06 de Março 2019 22h05 - 129 Visitas
Na segunda-feira era esperado na Procuradoria-geral da República (PGR), onde iria ser ouvido em sessão de acareação com Ângela Leão, outra arguida do processo das dívidas ocultas.
Mas Fabião Salvador Mabunda não compareceu ao edifício 121 da avenida Vladimir Lenine, forçando a PGR a adiar a confrontação. E aquela não era a primeira vez que tal acontecia, por isso o arguido que recebeu milhões de dólares transferidos directamente da Privinvest para a sua empresa de construção civil era dado como fugitivo.
Mas, afinal, Fabião Mabunda nunca fugiu da justiça. Uma fonte próxima ao arguido explicou ao jornal O País que Mabunda estava a ser pressionado para fugir e assim evitar a acareação com Ângela Leão, a arguida descrita como sendo a verdadeira beneficiária do dinheiro das dívidas ocultas transferido para a empresa do arguido.
Aliás, Mabunda terá usado parte do dinheiro transferido pela Privinvest (a distribuidora dos subornos das dívidas ocultas) para construir duas mansões supostamente da família Leão: uma no posto administrativo da Matola Rio, em Boane, e outra na Costa do Sol, um dos bairros da elite da capital.
E foi com o objectivo de evitar revelações como estas que Mabunda terá sido pressionado a fugir da justiça e com isso fazer desaparecer qualquer nexo de causalidade entre as transferências da Privinvest e as casas supostamente compradas por Inês Leão, arguida e esposa de Gregório Leão, o antigo director do SISE que também está detido no âmbito do mesmo processo.
A nossa fonte conta que o próprio arguido estranhava o facto de ser descrito na imprensa como “fugitivo”, quando ele nunca recebia em sua residência notificações para se apresentar à Procuradoria-geral da República. “Mabunda nunca foi notificado para se apresentar na PGR, quer através de telemóvel, quer através de um oficial na sua residência, mas ele acompanhava notícias segundo as quais era esperado na PGR para uma acareação com Ângela Leão”, contou.
Seguindo o conselho de pessoas próximas, Mabunda contratou um novo advogado (Alcides Sitoe) que tratou de escrever à PGR a explicar que o seu constituinte nunca fugiu e sempre esteve disposto a colaborar com a justiça. Em reacção, o Ministério Público promoveu a sua prisão preventiva que foi concretizada na tarde de ontem. Um dos objectivos da detenção de Mabunda é garantir a realização da tão aguardada acareação com Ângela Leão, uma confrontação vista nos corredores da PGR como sendo essencial para a promoção da prisão preventiva contra a esposa do antigo “boss” da secreta moçambicana.
Fabião Mabunda é o 10º arguido que está em prisão preventiva, de um total de 21 arrolados no processo 1/PGR/2015. Na sua página do facebook, Fabião Salvador Mabunda é tratado como engenheiro e ele escreve que estudou na Universidade Eduardo Mondlane. Ainda no “status”, consta que trabalhou para a gigante de construção civil S&B Construções (actual S&S Construções), provavelmente antes de registar a sua construtora M Moçambique, empresa receptora dos subornos das dívidas ocultas. Sua última publicação no facebook data de 20 de Agosto de 2018, onde aparece numa fotografia ao lado de Joaquim Chissano, antigo Presidente da República.
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