Ano XXII • Nº 5421•11/10/2018 • Editor: Refinaldo Chilengue
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Correio
da manhã
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Liberdade de
expressão
- R. Chilengue
páG 5
economia
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opinião
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Infl ação em
continuou a
descer em
Setembro
páG 4
Líderes
empresariais
saúdam
indicação de
Mboweni para
Ministro das
Finanças
páG 5
Polícia emite
mau sinal
páG 6
Pobreza
científi ca em
África
páG 6
5ª Eleições autárquicas com numerosas
denúncias de irregularidades
As quintas eleições autárquicas
de Moçambique independente
foram, uma vez
mais, caracterizadas por
várias irregularidades, incluindo
atrasos na abertura
do acto eleitoral (mesmo
a escassos metros da sede
nacional da Comissão Nacional
de Eleições em Maputo),
detenções, violência brutal,
cortes de abastecimento de
energia eléctrica da rede nacional
e (tentativas de) fraudes.
Para não variar, Unidade de
Intervenção Rápida (UIR)
esteve em evidência em
diversos pontos durante o
processo eleitoral, com episódios
de entrada em actividade
musculada.
Há relatos de agentes da UIR
(polícia antimotim)...
paG 2
correio da manhã • outubro 2018
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política
O ano de 2017
caracterizou-se
por uma
tendência de
aumento de preços
de Janeiro a Abril
Em Gaza, por exemplo, segundo a Renamo, em todas as autarquias, o STAE deu ordem para
que se recolhesse as cópias dos cadernos eleitorais que estão na posse dos delegados
de candidatura, o que a Renamo considera uma tentativa de fraude
As quintas eleições autárquicas
de Moçambique independente
foram, uma vez
mais, caracterizadas por várias
irregularidades, incluindo
atrasos na abertura do
acto eleitoral (mesmo a escassos
metros da sede nacional
da Comissão Nacional de
Eleições em Maputo), detenções,
violência brutal, cortes
de abastecimento de energia
eléctrica da rede nacional e
(tentativas de) fraudes.
Para não variar, Unidade de
Intervenção Rápida (UIR) esteve
em evidência em diversos
pontos durante o processo
eleitoral, com episódios
de entrada em actividade
musculada.
Há relatos de agentes da UIR
(polícia antimotim) terem
lançado gás lacrimogéneo
para dispersar uma multidão
que tentou atacar a casa
de um dirigente político do
partido Frelimo em Nampula
(Bairro da Rex) em pleno dia
durante uma conferência de
imprensa em Maputo.
Durante a conferência de
imprensa, convocada seis
horas depois da abertura das
mesas de votação para as
quintas eleições autárquicas
em Moçambique, a Renamo
denunciou irregularidades
em mesas de votação de autarquias
no centro e norte do
país.
Segundo a Renamo, o primeiro
caso acontece em
assembleias de voto de Maganja
da Costa, na província
da Zambézia, onde os
responsáveis pelas mesas
de voto estão a distribuir
aos eleitores dois ou mais
boletins de voto para votar
na Frelimo, partido no poder.
“As nossas reclamações não
resultaram. A polícia está
a bater nos nossos membros”,
disse André Madjibire,
acrescentando que isto está
a acontecer nas assembleias
de voto de todo o distrito,
que não tem nenhum observador
eleitoral.
De acordo com o membro da
comissão política do principal
partido de oposição
em Moçambique, o segundo
caso está a acontecer em
Dondo, província de Sofala,
onde os presidentes das mesas
de voto estão a entregar
boletins de forma desorganizada.
“Em Dondo praticamente
não há eleições. O nosso
cabeça de lista em Dondo
até manifestou intenção de
abandonar o processo e nós
aconselhámo-lo a continuar”,
afirmou André Madjibire.
No município de Lichinga, na
província de Niassa, a Renamo
acusa o Secretariado Técnico
de Administração Eleitoral
(STAE) de desorganizar
propositadamente a lista de
afectação dos membros das
mesas de votação.
Em Gaza, segundo a Renamo,
em todas as autarquias, o
STAE deu ordem para que se
recolhesse as cópias dos cadernos
eleitorais que estão
na posse dos delegados de
candidatura, o que a Renamo
considera uma tentativa de
fraude.
“Eles querem usar cadernos
fantasmas aqui, já que o
nosso delegado de candidatura
não pode acompanhar
o processo sem a cópia do
caderno”, disse André Madjibire.
