Director: Ângelo Munguambe l Editor: Egídio Plácido l Maputo, 31 de Maio de 2018 l Ano XIV l nº 806 50,00mT
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Onde a naçãO se reencOntra E Comercial
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PERÍODO
TRIMESTRAL SEMESTRAL ANUAL
Sibindy considera os dois líderes fenómenos na cultura da paz e sintetiza:
Gestão fantoche assusta edil de NampulaPágs. 02
Apesar de tudo Vahanle segue em frente
Dhlakama
morreu cedo
Nyusi
chegou tarde
2 | zambeze | destaques | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, Paulo Vahanle, da Renamo,
eleito na segunda volta da eleição intercalar, diz que está a gerir prejuízos que encontrou
depois da sua tomada de posse na autarquia. Dívidas milionárias, que passam acima de
50 milhões de meticais, construções desordenadas, funcionários “fantasmas”, montes de
lixo, e degradação das vias de acesso são apenas alguns dos problemas que o novo autarca
de Nampula herdou, na sua maioria pouco depois do assassinato do ex-edil Mahamudo Amurane, em
Outubro do ano passado.
“Encontrei o município de pernas para o ar”
- Paulo Vahanle, edil de Nampula
- Há funcionários “fantasmas” e dívidas milionárias contraídas de forma “estranha”
Foi a 18 de Abril do corrente
ano que Paulo Vahanle
tomou posse como o quarto
presidente da autarquia de
Nampula, a terceira maior
cidade moçambicana, na sequência
da vitória na segunda
volta da eleição intercalar
de 14 de Março findo. Volvidos
menos de dois meses,
o novo “homem forte” da
considera “capital do norte”
continua a estudar a casa,
mas conclui que “encontrei
o município de pernas para
o ar”, lamenta.
Paulo Vahanle destaca as
dívidas milionárias, que até
ao momento rondam acima
de 50 milhões de meticais.
As mesmas estão relacionadas,
grande parte, com a
aquisição de 40 autocarros,
a realização de várias construções
[estradas e pontes na
autarquia], fornecimento de
bens e outros serviços.
Refira-se que o maior
valor dessas dívidas destinou-se
à aquisição de 40
autocarros, na altura feitas
pelo malogrado Mahamudo
Amurane, através de um
crédito contraído em 2014
junto do banco FNB-Mozambique
num montante de
mais de 27 milhões de meticais,
cerca de 390 mil euros.
Na verdade, as dívidas
com credores aumentaram
depois do assassinato do
antigo edil, a 4 de Outubro
do ano passado, quando
o país celebrava mais um
aniversário do Acordo Geral
de Paz. Aliás, daí a autarquia
passou a enfrentar
problemas sérios de gestão
e ‘‘barulho’’ entre os vereadores
e o ex-edil interino,
Manuel Francisco Tocova,
que chegou a ser processado
e condenado por dois
crimes, nomeadamente
desobediência e porte ilegal
de armas de fogo, situação
que valeu a sua renúncia do
cargo para dar lugar ao seu
correligionário, Américo da
Costa Iemenle.
“Cada dia que passa aparecem
novas dívidas. Agora
já temos mais nove milhões
com o banco FNB [ que se
adicionam a 41 milhões
desde 2014]. Ainda não
concluímos com o levantamento
da dívida global do
município”, afirmou.
Paulo Vahanle acrescentou
que a edilidade está e
vai continuar a trabalhar
para aferir os reais encargos
e prometeu responsabilizar
os verdadeiros autores, caso
se prove que o município
foi prejudicado intencionalmente
pelos antigos gestores.
Funcionários “fantasmas”
no município
Depois da morte de Mahamudo
Amurane, vindo do
Movimento Democrático de
Moçambique (MDM) o município
passou a conhecer,
diga-se de passagem, uma
autêntica desorganização no
que se refere a gestão.
Por essa e outras razões,
a admissão de pessoas para
o quadro de pessoal da edilidade
passou a ser pouco
transparente e há também,
segundo o edil, funcionários
“fantasmas” dentro do Conselho
Municipal que passam
a receber mensalmente salá-
rios sem trabalhar.
“Levamos as folhas salariais
de dois meses antes da
morte do presidente Amurane
(Setembro e Outubro) e
Março-Abril, estamos a tentar
fazer comparação para
ver as admissões ilícitas,
por um lado, e, por outro,
para ver esses funcionários
fantasmas que recebem os
nossos ordenados”, disse.
Sem avançar o número
dos visados, Paulo Vahanle
assegurou que já orientou
o sector dos Recursos
Humanos para fazer uma
mini-prova de vida para
comprovar os verdadeiros
funcionários da edilidade.
Construções ilegais e
proliferação de quiosques
As construções aumentaram
de forma significativa
desde finais do ano passado,
muitas delas em locais de
risco visível, em diferentes
ruas da cidade de Nampula.
Estranhamente, muitas
das obras foram atribuídas
licenças no intervalo de
Dezembro a Março último,
num período gerido por dois
edis interinos que aguardavam
pela eleição de um novo
timoneiro.
Além de residências e
lojas, algumas por cima de
condutas de transporte de
água e energia, aumentou
drasticamente o número
de quiosques na cidade.
Os mesmos não obedecem
a distância, sendo possível
encontrar num espaço não
superior a cinco metros.
A título de exemplo, estão
os localizados nas avenidas
Eduardo Mondlane
(da Escola Secundária de
Nampula, a Direcção Provincial
do Género, Criança
e Acção Social). Entretanto,
nos bairros suburbanos a
situação é dramática. Há vias
de acesso que cederam a novas
construções, originadas
na era “Tocova e Iemenle”,
ambos membros seniores do
partido de Daviz Simango
que lideraram a cidade de
forma interina.
Entretanto, Paulo Vahanle,
falando ao nosso jornal,
prometeu acções de fiscalização
a curto prazo para
confrontar a legalidade das
mesmas e promete embargar
obras naquela autarquia.
Lixo agenda prioritária
A cidade de Nampula, que
antes concorria à posição
da autarquia mais limpa
do país, de Outubro para
cá passou a viver um saneamento
do meio ambiente
bastante deficitário, na sequência
da falta de remoção
de resíduos sólidos. O lixo
chegou a partilhar as mesmas
ruas com os munícipes,
sob olhar indiferente das
autoridades que culpa(va)
m a falta de equipamentos,
devido a avaria da frota de
viaturas usada no transporte
do mesmo.
Entretanto, há sensivelmente
duas semanas o governo
municipal de Paulo
Vahanle lançou o seu primeiro
trabalho de vulto,
desde a tomada de posse na
primeira quinzena de Abril,
através da campanha massiva
de recolha de lixo.
A campanha que está a ser
liderada pelo edil já identificou
mais de 90 focos críticos
de lixo e mobilizou 21 viaturas
e máquinas pesadas
para o efeito. Paulo Vahanle
diz que não vai descansar
antes que, em menos de três
meses, não veja ultrapassado
o problema.
Refira-se que a campanha
não tem fim-de-semana.
Aliás, quanto mais for descanso
semanal mais é aderida
pelos chefes dos departamentos
e funcionários da
autarquia.
“Queremos combater o
lixo e colocar a nossa cidade
limpa e atraente”, vincou
o edil que, apesar disso,
lamenta as dificuldades relacionadas
com a exiguidade
de meios materiais. Mesmo
sem revelar os montantes e
quantidades de lixo removido
diariamente, Vahanle
fez saber que a operação
é custeada por fundos da
edilidade.
Por outro lado, o edil de
Nampula fez saber que para
breve serão desencadeadas
actividades de tapamento
de buracos e reabilitação de
estradas na autarquia, assim
como reparação dos mais
de 20 autocarros avariados,
cuja manutenção está avaliada
em mais de dez milhões
de meticais.
Trabalhar sem intenção
de voto
Recentemente, a Assembleia
da República aprovou
a proposta da revisão
constitucional. Uma das
maiores novidades na mesma
é que os presidentes
dos municípios passam
a ser eleitos como cabeças
de lista na Assembleia
Municipal, já a partir das
eleições de 10 de Outubro
de 2018. Até aqui a votação
era directa, em boletins
de voto próprios, como
acontecia desde as eleições
autárquicas de 1998.
O edil de Nampula diz que
não “estou a trabalhar para
ganhar voto nas eleições, até
porque o modelo será diferente.
Estou a trabalhar para
o meu povo que confiou no
Paulo Vahanle e na Renamo”,
disse a terminar.
Recorde-se que Paulo
Vahanle antes de ascender
ao cargo de presidente
do Município de Nampula
era deputado e membro da
Comissão Permanente da
Assembleia da República
pela bancada da Renamo, o
principal partido da oposição
do país. Z
Sitoi Lutxeque, em Nampula
O
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 | destaques | zambeze | 3
líder do PIMO (Partido Independente de Moçambique), Yá-qub Sibindy, considera
que o produto desejado da Revisão Pontual da Constituição, ora homologada semana
passada, na sequência dos consensos alcançados entre o Presidente da República, Filipe
Jacinto Nyusi, e o ex-líder da Renamo, Afonso Dhlakama, dependerá sobretudo de uma
implementação efectiva, sob risco de ser mais um acordo para a história.
Sob risco de ser mais um acordo para a história
Revisão pontual da Constituição
dependerá da sua implementação efectiva
- Yá-qub Sibindy, líder do PIMO
Sibindy, falando em entrevista
ao ZAMBEZE ainda
sobre a morte do líder da
Renamo, lamenta o facto e salienta
que Afonso Dhlakama
morre cedo, numa altura que
já se compreendia que não era
um terrorista, ao contrário do
que a Frelimo ao longo dos
40 anos apregoou, do mesmo
modo que Nyusi chega
tarde na lista dos presidentes
que perfilaram no país, com
cultura de política de paz, o
que faz dos dois dirigentes fenómenos
estranhos de mérito
para se estudar.
De acordo com Yá-qub
Sibindy, o Presidente Nyusi,
deve mentalizar que a homologação
da declaração
do entendimento entre ele
e o ex-líder da Renamo,
Afonso Dhlakama, foi na
base de confiança entre os
dois e considerar que o seu
sucesso dependerá tanto da
sua implementação efectiva.
Para Sibindy, o fracasso
dos resultados esperados
com a Revisão Pontual da
Constituição é sempre eminente,
uma vez haver dentro
da Frelimo inimigos da
paz que poderão procurar
semear os pacotes de entendimento
em terra salobre.
Sibindy diz que os mesmos
que sempre foram contra
a paz são os que acusam
Nyusi de querer um Comité
Central, bem como uma
Comissão Política que não
funciona, e de liderança típica
de Dhlakama, defendendo
as suas conclusões, pelo
facto de Nyusi sempre emitir
“recados” algumas vezes em
comícios populares.
Aponta que o problema da
Frelimo foi sempre interno,
dos que procuram combater
tudo o que é oposição, sobretudo
porque a Frelimo sofre
de ganância de tal modo a
perder a marca de libertador
para um partido substituto
do regime colonial.
A luta pela posse dos recursos
do povo cria facções
na Frelimo e enfraquece a
visão e tentativa de Nyusi
de unificar os moçambicanos,
pondo em causa a
independência política e
económica, objectivos pelos
quais lutou-se contra o colonialismo,
considera Sibindy,
assumindo que enquanto
parte dos quadros da Frelimo
encararem a oposição
como inimigo em nada vão
apoiar o seu presidente.
“Este produto da Revisão
Pontual da Constituição que
hoje aplaudimos havemos de
ouvir barulho de novo em
2019 de roubo de votos, mas
isso para rasgar a declaração
de Nyusi e Dhlakama, para
rasgar a Constituição da República
que ontem dissemos
que não há mais conflitos em
Moçambique.
Portanto, o Presidente da
República não tem apoio do
Comité Central, do Conselho
de Ministros, nem
da Comissão Política, mas
posso te confirmar que da
oposição ele tem apoio, do
povo ele tem apoio, e é por
isso que em Caia ele disse
não sei por que os meus
deputados até agora não
avançam, com o meu irmão
Dhlakama falamos que nada
pode falhar no processo de
descentralização. Não vês
que há tendência da Frelimo
querer sabotar? Esquecem
que Nyusi e Dhlakama desenharam
o processo para
trazer a paz que é sinónimo
do desenvolvimento”.
“Contudo tudo está nas
mãos de Nyusi”
Por outro lado, o político
diz que a esperança de
todos é que Nyusi leve a
bom termo os pacotes dos
consensos alcançados com o
ex-líder da Renamo, Afonso
Dhlakama.
Entretanto, estes processos
cobrarão a determinação de
Nyusi e também a necessidade
de este ser compreendido,
facto que nunca foi realidade
desde que dirige os destinos
dos moçambicanos. Aliás,
diz o nosso entrevistado que
mesmo a derrota do candidato
da Frelimo, Amisse Cololo,
nas intercalares de Nampula,
o fracasso foi tributado
a Nyusi, sob pretexto de que
este estivesse interessado em
conhecer o Dhlakama que
dirige o partido.
“O apoio é indispensável
e tem que vir de todos os
lados, e conforme disse o
régulo Mangunde, pai de
Dhlakama, no comunicado
familiar que recebemos,
apesar de ter perdido o filho
tem esperança que o outro
seu filho Nyusi vai dar continuidade
do combinado, e
sentimos uma lição política
do velho, de que a oposição
não é inimigo ou defeito”.
“Dhlakama morre cedo e
Nyusi chega tarde”
Um outro desafio que o
ex-líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, tinha de combater
tanto dentro como fora
do país é a não compreensão
da autenticidade das suas
reivindicações, aponta o
nosso interlocutor, havendo
ainda alguns que até hoje
não compreendem a razão
por que negam considerar
Dhlakama de pai da democracia
no território nacional.
“Dhlakama ao longo da
sua carreira política e militar
foi condenado por vários tribunais,
e até internacionais,
porque era compreendido
como terrorista”, o que, segundo
a nossa fonte, só mais
tarde é que se apercebeu que
não era, tinha uma causa que
era o multipartidarismo, e
mesmo a assinatura do AGP
foi uma forma de interromper
o conflito armado em que
as suas guerrilhas levavam
superioridade em relação às
forças governamentais.
Para Sibindy, a Frelimo
nunca entendeu o que é democracia,
apesar de aceitar
eleições, o que se comprova
pelo facto de nunca aceitar ir
à oposição, mesmo perdendo
nas eleições. No entanto,
Dhlakama nunca assumiu
o poder à força porque lutava
para democratizar a
Frelimo, até entender que
ir à oposição não significa
demérito mas sim um resultado
da democracia.
L ament a o fac to de
Dhlakama perder a vida
numa altura que já era compreendido,
com ascensão ao
poder do actual Governo de
Nyusi, e este também chega
tarde ao poder para dar
lição aos camaradas de que
o partido deve ser moderno
e não absolutista, pois o
absolutismo não é, e nunca
foi característica do partido,
porque a Frelimo não deve
ter medo de mudanças.
“Nyusi é também um fenómeno
por se estudar dos
presidentes que perfilaram
no país. Quando a 6 de
Agosto de 2017 decide ter
com Dhlakama não estava
em causa o chefe de Estado,
mas a vida unipessoal de
Nyusi diante de um Dhlakama
terrorista credenciado, e
tendo Nyusi à mercê podia
se vingar de todos os anos
de roubo de votos e de emboscadas,
e nem a Frelimo
sairia em defesa do Presidente
Nyusi, porque sabia
que Dhlakama era caçado.
Portanto, quando o recebeu
não o vandalizou, não humilhou,
porque era um homem
que sabia o que queria, que
é o que em ciência se chama
democracia, multipartidarismo”,
disse Sibindy.
“Dhlakama lutou pela
democracia e não por
governar Moçambique”
Diz ainda que a morte
de Dhlakama deixou fenómenos
estranhos por se
estudar. Afonso Dhlakama
foi acusado de ter pecado
por receber apoio de regimes
anti-democráticos, contra
os direitos humanos e de
racismo, entrando no país
e lutar por uma causa nobre
que é a democracia.
“Não lhe damos a honra
de pai da democracia porque
não o compreendíamos, é
por isso que até Marcelino
dos Santos chegou a dizer
que nunca iria apertar a mão
de Dhlakama porque não o
compreendia, argumentando
o facto de ter recebido apoio
do regime do apartheid, do
imperialismo, mas ele dizia
que recebeu apoio do apartheid
para a construção da
democracia, e isso é um fenómeno
estranho. Ninguém
compreendia Dhlakama, mas
o teor da sua justificação ao
longo dos 20 anos foi que
estava em choque com os
seus generais e o eleitorado
porque ganhou as eleições e
a Frelimo não o queria deixar
tomar posse, portanto lutava
pela democracia e não para
presidir Moçambique”. Z
LUÍS CUMBE
O
4 | zambeze | destaques | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
om a aprovação da proposta de revisão do Estatuto dos Magistrados
Judiciais pela Assembleia da República (AR), os juízes
poderão passar a dispor nesse diploma legal de alguns dispositivos
que especificamente visam proteger a sua vida e integridade
física ou de ameaças de lesão a estes dois direitos fundamentais
pelo exercício das suas funções.
Incompatibilidades nas medidas de
protecção dos magistrados judiciais *
Importa referir que mesmo
na altura em que não
existia um instrumento
legal específico, aos magistrados
era prestada a protecção
devida sempre que
se mostrasse necessária. Por
exemplo, na altura do julgamento
do “Caso Cardoso”,
ao Juiz Augusto Paulino
excepcionalmente foi concedida
protecção especial.
O mesmo sucedeu aquando
do julgamento do “Caso
BCM” com o Juiz Achirafo
e, mais recentemente,
aconteceu com o Juiz Dimas
Marrôa, aquando do
julgamento do “Caso dos
Aeroportos de Moçambique”.
E não foi preciso que,
a priori, existisse qualquer
instrumento legal específico
para que tal acontecesse.
