falar de luta pela DEMOCRACIA e lembrar como a minha vizinha Maivasse Mondlane que deveria ter por ai 65 anos foi morta à golpe de machado por não conseguir dar mais um passo com o fardo de roupa roubado em minha casa na cabeça me dá RAIVA ou algo acima disso.
Peço vos que nestes fóruns sejam menos propagandistas e nos venham com verdades sobre as causas da bárbarie "pela DEMOCRACIA".
Hoje não sou mais aquele menino que v.Excias raptaram e a quem obrigaram a ver morrer pessoas ao jeito de galinhas.
Sou um adulto consciente capaz de fazer as minhas próprias leituras.
Não me venham com lugares comuns como lutar por democracia, contra guias de marcha etc. para justificar o que foi feito a milhares de moçambicanos como eu neste país.
Diga daí o que foi feito com os missionários holandeses e contribua para aclarar os pontos escuros ocorridos durante a barbárie que v.excias patrocinaram e defendem.
Linette Olofsson de facto tem pouco para me responder. A julgar pelos lugares comuns em que labora melhor mesmo é ficar calada.
Não estou a focar o que ouvi dizer estou a focar o que vivi. Era eu uma criança. Dou Graças a Deus pelo apoio que a "minha" Igreja do Nazareno fez por mim e pela minha irmã quando, enfim, chegamos a Maputo depois da tortura renamista na sua busca pela "Democracia" à custa de machadadas em velhas e crianças como nós.
Venha a Linette Olofsson contar quem massacrou em Homoine e eu lhe direi quem matou a minha vizinha e os sonhos de crianças como eu que tiveram que deixar coisas com as quais se identificavam e as transformaram em seres assustados e desconfiados.
Venha a Linette Olofsson contar quem queimava os camiões e machibombos em Maluana e eu lhe direi quem, algures em Manjacaze queimou ambulância com os doentes dentro.
Não nos façam de parvos.

40
linette said...
Nao vou perder muito tempo a responder ao AFROMOZ.
Massacre de Homoíne?
Porque que foram expulsos 2 missionarios Holandeses após do Massacre de homoine?
Concordo com o Saturado! tribunal de reconciliacao
seria uma solucao para estas duvidas e muitas outras.
Mas a frelimo nao quer!A bancada Parlamentar da Frelimo, recusou a proposta do Dr David Aloni na primeira Legislatura Multpartidaria.
Comunismo= facismo= Nazismo
mataram com a mesma dimensao e sem piedade.
Procure informacao sobre estas materias.


41
shasa said...
Simplesmente para dizer, que para o bem de Moçambique para sua construçao de novo paìs independente e livre do colonialismo, a ultima coisa que precisavamos era de uma nova assim chamada guerra civil. Em que base, depois, é tudo da individuar. Nao posso esquecer, o que a Frelimo para nosso paìs significou, o que passamos, o que nos faltou. E em quais condicçoes tudo isto sucedia, a Liberdade, Independencia, Igualdade, tem um preço caro, sobretudo quando somos ao centro de interesses em que o Bem-Estar do Povo é o ultimo da lista.Em Quelimane entre duas antenas dos telefones escreveram: PELA PRIMEIRA VEZ NASCEU PARA TODOS, isto no dia 25/06/75. Serà Ideologia, Utopia, que continuo a pensare assim depois 32 anos? Deixo a vos a decisao! Shasa
42
mutequia said...
AfroManMoz
Porquê disses barbaridades da Renamo e erros da Frelimo? Achas que não foram barbaridades as incrussões da Frelimo?
43
AfroMozMan said...
Caríssima Linette Olofsson:
Quando nasci o país era independente há 4 meses. Como muitos da minha geração fomos "iniciados" nos ideais revolucionários muito cedo.
Quando analiso o percurso do meu país independente lendo, ouvindo descubro que muito poderia ter sido feito diferentemente.
Se o país no pós independência foi inundado de propaganda peço lhe humildemente que não me venha com propaganda barata de proibição de adidas, guias de marcha etc para legitimar a barbárie que os seus coreligionários fizeram com os moçambicanos.
Guia de marcha nenhuma justifica as mortes de Manjacaze, Homoine e outros sítios deste imenso, rico e epobrecido país.
Nenhuma ideia comunista ou de igualdade "simbolizada por um quilo de arroz por pessoa" justifica que o esforço do meu pai e de muitos moçambicanos honestos tenha acabado no clicar de um isqueiro de qualquer soldado matsanga lá na minha povoação ou em qualquer estrada deste país.
Não venha para estes blogs propagandear.
