Thursday, May 3, 2018

Bassopa com dívidas!

Por Edwin Hounnou
O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse, em Londres, para onde se havia deslocado quando do encontro da Commwealth, que deveria haver uma partilha de responsabilidades entre os bancos e empresas EMATUM, MAM e PROINDICUS, no valor de dois mil milhões de dólares das dívidas inconstitucionais, porque, sustenta Nyusi, eles – os bancos – sabiam que estavam a emprestar o seu dinheiro a um país pobre.
Esta tese das nossas autoridades é tão ridícula que, só, pode convencer a um incauto e, politicamente, desprevenido. Esta estória compara-se a um idiota que vai a um restaurante e pede pratos requintados e regados de vinho da mais alta qualidade. Quando chega a vez de pagar a conta, diz que “vamos partilhar o pagamento porque você deveria ter visto que eu sou pobre. O gestor do restaurante deveria, sem mais delongas, chamar polícia para prender o burlador.
As exigências do Fundo Monetário Internacional, FMI, não foram satisfeitas e já falam de partilha de responsabilidades. Esconderam o relatório da Kroll, codificaram os nomes dessa gatunagem para que o povo não possa identificar quem meteu o país na sarjeta. Ainda por cima, a PGR diz que os promotores dessas dívidas gozam do princípio da presunção de inocência. É uma grande mentira. Eles têm medo de ser destituídos. Os implicados da sobrefacturação dos 800 mil dólares da LAM viram seus nomes divulgados e recolhidos à prisão. O princípio da presunção de inocência não é para todos? Os magistrados da PGR estão algemados ao poder político, por isso, andam aos zig-zag.
Com quem os agiotas dos bancos que deram dinheiro às empresas que nunca chegaram a funcionar terão que partilhar as responsabilidades no pagamento das dívidas ocultas? Com o Estado moçambicano ou com os violadores das leis nacionais? Se for com o Estado, o povo será obrigado a pagar dinheiro de que nunca se beneficiou.
Os beneficiários das dívidas ocultas estão vivos, tê com endereços e caras conhecidos. Vemos alguns deles a promoverem palestras para ensinar ao povo a não temer ser rico. Aparecem nas festas do Estado e dão longas entrevistas. Outros passeiam pelas cidades e vilas, na delegação do presidente Nyusi, seu comparsa na falcatrua. São eles que devem pagar essas dívidas e não o povo. Cabe à PGR deixar de acobertar os “espertos” que arruinaram a nossa economia.
O processo das dívidas escondidas foi aberto há três anos e com provas bastantes do maior roubo financeiro ocorrido, no país, mas, não tem nenhum arguido. Com medo, a PGR chutou a bola para o Tribunal Administrativo, à maneira de Pôncio Pilatos que lavou as mãos e atirou Cristo aos seus carrascos para o açoitarem e o crucificarem.

A procuradora-geral diz que se houve roubo de dinheiro das dívidas ocultas, só pode ter ocorrido no estrangeiro onde estão os bancos e os provedores de serviços porque não encontra evidência nos santos da casa. Isso é um sofisma para adormecer o povo. Se fosse verdadeiro, como desapareceram os 500 milhões de dólares que a Kroll não recibos? De que modo ganharam as chorudas comissões constantes no relatório da Kroll? É um golpe de mestre. Basta ver o produto adquirido e o recibo apresentado para ver que houve sobrefacturação.
Quanto a nós, a solução consiste na responsabilização criminal dos promotores das dívidas inconstitucionais que deve passar pela expropriação dos seus bens móveis e imóveis e congelamento das suas contas bancárias sedeadas dentro e fora do país, até ao julgamento. A posição do FMI é correcta, por isso, as torneiras que jorravam leite e mel que engordavam os corruptos que continuem fechadas.
Os corruptos travam o desenvolvimento de Moçambique. Em 43 anos de independência, o país ainda importa cebola, alho, tomate, banana, laranja, toranja, etc. Chegamos ao ridículo de as populações das zonas rurais procurarem as vilas e cidades para comprar tomate, arroz. Já perdemos a vergonha. Somos tomados pela comunidade internacional como um país não sério cujo governo até viola a constituição e os prevaricadores são considerados heróis ao invés de bandidos.
Eles pensam que o povo seja imbecil por atrasar pôr termo ao festim de malandros que delapidam os nossos recursos e comprometem o desenvolvimento do país. Só o povo pode mudar o seu destino. De nada vale esperar pelas instituições pela PGR cooptadas pelo regime. O apelo de Nyusi sobre a partilha de responsabilidades provoca nojo. Os argumentos da procuradora-geral da República, em defesa dos autores das dívidas escondidas, causam repulsa.
Bassopa com as dívidas elas podem retroceder famílias inteiras, fazer mergulhar na desgraça povos e nações. Podem travar o desenvolvimento de um país e tirar a alegria e sorriso da sua gente. O povo tem que tomar a dianteira de mandar embora a legião de corruptos, bandidos e ladrões para que Moçambique volte ao concerto das nações. Povo moçambicano, surge et ambula – levanta e anda! Precisamos de um novo sol e de uma nova primavera! Precisamos de uma estrela da manhã para seguirmos. O povo merece algo melhor!

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