Situações melindrosas que
aconteceram num passado
relativamente recente ditaram
a necessidade de tal
matéria ser vertida num
instrumento legal, tendo
em atenção que igual tratamento
não foi reservado
também aos finados Procurador
Vilanculos e Juiz
Silica, conhecendo-se a delicadeza
dos processos que
ambos se encontravam a
tramitar. Houve falta de zelo
e necessária ponderação nas
situações fatídicas referidas,
mas não de um instrumento
legal específico. Ou, no
mínimo, existiu dualidade
de critérios por parte
dos órgãos que deviam ter
avaliado as situações em
concreto e solicitado, de
forma excepcional, protecção
especial para aqueles
dois magistrados.
Juízes vêm beneficiando
de protecção
Existindo necessidade,
os juízes, de facto, e em
atenção a circunstâncias
objectivas, têm beneficiado
de protecção, quando
a solicitam às autoridades
competentes e isso é pú-
blico. Contudo, para evitar
que haja dualidade de crité-
rios, o legislador, tendo em
atenção a solicitação dos
juízes, aprovou medidas
concretas de protecção para
estes, mas não conclusivas,
isto por um lado. Por outro,
singularizou as medidas só
para os juízes, sem abranger
também os procuradores e,
quiçá, os agentes policiais
de investigação criminal,
mesmo que estes últimos
possam ser detentores de
meios ou instrumentos de
defesa pessoal. Aliás, os
magistrados também são
detentores de tais instrumentos
quando solicitam
protecção, mas é-lhes concedida
protecção adicional,
pois todo o cuidado é pouco,
como diz a gíria popular.
No entanto, na proposta do
estatuto aprovada, algumas
questões ligadas à má técnica
de produção legislativa
devem merecer uma análise
cuidada. Desde logo, os dois
exemplos ligados ao assassinato
dos magistrados acima
arrolados são elucidativos
de que tanto os juízes como
os procuradores necessitam
de protecção em casos
especiais. Daí que não irá
constituir surpresa se os
magistrados do Ministério
Público, em defesa da sua
classe, também, num futuro
próximo, propuserem
a existência de medidas
específicas que os protejam
ou mesmo de uma lei nesse
sentido. Se tal acontecer, o
que é expectável e até se justifica,
estar-se-ia constantemente
a alterar diplomas
legais, mesmo antes destes
terem sido suficientemente
aplicados e verificar-se a sua
eficácia. É que o Estatuto
dos Magistrados do Ministério
Público foi recentemente
revisto e aprovado
pela Lei n. ° 4/2017, de 18
de Janeiro. Significa que, em
termos práticos e de economia
legislativa, dever-se-ia
produzir uma lei única em
que se salvaguardasse a
necessidade de protecção
dos magistrados judiciais e
do Ministério Público, pois
ambas são magistraturas,
nenhuma superior a outra.
Convivem com os
mesmos perigos
Embora paralelas e uma
independente (a judicial) e
outra autónoma (a do Ministério
Público), convivem
com os mesmos potenciais
perigos e, por conseguinte,
os seus integrantes têm a
mesma necessidade de protecção.
Ademais, a Constituição
da República protege
a vida e a integridade física
dos cidadãos na mesma
medida e prevê que todos os
cidadãos são iguais nos termos
da lei. Neste processo,
há que tomar ainda em conta
a Lei n.º 15/2012, de 14 de
Agosto (Lei de Protecção de
Vítimas, Denunciantes, Testemunhas,
Declarantes ou
Peritos em Processo Penal),
que desde a sua aprovação
não está a ser implementada:
por que não acoplar a esta lei
questões referentes à protecção
dos juízes, e já agora
também dos procuradores,
que estejam a investigar
casos de extrema complexidade,
tendo em atenção a
matéria dos autos e os agentes
envolvidos? Dessa forma,
estar-se-ia a contribuir para
a não dispersão de legislação
a tratar do mesmo objecto.
Ter-se ia, por conseguinte,
um único sistema ou regime
jurídico de protecção,
dividido em capítulos ou
secções específicas, tendo
em atenção a qualidade dos
sujeitos a quem se dirigem
as medidas e atendendo a
nuances próprias. Não Existe
na Proposta do Estatuto
dos Magistrados Judiciais
Recentemente Aprovada a
Indicação de Situações Concretas
a Merecer Protecção
Para além dos factos acima
arrolados, a proposta do estatuto
aprovada não se refere
a situações objectivas que
devem merecer a concessão
de medidas de protecção dos
juízes, nem mesmo de forma
indicativa. No n.º 1 do artigo
53 A refere-se a “razões
ponderosas” e que, como
tal, cabem subjectivamente
na análise do Presidente do
Conselho Superior da Magistratura
Judicial (CSMJ).
Em termos práticos, está-se
a conceder uma espécie de
“carta-branca” para que de
forma subjectiva o Presidente
do CSMJ avalie ou decida
per si, as situações que julgar
convenientes para que seja
concedida alguma medida
de protecção. A dualidade
de critérios já referida e que
conduziu ao assassinato dos
dois magistrados poderá
repetir-se na medida em que
a avaliação a ser feita pelo
Presidente do CSMJ não é
infalível.
Avaliar situações não
previstas
Pelo que se poderia, em
termos de “numerus abertus”,
isto é, sem ser de forma
exaustiva, mas indicativa,
depois de exauridas as medidas
a elencar ou enumerar
na lei, de forma objectiva,
colocar-se a possibilidade
de existirem outras situações,
não previstas, e que
caberiam na ponderação
da entidade concedente
avaliá-las com vista a decidir
sobre a necessidade
de se conferir protecção a
um juiz em concreto e seus
dependentes directos. Sendo
assim, situações ponderosas
devem ser analisadas caso a
caso, mas existem aquelas
que são objectivas e devem
estar plasmadas na lei e cuja
concessão deve ser de carácter
obrigatório, verificados
determinados pressupostos
para evitar subjectivismos
que poderão ser perigosos
e fatais.
Recomendações Atendendo
aos factos acima arrolados,
propõese: 1. Que
seja produzida uma única
lei de protecção que abranja
os magistrados; 2. Que
na futura lei de protecção
dos magistrados (judicias
e do Ministério Público)
sejam colocadas de forma
objectiva as situações que
mereçam protecção especial;
noutras situações poderá
ser concedida protecção, aí
sim, se “razões ponderosas”
o justificarem, numa análise
concreta, contribuindo para
que a avaliação dos casos
que mereçam a concessão de
tais medidas não comporte
elementos subjectivos que
poderão conduzir à existência
de dualidade de critérios;
3. Que pelos motivos referidos
e que podem tornar a
lei ineficaz, e outros que se
venham porventura a constatar-se
durante a análise
para a promulgação da lei, o
Presidente da República não
promulgue o novo estatuto
dos magistardos judiciais,
apondo-o o necessário “veto
político” e devolvendo-o à
proveniência.
*Texto do CIP, título e
subtítulos da responsabilidade
do Zambeze Z
C
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 | Destaque | zambeze | 5
presidente do Conselho Municipal de Quelimane, Manuel de
Araújo, defende que não há dúvidas que a convivência polí-
tica entre a figura do governador eleito e do administrador
indicado pelo ministro que tutela a Administração Estatal
será conflituosa até 2024, à luz do pacote legislativo sobre a
descentralização ora acomodado na Constituição da República.
Polícia da República de Moçambique (PRM)
diz estar a perseguir os suspeitos de terem
decapitado 10 pessoas, no domingo, no Norte
do país, e que serão membros de um grupo
com ligações ao radicalismo islâmico que tem desestabilizado
a região. A PRM diz tratar-se de grupos bastante
fragilizados e que estão a intentar acções esporádicas
próprias de desespero, depois de uma parte do grupo ter
sido capturada nos meses passados, graças a intervenção
das Forças de Defesa e Segurança.
Alerta Manuel de Araújo
Decapitaram dez pessoas em Macomia
Convivência entre governadores eleitos e
administradores indicados será conflituosa
“Grupos fragilizados” aterrorizam populações
Manuel de Araújo foi
orador numa conferência
internacional sobre mudanças
climáticas nesta
semana, na capital do país.
Em entrevista ao Zambeze,
De Araújo disse que o pacote
legislativo sobre o processo
de descentralização
do poder a nível local foi o
que se conseguiu alcançar
do momento.
“Este pacote legislativo
sobre a descentralização tem
aspectos positivos e negativos,
os aspectos positivos é
que vamos ter governadores
eleitos, a partir do próximo
ano, isso é bom, é positivo,
é de saudar. Tem a questão
dos administradores que vão
ser eleitos a partir de 2024,
o que é de saudar, apesar de
achar que deviam ser eleitos
a partir do próximo ano”,
disse De Araújo.
Dos aspecto negativos,
de acordo com Manuel
de Araújo, é a retirada
da prerrogativa do povo
moçambicano poder eleger
o seu presidente do
município.
“Agora é o partido que
indica, eu acho que há um
erro aí, e um retrocesso,
mas como se tem dito nem
“Foram 10 concidadãos que
perderam a vida, depois de terem
sido atacados com catanas,
perto da localidade de Olumbi,
a 45 quilómetros da sede do
distrito de Palma”, referiu Iná-
cio Dina, porta-voz da Polícia
da República de Moçambique
(PRM), em conferência de imprensa,
em Maputo.
Os crimes aconteceram em
povoações situadas no meio
rural, no meio do mato, sem
electricidade nem outras infra-estruturas
e em dois momentos
distintos.
Este é um grupo que foi amplamente
fragilizado, e o que
está a se assistir é um total
desespero do mesmo em tentar
buscar algum protagonismo cometendo
estes casos hediondos.
Segundo o porta-voz da Polícia,
foram 10 pessoas que
perderam a vida. Foram tiradas
a vida com recurso a
armas brancas do tipo catana.
Das vítimas encontram-se dois
adolescentes de 15 e 16 anos de
idade que foram assassinados
quando se deslocavam para as
suas actividades habituais de
caça a ratazanas.
“A Polícia quando tomou conhecimento,
em conjunto com
as outras forças posicionadas
naquele ponto do país iniciou
um processo de perseguição
que está a decorrer até então. A
Polícia diz que ainda está a caçar
este grupo de indivíduos para os
colocar na prisão e responsabilizá-los
de forma copiosa como
tantos outros em número que
chega a 300 já foram colocados
na barra do tribunal”, refere.
A PRM não confirma tratar-se
de grupos radicais ligados ao
Al-Shabab ou ao grupo Estado
Islâmico e diz preferir tratá-los
de bandidos. Entretanto, afirma
que alguns que até aqui já foram
sempre se pode ganhar
tudo”, lamentou para de
seguida acrescentar que “é
aquilo que se consegue ter
neste momento”.
Conforme deixou transparecer
Manuel de Araújo,
o recente acordo político
ao mais alto nível chancelado
pela AR foi feito
detidos tiveram a oportunidade
de explicar quem são e o que
pretendem.
Segundo o porta-voz da
PRM, os assassinatos aconteceram
no dia 27, depois de se ter
assistido a movimentos deste
grupo no meio das comunidades
da aldeia 25 de Junho, em
Palma, e na aldeia Monjane. Os
dois adolescentes foram encontrados
juntamente com outras
três pessoas na aldeia 25 de
Junho e as outras cinco vítimas
foram encontradas na aldeia de
Monjane.
O porta-voz da PRM afirma
que os resultados do facto de se
ter visto os membros daquele
grupo nos dias 26 e 27 são visíveis
em relação a acções das Forças de
Defesa e Segurança contra este
grupo. As acções estão a acontecer
dentro de algumas comunidades
e os residentes daquelas
aldeias viram e há apelos para que
os residentes denunciem este tipo
de movimentações.
sobre “pressão” do relógio
das próximas eleições autárquicas
e gerais, e, nesta
senda, De Araújo confessa
que “estou com receio
que essas venham a ser as
eleições mais violentas em
Moçambique, espero estar
errado”.
Aliás, Manuel de Araújo
junta-se às vozes da opinião
pública que vaticina
que a convivência entre
governadores eleitos e administradores
indicados
pela figura do ministro da
Administração Estatal “vai
trazer conflitos, não há
dúvidas quanto a isso (…)
mas pronto”.
Recorde-se que a partir
das eleições de 2019 os
governadores provinciais
passam a ser eleitos como
cabeças-de-lista dos partidos,
coligações de partidos
políticos ou grupos de
cidadãos eleitores.
Entretanto, os administradores
distritais também
passarão a ser eleitos nas
eleições de 2024, na fase de
transição os mesmos serão
nomeados pelo ministro
da Administração Estatal,
depois de consultado o
governador da província. Z
“O que nós assistimos no dia
27 é uma acção esporádica, e
esta é a forma como este grupo
bastante pequeno tem vindo a
agir. Mas o nosso comprometimento
é claro e pelos números
que apresentamos significa que
as nossas acções são visíveis,
mas não deixamos de condenar
este acto e de forma contínua e
incessante estamos no terreno
para debelar este grupo”, disse
Dina, para quem desde o primeiro
minuto a PRM reforçou
o seu efectivo.
De acordo com Dina, as acções
destes grupos afiguram-se
um total desespero e ausência de
apoio de qualquer comunidade
nas regiões onde esses actos
estão a acontecer.
Alguns estudos apresentados
semana passada indicam que os
grupos extremistas eram vistos
sendo treinados por ex-agentes
das FDS expulsos, desde 2015,
naquela região, e na altura as
autoridades policiais foram
alertadas sobre a existência dos
mesmos.
Segundo os mesmos estudos,
aqueles grupos há três anos já
vinham cometendo alguns actos
de sevícias aos líderes comunitá-
rios locais. Z
DÁVIO DAVID
Constantino Novela
O
A
6 | zambeze | opiNião | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
RENAMO: Não contribui para ter maior adesão de
eleitores nas mesas de voto quando se apregoa “fraude”
ábado de manhã
(26.5.2018)
f o i u m d i a
ame no p ar a
a “Cidade das
Acácias Vermelhas”: 30
graus centígrados.
O ardina do velho
“Notícias” deixa-nos o
exemplar como habitualmente
debaixo da porta
de manhã cedo, já que
aos fi ns-de-semana “todo
mundo” zarpa na sexta-feira
para os bairros periféricos
e para a cidade da
Matola. Por isso o “Notí-
cias” reduz a tiragem de
vendas na rua. Aí se põe
com maior acuidade a
colocação de “Agentes de
Venda de Jornais” nos novos
bairros, assim como
novos serviços com “Esquadras
da Polícia”, etc.
Os dirigentes nesses
bairros e distritos deveriam
dinamizar este processo
de venda de jornais em
todas as províncias, não
obstante reconhecer que
por causa das tecnologias
num mundo virtual como
o da internet o jornal pode
ser “assinado” por essa via.
A vantagem do jornal
em papel é que, depois
de lido na Administração
do Distrito da Localidade
ou Posto Administrativo,
pode ser remetido
à “Biblioteca da Escola”
ou Municipal. Tendo juventude
que lê o país vai
ter povo devidamente
informado… “Homem
informado vale por dois!”
Sábado de manhã, dizí-
amos, com um dia ameno,
decidimos escutar a
“Linha Directa” da RM
(Rádio Moçambique), na
qual participaram representantes
da FRELIMO,
da RENAMO e com a
“gazeta” do MDM, mas
que contou, outrossim,
com a presença do representante
do STAE e da
PRM. A “Linha Directa”
é um dos espaços nobres
na nossa estação emissora,
ocupando desde as 9
horas até às 11 horas.
Os debates suscitaram-nos
preparar esta maka
para as tuas incomodativas
MAPUTADAS, no teu
Grande Rio ZAMBEZE.
Autárquicas nos 53 municípios:
RENAMO: Não
contribui para ter maior
adesão de eleitores nas
mesas de voto quando se
apregoa “fraude”.
Foi durante os calorosos
debates que o representante
da RENAMO, depois da
análise ao processo, insistiu
várias vezes, apresentando
um cartão de um eleitor que
levava na “Linha Directa”
sem fotografi a.
Um ouvinte ripostou
dizendo que a RENAMO
não devia se preocupar
com a falha num cartão
para desacreditar todo o
processo, que segundo o
representante do STAE se
situou em 90% com distritos
municipais com autarquias
e municípios que
ultrapassaram as “metas”
previstas.
Por isso, em nosso modesto
entender, a RENAMO
deveria mudar
o discurso de “fraude”,
porque isso leva, amiúde,
muitos eleitores a fi carem
em casa no dia da votação
com o argumento: “estes
não se entendem, porquê
vou lá votar?”
Todos os partidos e a
sociedade civil em geral
deveriam usar um
discurso cativante para
mobilizar os eleitores para
as mesas de votação nos
53 municípios, no dia 10
de Outubro de 2018, e
não se refugiar em todos
os debates com a “técnica”
de mentir várias
vezes (transformando a
mentira, uma vez repetida
constantemente, como
verdade).
Como “insistir” nos
males do processo, quando
a RENAMO está representada
em todo o
processo de recenseamento,
desde a CNE, o STAE,
“mesas de recenseamento
eleitoral” através do seu
“fi scal” ou “fi scais”?
Se por um lado a RENAMO
não deve usar os
velhos truques de que a
FRELIMO está a preparar
uma fraude, truques
que o MDM também já
“assimilou” – “tal pai,
tal fi lho” - não é menos
verdade que partidos Ex-Parlamentares
não podem
esperar de “boleia”
para ter seus membros
nas Assembleias Municipais…
A malta “Sibindy”,
Juma, etc., terão de realizar
um trabalho profícuo
para estarem representados
nas Assembleias
Municipais, esperar da
“boleia” é um suicídio
político.