Vamos apontar os erros governativos da frelimo ao longo de 32 anos de independência. São muitos e não sairíamos daqui.
Mas please, para legitimar a barbárie que V.Excias insistem em chamar de guerra civil não me venha com a estorietas de adidas, guias de marcha etc. Apontem razões que caibam na cabeça de qualquer um mesmo do meu tio analfabeto de Manjacaze que propspera hoje (depois de ter visto todo o seu gado saqueado entre 1986-1991) criando gado e revendendo-o nos talhos de Maputo.
Ninguém é obrigado a gostar da frelimo nem dos seus feitos desde 1962 mas please para nos fazer não gostar não nos contem PALHAÇADAS que não lembram a nada...
44
shasa said...
Concordo plenamente contigo Saturado, penso que, independentemente dos nossos orientamentos, procuramos a mesma coisa simplesmente a Verdade deste periodo vergonnhoso, triste,para o nosso Pais. Deixamos da parte heroismo e vitismo hipocrita. Considerando que falar e julgar é facil. Mas quantas destas pessoas estavam realmente vivendo aquela vida em Moçambique e em qual contesto. Obrigada pela resposta.Shasa
45
Linette Olofsson said...
Voltei!
voltei mais uma vez ao debate e lamento que o Damasio nao nos contre argumente,lamento imenso!
Ele imaginava talvez... que era so escrever e defender cegamente o antigo sistema, e tirar coisas ca para fora de qualquer maneira sem pensar nas consequencias e falseando a Historia.
Já uma vez o disse, que há certas pessoas que jamais aceitarao a Renamo; (pelas suas razoes obivias)mas tambem,há muitos de nos que jamais aceitará os execessos que a frelimo cometeu em nome de uma revolucao sarcastica, massacrando o povo em nome de ideais ou de vlaores alheios o nossa cultura.
Nos sofremos muito após o Mocambique independente, talvez pior que durante o colonialismo.
Eu como muito outros da minha geracao crescemos infelizmente ou felizmente durante esse sistema condenavel de governacao, mas nao me recordo de ter visto tanta violencia contra o ser humano como após a independencia, e nem vi tanto tribalismo como o vejo hoje!
Esta expressao; xigondo por exempolo é uma palavra muito usado hoje em Mocambique.Porque?
Nos eramos sim pessoas diferentes, andavamos na escola com diferentes etnias e nem sequer sabiamos a que pertenciam, assim o era com indianos mulculmanos chineses até. Eramos criancas puras nessa altura e sem tanto veneno.
Apos 75 as criancas eram obrigadas a cantar...Simango Joana Kavandane..reaccionarios.
O que de reaccionario uma crianca entendentia? Lavagem de cerebro?
Eu, cresci nas areas rurais, eramos felizes, tinahmos abastecimentos de agua, hopitais limpos enfim muitos exemplos poderia dar!
Depois da independencia, quem nao era da frelimo era xiconhoca, se tinhamos uma raca proveniente de misturas, nao tinhamos bandeira; o senhor esqueceu-se disto?
Nao nos era permitido usar sapatilhas adidas; pertenciamos a capitalistas...recordo-me um agente do SNASP me ter contado algures num distrito onde ele se refugiou devido a traumas que carrega devido a execessos que foi obrigado a cometer aos cidadaos por esta forca; dizia ele de que:
Uma vez, perseguiram um cidadao a caminho da Matola por este, ser portador de sapatilhas ADIDAS;e o mataram a tiro.
O dono deste testemunho ainda vive!
Imaginem so!Como este exemplo!
Há tambem testemunhos de massacres cometidos pelos GPVS da frelimo nas areas rurais especialmente na zona de Erati na Provincia de NAMPULA, leia o livros do ja felecido escritor frances, (as Causas da Guerra)
Eu recomendo este livro tambem a mesma juventude de quem ele fala.
É um facto que houve execesso durante a guerra, e ambas as partes o deviam reconhecer publicamente parar um pouco e, tentarmos olhar para o desenvolvimento e aceitarmos que infelizmente devido ha muitos factores a idade maxima de vida do Mocambicano é de 45 50, e deixarmos de infectar a jventude com odios.
Outros, atacam ao Predidente da Renamo apresentaando estudos feitos por americanos que o comparam com Milosovich e que segundo eles, o Presidente da Renamo,deveria ser condenado por crimes de guerra.
Pois bem!!! se o Presidente da Renamo o fosse realmente, o trbunal de Haia o iria buscar, disso nao tenhamos duvidas, nao estaria a viver na mesma rua da Luisa Diogo na zona nobre da cidade capital!
Nao nos deixemos levar por emoces, de ambas as partes temos a nossas magoas!
