Sunday, September 30, 2012

EDITORIAL: A história de Samora exige mais respeito

 

Depois de celebrarmos os anos Eduardo Mondlane e Samora Machel é chegada a altura de olharmos de frente para o ANO DA PILHAGEM, pois são cada vez mais evidentes as manobras de bastidores em relaçãoà delapidação da riqueza e do suor dos moçambicanos.
Os acordos, esses, já estão feitos. Falta só depositar o valor do saque na conta dos DONOS DO PAÍS. O ano Samora Machel foi, no nosso entender, um ardil para maquilhar o desrespeito pelo povo, o legítimo dono do país.
É evidente que, no momento, a maior importância, porque é chegado o fim do ciclo, é vestir a pele da hipocrisia e usar o nome de Samora Machel para granjear simpatia nos corações onde ódios foramsemeados por uma governação assassina. Quem não sabe que o salário de Samora Machel, assim como dos restantes membros do seu executivo, era do domínio público?
Quem não sabe que Machel morreu sem deixar nenhum bem para os seus dependentes? Quantos dirigentes em cada 100 quilómetros quadrados deste país podem se gabar de nunca terem roubado o povo? Existe? Quantos?
O que é público dos bens que os DONOS DO PAÍS tiraram do suor do povo? Porque se limitam a papaguear o discurso de quem deixaram de seguir em ’86? Sem muito esforço vê-se interior afora umadança macabra de figuras estatais e alianças espúrias.
Isto é, no país inteiro, estamos a construir uma democracia onde a mensagem de Samora funciona como um papel decorativo. É coadjuvante. Figurante de uma novela sem enredo, cujo papel principal é desempenhado pelos APÓSTOLOS DA PILHAGEM. Não nos lembramos de Samora no sentido mais largo de compromisso com o povo. Lembramo-nos simplesmente para homologar o que os sábios (ou sabidos?) DONOS DO PAÍS estão - agora – a congeminar no esgoto da sacanice.
Depois bastam algumas tapinhas nas costas dos mais otários, dinheiro na mão dos ACÓLITOS DA PILHAGEM desprovidos de escrúpulos e o uso abusivo dos meios estatais - tão ou mais cretinos quanto os próprios políticos – e pronto! Já se pode pilhar o país. Não importa que a menção ao nome de Samora não passe disso: de mera menção. O povo esquece-se de tudo.
Esse tipo de campanhas deve ser rejeitado. O povo não pode aceitar que um grupo de pessoas faça acordos espúrios, divida fatias do país como os marginais repartem um assalto. Não. Moçambique rejeita esse tipo de política. Não bate com a nossa a história heróica e resistente.
Nós acreditamos exactamente no contrário. Lembrar Samora deveria começar com a pergunta: o que somos e o que desejamos? Como podemos melhorar a vida neste país? O que nos falta? Como podemos resolver os problemas mais urgentes?
Daí, progressivamente, íamos tirando directrizes e assumindo compromissos. Dessas linhas nasceria o desejo de construir algo de novo. Um novo país. Lembrar Samora surgiria dessa discussão. Exactamente aquilo que os DONOS DO PAÍS não fizeram.
A história de Samora exige respeito.
@VERDADE – 02.02.2012

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