07.03.2019 às 10h39
Uma marcha em direção ao palácio presidencial no Malawi lembrou o perigo permanente que ameaça essa comunidade
Uma marcha de protesto contra a incapacidade do Malawi para proteger os albinos chegou bastante próximo do palácio presidencial, apesar de as autoridades o terem proibido. Cerca de 200 albinos, mais 500 simpatizantes, exigiram que o governo faça mais para parar os raptos e assassínios de membros dessa comunidade. Só nos últimos quatro anos houve mais de 150 vítimas.
Os albinos, portadores de uma condição genética que impede a pigmentação da pele e lhes dá uma aparência inconfundível – além de os tornar mais vulneráveis a cancros da pele, entre outras doenças – contam milhares de membros só no Malawi. A somar ao forte estigma social que os atinge, vivem em risco permanente por causa de superstições que atribuem poderes mágicos a partes dos seus corpos. Mutilações e assassínios de albinos são relativamente frequentes em vários países africanos.
As dificuldades em compreender a situação ficaram bem ilustradas quando o mês passado o ministro da Segurança Interior disse que não adiantava fazer reclamações no país ou fora dele, porque os albinos estavam a ser mortos pelas suas próprias famílias. A indignação com essas palavras foi generalizada. Desde uma associação nacional que representa os albinos até à Amnistia Internacional, todos condenaram as palavras do ministro.
Perante o agravamento da situação, várias medidas têm sido propostas. Casos como o de um homem que no dia de Ano Novo teve os seus braços e órgãos sexuais retirados à frente de um filho menor levaram a reconsiderar a utilização da pena capital, que se mantém na lei mas não é aplicada desde 1994. A semana passada, o Presidente Peter Mutharika anunciou uma recompensa de cerca de 7000 dólares (6200 euros) para quem fornecer informação que leve à descoberta de conspirações para raptar ou matar pessoas com albinismo.
Esta quarta-feira, Mutharika não se encontrava na sua residência quando a marcha se aproximou, pois tinha viajado para fora da capital. Mas os albinos reiteraram as suas reivindicações, incluindo uma das principais: que o governo forneça a cada albino um alarme ligado a uma esquadra de polícia.
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