Par terminar, gostei muito da maioria das contribuicoes aqui deixadas neste sobre este tema;t ais como a do Saturado, Inhaca,M.Cossa, e especialmente do Mpofulo muito detalahda.
Lamento mais vez a ausencia do Damasio Chipande.
E ja agora, sinto muita pena que estas nossas contribuicoes nao venham plasmadas no Jornal Noticas,para o consumo publico.
Pois entendo que a maioria da juventude Mocambicana nao tem acesso a estas novas tecnologias de informacao e comunicacao.
Até mais.
Linette Olofsson

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Matundo Cossa said...
Acho que na altura da “independencia” o Damasio Chipande estava nas fraldas e, pior, depois que cresceu não se cultivou para conhecer a FRELIMO do seu tio, pai ou sei lá o que for. Nao passa de uma podre caixa de ressonancias. Mal sabe que a destruição de infra-estruturas economicas e sociais do inimigo faz parte da essência das próprias guerras. Nem sequer foi a RENAMO que inventou essa estratégia. A FRELIMO que Damasio defende usou-a contra o colonial-fascismo portugues em Moçambique durante a luta armada de libertaçao nacional. O problema é que Damásio não lê e depois quer vir aqui a rua mostrar dotes de sabichão. Se Damásio tem tomates que responda as perguntas que se seguem. Podiamos fazer mais, sobre pessoas a quem os guerrilheiros da FRELIMO matou e crianças a quem cortou labios e orelhas. Esta tudo documentado, é só ir aos arquivos em Moçambique e ler os jornais a partir de 25 de Setembro de 1964 até sensivelmente Abril de 1975. Ok? Agora responda:
1.1. Quando, referindo-se a ataques contra infraestruturas economicas então protagonizados pelos guerrilheiros da FRELIMO no tempo da luta armada de libertaçao nacional Samora Machel afirmava que, “todas as guerras se fazem com o apoio do aparelho económico” e que pretender que as actividades economicas do opressor “são benéficas para o nosso povo, ou, ainda, que não têm incidência directa na guerra (que o opressor exerce contra o povo) demonstra a maior desonestidade”, estaria, ou não, Samora Machel, maluco?
1.2. Ao afirmar, o mesmo Samora, que "no decurso da II Guerra Mundial as potências aliadas definiram sempre como um dos alvos principais dos seus ataques os centros económicos inimigos” nao queria o ídolo de Damásio Chipande dizer que as infraestruturas economicas do colonial-fascismo em Moçambique nao beneficiavam o povo mas sim o próprio regime para melhor se afirmar e oprimir o povo, portanto, alvos a abater pela guerrilha em nome da liberdade do povo?
1.3. E mais: quando Alberto Chipande afirma no Lutar Por Moçambique que "avisamos o responsável de cada zona (Muidumbe, Mocimboa da Praia, Montepuez, Chai, Mocimboa do Rovuma, Nangade, Diaca) para organizar os grupos de sabotadores. Eles tinham a tarefa de sabotar pontes, linhas ferreas e estradas...", ou, ainda, quando o então Comissário Politico Nacional, Raul Casal Ribeiro (que a FRELIMO viria mais tarde a matar) afirma, na mesma obra, que "...fui encarregue de sabotar a linha ferrea Tete-Mutarara" a FRELIMO não sabia que a despeito dessas infraestruturas terem sido construidas à bem dos interesses do colonial-fascismo o povo também utilizava-as e, com a sua sabotagem, era susceptivel de morrer em massa num descarrilamento de comboio e muito mais?
As citações acima estão em duas obras editadas pela FRELIMO de Damásio Chipande. É estranho que sabichão que é não as tenha lido. Embora saibamos em que paginas pode enconta-las, preferimos ser estupidos como ele. Preferimos apenas lhe dar a pista. Leia na integra as seguintes obras: “Lutar por Moçambique” de Eduardo Mondlane, Colecçao Novo Chão, 1995 e MACHEL, Samora, “A Nossa Luta”, Ediçoes INM, L. Marques, 1975 Em vez de perder tempo a beber na Praça de Toiros em Maputo como tem feito, devia perder tempo em bibliotecas. Ok, amigo Damasio.
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Mpofulo said...
Caro Damazio
Tenho que aumentar no seu dicionário o seghuinte e depois poderemos discutir:
1. Operacao tira camisa
2. Aldeias comunais
3. Cooperativas de consumo
4. Guias de marcha
5. Operação produção
6. Grupos dinamizadores
7. Chefes de quarterão
8. Se não fosse eu (repoulho)
9. Operação bufalo
10. OJM e OMM
11. Camarada
Gostaria de saber se o Sr reconhece algum destes numeros e aqui poderemos discutir a genese da guerra.
