Wednesday, June 6, 2018

Rio garante que as setas continuam nos cartões de militantes do PSD, mas admite que marketing vai mudando


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O líder do PSD desvalorizou o desaparecimento das setas do símbolo do partido. Assegura que se mantêm nos cartões de militante, mesmo que o marketing mude: "Serei o último a ferir a história do PSD."

MANUEL FERNANDO ARAÚJO/LUSA
O presidente do PSD, Rui Rio, garantiu esta quarta-feira que o desaparecimento das setas do logótipo do partido em alguns materiais de marketing “não tem significado político rigorosamente nenhum”.
Questionado sobre as denúncias vindas a público esta quarta-feira relativas ao desaparecimento das setas em materiais de comunicação e até do site do partido, Rui Rio desvalorizou a polémica e sublinhou que “não há nenhuma opção política” de alterar o símbolo e lembrou que os estatutos do PSD “não o permitem”.
“Eu sou da fundação do PSD, serei o último a ferir a história do PSD”, realçou Rui Rio aos jornalistas, garantindo que, por “respeito pelos estatutos e pela história do partido, naturalmente que as setas estarão nos cartões de militante, nos boletins de inscrição”.
“Não vamos ser fundamentalistas nem vamos perder tempo com o que tem o valor que tem”, destacou, acrescentando que não pretende “alimentar polémicas no que não é importante para o futuro do PSD e do país”.
Sublinhando que “em tudo aquilo que possam ser documentos oficiais estarão as setas do partido”, Rui Rio advertiu que “há depois uma componente de imagem e marketing que vai mudando ao longo do tempo”.
Esta quarta-feira, a histórica militante social-democrata Virgínia Estorninho denunciou ao jornal Público o desaparecimento das três setas que simbolizam o PSD numa recente remodelação do site do partido e até admitiu organizar um protesto à porta da sede do PSD caso as setas não sejam repostas.
Na imagem de perfil do PSD no Facebook as setas também desapareceram.