Já que o recenseamento
eleitoral terminou com
êxito, gostaríamos que
todos os partidos pautassem
por uma conduta
responsável nas suas afi rmações,
sobretudo agora
que foi aprovado pela
“Casa do Povo” o “pacote”
da Descentralização com
a aprovação da “Revisão
Pontual da “Constituição
da República de Moçambique”,
no dia histórico
“24 de Maio de 2018”,
com aqueles abraços todos,
o que foi e é elogiado
pelo Povo Moçambicano.
Finalmente, apelamos
aos jornalistas que pautem
pela ética e deontologia
neste momento, pois
alguns títulos de jornais
são caracterizados por
verdadeiras “encomendas”.
Algumas dessas entrevistas
são facilitadas
pelos entrevistados, que
alguns jornalistas - diríamos
mais “mercenários”
que jornalistas - vendem
o seu “peixe” para irem
buscar os dólares de quem
encomendou.
Veremos isto a suceder
em catadupa até de 10 de
Outubro de 2018, sobretudo
agora que alguns
estavam supostamente
prometidos a “lugares”,
que com a morte de Afonso
Dhlakama se transformaram
em “autênticos”
órfãos, não tendo mesmo
“material de capa” para os
seus pasquins.
Aprendam de Mariano
de Araújo Matsinhe, o
histórico da FRELIMO,
quando há tempos disse
mais ou menos a um
jornalista: “não ponham
essas palavras na minha
boca!...”
Há, pois, que separar o
trigo do joio e os lobos das
ovelhas!
E mais para semana… Z
Ma P U T a d a S Francisco Rodolfo
Os debates
suscitaram-nos
preparar
esta maka
para as tuas
incomodativas
MAPUTADAS,
no teu Grande
Rio ZAMBEZE.
Autárquicas nos
53 municípios:
RENAMO: Não
contribui para
ter maior
adesão de
eleitores nas
mesas de voto
quando se
apregoa
“fraude”.
Autárquicas nos 53 municípios
S
• Representante da Renamo na “Linha Directa” da RM apresentou um “Cartão de Eleitor” sem fotografi a
• Partidos Ex-Parlamentares não podem esperar de “boleia” para ter seus membros nas Assembleias Municipais
FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA
FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA
FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA
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FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA Z E FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA ambEZ Onde a naçãO se reencOntra
FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA FICHA TÉCNICA
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FICHA TÉCNICA
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Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 | opinião | zambeze | 7
assunto da segurança pública está hoje na ordem do nosso
editorial. Afinal ele vai servir para aquilatar o comportamento
dos nossos homens da lei e ordem, e porque não
desordem(?)- questionarão uns. Quarenta e três anos de
institucionalização da Polícia da República é obra. Idade de reforma(s)
e sobretudo de passar o testemunho às novas gerações.
Segurança pública. Realmente, na amplitude do horizonte dos direitos
humanos, os instrumentos que devem assegurar a segurança do
povo assumem papel relevante. E essa segurança deveria encontrar,
nos órgãos policiais, que constituem a primeira linha no combate à
criminalidade, o seu principal ponto de apoio.
O homem comum, seja desta ou daquela classe social enquadrado
nas estatísticas no grau de riqueza, de pobreza ou de instrução,
quer que os seus filhos possam ir à escola sem temor; quer ir para o
trabalho ou desfrutar do lazer sem preocupações maiores com a sua
segurança ou a dos seus. Entretanto, diante das reconhecidas omissões
do Estado nesse sector, as classes alta e média alta albergam-se nos
condomínios fechados e na falta de meios para se socorrer de uma
segurança privada, os demais sectores da sociedade expõem-se aos
riscos da violência oriunda do desemprego e pela miséria, quando não
pela própria Polícia, o que não é incomum. Afinal não são poucos os
relatos de abuso perpertrados pelos gendarmes.
Na verdade, a segurança pública não é apenas uma questão de
Polícia. Mas, sem dúvida, cabe a ela uma participação relevante na
preservação e na manutenção do que poderíamos chamar de paz
pública, entretanto, esta, nem sempre atende às necessidades da
sociedade, relativamente à sua segurança, e pelo contrário, usando
modelos esgotados, os agentes da lei e ordem acabam criando pânico
nas populações.
Pois bem, a actuação policial nas periferias alterna atitudes opostas,
e aparentemente descoordenadas. Na maior parte do tempo, os agentes
agem com violência, e noutras ausentam-se por completo, assistindo
impassíveis a actos bárbaros.
Os relatos não são encorajadores. A Polícia peca por muitos defeitos.
Por várias vezes nos referimos neste jornal às constantes e desnecessárias
rusgas na zona do Estrela Vermelha, em Maputo, local onde os agentes
para ali destacados (nunca se sabe se por iniciativa própria) revistam
grosseiramente sacolas, sobretudo para roubar (o termo ajusta-se bem)
telefones e outros tipos de aparelhos dos jovens que por aquelas bandas
pululam à busca da côdea. O Estrela Vermelha é apenas um exemplo
de tantos outros. Xipamanine, Munhava e Brandão, noutros cantos do
país, servem para mostrar o espectro da desgraça policial.
Mas claro, nem tudo são espinhos. O trabalho da Polícia noutros
ângulos merece respeito. Merece admiração, porque muitas e variadas
gangs foram desmanteladas nos últimos tempos. Mas, e lá estamos nós,
apesar deste momento de euforia democrática, contudo, não podemos
olvidar de aprimorar as nossas instituições. Sobretudo esta que vela
pela segurança pública. A manha e a astúcia da Polícia já são velhas
conhecidas das pessoas É hora de uma mudança drástica e inadiável na
ideologia, na organização e nos métodos de trabalho dos nossos agentes
policiais. Na comemoração dos 43 anos da PRM, aventuramos com este
editorial, no sentido da necessidade de um debate dos mais profundos e
importantes para a sociedade na actualidade, ombreando com as dívidas
ocultas e a necessidade da paz duradoira. Às ORDENS Comandante! Z
Nova ideologia e
organização policial
recomenda-se
x
Por Cipriano Siquela
siquelacipo@yahoo.com.br
Congregações
de conduta duvidosa
inguém disse que adorar a Deus constitui pecado, muito
pelo contrário, mas o que se assiste nos dias correntes é
de bradar aos Céus. É que igrejas existem pelo país fora
que a coberto da fé parecem sair da órbita do Altíssimo,
praticando actos que até O desagradam.
De visita à província de Sofala, o chefe de Estado criticou as Igrejas
que proíbem os petizes de se fazerem à escola, tomar banho e
de buscar pela assistência sanitária nos hospitais. Em Cheringoma,
Filipe Nyusi, apesar de reconhecer a laicidade do Estado moçambicano,
asseverou que o Estado não está contra a religião. Afinal é o
ópio da alma! Reconheceu que no país há religiões que até possuem
escolas, hospitais, universidades…, agregando mais sentido no desenvolvimento
do país, apelando a essas pessoas para abandonarem
as atitudes nocivas, porque todos auguramos viver em harmonia,
paz e em saúde. “Não nos obriguem a encerrar Igrejas”. Apelo do
chefe de Estado!
Há com cada Igreja! Habituado a paz espiritual e longe das suas
contemplações corriqueiras, o Olhar de Lince vivifica o posicionamento
do timoneiro do barco moçambicano. Certo dia, convidado
por um amigo para a fé do Senhor, qual não foi o meu espanto! No
meio do culto há uma velada intimação para que todos aqueles que
não tivessem indumentária a condizer com os ditames da fé da Igreja
em questão saíssem do culto! Mas afinal a fé é a indumentária? Porque
era o primeiro dia da minha presença, quiçá dos tantos que viriam
à frente, ao me dirigir à porta de saída, eis que sou convidado ao
púlpito para me apresentar e justificar os motivos de “tanta falta de
respeito pela indumentária da Igreja”, porque os outros, esses eram da
casa e sabiam de antemão que sem vestimenta a convir em nenhum
momento podiam pensar em entrar naquela casa do Senhor! Não
me fiz de rogado, lá me avizinhei do púlpito com o fito de aclarar
que não tinha conhecimento da obrigatoriedade daquelas vestes que
representavam a fé em Deus, afinal era o meu dia primeiro, o que
me valeu o perdão e a santa permissão de permanecer a orar com os
irmãos evocando a boa fé daquela Igreja, mas não antes de algumas
advertências em frente de todos com a recomendação de vestir a
rigor no próximo culto. Ao que nos levam algumas congregações.
Meu Deus!
As observações do alto magistrado da Nação trazem-me à memória
certa congregação que a todo o custo arvora a procriação das ovelhas
do Senhor! Conta-se que o representante do Altíssimo dá sinal
para o apagar das luzes e todos devem se apresentar como vieram ao
mundo e zás… Depois, outro sinal dá indicação de trajar conforme
se entrou no templo para o fim do culto! Aonde chegamos!
Estas e outras práticas menos dignas nas nossas igrejas são de todo
condenáveis. Não foi por acaso que estas mereceram a censura do
chefe de Estado porque lembram o… Mas que igrejas existem no país
com bons princípios, isso não se pode negar! Como também existem
aquelas que desvirtuam a palavra de Deus para fins inconfessáveis.
Essas são censuráveis, até pode-se tomar medidas para estancar o
alastramento de actos abomináveis na sociedade.
Lembro-me de uma congregação, lá pelas bandas do Município
da Matola, que não cessava de incomodar o merecido descanso da
vizinhança com música ao alto 24/24 horas, dificultando o recobro
das forças para outro dia de trabalho. Música e não cânticos. Ainda
se fossem cânticos! Moçambique precisa de desenvolver com pessoas
com mente saudável! Um dia, cansado de tanta insónia, um destemido
vizinho foi vandalizar a aparelhagem e cadeiras da congregação.
Talvez não fosse a melhor forma de resolver o problema(?).
Pela fé em harmonia, paz e em saúde!
Tenho escrito! Z
Olhar de lince
N
O
Editorial
8 | zambeze Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
ALMADINA Sheikh Aminuddin Mohamad
| opiNião |
Não o tratemos como se fosse mais
um Ramadhaan
raças à Deus
fomos abençoados
com
mais um Ram
a d h a a n ,
pelo que devemos ser gratos
ao nosso Criador por nos ter
dado mais uma oportunidade
para viver e experimentar
as bênçãos e misericórdias
de mais um abençoado mês,
tendo em conta que Deus
declarou este como o melhor
dos meses do ano.
Infelizmente alguns de
entre nós muçulmanos, encaramos
este mês numa
perspectiva algo errada,
como se Deus existisse apenas
no mês de Ramadhaan.
Equivocamo-nos achando
que só neste mês devemos
ser melhores muçulmanos,
entregando-nos ao desleixo,
à libertinagem e à devassidão
nos restantes onze meses do
ano, e quando de repente
nos apercebemos que ele
está de volta, aí estamos
de novo tentando ser bons
muçulmanos.
Tratamos o mês de Ramadhaan
como se de um
período de saldos no supermercado
se tratasse, e
aí queremos açambarcar
todos os produtos que o
nosso Criador colocou em
promoção neste mês.
É verdade que não há
mal nenhum em querermos
capitalizar todos os
benefícios que este mês
nos oferece, mas também é
desejável que não sejamos
hipócritas, ou daqueles que
normalmente não compram
nada durante o ano,
ficando à espera do perí-
odo de saldos que ocorre
apenas uma vez por ano, e
assim comprarmos coisas
baratas, em promoção.
Se o Isslam não nos ensina
isso, por que razão então
os que assim agem tentam
encher os seus carrinhos de
compras com boas acções
apenas no mês de Ramadhaan?
Por que razão se
portam como hipócritas que
só compram por causa das
recompensas adicionais, ao
invés de o fazerem durante
o resto do ano, agradando
assim ao Criador?
Sem dúvidas que a maior
parte de entre nós muçulmanos
observamos o jejum do
Ramadhaan por causa das
recompensas acrescidas que
o nosso Criador prometeu.
Prova isso o número de
frequentadores que se fazem
às mesquitas ao longo dos
29 / 30 dias de Ramadhaan,
comparativamente ao número
dos que as demandam no
primeiro dia do mês seguinte
(Shawwal). Por outras palavras,
o número de frequentadores
das mesquitas decresce
substancialmente quando o
mês de Ramadhaan chega
ao fi m. E aí surge a pergunta:
para onde é que foram os
crentes que durante mais de
quatro semanas superlotavam
as mesquitas? Por onde
eles andam, terminado o mês
de Ramadhaan?
Será que o mesmo vento
que desfraldava os lenços
nas cabeças das adolescentes
e jovens muçulmanas que
apareciam bem distintas
envergando o hijab (vestimentas
sóbrias), soprou forte
para os homens fazendo-os
desaparecer?
No mês de Ramadhaan
vemos os homens isslamicamente
bem vestidos, e as
mulheres vestidas com sobriedade,
mas infelizmente,
depois do Ramadhaan tudo
isso voa, como se tivesse sido
arrasado por algum furacão.
O mês de Ramadhan é
uma dádiva de Deus aos
crentes, pelo que devemos
tirar dele o máximo proveito,
aumentando as boas acções,
bem como os actos de adoração,
ao mesmo tempo
que tomamos tudo o que
for possível dos tesouros do
nosso Criador, pois quem
não tira o melhor proveito
deste abençoado mês, esse é
um verdadeiro perdedor, um
desgraçado.
A grande questão que se
coloca é: afi nal todos os dias
da nossa vida não são uma
dádiva do nosso Criador?
Não devíamos tratar todos
os dias como se fossem os últimos
dias das nossas vidas?
Para além de neste mês as
nossas recompensas se multiplicarem,
nos abstermos de
comida e bebida, fazermos
tarawih, procurarmos a noite
do Al-Qadr na última dezena
do mês, e abstermo-nos
de alguns actos permitidos, o
mês de Ramadhaan é igual a
todos os outros meses. Aliás,
os outros onze meses do ano
deviam ser mais importantes
na vida de cada crente, já que
é nesses meses que temos
que lutar contra Satanás.
Portanto, devemos ser mais
activos e mais cautelosos
com a presença de Satanás -
o amaldiçoado - que sempre
procura a nossa desgraça.
É durante esses onze meses
que ele tira maior proveito
das nossas fraquezas.
O Ramadhaan está connosco,
e é nosso. Ma só
podemos considerá-lo nosso
se cumprirmos com todas as
suas exigências, pois de contrário
não podemos reivindicar
que seja nosso. E assim
passará como passaram todos
os anos antes deste, sem
qualquer signifi cado para as
nossas vidas, deixando-nos
resvalar ainda mais para uma
profunda desgraça, para
um abismo e degeneração
espirituais.
Mas se cumprirmos com
as exigências do mês de Ramadhaan,
isso remover-nos-á
da decadência espiritual
em que nos encontramos,
elevando-nos ao mais alto
grau de regeneração espiritual.
O mês de Ramadhaan é
uma grande oportunidade
de nos voltarmos para Deus
através do belo acto de arrependimento.
Se a pessoa não aproveita
e se arrepende no mês de
Ramadhaan, mês de perdão
e salvação, então quando é
que se arrependerá?
Se no passado deixamos
escapar as oportunidades
de arrependimento, então
temos mais esta. Aproveitemo-la.
Não há pessoa mais infeliz
do que aquela que o mês
de Ramadhaan encontra,
e decorridos 29 / 30 dias
vai-se, sem que essa pessoa
consiga obter o perdão do
seu Senhor, continuando
carregado de fardos e fardos
de pecados, como estava
antes do Ramadhaan. Z
G
temente, muitos falantes
de ronga quando querem
dizer “adiar” dizem “kuthindheka”,
quando em ronga
adiar é “kusivuka”. A lista
de empréstimos escusados
é enorme e não são feitos só
no xangana, mas também
noutras línguas, sobretudo
no português e inglês.
A lista de empréstimos
escusados é
enorme e não são
feitos só no xangana,
mas também noutras
línguas, sobretudo no
português e inglês.
No mês de
Ramadhaan
vemos os
homens
isslamicamente
bem vestidos,
e as mulheres
vestidas com
sobriedade,
mas infelizmente,
depois
do Ramadhaan
tudo isso voa,
como se tivesse
sido arrasado
por algum
furacão.
Nem em ronga nem em xirhonga, nem em xirzohga nós não nos entendemos, vamos lá criar um núcleo!
ecorreu de 23
a 25 de Maio
de 2018, na
U E M , e m
Maputo, o IV
Seminário sobre a padronização
da ortografia das
línguas moçambicanas. É
pela primeira vez que participei
num seminário dae
“ka”, que muitas vezes se
usam indiscriminadamente
como locativo e como preposição,
etc.
É comum ouvir um falante
de ronga a dizer “kupahla”,
quando quer se referir a
evocação dos espíritos, mas
“kupahla” é changana, em
ronga é “kuhahla”. Frequenquela
natureza e senti que
em encontros deste género
aprende-se muito!
Aquando do trabalho em
grupo integrei-me no de
tsonga, que para além do
xangana e xitswa englobava
a minha língua materna,
o ronga, e nem por isso
deixei de pensar o que sempre
pensei, que este idioma
precisa de ter um núcleo
muito potente para o lapidar,
pois parece existir algo
que não anda lá muito bem,
a começar pelo empréstimo
de palavras noutras línguas,
quando existem no pró-
prio idioma, passando pela
confusão dos prefi xos “ku”
No IV Seminário sobre padronização da ortografi a
das línguas moçambicanas
TinFanelO TaVUMhUnU (Direitos Humanos) (Samuel Matusse)
D
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 | opiNião | zambeze | 9
E
Ambulâncias do nosso país em
serviço particular
r a d e sup or
que as ambulâncias
do
n o s s o p a í s
fossem usadas
para socorrer os acidentados
e doentes graves
em caso de necessidade.
Recentemente, correram
imagens filmadas no Distrito
de Tsangano por um
operador de câmara da
televisão Miramar, em
que uma ambulância desta
localidade estava a passar
pelo local onde acabara
de se registar um acidente
rodoviário, com muitos
feridos que aguardavam
por uma evacuação urgente,
e não prestou socorro.
