PRESIDENCIAIS BRASIL 2018
Jair Bolsonaro tem uma vantagem de 16% sobre Fernando Haddad, a maior entre dois candidatos a disputar a vitória nas eleições presidenciais brasileiras desde 2002. E os eleitores mostram-se indiferentes aos eventuais apoios dos candidatos derrotados na primeira volta.
A primeira sondagem desde a realização da primeira volta das eleições presidenciais brasileiras quase não mostra mudanças no quadro eleitoral. E isso é a pior notícia que o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, poderia receber, e a melhor para Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL). A distância do candidato da extrema-direita para o substituto de Lula da Silva (que o PT queria manter como candidato, apesar de estar preso) é a maior, à entrada para a segunda volta, desde 2002.
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Segundo a sondagem da Datafolha, divulgada na noite de quarta-feira, Bolsonaro tem 58% das intenções de voto e Haddad 42%. Uma vantagem de 16%. Para se encontrar uma distância tão grande depois de uma primeira volta há que recuar a 2002, quando Lula da Silva alcançou 64% contra 36% de José Serra, do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira).
Se a tarefa de Haddad já se previa difícil, estando obrigado a alcançar um feito inédito para chegar ao Palácio do Planalto, pois nunca nenhum candidato derrotado à primeira volta conseguiu vencer as eleições, a recente sondagem aumentou as preocupações nas hostes “petistas”.
De acordo com o portal da Globo, G1, nos bastidores do PT classifica-se a situação do seu candidato presidencial como “delicada” e defende-se que Haddad se deverá concentrar nos eleitores que votariam Lula mas que entretanto se viraram para Bolsonaro. Por sua vez, o candidato da extrema-direita deu uma ordem mais simples à sua equipa: não cometer erros, porque a vitória está praticamente garantida.
Toda a campanha do académico e advogado de formação para a primeira volta assentou na colagem a Lula, ainda a figura maior do PT e que liderava as sondagens até ser impedido de concorrer. Mas no rescaldo do resultado de 29% dos votos contra 47% de Bolsonaro, os analistas prevêem que Haddad se comece a distanciar do ex-Presidente devendo até deixar de visitar Lula na prisão (como fazia até agora semanalmente).
Outra fonte de votos potencial de votos seria o apoio dos derrotados na primeira volta. Mas nem aí a sondagem trouxe boas notícias, visto que a maioria dos inquiridos se mostra indiferente ao hipotético apoio dos outros candidatos.
Para 72% é indiferente quem vai apoiar Marina Silva (Rede), que não passou do 1% na primeira volta; 69% acha irrelevante quem apoiará Geraldo Alckmin, do PSDB, que se mantém neutro; e o apoio a Haddad já expresso por Ciro Gomes (PDT) não faz diferença a 63% dos inquiridos.
Ou seja, mesmo que o “petista” conseguisse reunir o apelo ao voto de vários partidos, numa espécie de “aliança democrática” contra o candidato de extrema-direita, não é seguro que isso fizesse grande diferença.
De resto, a sondagem da Datafolha não trouxe mais novidades relativamente aos resultados da noite eleitoral de domingo. A nível regional, Bolsonaro mantém-se à frente em todo o lado menos no Nordeste, onde Haddad recolhe 52% contra os 32% do antigo militar.
Um tsunami, não uma onda
Apesar do movimento feminino contra Bolsonaro, sob o lema #EleNão, este continua ligeiramente à frente de Haddad junto das mulheres, com 42% contra 39%. Entre aqueles que menos rendimentos têm (pessoas que recebem até dois salários mínimos) o “petista” ainda lidera. Daí para cima, o candidato do PSL domina.
O guru económico de Bolsonaro, Paulo Guedes, reagiu a esta sondagem afirmando que o candidato não reuniu uma onda de apoio mais sim “um tsunami”. Já o general Hamilton Mourão, candidato a vice-presidente, considera que tudo isto “está dentro da expectativa” e confirma que a vitória de Bolsonaro na primeira volta “escapou por pouco”.
No mesmo dia da divulgação da sondagem houve pelo menos algo que uniu ambos os candidatos. Haddad e Bolsonaro fizeram um apelo público contra a violência na sequência de relatos de agressões entre apoiantes dos dois lados e do homicídio do mestre de capoeira conhecido como “Moa do Katendê” após ter afirmado que votou no PT.
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