Em Tete, segundo André
Madjibire, na Escola EP1 de
Maenda, há casos de eleitores
que não têm o nome
nos cadernos oficiais, mas
os mesmos nomes constam
das cópias dos cadernos que
5ª Eleições autárquicas com numerosas denúncias de irregularidades
de votação, de acordo com
testemunhas citadas pela
Lusa.
Os eleitores que estavam na
fila para votar na Escola Primária
de Pea bruscamente
abandonaram a assembleia
de voto durante a tarde depois
de surgirem rumores
de que estaria a decorrer
uma votação paralela para
as eleições autárquicas.
A RENAMO, denunciou a
ocorrência de várias irregularidades
em assembleias
de voto nas províncias da
Zambézia, Sofala, Niassa,
Tete e Gaza, acusando a Polícia
moçambicana de estar a
favorecer o partido no poder
nas eleições autárquicas.
“Queremos apelar à Polícia
da República de Moçambique
para que deixe
de trabalhar para um único
partido”, declarou André
Madjibire, mandatário nacional
da Renamo junto dos
órgãos eleitorais, falando
Jeu Zango, director da Sala de Mercados do Standard Bank
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5ª Eleições autárquicas com numerosas denúncias de irregularidades
Fonte: Banco de Moçambique
redacção
política
redacção
estão com os delegados de
candidatura.
“Isso significa que há cadernos
fantasmas”, frisou Madjibire.
O Centro de Integridade Pública
(CIP) fez uma cobertura
do processo eleitoral e detectou
irregularidades um
pouco por todo o país.
Em pelo menos quatro municípios,
a CIP reportou que
presidentes de mesa de votação
foram surpreendidos
com boletins de voto extra.
Dois deles foram detidos,
sob alegacão de que os presidentes
estavam a entregar
os boletins de voto extras a
membros do partido governamental
- a Frelimo.
Em Massinga, na província
de Inhambane, o presidente
de uma mesa foi detido por
entregar mais de um boletim
de voto aos eleitores supostamente
do partido Frelimo.
Na Ilha de Moçambique, outro
presidente em Macicate,
foi encontrado com boletim
de voto pré-marcado a favor
do partido Frelimo e foi detido.
A mesma fonte reportou que
em Angoche, o presidente
da mesa 03086-02, no posto
da EPC de Aeroporto foi surpreendido
a entregar a um
membro da Frelimo “uma
quantidade elevada de boletins
de voto” e até aqui
não há informação de que o
mesmo tenha sido detido.
Ainda em Angoche, dois
membros do partido RENAMO
estão detidos nas celas
da PRM, no bairro Namaripe,
acusados de perturbação da
ordem e segurança no processo
de votação. Trata-se
de Mussa Caetano e Francisco
Caetano, sendo o primeiro,
um delegado daquele
partido.
Em Maganja da Costa, Zambézia,
um presidente de
mesa 040158-03 no posto
de votação que funciona
na Escola Primária 3 de Fevereiro
foi surpreendido a
atribuir três boletins de voto
a cada eleitor. Não há confirmação
de que o presidente
tenha sido detido.
“Outras irregularidades reportadas
com frequência
por nossos eleitores é a falta
de nomes nos cadernos
eleitorais”, frisou o CIP no
seu Boletim sobre o Processo
Político em Moçambique.
Em Nyamayabwe, na cidade
de Tete, cerca de 100
eleitores não votaram na
mesa número 05201-02,
que funciona na Escola Primária
de Maenda, porque
seus nomes não constavam
dos cadernos eleitorais. Os
eleitores que exibiam cartões
de eleitores emitidos
no mesmo posto recorreram
ao computador do STAE para
confirmar seus nomes mas
sem sucesso, facto que criou
agitação. Cerca de 15 agentes
da UIR foram accionados,
alegadamente “para repor a
ordem”.
No Município de Chibuto,
em muitas mesas na vila
autárquica, os nomes dos
eleitores não constam de
cadernos eleitorais, levando
centenas a regressar a casa
sem votar.
Na cidade da Beira, muitos
postos abriram com mais de
duas horas de atraso, como
os casos da EP Amílcar Cabral,
EPC do Aeroporto, Escola
Secundária Paulo Samuel
Kankhomba, EPC de Vaz.
Na EPC de Inhamizua uma
mesa só abriu as 11h15. As
causas do atraso são várias,
dentre os quais o atraso na
afectação dos membros da
mesa de voto e a confusão
dos cadernos eleitorais.
No Chimoio, devido a morosidade
no atendimento no
posto de votação de localizado
no bairro Tembwe, eleitores
invadiram uma mesa
durante dez minutos gerando
grande confusão no local.