Quando o agente da polí-
cia de trânsito que estava
já no local mandou parar a
ambulância para socorrer
os sinistrados, verificou-se
que a ambulância trazia no
seu interior, passageiros e
botijas de gás. Estava fazendo
serviço de “chapa”.
Esta ambulância acabou
seguindo a sua viagem e
o motorista recusou socorrer
os feridos no local
do acidente. Os feridos
foram socorridos pelo
condutor de uma carrinha
de serviço particular que
parou e ofereceu-se para
transportar os sinistrados
para o hospital. É caso
para perguntar para que
serve o lema do Ministé-
rio da Saúde pintado nas
ambulâncias que diz: “O
nosso maior valor é a vida”.
São poucos falantes que
dizem “bzangama”, quando
querem se referir a “mesa”,
para dizer “cama” a maioria
dos falantes diz “mubedy”,
emprestam o “bed” do
inglês, porquê não usar a
nossa palavra que até temos:
“vunanu”!
Não estou a sugerir que
os falantes da doce língua
ronga passem a falar numa
linguagem rebuscada, não!
O que pretendo dizer é que
se usem as palavras emprestadas
exclusivamente nos
casos em que não as temos,
mas pedir emprestado palavras
em línguas que até têm
mais escassez que o ronga
Este motorista de ambulância
que se atreveu
a recusar prestar socorro
a feridos, só pode estar a
confiar na protecção dos
seus chefes que vão abafar
a situação, uma vez que o
artigo 154 do Código da
Estrada diz que os condutores
de veículos que
encontrem nas vias públicas
quaisquer feridos que
careçam de socorros e não
prestem ou não colaborem
na prestação do auxílio
necessário, são punidos
com prisão e multa até
seis meses. Mas como nalguns
casos as nossas leis
são para o “inglês ver”,
como se costuma dizer,
esta ocorrência provavelmente
ficará impune.
Como é que alguns funcionários
do Ministério da
Saúde permitem que estes
veículos ao serviço da protecção
civil estejam a ser
usados para fins alheios?
Usam a gasolina do Estado,
ausentam-se dos seus
locais de parqueamento
sem controlo, não assinam
guias de saída e não
há controlo da quilometragem
justificando cada
viagem feita. Situações
como estas de ambulâncias
em serviço particular,
têm sido detectadas várias
vezes e mesmo assim parece
que não são tomadas
medidas de punição que
sirvam de exemplo para
desencorajar os outros.
Em casos deste género,
não lembra o diabo!
Ao longo do trabalho em
grupo me pareceu que alguns
falantes usam as partículas
“ka” e “ku” indiscriminadamente,
ou seja, não
distinguem quando é que
tais partículas são usadas
para indicar lugar ou para
indicar indivíduo. Os bons
falantes fazem uma clara
distinção no uso das duas
partículas, o ”ku” é para indicar
indivíduo e o “ka” para
lugar, ou seja, quando é para
dizer “vou ter com o Sr. Mavota”,
correctamente deve-se
dizer “Niya ku Mavota”, e
quando for para dizer “Vou
a Mavota-lugar)”, deve se
dizer “Niya ka Mavota”.
O “ka” voltou a ocasionar
acesos debates porque há
lugares que efectivamente
são antecedidos do “ka”, mas
há outros precedidos do “a”,
por exemplo, diz-se “Niya ka
Tembe”, mas não se tem dito
“Niya ka Marracuene”, diz-se
“Niya a Marracuene”.
A questão é quando se
usa o “ka” e quando se usa o
“a”? Uns defenderam que o
“ka” usa-se para os lugares
cujas designações derivam
de nomes de pessoas e o “a”
para os que têm proveniência
diferente do nome de
indivíduos, como, por exemplo,
derivam de designação
não é só o motorista que
devia sofrer um processo
disciplinar. Devia incluir
também o responsável da
respectiva unidade sanitária
a que a ambulância
pertence. Quanto a
nós, este chefe do posto,
que de responsável parece
nada ter, em princípio,
é o maior culpado desta
desgovernação, uma vez
que não está a controlar
nada do que se passa com
os veículos adstritos à
sua unidade, ou então, os
veículos vagabundeiam ao
seu serviço particular, o
que ainda é pior. Estamos a
referir-nos a mais um caso
de ambulância em serviço
particular furtivo que foi
casualmente descoberto,
e que pela frequência com
que somos surpreendidos
com estas constatações,
significa que devem haver
muitas situações similares,
sendo esta uma prática
desviante que já se generalizou.
Muitas ambulâncias do
Ministério da Saúde são
danificadas ou sofrem desgastes
rápidos ao serviço
de interesses particulares.
Outras ambulâncias sofrem
desgastes prematuros
por serem entregues a motoristas
sem capacitação
para este efeito. Recentemente,
vimos na televisão
a senhora Ministra da
Saúde a inaugurar uma
grande frota de ambulâncias,
o que comprova que
duma árvore (Ximphamanine),
ou de fenómenos naturais
tal como “Xitalamati”
(lugar que enche de água).
Em certos casos esta teoria
convence, mas noutros nem
tanto assim, porque, por
exemplo, Xinavane é nome
dum indivíduo, casualmente,
avoengo e xará do nosso
famosíssimo Mário Timane,
mas parece que nunca ninguém
disse “Niya ka Xinavane”.
Há muitas partículas
que causam confusão, até
o N’wa, uns dizem que se
usa para género feminino
e outros que é para o masculino,
mas na verdade, em
ronga o N’wa usa-se para o
o Estado moçambicano
continua mostrando preocupação
em melhorar o
serviço de saúde. Mas esta
preocupação é defraudada,
deixando de fazer sentido
quando as novas ambulâncias,
tal como os novos
autocarros, são entregues
a motoristas que não estão
preparados para operar
com segurança e cuidar
destes bens públicos. Neste
tipo de inaugurações
de frota de veículos, não
têm faltado as cerimónias
tradicionais evocando os
espíritos para que protejam
os veículos inaugurados.
Porém, não havendo
formação especializada
para os motoristas que vão
conduzir as ambulâncias, o
apelo aos tais espíritos não
vai certamente ter nenhuma
influência. Em muitos
casos, estes motoristas
estão a ter uma primeira
possibilidade de conduzir
um carro novo e aproveitam
a oportunidade para
acelerar e testar as capacidades
do carro até ao
seu extremo. Querem ver
até que velocidade o veí-
culo pode atingir. Pensam
que como têm nas mãos
um carro novo que ainda
trava bem, vai parar em
pouca distância, mesmo
que estejam em velocidade
excessiva. Rapidamente,
as embraiagens e as caixas
de velocidade, que são
vítimas de violência por
erros e falhas técnicas de
género masculino e antecede
o apelido. Geralmente, na
cultura ronga, em tratamento
respeitoso, a mulher
é evocada pelo nome de seu
pai antecedido de mi, e nunca
pelo apelido, exemplo mi
Samuel, e não mi Matusse!
O N’wa, como já dissemos,
usa-se no género masculino,
geralmente para diferenciar
o júnior do sénior,
por exemplo, no IV Seminário
sobre a padronização
da ortografia das línguas
moçambicanas participava
com um dos meus fi lhos, o
Octávio Samuel Matusse, e
quando se chamava Matusse,
respondíamos os dois,
condução, ficam danificadas
quando podiam durar
20, 30 anos ou mais. As
suspensões das ambulâncias
usadas para carregar
cabritos, bois, gás, carvão,
areia ou cimento, vão, certamente,
por pouco tempo
continuar operacionais.
É nisto que parece que
grande parte dos nossos
dirigentes nada está preocupada
em preservar a
confiança que o Estado
deposita neles, uma vez
que não zelam pelos bens
públicos que pertencem
aos seus pelouros. É assim
que em alguns Ministérios
os impostos dos cidadãos
são delapidados e, mesmo
em tempo de crise como
a que estamos a sofrer,
continuam indiferentes
em praticar poupança institucional.
Esbanjam ou
deixam danificar os bens
públicos que lhes foram
confiados sem qualquer
tipo de preocupação ou
remorsos. É também por
este tipo de comportamento
negativo dos que
exercem cargos de chefia
que muitas das instituições
públicas não conseguem
ser auto-suficientes. A
culpa, em parte, é também
de quem os escolheu para
serem dirigentes.
Por: Cassamo Lalá –
DIRECTOR DAS ESCOL
AS DE C ONDUÇÃO
I N T E R NA C I O NA L E
AVANÇADA Z
para evitar isto, os ronga a
mim, sénior, chamariam
n’wa Matusse e ao Octávio,
Matusse sem n’wa.
Um núcleo de ronga ajudaria
a clarificar e a disseminar
tudo isto através
da publicação de livros e
doutras formas. O núcleo de
ronga não ajudaria também
a encontrar uma melhor
palavra para dizer partido de
oposição? É que enquanto se
disser partido de ukaneti,
nunca se verá a oposição
com bons olhos, porque
“ukaneti” exprime a ideia
de alguém que está sempre a
teimar, e claro, um indivíduo
assim, deve ser combatido! Z
SOBre O aMBienTe rOdOViÁriO Cassamo Lalá*
Em muitos
casos, estes
motoristas
estão a ter
uma primeira
possibilidade
de conduzir um
carro novo e
aproveitam a
oportunidade
para acelerar
e testar as
capacidades
do carro até ao
seu extremo.
10 | zambeze Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
deficiente saneamento do meio, bem como a educação e/ou
sensibilização precária em matérias de higiene e saúde, eleva
casos de doenças por gastrite no nosso meio. De acordo com
Domingos Mataca Magui, médico de clínica geral e docente
universitário, os casos de gastrite não tratados atempadamente
podem levar ao desenvolvimento do cancro no estômago.
Gastrite pode provocar cancro no estômago
José Sumbana, residente
no Município da Matola,
conta que sofre de gastrite
há mais de três anos, e, de
acordo com ele, a origem
da doença no seu caso pode
estar associada a factores
psicossociais.
Descreve uma série de
sintomas que sofreu desde
o início da doença, como
dor recorrente no estômago,
náuseas, e em alguns
casos sensação de queima
ou mal-estar estomacal entre
as refeições e no período
nocturno.
Hoje observa uma dieta
regular, que passa por menos
alimentação e com menos
intervalo entre as refeições,
o que ajuda no controlo
de crises, ou seja, ajuda na
digestão e evita desconforto
na produção de ácidos do
estômago.
“Procuro evitar alimentos
que possam causar ainda
mais irritação ao estômago,
são os casos de frituras,
feijoada, refrigerantes e bebidas
alcoólicas. Entretanto,
não tem sido fácil manter
esta regra de dieta, sobretudo
quando tenho que evitar
parte dos alimentos que
gosto, o caso de feijoada, por
exemplo”, apontou.
“Complicações da gastrite
podem levar a cancro de
estômago”
De acordo com Domingos
Mataca Magui, médico de
clínica geral e docente universitário,
o que tem criado
enchentes nas gastrenterologias
são as complicações
por causa de uma espécie de
bactéria que infecta a mucosa
do estômago do ser humano
(Helicobacter pylori), uma
vez que esta bactéria quando
não tratada é um factor de
risco para o desenvolvimento
do cancro de estômago.
“E isto é mais frequente
em países cujo saneamento
do meio e educação ou
sensibilização são precários.
Facto é que as pessoas não
têm noção de onde podem
encontrar este vírus, que é
nos alimentos como verduras,
na água, nos esgotos, e
são das causas que podem
levar ao cancro do estômago.
Portanto, todo o médico
que reconheça sintomas de
gastrite, a primeira coisa que
deve fazer é excluir a presença
do Helicobacter pylori, e
infelizmente não é o que está
a acontecer. A pessoa tem
sintomas de gastrite e vai a
uma farmácia, e de lá recebe
anti-ácidos, os tais hidróxidos
de alumínio (destinado
ao tratamento da azia ou
queimação decorrente de
hiperacidez gástrica), de
magnésio, omeprazol, ou
recomendados a tomar leite,
mas mesmo que tome os
antiácidos só vai atenuar ou
reduzir a secreção do ácido,
porque deve ser eliminado
por antibióticos”.
As pessoas que sofrem
do HIV/Sida podem ter
gastrites causadas por fungos,
porque uma das causas
infecciosas, podem ser por
baterias, fungos ou por ví-
rus, mas no nosso meio as
pessoas com HIV/Sida têm
maior susceptibilidade de
sofrer de gastrite por fungos.
E outro grupo incluindo
os que não têm HIV sofre
de gastrite por uma bactéria
chamada Helicobacter pylori
(H. pylori), que surge em
situações de pobreza, como
deficiente saneamento do
meio, podendo se encontrar
em água, alimentos, verduras,
frutas.
“Esta bactéria produz um
ácido e este ácido começa
a corroer a parede do estô-
mago e é muito frequente
no nosso meio, apesar de
fácil diagnóstico e tratamento.
Quase que maior
parte das unidades sanitárias
fazem este tratamento, que
se chama teste de H. pylori
ou Helicobacter pylori, e a
abordagem para este tipo
de tratamento é diferente de
outro tipo de gastrite.
Existem casos de gastrites
associados ao stress e por
conta da automedicação,
e entre outros factores, no
entanto, os grandes grupos
são de causas psicossociais,
seguido de substâncias de
ingestão intencional e não
intencional. Das causas por
ingestão intencional aponta-se
medicamentos, alimentos
ou causas infecciosas de
vírus/bactérias.
“Tratamento e prevenção”
Tal como qualquer outra
doença, a gastrite tem
um tratamento múltiplo,
podendo em alguns casos
ser medicamentoso ou não,
dependendo das suas causas
As “famosas” gastrites
nervosas, ou seja, indivíduos
com problemas psicossociais
que causam gastrite, o
tratamento efi caz depende
da psicoterapia, no sentido
de aprofundar as causas.
O tratamento de gastrite
por ingestão de substâncias
intencionais, primeiro passa
por evitar medicamentos
apontados como estando
nas causas da doença, seja
hibuprofeno (indicado para
redução da febre e melhora
temporária de dores leves e
moderadas), aspirina, entre
outros sem a prescrição mé-
dica, e procurar orientação
médica para saber qual é
o medicamento que pode
substituir estes medicamentos,
porque existem.
“Sem resolver estes problemas,
mesmo que se dê
milhares de medicamentos
não tem sucesso, portanto
deve-se evitar os factores
que levam ao stress.
O controlo dos alimentos
é fundamental para o combate
da gastrite, reduzindo a
frequência de crises no indivíduo.
Os alimentos condimentados
(como temperos),
chocolates, cafeínas, casca
de feijão devem ser distanciados
da dieta alimentar,
uma vez estimularem a produção
do suco gástrico.
Para o tratamento de gastrites
causadas por microrganismos,
principalmente o H.
pylori, existe um protocolo
internacional que o nosso país
adoptou para este caso”. Z
egÍdio pLÁCido
O
| saÚde e BeM estaR |
ZambEZE
anUncIe nO Departamento Comercial
Contactos: (+258) 82 307 3450
(+258) 824576070 | (+258) 84 269 8181
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Comercial
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 zambeze | 11
elo menos um acidente de viação regista-se por dia, particularmente ao longo do troço
Shoprite - Praça 16 de Junho (Maputo e Matola), nas obras de alargamento das faixas da
EN4. Dentre os acidentes registados, destaque para colisão entre viaturas, capotamento e
atropelamentos, apontando-se, segundo a TRAC, como principal causa o excesso de velocidade
e negligência nas medidas de segurança de acidentes.
Troço em ampliação
Cresce número de acidentes de viação na EN4
Regista-se no troço Shoprite-Praça
16 de Junho
(Maputo e Matola), nas
obras de ampliação das
faixas da Estrada Nacional
número 4 (EN4), a circulação
de camiões de grande
tonelagem, que por indisciplina
dos condutores fazem
ultrapassagens irregulares e
a alta velocidade, terminando
em acidentes de viação.
Colisões entre viaturas e
atropelamentos figuram
no topo dos acidentes que
neste momento das obras
afectam os utilizadores da
via.
Dos casos a registar com
maior frequência aponta-se
os capotamentos com
alguma violência, entrando
nas valas de escavações feitas
em alguns pontos que
atingem até um metro e 30
centímetros, afectando camiões
de grande tonelagem.
Os transtornos na via
estendem-se também a camiões
avariados no meio
da estrada, entre outros,
sendo que os condutores
de camiões de carga vindos
da vizinha África do Sul
recusam-se a remover as
suas viaturas da estrada,
em casos de avaria, antes da
assistência técnica.
Entretanto, o representante
da TRAC em Moçambique,
Fenias Mazive, acusa
os utentes da via, tanto os
automobilistas como peões,
de renitentes nas medidas
afixadas ao longo do troço
em obras de ampliação.
Há um comportamento de
desrespeito total, sobretudo
pelos moçambicanos, das
regras de trânsito, um mal
que considera que deve ser
combatido ainda criança.
De acordo com dados
da TRAC, pelo menos um
acidente regista-se por dia
ao longo do troço Shoprite-Praça
16 de Junho (Maputo
e Matola), em que estão em
curso obras de alargamento
da via, sendo necessá-
rio o melhoramento e/ou
efectivação de medidas de
mitigação de acidentes de
viação, em conformidade
com o plano EIA previamente
aprovado.
“Ontem mesmo (21) tivemos
um acidente do tipo
despiste de um camião que
entrou na vala, na zona da
Bic. Temos tido um e outro
acidente do tipo choque entre
viaturas, dentre os quais
por excesso de velocidade,
atropelamentos e outros
casos. Até ao fim das obras
a velocidade máxima deve
ser de 60km/h.
Temos tido alguns peões
que diferentemente de usar
as pontes pedestres atravessam
pela estrada, é um
comportamento que nós
desencorajamos porque o
risco de serem atropelados
é maior, tendo em consideração
que nesta estrada
temos acima de cinquenta
mil viaturas por dia”, disse
Mazive.
