POLÍTICA
05 de Junho de 2018
As autarquias por si só não irão desenvolver a agricultura em Angola. Quem o diz é o director da ADRA, Belarmino Jelembi, entrevistado pelo Correio Angolense.
Para Jelembi, é preciso mais do que simplesmente a implementação das autarquias. “As autarquias podem introduzir um modelo de governação mais próximo dos cidadãos. Mas não são as autarquias que vão criar emprego nos municípios”, disse a este jornal, especificando que o que “cria emprego é a economia”.
“Não são as autarquias que vão desenvolver a agricultura, mas sim o estabelecimento de uma nova abordagem nacional de desenvolvimento económico local”, sublinhou.
O director da ADRA disse ainda ao Correio Angolense que em muitas localidades desconhece-se o papel do Estado. As populações não sentem a presença das autoridades, salvo em ocasiões como a realização das eleições.
“Em vários municípios [de Angola], há uma série de aldeias em que se perguntarmos às pessoas o significado de Estado, a resposta é clara: Para além do polícia que aparece com os partidos políticos na campanha eleitoral, não há mais nada. Portanto, a estrutura e o funcionamento do Estado, em termos de governação local, sobretudo, estão esgotados”, considera Belarmino Jelembi.
Na entrevista, Jelembi, que é confrontado com outras temáticas candentes do actual panorama social e político do país, afirma que “o MPLA impôs a sua vontade” no que diz respeito à legislação sobre o repatriamento dos capitais migrados ilegalmente para fora do país.
“Está à vista de todos que foi aprovado um instrumento para amparar interesses de quem prejudicou o Estado”, indicou, chamando a atenção para algumas contradições na actuação do poder político: “por um lado, o Executivo tem sido rude e implacável na demolição das casas de famílias pobres, alegadamente por terem sido construídas de forma irregular, mas oferece segurança jurídica para quem trouxer o dinheiro comprovadamente desviado do país.”
A corrupção também entrou no roteiro da conversa com este especialista em matérias ligadas à governação local e desenvolvimento. Ele considera que a corrupção mais danosa é que ocorre bem no âmago das instituições do Estado, nomeadamente em relação aos contratos públicos. Por isso, é também aqui que Belarmino Jelembi considera que a grande batalha contra este cancro deve ser mais vigorosa. “Há que apertar na alta hierarquia, porque o resto da sociedade vai acompanhar”, definiu.
Sobre a conversa com Belarmino Jelembi, ver mais no espaço “Grande Entrevista” deste jornal.
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