Devido a confusão, o processo
foi interrompido por mais
de uma hora.
Ainda em Chimoio, um cidadão
foi detido no posto de
votação de Nhamadjessa por
se apresentar embriagado e
fazer campanha a favor da
Renamo no local.
Em Nacala-Porto, dois cidadãos
idosos e portadores
de cartões de eleitores
foram retidos e colocados
cárcere privado pela Renamo
em Nacala Porto, com
alegações de os mesmos
serem trazidos de outros
municípios para votar a favor
da Frelimo em Nacala.
Há um grupo da Renamo
composto por jovens cujo
trabalho é identificar e remover
das filas pessoas que
dizem não residir na cidade.
Entretanto, os alvos desta
busca apresentam cartões
de eleitores válidos.
No início da tarde, a Polícia
“resgatou” os cidadãos
retidos depois de uma
negociação dirigida pelo
comandante local da Polícia,
segundo o CIP.
Esta quarta-feira 3.910.712
eleitores eram aguardados
nas urnas para escolher
presidentes dos 53 municípios
moçambicanos e respetivos
membros de assembleias.
O STAE montou 5.459 assembleias
municipais e recrutou
38.213 membros das
mesas de voto para esta operação.
Estão credenciados cinco
mil observadores nacionais
e 250 estrangeiros e mil
jornalistas nacionais e estrangeiros.
correio da manhã • outubro 2018
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negócios
Inflação em continuou
a descer em Setembro
A infl ação continua a descer
em Moçambique, de acordo
com os dados publicados
pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE) moçambicano.
A infl ação média a 12 meses
encontra-se agora em
4,59%, uma descida relativamente
a 5,04% em Agosto.
A infl ação homóloga em Setembro
foi de 4,89%, quando
em Agosto tinha sido de
5,02%.
Ainda de acordo com o INE,
a infl ação mensal foi de
0,11%, com a infl ação acumulada
desde Janeiro a situar-se
em 2,79%.
Os números constam do Boletim
do Índice de Preços
ao Consumidor (IPC), segundo
o qual o sector dos
transportes foi o que teve
maior impacto na subida de
preços - tal como também
já tinha acontecido em Agosto.
Os valores são calculados
a partir das variações de
preço de um cabaz de bens e
serviços, com dados recolhidos
nas cidades de Maputo,
Beira e Nampula.
frase
A guerra é um assunto demasiado sério para ser confi
ado aos militares
- Georges Clemenceau (1841-1929), político, médico
e jornalista francês
redacção FONTE CANAL DO TEMPO
QUINTA SEXTA SÁBADO DOMINGO SEGUNDA
11 Outubro 12 Outubro 13 Outubro 14 Outubro 15 Outubro
32º 21º 30º 20º 29º 20º
PREVISÃO DE TEMPO
30º 20º 32º 18º
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EDWIN HOUNNOU THANGANI WA TIYANI
opinião
hounnouedwin@gmail.com
Polícia emite
mau sinal
A violência protagonizada pelas
forças policiais contra a caravana
da Renamo, tendo invadido
a delegação e levando consigo,
aos pontapés e cacetadas, mais
de 10 membros, entre menores,
mulheres e homens, é um forte
sinal de que as eleições de 10
de Outubro foram a ferro e fogo.
Aliás, o comandante-geral da
Policia da República de Moçambique,
General Bernardino Rafael,
bem havia avisado ainda
que os visados se comportem
como se nada lhes dissesse respeito.
Não têm que fi car admirados
quando a polícia lhes vai em
cima. Ninguém protestou.
Quem esteve atento às reiteradas
declarações do comandante
da PRM, deve ter percebido que
Bernardino Rafael recomendou
aos políticos para revisitarem a
Lei Eleitoral e o seu cumprimento
escrupuloso. Chamou ainda
atenção especial aos fi scais
e delegados de candidaturas
daqueles políticos que sempre
reclamam que lhes roubaram
votos. O comandante não podia
ser mais claro que isso. Tudo foi
dito por palavras bem acertadas
e o resto é só saber interpretar a
intenção aí subjacente.
Na Vila autárquica do Alto
Molocué, na província da Zambézia,
uma caravana do MDM
foi, igualmente, vítima de pancadarias
pela polícia. A violência
policial contra as caravanas dos
partidos da oposição está a tornar
a maneira corrente de forças
cuja tarefa principal deveria ser
proteger o cidadão, o seu verdadeiro
patrão porque paga imposto
que garante o salário de cada
mês do polícia. Hoje, bater em
membros da oposição, prender,
encarcerar é tão normal quanto
beber de água para a nossa polícia
que se diz equidistante das
forças políticas.