Reduzir a frequência com
que se registam os acidentes
de viação na via constitui
o principal desafio, principalmente
do empreiteiro,
uma vez que se traduz em
insegurança rodoviária, ao
contrário de uma circulação
segura e eficiente para todos
os utentes.
Fenias Mazive disse que
existem barreiras laterais
com duas funções, a primeira
que é para impedir
que os carros entrem nas
escavações porque ainda
podem capotar, uma vez
que nalguns sítios as escavações
atingem até 1.30m;
a outra função é impedir
que as pessoas se façam
à estrada, “porque temos
algumas áreas niveladas.
Quero lembrar que mesmo
naquela altura antes do iní-
cio das obras em que tínhamos
a rede de separação, as
pessoas saltavam porque
faziam buracos.
Entretanto, não temos
pessoas em todo o lado,
mas temos onde decorrem
os trabalhos pessoas a impedir
que o público se faça
à estrada, principalmente
nas paragens que observem
por onde se atravessa, mas
também estas pessoas colocadas
têm como função
impedir que os automobilistas
excedam a velocidade.
É importante frisar que as
acções de sensibilização são
acatadas por quem quiser,
quem não quiser não faz
questão”, finalizou.
Governo defende respeito
pelas normas de trânsito
De acordo com a fundamentação
do pelouro dos
Transportes e Comunicações,
os acidentes de viação
constituem uma grande
preocupação para o país.
Aliás, só em 2010, pelo menos
4.547 acidentes de viação
registaram-se no país,
tendo resultado na morte
de 1963 pessoas, representando
um agravamento em
cerca de 7,3% no número de
mortes, comparando com
igual período de 2009.
Actualmente, pelo menos
mil pessoas morrem vítimas
de acidentes de viação em
todo o país, apelando para
medidas efectivas que na
prática reduzam o derramamento
de sangue nas nossas
estradas.
O desenvolvimento de
uma abordagem coerente
de segurança rodoviária
requer a colaboração entre
diversas instituições do
Governo, Sociedade Civil e
parceiros. O estabelecimento
de uma estrutura base
orientadora para garantir a
segurança rodoviária passa
necessariamente pela
educação contínua, sensibilização
e socialização
do utente da via pública,
criação de infra-estruturas
que garantam um ambiente
rodoviário mais seguro, a
revisão do quadro legal e
regulamentar, bem como o
reforço da sua fiscalização,
implementação, monitoria
e avaliação.
Esta conjugação de acções
de formação e educação
do utente, uma estrutura
rodoviária mais segura e a
fiscalização do cumprimento
das regras de trânsito,
permite manter o equilíbrio
do sistema rodoviário de
modo a reduzir a sinistralidade
rodoviária e mitigar as
suas consequências.
Actualmente não existe
um instrumento legal e
orientador que guie a intervenção
das entidades
envolvidas nas acções de
segurança rodoviária para
tornar as vias de circulação
mais seguras, o que pode
proporcionar a actuação
isolada das mesmas, não
logrando os objectivos desejados.
A via pública constitui
um património da sociedade
e o seu uso deve ser
regulado de acordo com os
interesses da maioria e de
forma a permitir uma circulação
segura e eficiente,
para todos os utentes.
O primeiro-ministro
Carlos Agostinho do Rosário,
em sessão de perguntas
dos parlamentares na
Assembleia da República,
considerou haver uma intensificação
de acções de
fiscalização e inspecção
rodoviária no terreno, reforço
de campanhas de
sensibilização das rodovias
e em locais de maior concentração
populacional; intensificação
de fiscalização
das escolas de condução e
criação de um sistema de
informação para gestão dos
pontos de maior ocorrência
de acidentes.
“Para que as medidas em
curso tenham o impacto desejado,
cada um de nós deve
promover acções educativas
e de respeito pelas normas e
regras de trânsito”, afirmou
Agostinho do Rosário. Z
LUÍS CUMBE
P
| nacional |
12 | zambeze Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
m várias mensagens apresentadas ao Presidente da República, Filipe Nyusi, pelas populações
dos postos administrativos e localidades por onde passou, na sua recente visita de
trabalho à província de Sofala, o chefe de Estado moçambicano foi desafiado a incrementar
políticas e medidas que contribuam para o melhoramento das infra-estruturas sociais,
com destaque para o abastecimento de água potável, centros de saúde, aumento de salas
de aulas, expansão da rede de electrificação rural, entre outras. Estas preocupações foram apresentadas
em quatro distritos, nomeadamente Chemba, Marínguè, Cheringoma e Nhamatanda. Em resposta
das preocupações apresentadas pelas populações nos quatro distritos, Filipe Nyusi disse ter anotado,
prometendo que paulatinamente o Governo de Moçambique irá resolver as inquietações levantadas.
Visita presidencial a Sofala
Conflito e inundações diminuíram
capacidade de investimento do Governo
– Presidente Filipe Nyusi
No seu primeiro comício
popular, que teve lugar no
primeiro dia útil da semana
finda, no posto administrativo
de Mulima, no distrito
de Chemba, a população
daquele ponto da província
de Sofala disse ao chefe
de Estado moçambicano
que reconhecia a actual
situação ligada à crise
económica e financeira
que o país enfrenta neste
momento, contudo, pedia
ao Presidente da República
a construção de mais
fontes de abastecimento de
água, ampliação do Centro
de Saúde de Mulima
com um bloco externo
e com o internamento,
construção de um centro
de saúde no povoado de
Nharugue, para reduzir as
distâncias frequentemente
percorridas pela população
à busca de uma unidade
sanitária, construção de
um bloco operatório no
Centro de Saúde Chemba;
construção de mais
salas convencionais nas
comunidades, alocação de
uma ambulância ao posto
administrativo de Mulima
e electrificação da sede do
posto administrativo de
Mulima pela rede nacional
de energia eléctrica.
Entretanto, a população
do posto administrativo de
Nhamapadza, no distrito de
Marínguè, pediu ao chefe de
Estado, além de mais fontes
de água potável, a implantação
de uma agência bancária
no distrito de Marínguè,
porque, segundo palavras
daquela população, sempre
que precisa de fazer algumas
operações bancárias se tem
deslocado aos distritos de
Gorongosa ou Caia, que
distam cerca de 100 quiló-
metros.
No distrito de Cheringoma,
por exemplo, mais
concretamente na localidade
de Mazamba, a população
pediu ao Presidente da República
a construção de
raiz da Estrada Nacional
número 218, que parte da
zona da Balança, no distrito
do Dondo, até à zona de
Matondo, no distrito de
Cheringoma; a construção
de uma fábrica de cimento
para dar emprego aos jovens
desempregados a nível do
distrito de Cheringoma.
Pediu também uma melhor
coordenação com o Parque
Nacional de Gorongosa,
para pôr fim aos conflitos
existentes localmente entre
a população e alguns fiscais
do parque, a construção de
um banco comercial na sede
do distrito para facilitar a
conservação do dinheiro
produzido no distrito, a colocação
de energia eléctrica
na localidade de Mazamba,
construção de um centro
internato na Escola Secundária
de Inhaminga, para
facilitar a continuidade das
aulas para as crianças que
vivem longe da vila- sede
de Cheringoma. Também
pediu ainda a construção
de uma conduta de água
que partirá da localidade de
Nhamatope até à vila-sede
de Inhaminga.
Guerra e inundações
diminuíram a capacidade
de investimento do
Governo no país
Em resposta a várias questões
apresentadas pelas populações
nos quatro distritos
por onde passou, o chefe de
Estado moçambicano disse
na localidade de Mazamba,
distrito de Cheringoma, que
o Estado vai avaliar todos
os assuntos apresentados
pela população e dentro
das capacidades existentes
e paulatinamente serão resolvidos
todos os assuntos
que afligem a população da
província de Sofala e do país
em geral.
O chefe de Estado referiu
ainda que as cheias e
inundações que assolaram
a província de Sofala e o
país em geral diminuíram
a capacidade do Governo
de investir para mais água,
energia, transporte, estradas,
incluindo o aumento do
salário para os funcionários.
Segundo Filipe Nyusi,
antigamente o Estado tinha
apoio dos “nossos parceiros
externos mas de repente os
parceiros pararam de dar
apoio ao país e vive neste
momento de fundos pró-
prios e que nem são suficientes
para fazer toda a
cobertura sem queda de
chuva para a população
produzir mais comida. E
a capacidade do Governo
ficou muito limitada para
poder manter este país até
como está nos dias de hoje.
JORDANE NHANE
E
| centrais | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 zambeze | 13
Em suma, tivemos uma
redução da capacidade de
angariação de divisas para
o crescimento do nosso país
devido a tensão político-militar
que houve no país
e foi por isso que houve um
atraso no desenvolvimento
do país. Portanto, a seca,
fome, guerra, o baixo preço
na compra de produtos
nacionais, falta de financiamento
externo e dificuldades
do mundo ditaram o
atraso de alguns projectos
que estavam no pacote das
realizações do nosso Governo.
Ouvi atentamente a
vossa mensagem a pedirem
a maternidade, a ampliação
do hospital do Dondo; as
necessidades em ambulância,
de bancos e outras
necessidades para o desenvolvimento
do país. Eu ouvi
a mensagem da população
mas também eu vinha com
algum conhecimento sobre
as grandes preocupações da
população de Mazamba e de
Cheringoma. Pediram aqui
uma fábrica de cimento e
nós estamos a privilegiar o
sector privado, e o que estamos
a fazer neste momento
é a mobilização dos empresários
para construírem
fábricas no nosso país e já
inauguramos uma fábrica na
província de Sofala, no ano
passado, e continuaremos
a fazer mobilizações para
que haja mais investimentos,
mas saibamos que o
privado para construir uma
fábrica procura zonas onde
eles têm vantagens porque o
distrito de Inhaminga possui
a linha férrea, estradas
e calcário. Continuaremos
a desencadear mais acções
para ocupar mais jovens ao
nível da província de Sofala.
Aspectos como falta de água,
energia, o centro de saúde,
tomamos nota e vamos avaliar
em cada oportunidade o
que tem que ser feito”.
O chefe de Estado apelou
à população em geral para
conservar a natureza sem
no entanto prejudicar os
interesses locais na busca
de lenha e carvão e de outras
necessidades, como a
caça de pequenas espécies
de animais para o consumo
doméstico, mas não
das grandes espécies como
elefantes, rinocerontes e
outros animais de grande
dimensão.
O Presidente da República
avançou que as promessas
feitas pelo seu Governo
ainda prevalecem dentro do
programa e o que fez atrasar
as realizações do Governo,
principalmente para a zona
Centro, em particular para
a província de Sofala, foi
queda excessiva das chuvas
que destruíram algumas
pontes, e o Governo teve
que parar de resolver outros
assuntos para repor o que
foi destruído pelas chuvas,
incluindo providenciar alimentos
para as populações
que não tinham comida
devido a queda excessiva das
chuvas, anunciando que serão
construídas 28 fontes de
água no distrito de Chemba.
Disse ainda ter tomado
nota da necessidade da ampliação
do Centro de Saúde
de Mulima, na vila-sede de
Chemba, incluindo a possibilidade
de instalação de um
bloco operatório. “Pediram
energia e a mesma já está a
vir, já está em Nhamapadza,
vai para o posto administrativo
de Canxixe e depois é
que vai ser instalada na sede
do posto administrativo de
Mulima, e deve haver a esperança
da população de que a
energia vai chegar ao posto
administrativo de Mulima.
Falaram também da estrada
Caia-Sena-Chemba e é real,
sendo um problema nosso
porque a mesma estrada
se estivesse em condições
facilitaria esta deslocação
e estamos à procura de
recursos financeiros para ver
se podemos atacar esta estrada,
enquanto isso vamos
criar condições de manutenção
para tornar a estrada
transitável.
A EN1 será
intervencionada
brevemente
Segundo o chefe de Estado,
“outro problema que
nos preocupa muito é a
EN1, principalmente no
troço Inchope-Caia, onde
também estamos a mobilizar
recursos para ver se
podemos avançar por secções
para poder melhorar
a transitabilidade da EN1 a
partir de Maputo até Pemba,
passando pela província
de Nampula, incluindo a
província de Niassa que já
está sendo intervencionada.
A outra estrada de grande
interesse para a província de
Sofala é a estrada Tica-Buzi
que tem o processo praticamente
concluído e até ao
mês de Agosto do presente
ano será lançada a primeira
pedra para o início da construção
da estrada Tica-Buzi”.
“A paz é uma obra
conjunta de todos nós”
“A paz é uma obra conjunta
de todos nós porque a
população nas suas orações,
canções, intervenções sempre
pede a paz, e isto significa
que a paz é uma obra
conjunta de todos nós, e nós
como Governo que estamos
em frente simplesmente
interpretamos as vontades
do povo e com esse encorajamento
continuaremos
a perseguir aquilo que é a
vontade do povo neste país.
E segundo o prometido,
a depender de mim, tudo
farei para ver se de facto
esta minha promessa se
concretize, e a depender
de mim e de Deus acredito
que juntos venceremos.
Já comecei a falar com a
nova liderança da Renamo
para ver se a partir dali
onde paramos pudéssemos
dar continuidade com as
negociações, e a liderança
do partido Frelimo na
Assembleia da República
já garantiu a conclusão da
primeira fase deste processo
sobre a descentralização”.
Não foi esquecido o
projecto de abertura de
mais fontes de água para a
população de Marínguè
Falando com a população
do posto administrativo de
Nhamapadza, no distrito de
Marínguè, o chefe de Estado
disse que não foi esquecida a
questão da abertura de mais
fontes para fornecimento do
precioso líquido à população
de Marínguè, “este projecto
já foi avaliado pela Direcção
Provincial de Obras Públicas,
Habitação e Recursos
Hídricos de Sofala e a qualquer
momento o mesmo
será instalado neste distrito.
Não podemos ficar parados
à espera de apoio e agora que
está a chover vamos cultivar
para produzir comida e não
ficarmos sentados em casa
à espera do apoio, isto não
dá. Agora é tempo para a
população trabalhar para
produzir comida. Pediram
a construção de um centro
de saúde em Nhamapadza e
até ao ano 2021 vai ser construído
um centro de saúde
em Nhamapadza. Também
ficaram preocupados com
a paralisação periódica da
construção do Comando
Distrital da PRM em Marínguè,
e dentro do próximo
ano de 2019 será construído
o Comando Distrital da
PRM a nível deste distrito.
O assunto da construção de
uma agência bancária em
Marínguè demorou devido
a tensão político-militar que
houve em Nhamapadza e foi
por causa disto que causou
a demora na construção
de uma agência bancária,
incluindo a construção da
futura fábrica de algodão em
Nhamapadza”.
O chefe de Estado apelou
à união de todo o povo moçambicano
para desenvolver
o país. E para que haja um
desenvolvimento em cada
região, o país precisa da paz
definitiva e até princípios
do próximo ano o distrito
de Marínguè terá um banco.
Encorajou a população
para o aumento da
produção agrícola
Na mesma ocasião, o
Presidente da República
aproveitou o momento para
lançar um apelo para a população
de Marínguè aumentar
ainda mais as suas
áreas de produção agrícola
para o país parar de importar
alimentos como arroz e
feijão a partir de fora do país,
poupando o valor que devia
ser gasto na importação de
comida para passar a ser
usado na construção de mais
furos de água para a população
local, para aquisição de
mais carteiras para os alunos,
e “para isso precisamos
de produzir mais comida”.
Acompanharam a visita
do Presidente da República
à província de Sofala
os ministros do Interior,
Jaime Basílio Monteiro, da
Administração Estatal e
Função Pública, Carmelita
Namashulua, dos Combatentes,
Eusébio Lambo; os
vice-ministros das Pescas,
Mar e Águas Interiores,
Henriques Bongesse, da
Terra, Ambiente e Desenvolvimento
Rural Celmira da
Silva, o governador da província
de Inhambane, Daniel
Chapo, o primeiro secretário
da Frelimo na província de
Gaza, Zacarias Sotho, e o
chefe da brigada do partido
Frelimo de assistência à
província de Sofala, Eneas
Comiche. Z
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 | centrais |
14 | zambeze | nacional | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
José Matlhombe Zoom
ezoito formadores do Instituto de Formação Profissional e
Estudos Laborais Alberto Cassimo (IFPELAC) vão beneficiar,
a partir do mês de Agosto, no Brasil, de uma formação avançada
em boas práticas de formação profissional com padrões
de nível internacional.
Capacitação
Vendedores dos mercados em Cabo Delgado
Formadores do IFPELAC no Brasil
INSS traça estratégias
de inscrição
Os beneficiários, cujo processo
de selecção ainda está
em curso, serão os replicadores
e multiplicadores das
boas práticas de formação no
país, transformando, desse
modo, o IFPELAC numa
referência e preferência tanto
dos empregadores como dos
formandos.
A formação, que terá a
duração de quatro meses,
insere-se no âmbito do “Projecto
de Aperfeiçoamento do
Modelo de Formação Profissional
em Moçambique”,
que conta com o apoio da
Agência de Cooperação Internacional
do Japão (JICA)
e do Governo do Brasil, que
disponibilizam financiamento
e assistência técnica ao
IFPELAC, respectivamente.
Esta informação foi revelada
na segunda-feira, 28 de
Maio, pela ministra do Trabalho,
Emprego e Segurança
Social, Vitória Diogo, na
abertura do primeiro Conselho
Pedagógico e Científico
do Instituto de Formação
Profissional e Estudos Laborais
Alberto Cassimo, que
acontece numa altura em
que está em curso a reforma
da educação profissional no
país.
É no contexto desta reforma
que foi aprovada a Lei
de Educação Profissional,
que preconiza a formação
orientada para a procura,
em substituição do modelo
clássico baseado na oferta.
Assim, à luz do novo paradigma,
a formação deve
ser flexível e baseada em padrões
de competências para
assegurar o seu alinhamento
aos perfis profissionais demandados
pelo mercado de
trabalho.