A história das setas no símbolo do PSD, contada por Marcelo Rebelo de Sousa

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Quem é o pai do símbolo do PSD? E o que significa cada uma das três setas? Veja como Marcelo Rebelo de Sousa explicou tudo no livro "A revolução e o nascimento do PPD".
Marcelo Rebelo de Sousa no congresso do PSD, em Santa Maria da Feira, em 1996
“Tiraram-nos as setas e enfiaram-nos num quadrado laranja. Não admito isso”, queixou-se Virgínia Estorninho, citada pelo Público, admitindo mesmo convocar um protesto frente à sede, caso as setas não voltem ao símbolo do PSD. O secretário-geral do PSD, José Silvano, admite voltar a acrescentar o símbolo no site do partido.
A propósito desta polémica, recorde o que o atual Presidente da República e ex-líder do partido, Marcelo Rebelo de Sousa, escreveu no livro “A revolução e o nascimento do PPD”, editado pela Bertrand, no ano 2000, baseando-se muito num texto de Pedro Roseta sobre como nasceu o símbolo do partido e as origens das três setas e suas respetivas cores:
“Não menos importante do que a sede, é a imagem básica do Partido, para além da denominação e da sigla, fixadas em Maio. Falta o símbolo definitivo, como falta a cor partidária.
A cor é escolhida ainda em Junho, mas só aparece em documentos do Partido em Julho. É o laranja e a primeira a aventá-lo é Conceição Monteiro.
Trata-se de cor quente, mobilizadora, diversa do vermelho do PCP e do PS e de soluções simpáticas, mas com menos força, como o verde e mesmo o azul.
O símbolo também surge em Julho.
Embora haja múltiplos e alegados pais da ideia, ela pertence sobretudo a Augusto Cid, e a sua mais completa teorização e explicação será feita por Pedro Roseta — desde muito cedo dos ativistas mais bem preparados doutrinariamente — em texto divulgado no Verão de 1974 e publicado no Povo Livre de 4 de Março de 1975.
Vale a pena transcrever esse texto, pelo seu caráter exaustivo e sobretudo pelo que revela das preocupações de legitimação, próprias de um partido novo, e de justificação ideológica, compreensíveis naquela fase hiper-ideológica da instauração da Democracia em Portugal.
Pedro Roseta [n.d.r.: ex-ministro da Cultura de Durão Barroso — que trabalhou diretamente com Francisco Sá Carneiro após a criação do partido] teoriza sobre a raiz antinazi das três setas do PPD.
O título é “As três setas — símbolo do PPD”. O texto explica:
1.  O nascimento de um símbolo:
Tal como outros movimentos, também os partidos sociais-democratas adoptaram, desde o início, diversos símbolos exteriores que pudessem, de forma rápida, sugestiva e uniforme indentificá-los perante o maior número de pessoas.
Assim, durante muitos anos, o Partido Social-Democrata Alemão serviu-se largamente de diversos símbolos, entre eles a bandeira encarnada e o cravo vermelho na lapela.
Mas um novo símbolo, forjado na luta contra o totalitarismo, estava destinado a sobrepor-se aos restantes.
A descoberta, em 1931, de um feroz programa de repressão que os nazistas pretendiam aplicar na Alemanha quando conquistassem o poder, através das famigeradas SA (Secções de Assalto), provocou grande agitação entre a população trabalhadora e o seu partido: o S.P.D. (Partido Social-Democrata Alemão).
Poucos dias depois, em Heidelberg, uma das muitas cruzes suásticas que já então os nazis reproduziam em grande quantidade nas paredes das cidades alemãs apareceu cortada por um traço grosso de giz branco.
Certamente algum trabalhador, cujo nome para sempre ficará ignorado, ao ver o símbolo odiado das forças totalitárias, não se pode conter e resolveu espontaneamente riscá-lo.
Em pouco tempo os sociais-democratas lançaram-se por toda a cidade à destruição das cruzes fascistas. Segundo um testemunho da época, à palavra de ordem: ‘Ao combate, rapazes, cortai o monstro de garras com uma flecha, com um raio!’, o traço tornou-se flecha, e os militantes passavam as noites num verdadeiro delírio. Os adversários sentiram, imediatamente, que alguma coisa ocorria na cidade, abriram os olhos; novas cruzes gamadas apareceram, logo em seguida riscadas pelos sociais-democratas. Os hitleristas estavam furiosos (…) Uma curiosa guerrilha explodiu na cidade’. ‘Após uma semana de luta de símbolos, sobre os muros da cidade, o momento esperado chegou: a proporção entre o número de cruzes riscadas e intactas cresceu a favor dos sociais-democratas’. Três semanas haviam decorrido. Muitos militantes  reconheceram com entusiasmo: “É extraordinário! Cada vez que se vê na rua um signo inimigo riscado, aniquilado, sente-se como que um choque interior: os nossos homens passaram por ali, estão ativos, lutam de facto’.
Entretanto e para alcançar, pela repetição, uma melhor eficácia e acentuar a ideia coletiva do movimento, a seta multiplicou-se por três.
Assim nasceram, pois, as três setas da social-democracia — expressão da luta contra o fascismo.
Significado do símbolo 
Nascidas espontaneamente na luta dos militantes sociais-democratas contra o nazismo, as setas da social-democracia exprimiam muito bem a aliança entre as organizações dos trabalhadores reunidos na Frente de Bronze, a grande organização de luta anti-nazi criada pelo Partido Social-Democrata Alemão: o próprio Partido (SPD); os sindicatos; e a organização “Bandeira do Reich” com as organizações desportivas de trabalhadores. As setas simbolizavam, portanto, os três factores do movimento: o poder político e intelectual; a força económica e social; a força física. O seu paralelismo exprimia o pensamento da frente unida: tudo devia ser mobilizado contra o inimigo comum — o nazismo.
O símbolo das sociais-democracias espalhou-se depois largamente: era dinâmico e ofensivo, significava o avanço do Povo para um futuro novo e diferente. Traduzia bem, de acordo com o pensamento de Edward Bernstein, a importância fundamental do movimento, das conquistas sucessivas e progressivas realizadas por via democrática.
Lembrava aos sociais-democratas as qualidades fundamentais que lhes eram exigidas: a actividade, a disciplina e a união.
Ao símbolo do nosso Partido, as três setas, foram sucessivamente atribuídos outros significados que correspondem, na realidade, às linhas fundamentais do programa do PPD. As setas representam os valores fundamentais da Social-Democracia: a liberdade, a igualdade e a solidariedade; mostram que a democracia só existirá verdadeiramente se for simultaneamente política, económica e social.
Finalmente, as cores simbolizam movimentos e correntes de pensamento que contribuíram para a síntese ideológica e de acção da Social-Democracia: a negra, recorda os movimentos libertários do século passado, a vermelha, lembrando as lutas das classes trabalhadoras e dos seus movimentos de massa, e a branca, apontando os valores do homem, a tradição Cristã e humanista da Europa consubstanciada no Personalismo.
Em resumo, o símbolo do P.P.D. expressa bem a nossa vontade irreversível de ascensão, de caminhada com todos os Portugueses, para um futuro diferente, para a construção de uma sociedade nova, na Justiça e na Liberdade.”
Felipe Azyral
1 h
O Rui Rio tudo fará para destruir o Partido Social Democrata, o desaparecimento das setas é só o início da acção destrutiva que visa dar ao Partido Socialista o poder absoluto que Rio quer entregar de mão beijada ao Amigo António Costa...!
Joaquim Moreira
2 h
Confesso que me preocupa que o Observador, jornal que aprecio e leio desde a primeira hora, se entretenha com faire divers, quando esquece ou omite a crítica que fez a quem que, depois de ter "virado a página da austeridade", e de ter criado muitas expectativas, nos vem agora dizer que não há dinheiro. Não vi a sua resposta, da maior importância e reveladora de que sabe muito bem fazer oposição, divulgada aqui no Observador. Tem um estilo diferente do seu antecessor, mas é igualmente sério, corajoso e competente.
Fernando Fernandes
3 h
Rio começou finalmente a trabalhar.
Já era sem tempo...
Já tirou as setas (demasiado fálico para um partido que se quer deitar com o PS) à esquerda, seguir-se-á o D de Direita.
Vasco Abreu
5 h
Mas, ou muito me engano, ou em vez de laranja as cores do PSD passaram a rosa!
Alexandre BarreiraVasco Abreu
2 h
.....cheira-me mais......a cravo.......!!!!!
Victor ManuelAlexandre Barreira
1 h
Enfim,uma cambada de mangericos!

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