A prática quotidiana desmente
isso e demonstra, de forma inequívoca,
que a Polícia está, altamente,
partidarizada e defende,
com unhas e dentes, o partido
governamental. Não se conhece
nenhum caso em que a polícia
tenha interrompido ou barrado
uma marcha do partido Frelimo.
Até uma simples marcha de professores
ou de qualquer organização
da sociedade civil é recebida
com bastões e cães-polícia
que os esfola e rasga-lhes a carne.
Enquanto isso, uma manifestação
da OMM, OJM ou Continuadores
da Revolução são quecados ao
colo da nossa polícia.
A polícia não age de tal modo
em cumprimento da lei, mas
para satisfazer os apetites dos
que pensa ser os donos do país.
Se até a própria a Renamo, um
partido ainda armado, é sujeito
a essa espécie de sevicias e
humilhações, qual será a sorte
que lhe reserva depois de ser
desarmada? É uma questão
pertinente a ter em conta.
Sem armas para se defender, a
Renamo passará a ser considerada,
aos olhos da polícia e
do partido Frelimo, como PASOMO,
PIMO, os VERDES ou um
desses partidos que pululam
nas nossas cidades. Não se trata
de menosprezar os partidos
que citamos, mas é a nossa antevisão
de como as irão evoluir.
Seria de extrema importância
que a Renamo veja com cautela
os passos que está a dar para
evitar arrependimentos posteriores.
A Renamo sem armas,
fi ca sozinha a Frelimo como
partido armado. Sem equilíbrio
de forças, voltamos à situação
de 1975. É urgente que as
Forças de Defesa e Segurança
parem de apadrinhar a Frelimo
para que todos sejam iguais!
Eish...eish... levei algum
tempo a tomar decisão sobre
o tema a abordar esta
semana no Rancor do Pobre,
porque há vários assuntos
de interesse público em
curso na minha aldeia e no
local de domicílio forçado
pela vida.
Diversos acontecimentos
surgem todos os dias tornando
a selecção complicada,
porque uns têm vida relativamente
curta e outros
nem tanto.
Entretanto, a última hora
decidi lidar com a pobreza
científica de África, um
continente com 55 países
e mais de mil e cem milhões
de habitantes, representando
12 por cento
da população mundial
estimada em mais de sete
mil milhões de seres humanos.
A decisão de lidar com este
assunto surgiu na sequência
da atribuição de prémios
Nobel este ano, evento que
acontece todos os anos
desde Dezembro de 1901
em memória do inovador e
industrialista sueco Alfred
Nobel.
O industrialista sueco
deixou testamento recomendando
que parte
da sua fortuna devia ser
usada para fundo de reconhecimento
de indivíduos
que mostrassem
excelência no trabalho
científico em prol da humanidade
nas áreas de
Física, Química, Medicina,
Literatura e Paz.
A distribuição dos prémios
em forma de certifi cados
de papel e valores monetários
a laureados começou
em Dezembro de 1901 no
quinto aniversário da morte
de Alfred Nobel.
Na altura, quase todos os
países africanos, incluindo
a minha aldeia, eram colónias
de potências ocidentais,
sendo que africanos
nativos eram considerados
cidadãos de impérios ocidentais.
A partir de 1968 foi adicionado
o prémio Nobel de
Economia, passando para
seis o número de prémios
Nobel.
A década de 1960 é considerada
como de independências
africanas, porque
muitos países do continente
ganharam suas liberdades
dos europeus.
Curiosamente, porém,
desde o início da atribuição
dos prémios Nobel
há 117 anos apenas um
negro do pequeno estado
ilhéu de Santa Lúcia ganhou
o prémio Nobel de
Economia em 1979. Nenhum
africano ou originário
ganhou prémio nas
áreas basicamente de Ciência
estabelecidas pelo
inovador e industrialista
sueco Alfred Nobel.
Entretanto 14 negros africanos
ou originários ganharam
premio Nobel de Paz,
o mais recente dos quais é
o médico congolês, Denis
Mukwege, laureado semana
passada.
Mas hoje, em vários países
africanos, incluindo na
minha aldeia, fala-se de
senhores Doutores e de Engenheiros
por todas as esquinas,
só que, na verdade,
África é o mais pobre e mais
analfabeto cientifi camente
do Mundo.
Pobreza científica
em África
Miradouro rancor do pobre
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