Para Vitória Diogo, o novo
modelo coloca o desafio de
modernizar os 19 centros
de formação e 22 unidades
móveis, desde o quadro de
pessoal, métodos e meios
de ensino e aprendizagem,
disponibilidade de infra-estruturas
e o respectivo
equipamento, bem como o
desenvolvimento curricular,
com vista a responder à demanda.
“Tenhamos sempre presente
que o mercado de trabalho
está cada vez mais exigente.
As empresas desejam recrutar
mão-de-obra qualificada e
especializada em determinadas
matérias. Para aumentar
a produção, produtividade
e tornarem-se competitivas,
as empresas preferem candidatos
que saibam ser, estar,
pensar, fazer e viver no clima
organizacional. Querem pessoal
que esteja permanentemente
empregável. Por isso
é momento de formarmos
pessoas com competências
para melhor se enquadrarem
no mercado e para melhor
desempenho profissional”,
considerou a ministra.
Neste sentido, acrescentou
Vitória Diogo, decorre o
processo de desenvolvimento
curricular de dez qualificações,
que consiste na actualização
de materiais didácticos
obedecendo normas técnicas
e padrões internacionais e na
capacitação de recursos humanos,
tendo já sido treinados
oito mestres para serem
replicadores, 15 gestores dos
centros de formação profissional,
15 coordenadores
pedagógicos e 12 secretários
escolares.
“Um graduado ou formado
com certificação profissional
do IFPELAC deve merecer
preferência no mercado de
trabalho”, asseverou a governante,
que instou aos
participantes a aproveitarem
o encontro para aprimorarem
os novos padrões de sustentabilidade
dos centros de
formação profissional a nível
nacional.
Importa realçar que o
IFPELAC resulta da fusão
do Instituto Nacional de
Emprego e Formação Profissional
(INEFP) e do Instituto
de Estudos Laborais
Alberto Cassimo (IELAC)
Delegação do INSS
de Cabo Delgado
traçou estratégias
para garantir a inscrição e
pagamento das contribuições,
por parte de maior
número de vendedores dos
mercados no regime dos
Trabalhadores por Conta
Própria (TCP).
Num encontro realizado
recentemente, com os responsáveis
dos mercados sediados
na cidade de Pemba, o
delegado provincial do INSS,
João Abílio Matemanga,
falou das acções que o INSS
tem vindo a realizar no processo
de integração dos TCP
no Sistema.
O delegado provincial destacou
a importância dos trabalhadores
se inscreverem
no Sistema, como forma de
garantir a sua subsistência
em situações de falta ou diminuição
de capacidade para
e já contribuiu, desde 2015,
com 45.654 dos 436.273
formandos no âmbito de iniciativas
dos sectores público
e privado. Z
o trabalho e na assistência dos
familiares em caso de morte.
No encontro, no qual estiveram
presentes os chefes dos
mercados Central, Mbanguia,
Ingonane, Noviane, Cariacó,
Bem-vindo (vulgo GALP) e
Paquitequete, o INSS fez uma
apresentação do regime dos
TCP, como forma de dotá-los
de conhecimentos básicos
sobre a matéria.
Os responsáveis dos mercados
mostraram-se satisfeitos
com o encontro promovido
pelo INSS, tendo garantido
a sua colaboração na sensibilização
dos vendedores para
sua inscrição e pagamento
de contribuições no Sistema
de Segurança Social.
A Delegação Provincial do
INSS de Cabo Delgado contava
até ao primeiro trimestre
do corrente ano com 1.089
TCP inscritos, dos quais 98
pagam as suas contribuições.
Z
D
A
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 | CoMeRCiaL | zambeze | 15
Email geral: nmanjate@bmm.co.mz
cmassingue@bmm.co.mz
bmmcompras@gmail.com
COMPRA DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
A BOLSA DE MERCADORIAS DE MOÇAMBIQUE (BMM)
informa a todas entidades públicas e privadas, campones es
e comerciantes individuais, associações de camponeses e o
público em geral que possui uma lista de parceirosinteressados
em adquirir osseguintes produtos agrícolas:
MILHO
SOJA
GERGELIM
FEIJÃO MANTEIGA
FEIJÃO CATARINA
FEIJÃO BOER
Neste contexto, todos aquelesque tiverem os produtos
acima descritos em quantidadesiguais ou superiores a 50
TONELADAS, que pretendam vender, poderão entrar em
contacto com a BMM através dos seguintes contactos:
Telefone: (+258)84 44 05 665 ou pelo (+258) 84 61 74 249 -
Direcção de Negócios, Estudos e Estatística.
Email geral: nmanjate@bmm.co.mz
cmassingue@bmm.co.mz
bmmcompras@gmail.com
16 | zambeze | desporto | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
ussá Osman continua sem papas na língua, mas agora fala com muita cautela, porque diz que a sua boca lhe
põe no desemprego. A entrevista concedida ao Zambeze foi caracterizada por paragens, para dizer “não
coloca isso, senão me vai prejudicar”. O técnico falou de vários assuntos, desde a crise financeira que abala
o Moçambola, dos dirigentes desportivos que contratam técnicos estrangeiros por causa da cor da pele,
mesmo sem competência. Osman explica que não é racista como muitos pensam, diz que já trabalhou com
treinadores brancos como Viktor Bondarenko e Richard, mas nunca contestou seus serviços, porque eram bons treinadores, ao
contrário dos que andam no país actualmente. “Temos que buscar pessoas que vão acrescentar valor no futebol. A maioria dos
treinadores vem buscar dinheiro em Moçambique”.
Muitos só vêm buscar dinheiro no país
Precisamos de treinadores que
venham acrescentar valor no futebol
Zambeze (Z) -Mister,
fale-nos um pouco do seu
percurso futebolístico.
Mussá Osman (MO)
- Nasci no dia 03 de Dezembro
de 1957, na vila de
Ressano Garcia, numa famí-
lia de futebolistas, casos de
Zacarias Abubacar, Zizinho,
Faruk, Nacir, e todos jogaram
ao mais alto nível, com
destaque para Portugal. Outro
factor que me influenciou
é por ter nascido numa
terra com cultura de prática
de futebol, embora seja uma
terra cheia de pedregulhos.
As nossas brincadeiras giravam
em torneios de futebol,
e assim fui me apaixonando
pelo desporto-rei. Em casa
vivia-se futebol e na rua
idem, então, não podia ser
diferente, tive que seguir o
caminho dos meus irmãos.
Z - Como é que chega
ao Clube Dentes de Leite,
actualmente GDM?
MO - Nós vivíamos com
nossos avôs em Ressano
Garcia, porque os nossos
pais trabalhavam em Maputo.
Aqui (Maputo) só vínhamos
nas férias por causa da
escola. Infelizmente perdemos
nossos avôs que zelavam
por nós, e tivemos que
passar a viver em Maputo
com nossos pais. Na altura
o grande centro futebolístico
era Mafalala, integrei o
clube “Dentes de Leite”, actualmente
Desportivo de
Maputo. Organizavam-se
grandes torneios onde saíram
muitos jogadores de
renome. No Mafalala passei
a ser considerado Eusébio II
pelos amigos dele (Eusébio),
por causa disso levavam-me
para ir jogar nas zonas do
Ntlavene (zonas recônditas).
Nesse processo passei a integrar
o Atlético Muntano que
depois passou a chamar-se
Mincadjuíne, onde fiz os
juvenis.
No ano seguinte tornei-me
muito amigo de Artur
Semedo que me convidou
para o Benfica de Lourenço
Marques, onde tive uma
boa prestação, passando a
jogar nos juvenis e simultaneamente
nos juniores. No
ano seguinte sou promovido
para júnior e também passei
a jogar nos seniores. Após a
Independência nacional no
dia 25 de Junho de 1975, o
meu treinador Oliveira é
promovido a técnico dos seniores
e leva cinco jogadores,
dos quais eu fiz parte.
Z - Teve um convite para
o Sport Lisboa e Benfica,
mas não chegou a jogar no
Estádio da Luz. Porquê?
MO - Na altura acabá-
vamos de conquistar a Independência,
as relações
diplomáticas entre Moçambique
e Portugal não eram
boas. Tratei o passaporte,
no entanto, encontrei muitas
barreiras diplomáticas
e desisti.
Z - Como é que chega ao
Têxtáfrica?
MO - Eu e o Chababe
somos convidados para ir
substituir o Adelino Jorge
no Têxtáfrica, na altura um
dos melhores clubes do país,
e acabei ficando lá por muitos
anos.
Z - E veio depois o Ministério
da Defesa Nacional...
MO - O Clube dos Desportos
Matchedje era um
dos melhores clubes do país
e fez uma digressão por
todas as províncias e havia
vencido todos os clubes,
mas em Chimoio perdeu
por 1-0, e eu fui distinguido
como melhor jogador da
partida. O Matchedje é um
clube ligado ao Ministério
da Defesa, então, utilizaram
uma estratégia irrecusável
que era prestar o Serviço Militar
Obrigatório. Fiz alguns
jogos, mas depois tive uma
lesão e deixei de jogar com
23 anos de idade.
Z -Terminou a carreira
de uma forma trágica.
Quais foram os passos subsequentes?
MO - Passei a trabalhar
na camada de formação do
Matchedje. Tornei-me treinador
da selecção militar da
Força Aérea, porque fazia-se
campeonatos militares.
Passado um ano, o clube é
convidado para participar
num campeonato na Rússia,
mas o treinador Richard
mostrou-se indisponível.
Ele indicou-me para acompanhar
o Matchedje para
Moscovo, lá fizemos bons
jogos. No regresso, a direcção
coloca-me como
adjunto de Richard, infelizmente
termina o contrato
do alemão e não quiseram
renovar com ele. Foram
buscar o treinador Victor
Bondarenko entre 1983-84
e novamente passei a ser
adjunto dele e mais tarde fui
treinar na Beira o Matchedje
local. Aprendi muito com
estes dois técnicos.
Z - Teve uma passagem
pela selecção nacional de
futebol, embora curta.
Fale-nos um pouco dessa
experiência...
MO - Foi uma boa experiência.
Fui adjunto de Semedo
na selecção nacional de
futebol, infelizmente o meu
colega não levou muito tempo
e saiu da selecção. Com
a saída dele passo a acumular
os cargos de treinador
principal e responsável pela
formação. Eu é que abri a
Academia Mário Coluna
porque era seleccionador
dos Sub-20, 23 e a maior
parte dos jogadores que
integraram a selecção nessa
época saíram das minhas
mãos, é o caso de Mexer,
Josimar, Simão, Jossias, Helder
Pelembe, Jumisse, entre
outros.
Z - O mister anda afastado
dos campos. Ainda não
apareceu nenhum clube
que se interessa pelos seus
serviços?
MO - Nos últimos anos
não tenho feito o que gosto
de fazer. Este ano não estou a
trabalhar, porém, tive vários
convites para treinar equipas
da I Liga, não aceitei as propostas
e também por motivos
de saúde. Não deixei o
futebol. Agora estou pronto
para voltar a trabalhar.
Z - Que avaliação faz da
crise financeira que abala o
Moçambola?
MO - É uma situação
delicada que nos remete
a uma reflexão profunda.
Precisamos de adoptar novas
medidas para fazer face
a essa realidade. Na época
passada houve gastos que
poderiam ter sido evitados,
por exemplo uma equipa
que sai de Tete para jogar
na Beira tem que sair de
Tete para Maputo e daqui
parte para Beira, para mim
podia fazer-se de carro essa
viagem. Assim como sair de
Quelimane para Chimoio
faz-se tranquilamente de
carro porque as estradas
permitem.
Z - De um tempo para
cá nota-se uma redução na
contratação de mão-de-obra
estrangeira. Acha que
os dirigentes desportivos
estão a mudar de mentalidade?
MO - Já falamos muito
sobre esse assunto nos
meios de comunicação social,
muita gente pensa que
Mussá Osman e Uzaras são
racistas, mas não, eu não sou
racista. Eu trabalhei com
muitos treinadores esMário
Nguenha
M
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 | despoRto | zambeze | 17
VERDADE DESPORTIVA
leMOS FOrMiGa Lemosformiga@yahoo.com.br
Exercício físico
para perder peso e
ganhar resistência
s exercícios para melhorar a resistência
do seu corpo servem
simultaneamente para duas funções:
permitem queimar calorias
e permitem que se pratique outras actividades
físicas durante mais tempo.
É preciso atenção para não exagerar nos
exercícios que melhoram a resistência, pois um
corpo demasiado cansado vai ter piores performances,
anulando assim o efeito desses mesmos
exercícios.
Alternar jogging e sprint na sua corrida
Uma excelente forma de melhorar a sua
resistência e ritmo metabólico é fazer corrida
alternando jogging num ritmo suave com sprints
a alto ritmo. Depois de um aquecimento inicial
comece com jogging suave durante 2 minutos,
seguido de 2 minutos com um sprint a ritmo
elevado.
Continue a alternar este ritmo de corrida durante
20 minutos, terminando com 5 minutos
de corrida em ritmo mais lento para arrefecer o
corpo. Com o passar das semanas, se o seu corpo
se adaptar ao ritmo pode passar os intervalos de
2 minutos para 3 ou mesmo 4 minutos. Deverá
começar a notar rapidamente um aumento signifi
cativo na resistência do seu corpo.
Corrida dentro de água
Não existe nada melhor para melhorar a
sua resistência na corrida do que treinar uma
corrida dentro de água, pois o peso da água vai
puxar mais pelos músculos que são utilizados na
corrida normal, aumentando a resistência dos
mesmos e com a vantagem adicional de não ser
prejudicial às articulações.
O ideal é mesmo fazer este tipo de corrida
numa piscina, pois na praia a ondulação vai
interferir neste treino, obrigando-o a fazer outro
tipo de movimentos. No entanto, em águas de
mar muito calmas é possível fazer este treino
efi cazmente.
Saltar à corda
Saltar à corda é outra excelente forma de aumentar
a resistência do seu corpo e tem a grande
vantagem de ser um excelente exercício para
queimar calorias. Em apenas uma hora de salto à
corda o seu corpo pode queimar até 750 calorias.
No médio prazo, o seu corpo vai notar estes
benefícios e vai ser capaz de aguentar mais tempo
durante outros exercícios.
Pela saúde do desportista
In Adaptado Z
O
ela oitava edição consecutiva, a distribuidora
de televisão paga Multichoice,
através das suas plataformas DStv
e GOtv, vai transmitir o Campeonato
Mundial de Futebol que inicia no
próximo dia 14 de Junho, na Rússia.
Multichoice garante todos
os jogos do Mundial
trangeiros como Viktor e
Richard e nunca os contestei
porque mostraram serviço.
Há coisas inaceitáveis que
acontecem aqui no país.
Como é que um treinador
deixa descer de divisão uma
equipa como Chingale de
Tete que estava na sexta
jornada? O mesmo técnico é
contratado pelo Ferroviário
da Beira. Isso não faz sentido.
Os dirigentes devem
analisar vários factores para
contratação dos treinadores,
o modelo do jogo, sistema
táctico, mas infelizmente
não estudam esses aspectos.
Um treinador estrangeiro
deve agregar mais valor
ao futebol moçambicano.
Não vale nada contratar um
estrangeiro para vir ocupar
espaço em detrimento de
um moçambicano. Temos
que buscar pessoas que vão
acrescentar mais-valia no
futebol. A maioria dos treinadores
vem para Moçambique
buscar dinheiro.
Z - Em que estágio está a
Associação de Treinadores
de Moçambique?
MO - Não está a funcionar.
A nossa organização
parou no tempo, não se
fala da associação. Estamos
a trabalhar como colegas
apenas, quando tens problemas
não tens ninguém
para te ajudar a resolver.
Não estamos organizados
A c a d e i a tel e v is iv a
Super Sport, disponível
apenas na DStv e GOtv,
será responsável pela
transmissão da maior
competição futebolística
do mundo, envolvendo
selecções nacionais que
para este ano coube à
Rússia a responsabilidade
de organizar os jogos.
Os clientes daquela
e não conseguimos ser coesos.
Cada um por si, Deus
por todos. Acredito que se
a organização funcionasse
não estaríamos a viver o que
estamos a viver.
Z - Mussá Osman é tido
como homem da formação,
mas faz tempo que abanmultinacional
que têm
nas suas casas instalado
o sinal da DStv terão
donou essa área. O que lhe
leva a não voltar para as
camadas de formação?
MO - Eu tenho mais queda
para formação. Sou bom
observador dos jogadores.
Não estou lá porque não há
dinheiro. Se aparecer um
clube ou uma escola com
direito aos 64 jogos, independentemente
do pacote,
enquanto os da GOtv
condições para investir na
formação posso abraçar o
projecto sem problemas,
desde que me crie condições.
No país conta-se os
clubes que pagam bem na
formação, tens apenas meia
dúzia, a maioria não dá para
aguentar um mês. É por isso
que não estou na base.
terão direito de assistir
54 jogos.
Falando à imprensa,
Pedro Langa, da Direcção
de Marketing da Multichoice
Moçambique,
garantiu que para além
dos jogos durante o Mundial
os seus clientes terão
ainda acesso a produtos
bonificados da empresa.
(E. Plácido) Z
P
18 | zambeze | nacional | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
eixaram cedo o jardim da infância
e fizeram-se à vida. Por si ou pelos
seus, enquadraram-se ou foram
enquadradas no mercado do trabalho,
informal sobretudo. Amanhã é
dia 1 de Junho. Quantas crianças podem celebrar?
Dia 1 de Junho
Quantas crianças podem celebrar?
Era manhã de sexta-feira.
O relógio marcava alguns
minutos depois das nove
horas. O sol já se havia imposto.
Mas uma leve brisa
ainda lembrava o frio da
madrugada.
Algumas pessoas estavam
já nos seus postos de trabalho.