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Nhaca said...
cato Saturado
nao precisamos o comissao de reconciliaçao e verdade, sabiendo que o povo ja fez sua reconciliaçao. No dia de acordos de ROMA assistimos actos significantes entre ambas parte. Por isso é preciso nao perder este espirito.
para os que querem falsear a historia estamos nós para contrariar esta historia.
por isso digo como disse Linette. Historia feita de factos e nao fantasias alias este argumento ja o defendi na minha primeira intervençao.
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Saturado said...
A propósito já fiz a pequena introducão no blogue,
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Saturado said...
Cara/o Sasha
Não pretendi far alguma observacão sarcastica, mas lamentar um pouco de recusa a debate de alguns compatriotas e recorrência à propagandas baratas dos anos 80. As propagandas que foram "talvez" as mais perigosas durante aquele tempo de guerra. E nisso tenho muitas recordacões, mas vou analisando o que o Damásio Chipande disse e anda a dizer.
Na minha opinião, hoje, quando falamos do nosso passado ainda que recente, deviamos nos preocupar com verdades e não mentiras ou busca dos discursos propagandistas que até nada mais servem que inflamar ódios. São discursos saudosistas do tempo em que nínguém podia falar sobre o que pensava e via.
Eu insisto que em Mocambique precisa-se de uma Comissão de Verdade e que se quiser que não seja também de reconciliacão.
Abracos

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Nhaca said...
Ao sr Damasio Chipande
É muito bonito contar mal a historia e refor
çar ideias erroneas porque convives com tais. Nimguém nega que na guerra civil Moçambicana ouve exageraçoes de ambas partes. Alias a propria guerra fez muitas victimas. Mas o SR Damasio deve saber que alguns de nós vivemos tragedias com operaçao producçao, nao tinhamos liberdade religiosa, Operaçao tira camisa que algum dirigente da FRelimo prometeu ao publico que daria sua filha e um carro para quem escapasse. As aldeias comunales desgraçaram pessoas nos distritos. AS guias de marcham criam um control de movimentaçao e de opressao. tinhas que pedir uma guia duas semanas antes para ir na tua machamba a 50 km.
Fica a saber que proprio prisente da RENAMO ACtual deixa a FRELIMO depois de ver toda essa tragedia.
Em fim, só queiro dizer ao sr Damasio que teus argumentos nao veio esclarecer nada. Estamos vivos as pessoas que sofreram as euforias da independencia,na qual devia chmar oa meu pai camarada pai. Que Vergonha. Também a Renamo deve reconhecer que os método que utilizou na guerra , no foi positivo. Mas nao é Maximos Días que deve nos ensinar agora.
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Linette Olofsson said...
Gostaria de perguntar ao Senhor Damasio Chipande em que Países HOJE mais desenvolvidos, sobretudo Europeus que ainda usam esses tipos de documentos a que se refere, sobretudo as famosas guias de marcha Samorianas do tempo da ditadura do partido unico.
Nao se esqueca de que os paises europeus mais desenvolvidos neste chamado velho continente,pertenciam já nessa altura ao bloco dos paises capitalistas e mais industrializados, nao tinham tempo perseguir e controlar os cidadaos.
Talvez esteja a se referir aos paises do ex leste...
Mesmo esses,hoje, já aboliram esses sistema depois da queda do muro de Berlim.
Sobre as aldeias comunais! seriam interessante continuarmos a dialogar aqui.
Ficaremos a sua espera.
Ha exemplos, estudos e testemunhos de camponeses que viveram na pele as consequencias desses tipo de aldeamento forcado na Provincia da Zambezia, poderei dar exemplos de num certo Distrito onde possuo fortes ligacoes com a populacao.
Vamos escrever a Historia com factos e nao com fantasias.
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Shasa said...
Obrigado Damazio, uma reflexao, que nos pode ajudar, sempre se reconhecendo os erros que tambem naquela altura existiram . Nao entendi bem a observaçao sarcastica do Saturado. Shasa
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Saturado said...
Muito obrigado Fernando Gil.
Este é um dos artigos do Damásio Chipande, no qual não consigo encontrar sua utilidade à Sociedade Mocambicana. Será que o Damásio tenta contribuir para aquilo que discutimos ou apenas para contentar a si mesmo? Uma história tão deturpada como a nossa já não precisa mais de contos.
Mas espero que ele dê a cara neste espaco para discutirmos e não menos sobre as suas datas fantásticas, a santidade da parte que defende, aldeias comunais, etc.
Abracos