Outras estavam a caminho,
esticando os passos ou
apinhadas nos transportes
públicos. Entre a Avenida
Karl Marx e a Avenida 24
de Julho, mesmo à sombra
do edifício do Ministério
do Trabalho, Emprego e
Segurança Social, Francisco
Josefa Tovela, 14 anos, atende
uma senhora que, depois
de tirar uma fatia de bolo
do seu balde transparente
paga-lhe 10 meticais.
Francisco tem os olhos
amarelecidos, também
aguados como se lágrimas
estivessem à espreita;
franzino e baixinho, a estatura
não lembra muito
uma criança de 14 anos. É
desconfiado, como se tudo
fosse ainda novo na cidade
de Maputo, ainda que tenha
cá chegado há três anos.
Natural de Manjacaze,
Gaza, tem o Ensino Primá-
rio incompleto, fez até a 3ª
classe. Não pôde estudar
mais. A família não tinha
condições. Diz que sabe ler
e escrever em português,
mas que o faz com certa
dificuldade. Muitas vezes
teve de recorrer à sua língua
materna, changana, para
dizer o que queria dizer,
durante a nossa conversa,
enquanto o petiz caminhava
em direcção à Avenida
Guerra Popular para vender
as fatias de bolo que estavam
ainda a meio do balde.
A Av. Guerra Popular não
seria uma paragem, apenas
parte da rota nesta jornada
cuja única hipótese possível
é regressar à casa da patroa
com o recipiente vazio.
“Não tenho destino certo,
vou dando voltas”.
Na cidade de Maputo, o
pequeno vive no bairro da
Maxaquene, com o irmão,
dois anos mais velho, que se
dedica ao mesmo trabalho,
pela mesma patroa. O irmão
teria chegado à capital
alguns anos antes.
Franscisco acorda quando
o relógio roça a quinta
hora do dia, para que depois
dos poucos trabalhos
de casa e do banho possa
chegar à casa da patroa,
na Ronil, às 6 horas. “É lá
onde matabicho”. E será
a sua única refeição até
terminar as fatias de bolo
que lhe são postas no balde.
“Alguns dias termino cedo,
às 15 ou 16 horas. Noutros
termino tarde às 19h ou
20h”. É por essas alturas que
tem a segunda refeição e a
última, porque ele e o irmão
vão para casa apenas para
dormir. E no dia seguinte
a jornada é a mesma. “Já
estou habituado”, diz, como
quem quer afastar qualquer
olhar de comiseração.
Já nos íamos despedir,
mas falamos ainda do 1 de
Junho. “É o dia que as crianças
vão para escola para
comer e para brincar”, disse,
sabe porque no tempo que
passou pela escola também
foi uma criança com direito
de celebrar o 1 de Junho e
era também isto que fazia.
“Levávamos algumas coisas
para comer e depois brincá-
vamos”, era assim na agora
distante Manjacaze.
O pequeno, que aufere
mensalmente 1800, 00mt,
conta que com parte do
salário compra alguns produtos
e envia para a mãe
que está com os irmãos
mais novos, em Manjacaze.
O pai é pedreiro na África
do Sul, regressa duas ou três
vezes por ano.
Mais de um milhão de
crianças no trabalho
infantil
A história de Francisco
não é isolada, cruza-se
com histórias de várias
crianças no país. Os dados
do último relatório (2011)
do sector apontam mais
de um milhão de crianças
no trabalho infantil, divididas
em vários ramos de
actividade, desde indústria
extractiva, passando pela
construção civil, indústria
transformadora, comércio
e agricultura, caça, pesca e
silvicultura, sendo que a última
categoria, segundo dados
do Instituto Nacional de
Estatística de 2010-2012, é a
que mais se nota a presença
das crianças (78, 82%).
No entanto, na cidade
de Maputo, se olharmos
apenas para a cidade de Maputo,
perceberemos que o
comércio é a área que mais
emprega crianças (74, 4%).
Segundo o Estudo Qualitativo
Sobre o Fenómeno
do Trabalho Infantil e Seu
Impacto em Moçambique
(2014-2016), realizado pelo
Ministério do Trabalho,
Emprego e Segurança Social
e a Universidade Eduardo
Mondlane, os factores que
favorecem a ocorrência de
piores formas de trabalho
infantil variam de acordo
com a região, mas o ponto
central é que as piores formas
de trabalho infantil estão
fortemente relacionadas
com a pobreza e a educação.
“As decisões sobre o trabalho
infantil e a escolarização
são tomadas pelos
pais e, no caso de famílias
pobres, a criança torna-se
parte integrante do processo
de geração da renda para
a família”, lê-se no relatório.
Mas o mesmo estudo também
aponta o êxodo rural
como incentivo ao trabalho
infantil. Nisto, “algumas
crianças tornam-se vendedoras
ou trabalhadoras
de rua e muitas vezes são
vulneráveis à violência e
susceptíveis a trabalhos
ilegais e ilícitos, tais como
roubo, tráfico de drogas e
prostituição infantil”.
Um plano
multissectorial
No artigo 1 da Convenção
dos Direitos da Criança
lê-se que “criança é todo o
ser humano menor de 18
anos…” e no artigo 121 da
Constituição da República
de Moçambique, que versa
sobre a infância, na alínea
4, “é proibido o trabalho de
crianças, quer em idade de
escolaridade obrigatória,
quer em qualquer outra”.
A Lei do Trabalho, no
artigo 23, que versa sobre
o trabalho de menores, na
alínea 3, observa que “o
período normal de trabalho
do menor cuja idade
esteja compreendida entre
quinze e dezoito anos não
excederá trinta e oito horas
semanais e o máximo de
sete horas diárias”.
No entanto, parece que
estes instrumentos não
se mostram suficientes
para fazer face à problemática
do trabalho infantil.
“Reconhecemos que há
aspectos que devem ser
melhorados para o bem-estar
da criança. No ano
passado foi elaborado um
plano contra as piores formas
de trabalho infantil [o
trabalho que compromete
o desenvolvimento físico
e intelectual da criança]”,
disse Angélica José Magaia,
directora nacional da
Criança, no Ministério do
Género, Criança e Acção
Social.
O plano é multissectorial,
coordenado pelo
Ministério do Trabalho,
Emprego e Segurança Social.
Ao Ministério do
Género, Criança e Acção
Social, diz-nos Magaia,
cabe a garantia da expansão
da assistência social
básica de forma a garantir
que as famílias tenham o
mínimo de sobrevivência
e de consumo para que as
crianças não precisem de
trabalhar.
Neste sentido, mostra-se
importante “melhorar
as condições dos Centros
Abertos de Acolhimento
da Criança em situação
difícil”, entende a directora
da Criança.
1 de Junho para olhar
também nos casamentos
prematuros
As festividades de 1 de
Junho, conta-nos Magaia,
serão marcadas por uma
marcha cujo lema é “Vamos
pôr ponto final aos
casamentos prematuros”,
outro problema que não
permitirá que parte das
crianças celebre o seu dia.
O último Inquérito Demográfico
de Saúde de
2011 indica que 48% das
meninas, entre os 20 e 24
anos, casaram antes dos
18 anos. As províncias do
Centro e Norte do país são
as mais afectadas, sendo
que a província de Nampula
aparece com os dados
mais alarmantes.
Apontam-se várias causas,
desde a pobreza, passando
por práticas tradicionais
como os ritos de
iniciação. Mas pelo trabalho
que tem sido realizado,
neste quesito, a directora
da Criança entende que
a causa maior é a falta de
informação. “As pessoas
não têm noção de criança.
É possível encontrar, em
algumas comunidades, a
ideia de que a menina logo
que atinge a puberdade
passa a ser adulta”.
Assim, o acesso à informação
torna-se a palavra
de ordem. “Quando a informação
chegar às comunidades,
quando os pais
tiverem a noção de criança,
os casamentos prematuros
deixarão de ser problema”.
E é esta batalha que está
a ser travada: informar.
Isto aliado à expansão dos
serviços de saúde, sexual e
reprodutiva, permitirá que
se possa “atacar o problema
de forma holística”. Talvez
mais crianças possam celebrar.
Z
Elton Pila
D
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 | comercial | zambeze | 19
20 | zambeze | NEGÓCIOS E MERCADOS | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
erto de 27 mil trabalhadores moçambicanos, que prestam serviços nas minas e nas farmas
na vizinha África do Sul, passam a beneficiar de um atendimento personalizado quando
apresentarem as suas preocupações relativas aos direitos adquiridos durante o seu emprego
nas minas, mercê da inauguração, na quinta-feira, 24 de Maio, da Sala de Atendimento
ao Trabalhador Mineiro, no posto fronteiriço de Ressano Garcia, no distrito da Moamba,
província de Maputo.
secretário permanente do Ministério dos Transportes e Comunicações, Pedro
Inglês, desafiou na sexta-feira, 25 de Maio, a empresa Correios de Moçambique
a reestruturar-se e modernizar os seus serviços, com vista a responder à actual
dinâmica do mercado e às exigências dos clientes e da população.
Ressano Garcia
Face à concorrência
Mineiros com atendimento personalizado
Correios devem modernzar serviços
Constam no rol das prioridades
no atendimento ao
mineiro a questão do novo
modelo de pagamento de
salários deferidos via conta
bancária, na Sala de Atendimento
ao Trabalhador
Mineiro, os trabalhadores
das minas e das farmas,
bem como os seus familiares,
poderão ainda obter
informações sobre os mecanismos
e procedimentos de
compensações por doenças
ocupacionais, pensões e
prestações de previdência
social, assistência junto das
autoridades de migração,
oportunidades de formação
profissional para filhos e dependentes
jovens, acesso aos
serviços de seguros de vida e
de viatura, entre outras.
A entrada em funcionamento
da Sala de Atendimento
ao Trabalhador Mineiro
surge em resposta às
preocupações desta classe,
que há muito manifestava o
desejo de ter este e outros
serviços mais próximos
de si.
Conforme explicou a ministra
do Trabalho, Emprego
e Segurança Social, Vitó-
ria Diogo, que procedeu à
inauguração do edifício
onde funciona a sala de
atendimento, o Governo
está empenhado em aproximar
os serviços aos trabalhadores
moçambicanos
afectos às minas e farmas
sul-africanas, sendo prova
Este apelo resulta do facto
de o sector dos correios ter
sido afectado pelo advento
e avanço das tecnologias de
informação e comunicação
(TIC), com destaque para o
uso da internet e do correio
electrónico (e-mail), em
substituição da carta, que
deixou de ser o meio de comunicação
entre as pessoas.
Nesse sentido, de acordo
com Pedro Inglês, “os Correios
de Moçambique devem
aproveitar as tecnologias de
informação e comunicação
para automatizarem os seus
serviços e tornar cada vez
mais fácil e rápido o acesso
à informação, como é o caso
das facilidades que o comércio
electrónico oferece
para o desenvolvimento de
negócios”.
Para o secretário permanente,
que falava na
cerimónia de abertura da
VI Reunião Geral Anual
da Direcção dos Correios
de Moçambique, em substituição
do ministro dos
disso o facto de ter conseguido
convencer a Mine
Workers Provident Fund,
entidade sul-africana gestora
das pensões, a instalar-se,
pela primeira vez, no país,
concretamente na cidade de
Xai-Xai, província de Gaza.
“A instalação da Mine
Transportes e Comunicações,
Carlos Mesquita, ao
assim proceder a empresa
estará a cumprir a missão
incumbida pelo Governo
para a provisão de serviços
postais básicos aos cidadãos
e para o desenvolvimento
socioeconómico do país.
Em relação ao encontro,
que junta quadros das direcções
central e provinciais,
chefes de gabinete, coordenadores
de projectos,
entre outros, Pedro Inglês
espera que o mesmo inspire
os participantes a contribuírem
para a diversificação
Workers Provident Fund
veio resolver o antigo problema
que forçava os ex-mineiros,
viúvas e dependentes
a deslocarem-se à
África do Sul, para tratar dos
seus assuntos, e numa língua
estrangeira, neste caso o
inglês. Hoje já não é assim:
os assuntos já são tratados
no nosso país”, explicou Vitória
Diogo, que revelou já
terem sido resolvidos casos
há muito pendentes, o que
resultou no pagamento de
pensões no valor de mais de
13 mil milhões de meticais
a 2800 ex-mineiros ou seus
familiares.
A implantação da entidade
sul-africana gestora das
pensões no país permitiu,
igualmente, o pagamento de
indemnizações por parte da
extinta mina ERPM, falida
em 1999. “Pressionámos e
fizemos com que a segurade
serviços e busca de sustentabilidade
financeira da
empresa.
“O actual cenário económico
impõe que as empresas
encontrem soluções
inovadoras que contribuam
para a sua sustentabilidade.
As empresas devem modernizar-se
para continuarem a
operar no mercado, senão
serão liminarmente engolidas
pela concorrência”,
considerou Pedro Inglês,
para quem a empresa Correios
de Moçambique deve
reposicionar-se, com vista
ao cumprimento do seu
papel no quadro da implementação
do Plano Quinquenal
do Governo.
Para além da modernização,
a empresa deve
pautar por uma cultura de
dora viesse a Moçambique
indemnizar 359 ex-trabalhadores,
num montante
de 32.097.780 meticais”.
Para o secretário-geral
da Associação dos Mineiros
Moçambicanos (AMIMO),
Pedro Mondlane, a
inauguração e entrada em
funcionamento da Sala de
Atendimento ao trabalhador
mineiro “marca uma nova
era na vida dos mineiros,
que há muito esperavam
ver melhorias no seu tratamento”.
Na ocasião, Pedro Mondlane
apelou para a necessidade
de a Sala de Atendimento
estar em estreita coordenação
com os diversos
intervenientes, por forma a
manter o fluxo de informação
entre o Governo, mineiros,
empregadores (minas e
farmas), entre outros.
“O desafio, agora, é transformar
a sala num modelo
de referência no atendimento
aos mineiros e seus
dependentes, através da
prestação de um serviço
de qualidade”, afirmou o
secretário-geral da AMIMO.
Importa referir que está,
igualmente, em curso o
reforço dos serviços de rastreio
de doenças profissionais
aos trabalhadores mineiros
no local de renovação
dos contratos de trabalho,
como forma de melhorar o
acesso aos serviços de compensação
na África do Sul. Z
transparência e de prestação
de contas, elementos
essenciais para o alcance da
estabilidade financeira e desenvolvimento
harmonioso.
“A empresa deve continuar
a fortalecer a sua credibilidade
no mercado, perante
parceiros e utilizadores dos
serviços prestados para que
seja, de facto, uma instituição
de referência nacional
na provisão de serviços
postais básicos”.
Por seu turno, o Presidente
do Conselho de Administração
dos Correios
de Moçambique, Valdemar
Jessen, afirmou que, durante
o encontro, serão
delineadas estratégias que
permitirão a mudança da
actual fase que a empresa
atravessa. Z
P
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22 | zambeze | cultura | Quinta-feira, 31 de Maio de 2018
Pensamento da Semana: “Não te digas filósofo nunca, nem fales em máximas na presença de ignorantes, mas age de acordo com essas máximas.
Assim, num banquete, não ensines como é preciso comer, mas come de maneira conveniente”. - Epicteto
o quarto livro, Dany Wambire propõe
dez contos, carregados de ironia,
mas com o dedo apontado ao
que há de mais intragável na nossa
sociedade.
ministra falava aquando da apresentação do livro do Professor
Catedrático Brazão Mazula, intitulado “A Complexidade de
Ser Professor em Moçambique e seus desafios”, publicado sob
chancela da Plural Editores. Para Sortane, o livro surge num
momento oportuno. “É um legado de experiências e reflexões
sobre o que tem vindo a ser feito no domínio da Educação”, entende Sortane.
Conceita Sortane, ministra da Educação e Desenvolvimento Humano assume:
O caminho possível
Obra de Mazula é um legado de experiências e reflexões
Dany Wambire, pelos
três livros saídos do prelo,
mostra-se um cultor da
narrativa curta, pendendo
entre a crónica e o conto.
Em “A Mulher Sobressalente”
(Fundza, 2018) hasteia,
outra vez, a bandeira do
conto e dá certezas sobre
o caminho que o escritor
quer trilhar.
São dez prosas curtas que
nos colocam aos olhos a
vil realidade que sabemos
existir, mas que insistimos
em ignorar. Terá a literatura
uma missão ou uma função?
A ter, seria espiritual
ou social? São perguntas
cujas respostas estão longe
de ser consensuais. No
entanto, é inegável que
ao lermos estas estórias
- que podiam ser histó-
rias - entendemo-las como
denúncias dos males deste
tempo. Denúncias, porque
a literatura está longe de
propor soluções, está para
amplificar os problemas da
pessoa humana e caberá ao
leitor o que fazer depois do
choque. A Literatura, nestes
contos, faz o caminho
possível.
Estas narrativas que podem
até soar violento e
soam, porque a linguagem
é crua, despudoradamente
crua, sem intenção de querer
mascarar a realidade
destes personagens que
tornam a colecção de textos
Numa altura que o mundo
discute a Educação, fruto
da constante evolução
científica e tecnológica, a
obra de Mazula coloca na
ordem do dia a profissão
do professor e o que se deve
ensinar, elevando também
os desafios cruciais com
que a escola se confronta,
muito particularmente os
professores que são agentes
e objecto da mudança.
A obra não podia ser
mais actual e pertinente. E
a ministra não tem dúvidas
de que as discussões que
corporizam a obra podem
constituir subsídios importantes
para alguns dos
diversos pontos de agenda
do sector da Educação. “O
um inventário de personagens
fardadas ao fracasso.
Reconhecemo-nos, enquanto
sociedade, nestas
páginas como se estivéssemos
numa sala de espelhos,
estes contos que denunciam
realidades que as podemos
pensar num passado distante,
mas que estão enraizadas
e que se negam a desfazer-se
no tempo.
Olhemos o conto que dá
à cara pelo livro, “A Mulher
Sobressalente”, um título
provocativo até pelos enredos
que pode levar o leitor
a cogitar. Mas Wambire
não vai pelo óbvio, não vai
pelo enredo fácil, constrói
uma estória –que definitivamente
soa à história - de
uma jovem que se vê arrastada
da cidade para ser
abusuda sexualmente pelo
cunhado com a conivência
dos pais e da irmã, porque
devia saldar a dívida que
a sua família tinha com
o cunhado, a irmã nao
conseguia conceber um
filho - só filhas. Depois
de lido o texto, percebe-se
que o título não é propaganda
enganosa, afinal
está intimamente ligado ao
enredo. Acontece o mesmo
ao texto que abre o livro,
uma narrativa regada de
ironias que aponta o dedo
resultado da pesquisa pode
servir para melhorar a reflexão
temática e garantir
a tomada de decisão sobre
as políticas de formação de
professores”.
Na ocasião, a ministra
fez saber que está depositada
uma proposta de
um novo currículo para a
formação dos professores
aos linchamentos, o enredo
desdobra-se na narrativa
em várias camadas e em
cada desdobramento vai
propondo novos temas,
novas leituras, novas realidades
que tornam, ainda
mais ténue a linha entre a
tristeza e a alegria, a pobreza
e a riqueza anunciada.
O livro pode ser lido de
um só trago - se contarmos
o prefácio e o glossário, o
livro é feito de apenas de
86 páginas. Z
do Ensino Primário para
apreciação do Conselho de
Ministros. “Se for aprovado,
pretende-se introduzir
no próximo ano” disse a
ministra.
Sortane disse que o MINEDH
tem vindo a dar
especial atenção à formação
dos professores. “Esta é nossa
grande aposta”, garantiu,
acrescentando que “definimos
também uma estratégia
de formação contínua de
professores que coloca as
instituições de formação
de professores no seu epicentro”.
Estas estratégias,
entende a ministra, passam
com a publicação desta
obraa beneficiar de apoio
científico. Z
Elton Pila
Elton Pila
A
A
Quinta-feira, 31 de Maio de 2018 zambeze | 23
DIÁRIO DE CAMPO
Rafael da Câmara
| CuLtuRa |
Incendiaram a fl oresta
Nem um animal se sequer saiu
Invadiram a cidade
E nem um cidadão sequer conseguiu fi car preso
Violaram a lei
E nenhum deles foi condenado
Cantaram mil e uma cancões revolucionárias
Plantaram árvores e fruteiras
Acácias e jacarandás
Dançaram MUTHIMBA
Ao ritmo de Cheny WA GUNE
No fi nal da tarde
Choravam esfomeados e minguados
Diziam palavrões obscenas
“Bandidos fora”
“Fascistas fora”
Na minha rua uma multidão grita
“Juramos salvar vidas mas não juramos morrer à
fome…”
Eu. Vou lá visitar meus pastores ainda em greve…
Ao Ruy Duarte de Carvalho
Vou lá visitar
meus pastores
ainda em greve…
Centro Cultural Franco-Moçambicano
e o agrupamento TP50 apresentam
Recriançando – Um Tributo à Criança
Moçambicana, no sábado dia 2 de
Junho, às 10h30, na Sala Grande.
Um espectáculo em tributo
à criança moçambicana
Em 2017, e em parceria
com a Rádio Moçambique
e outros parceiros, o TP50
lançou um CD infantil denominado
“Recriançando:
Um Tributo ao Tio Turutão”.
Com aquele projecto se
pretendeu relançar a música
infantil nacional tendo
em conta a potencialidade
da música como elemento
natural e fundamental na
educação e desenvolvimento
da criança e dando resposta
à estagnação da produção
musical infantil moçambicana.
O CD, que contém músicas
educativas de autoria do
Tio Turutão e do TP50, teve
uma repercussão considerá-
vel e tem sido disseminado
com sucesso por todo o país
através da Rádio Moçambique.
Tendo em atenção o
sucesso alcançado e julgando
ter conseguido reiniciar
um processo de produção
de música infantil nacional,
o TP50 pretende manter a
criação infantil musical e
teatral de forma consistente.
Recrinçando é uma história
educativa com base
nas músicas do CD. Teatro,
música e dança decorrem
no espectáculo com a participação
de 16 músicos, 2
bailarinos, 4 actores e 14
crianças. Entre outros artistas,
destacam-se entre os
membros do grupo Hortêncio
Langa, Timóteo Cuche,
Texito Langa e Xixel. Z
lvira Viegas, a diva por direito,
convidada desta semana do “Sons
e Sabores de Moçambique”, vai estar
hoje às 20 horas no Fishmonger
(sita na Rua Sansão Mutemba,
número 412, em frente ao Comité Olímpico).
Elvira Viegas
desperta os
sentidos da arte
Elvira Viegas é como se
fosse uma mãe na música
moçambicana, por várias razões.
Mas claramente que o
facto de possuir uma música
carregada de mensagens tão
verdadeiras com um dom de
omnipresença nas vidas vai
fundamentar esta distinção.
Com esta virtude, Elvira desperta,
através da sua música,
os mais múltiplos sentidos
da arte. Ensina-nos que compor
não é um exercício do
acaso, aliás, há alguma coisa
de ritualística entre os seus
versos. Elvira Viegas descarrega
do peito toda a mensagem
que pretende cantar: na
palavra e na emoção certa.
É uma diva por direito. Há
muitas páginas da história
da nossa música com o seu
nome registado. Elvira Viegas
não só conseguiu encher
o seu percurso de amizades
e fantásticas colaborações,
bem como encheu o verbo
de palavras sólidas que nos
ensinam o sentido de pertencer
a uma Nação.
Ouvir Elvira Viegas é um
exercício de refl exão permanente,
como diria alguém, é
uma música não feita apenas
para os pés. A sua música
é dirigida a mente, é para
pensar. Mas Elvira é também
uma mãe da nossa música
pela escola que sempre foi
para vários artistas, e em parceria
com a Tia Ivone Mahumane
contribuiu em grande
medida para a formação de
diferentes gerações de artistas
moçambicanas. Muitos fi zeram
da arte um farol para as
suas vidas, outros não. Mas
estes, que não seguem a arte
hoje, com certeza imprimem
ao mais puro humanismo em
tudo que fazem.
Nesta edição do “Sons
e Sabores de Moçambique”,
Elvira Viegas vai cantar
num show em formato
acústico. Vai conversar, partilhar
emoções, momentos,
estórias, influenciar
e estimular. Será a mais
completa celebração da sua
obra, mas sobretudo um
reencontro entre esta fi gura
incontornável com os seus
seguidores. Será mais uma
noite de música, intimidade,
copos e conversas. Z
E
O
Mar Me Quer” é literatura feita teatro que a braços com a dança pisca
para a música e para as artes plásticas. O espectáculo, exibido no Gil
Vicente e no Teatro Avenida, da Companhia de Teatro Girassol, à meias
com a Companhia de Teatro JGM, foi a bandeira maior da primeira semana do
Festival Internacional de Teatro de Inverno.
Mar Me Quer: Quase às sete artes
Outra vez, o mar. Depois
de ter colocado uma expedição
portuguesa na costa
de Moçambique, no seculo
XV, outra vez o mar, é o elo
entre os portugueses e moçambicanos.
“Mar Me Quer”
é o título que marca este (re)
encontro, agora em palco.
Mas este (re) encontro que
já havia sido dado, sobre o
mesmo pretexto e texto, em
1998, quando a organização
da Exposição Internacional
de Lisboa de 1998, naquele
ano dedicado aos Oceanos,
pediu ao escritor Mia Couto
um texto. E ele escreve
este “Mar Me Quer”, um
romance em que o mar não
é só paisagem, é também
ele personagem, a tripartir
protagonismo com Zeca e
Luarmina. Ele, um caçador
de peixes; ela, uma mulher
que se deixa engordar pela
tristeza. Ouviremos esta
história de (des)amor. Os
outros personagens serão
invocados, aqui e acóla,
para reforçar o protagonismo
do mar. Ouviremos,
porque esta apresentação
distancia-se da corrente
tradicional de fazer teatro.
E já havíamos visto algo do
género, também no palco do
FITI, ano passado, quando a
Companhia de Teatro João
Garcia Miguel trouxe-nos
a adaptação de “Nós Matamos
o Cão Tinhoso”. Este
é o perfi l da Companhia de
Teatro João Garcia Miguel, a
qual coube a parte da adaptação
e encenação, nesta
co-produção.
Grosso modo não existem
actores a contracenar,
pelo menos, não no sentido
tradicionalmente estabelecido.
É um actor de cada vez
(algumas vezes, são mais de
um ou de dois no palco, mas
a voz que é ouvida é só de um
actor, exceptuando quando se
propõem a cantar) que se faz
narrador, mas também se faz
personagem, muitas personagens,
paisagem, acção. Soa à
leitura encenada. Mas há-de
ser a palavra dita, algumas
vezes mal ouvida, o menos
importante a acompanhar.
No início, a cenografia
faz-nos pensar que nos encontramos
numa Exposição
de Arte Contemporânea. A
instalação mostrava ao que o
texto ia. As redes, os barcos,
os peixes feitos com uma
espécie de gesso cobertos
por coloridas capulanas
abraçavam o mar anunciado
no título. Os actores
também eles como parte da
instalação, estão no palco,
desde o primeiro momento,
ladeados pela baterista,
que dali a pouco ia impor
o ritmo da primeira canção
a ser ouvida. Esta canção
funciona, tem melodia, tem
ritmo que nos remete à infantil
xitchuketa, peca por
ser demasiado longa, sendo
repetitiva. Não funciona a
última canção, que se perde
na melodia, no ritmo, deixa
a desejar também a entoação
dos actores, o texto é demasiado
longo para uma canção
melodicamente válida.
O processo de interpretação
proposto pelo encenador
João Garcia Miguel faz com
que o espectador foque nos
actores. E pesou para alguns
actores o pouco tempo que
tiveram para os ensaios, foi
apenas 10 dias, para montar
a peça, algumas vezes, algumas
parte do texto parecia
terem sido esquecidas. E a
dicção tornou-se um problema
maior. Palavras morriam
na boca de alguns actores.
Mas são destacáveis as actuações
das actrizes Cesária
Vuende, Eunice Mandlate
e Silvana Pombal que souberam
conjugar as dimensões
de narrador, fazer-se e
desfazer-se de personagens,
ser ambiente, ser paisagem,
ser também a acção, com
o cuidado de se fazerem
ouvir. Yuck Miranda esteve
também bem em palco. No
entanto, parece-nos actor de
um personagem, lembrou-nos
o mesmo Yuck de O
Mercador de Veneza, de A
Crise e de Pilares da Sociedade.
Horácio Mazuze teve
uma actuação exemplar. E
o baterista, ah! O baterista,
Menezes Zandamela, muitas
vezes ditou o ritmo e o
sentimento do texto.
Texto: Mia Couto
Coordenação e Produção:
Joaquim Matavel
Adaptação e Encenação:
João Garcia Miguel
Cenografi a e fi gurinos:
Ruste Osório de Castro,
Fred Cumbi
Elenco: Leonildo Almeida,
Albertina Guilaze, Malua
Saveca, Yuck Miranda,
Horácio Mazuze, Silvana
Pombal, Cesária Vuende e
Eunice Mandlate
Mú sica: Menezes Zandamela
Z
eLtoN piLa
“
Comercial
Município de Maputo pondera eliminar
cobradores nos autocarros
Quem nunca foi coagido
pelo cobrador da Empresa
Municipal de Transportes
Públicos de Maputo
(EMTPM) ou dos famosos
Samart Kicka a ter que
pagar um valor abaixo do
preço do bilhete para poder
fazer a sua viagem e
permitir que o cobrador e
o motorista tenham algum
nos bolsos?
Certamente que o caro
leitor já passou por estas e
várias situações do género,
tal como relata Carlos Paulino,
um cidadão entrevistado
pela nossa reportagem,
que conta que várias vezes
nos transportes públicos de
passageiros se tem abdicado
de pagar o preço real do
bilhete devido ao facto do
cobrador exigir que este
pague certa percentagem do
valor para que não tenha o
bilhete e poder fazer o seu
trajecto a vontade.
A fonte conta que nalgumas
vezes fica espantado
porque os cobradores a
dado momento coagem
os passageiros a pagar sete
meticais quando a tarifa
estabelecida varia de dez a
doze meticais, dependendo
da quilometragem.
“Certa vez paguei pelo
bilhete e chegado ao meu
destino o cobrador perguntou
se o bilhete estava
amarrotado ou não e respondi
que estava em perfeitas
condições, e pediu-me
de volta dando-me os
três meticais, sendo que eu
havia pagado dez meticais
pelo bilhete”, conta a fonte
acrescentando que movido
pela desonestidade acabou
aceitando submeter-se a
fraude, contribuindo para
o enriquecimento do cobrador
e do motorista e
consequentemente o empobrecimento
da empresa que
pela desonestidade dos dois
não poderá ir longe devido
a falta de fundos para manutenção
da frota.
Paulino acrescenta que
esta conduta tem sido estiantes
do autocarro partir da
terminal para outro destino.
“Temos sensibilizado os
nossos cobradores a enveredar
por boas acções, mas
há casos em que mesmo
assim há relutantes e quando
notamos esses casos
são urgentemente tomadas
medidas”, disse a fonte, apelando
para que os utentes
sejam fiscais dos cobradores
e vice-versa.
“É necessário que o passageiro
na altura de proceder
ao pagamento exija o bilhete
ao cobrador e também
constitui tarefa do passageiro
sentir-se no dever de ao
se introduzir no autocarro
fazer o pagamento porque
não podemos descurar o
facto de existirem passageiros
que não gostam de
comprar o bilhete”, disse a
mulada, por um lado, pelo
fraco controlo dos famosos
fiscais e, por outro, pelo
simples gosto dos passageiros
não querer pagar pelos
serviços prestados.
Apesar de, dentro dos
transportes públicos haver
um letreiro apelando que
os passageiros exijam o
bilhete depois de procederem
à entrega dos valores,
este procedimento não tem
sido cumprido na íntegra
visto que há situações em
que os cobradores recusam
entregar os bilhetes após
receber o valor, alegando
não tê-los, sobretudo no
período nocturno em que o
movimento torna-se fraco.
“Às vezes o cobrador do
Smart Kicka leva o dinheiro
e quando pedimos o bilhete
responde com uma voz arfonte,
apelando para que
os próprios passageiros denunciem
para o bem do sector,
uma vez que, segundo
ele, fazem parte da cadeia.
Para João Matlombe, “a
entrada dos novos autocarros
demonstra uma transição
do meio informal
para o formal, uma vez
que os meios são modernos,
mas as pessoas são as
mesmas e a mudança de
comportamento não podia
ser em 24 horas, uma vez
que há situações em que
os operadores continuam a
parar em locais impróprios,
outros comportam-se como
se estivessem a operar no
famoso “chapa cem” e isso
preocupa-nos”. A fonte refere
que os novos autocarros
já vêm com um sistema de
controlo de bilhetes.
rogante alegando não ter, e
questiono porquê as outras
carreiras possuírem bilhetes
e noutras não entregarem
aos passageiros, sendo que
estes pagam pelo mesmo”,
relatou Angélica Mubai,
destacando que a falta de
fiscal tem contribuído para
o aumento destes casos que
contribuem de certa maneira
para o retrocesso do
nosso sistema de transporte.
Entretanto, o presidente
da Cooperativa dos Transportes
do Corredor Um
(COOTRAC-1) Rodrigues
Tsucana, reconheceu haver
casos relacionados com
fraude por parte daqueles
que, segundo ele, são contra
o desenvolvimento.
De acordo com Tsucana,
é tarefa do cobrador exigir
o valor e passar o bilhete
“Nós vamos anunciar
nos próximos dias e vamos
iniciar a fazer os testes”,
disse Matlombe, acrescentando
que a ideia é retirar o
cobrador requalificando e
formando para que passe a
vender os bilhetes fora dos
autocarros em regime pré-
-pago ou cartões, porque os
dispositivos que os carros
têm nas portas permitem o
pagamento automático.
“Esse vai ser o grande
passo do ponto de vista do
modelo de transporte que
vai garantir uma eficiência
no sistema de cobrança,
aumentar a receita no fundo
municipal, reduzir a fraude
e permitir a integração
da economia informal no
sistema formal”, disse Matlombe,
destacando que
haverá controlo efectivo da
receita para permitir que
os operadores paguem os
impostos,
“Quando se cobra directamente
estes valores,
parte dos mesmos fica com
os operadores e a tripulação,
e obviamente estamos
conscientes que vamos enfrentar
uma resistência,
mas o benefício será para
população”, concluiu.
Por outro lado, o vereador
entende que houve melhorias
em relação ao transporte,
pese embora não se
tenha atingido o estágio
que se pretende, uma vez
que ainda não se introduziu
todos os meios devido o
decurso da formação dos
motoristas.
“Os meios ainda não estão
a circular, mas nas rotas
em que estão a operar o aumento
foi da capacidade dos
3000, dando resposta a um
local onde predominavam
carrinhas de caixa aberta,
na rota do Zimpeto-Praça
dos Combatentes, disse.
O vereador disse igualmente
que para esta semana
vai se atacar a rota Museu-Magoanine
e também a
rota Albasine via Grande
Maputo. Z
Para reduzir suposta fraude
vereador para área dos transportes no Município de Maputo, João Matlombe, disse ao
nosso jornal que os novos autocarros para a área metropolitana vão retirar a figura do
cobrador, uma vez que estes oferecem um serviço de pagamento e contagem automática
dos passageiros. Segundo Matlombe, esta acção visa reduzir a fraude e permitir um
modelo eficaz de gestão do transporte, aumentando a receita no sector dos transportes.
Elton da Graça
O
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