Sobre a «Lixeira Assassina» de Hulene!
1. Localizada no Bairro de Hulene, ao longo da Avenida Julius Nyerere, arredores da Cidade de Maputo, a Lixeira de Hulene é, conforme dados oficiais, «a maior e a mais antiga lixeira do país, contando, neste momento, com mais de 35 anos de existência», cujo encerramento já devia ter ganho espaço há anos.
2. Com «promessas de encerramento que remontam há mais de 10 anos», a Lixeira de Hulene, até esta parte, tem vindo a firmar-se como um centro de proliferação de exército de ratazanas, moscas, mosquitos, baratas e outros insectos amadores do lixo, e que invadem as despensas das populações em volta de Hulene.
3. Facto recorrente nas proximidades da Lixeira de Hulene, em tempos chuvosos como estes, se já sufocada pelo lixo doméstico e industrial que ali continua a ser depositado, é a «invasão das camadas de lixo nas bermas da Av. Julius Nyerere», que resulta no condicionamento daquela via que leva ao Centro da Cidade.
4. Desta vez, e com todo o pesar, mas também facto que é recorrente, é a invasão das camadas de lixo às residências próximas àquela lixeira, umas que chegam a distar-se a dois metros daquela, com muito especial destaque à zona não abrangida pelo muro de vedação, que culminara com perdas humanas nesta madrugada.
5. A imprensa nacional, até ao momento, fala de 25 mortos na sequência deste incidente que afectou às famílias residentes à volta da Lixeira de Hulene, o que não exclui a possibilidade deste número vir a crescer feitas as actualizações, porquanto o trabalho de exumação dos corpos das vítimas ainda prossegue no local.
6. Ora, sem qualquer dose de pessimismo, este incidente já era previsível. Aliás, já em Junho de 2015, redigi um artigo de opinião com o título «Lixeira de Hulene: impacto sócio-económico», que até foi objeto de publicação no Jornal Notícias, em que apontava os males presentes e futuros da operação daquela lixeira.
7. No citado texto, apontei que era visceral o cheiro nauseabundo que emergia da lixeira e, sobretudo, em tempos chuvosos, das camadas de lixo que se estacionavam defronte aos quintais alheios e, em casos, extremos, até invadindo o seu interior como as construções, criando, nas raras vezes, uma espécie de esgoto.
8. Dentre outros males conexos à Lixeira de Hulene, também destacados no artigo, são os furtos recorrentes principalmente em tempos chuvosos, em que malfeitores, alguns se fazendo passar de catadores lixo, aproveitando-se do condicionamento da via, saqueavam bens de automobilistas nas bagageiras das viaturas.
9. Ainda no tocante aos saques, relatos têm sido vários, de pessoas que dizem ter sido desapropriadas seus bens como carteiras, telemóveis e dinheiro pelos catadores de lixo que penduram-se nos transportes semi-colectivo de passageiros em movimento que, inadvertidamente, surpreendem os passageiros feitos a bordo.
10. Curiosamente, para além das promessas de encerramento feitas por Enes Comiche, então edil há mais de 10 anos, por um lado, e pelo seu sucessor e actual edil, David Simango, por outro, a Lixeira de Hulene, visivelmente, continua a receber lixo e mais lixo diariamente, asfixiando aquela área e quintais residenciais.
11. Se partirmos do princípio de que ambos edis, Comiche e Simango, concorrem e presidirem o Município de Maputo pelo mesmo partido – a Frelimo, como propuseram-se, antes e na pendência de seus mandatos, encerrar àquela lixeira, pode considerar-se que nunca constituiu interesse destes a saúde e a vida daquelas populações.
12. Aliás, durante esse todo tempo de enfarte da capacidade da Lixeira de Hulene sem contar, a ondas de assalto, destacando-se de forma igual, as incursões dos homens-catana, bem como o facto de esta localizar-se em uma zona residencial, surpreende-nos o silêncio do Governo Provincial como Central face à este mal.
13. Numa situação em que o Direito ao ambiente afigura a um direito fundamental e interesse difuso, expressamente consagrado no artigo 90.º da nossa Constituição, e atentos ao que dispõe o artigo 117.º do mesmo instrumento, claramente que a indiferença do Governo provincial como central preocupa, e muito.
14. Com este incidente, vidas foram ceifadas. São filhos, pais e mães que experimentaram o luto, e se calhar, de pessoas que eram responsáveis pelo sustento de seus agregados familiares, tudo por conta de uma negligência e desinteresse institucional, numa prova clara de que a vida de um cidadão é atenção de poucos.
15. Em bom rigor, num desejo meramente utópico, quisera tanto que o manifesto eleitoral dos nossos edis fosse de cumprimento obrigatório, sendo que a sua falta de cumprimento pudesse afigurar uma «burla ou crime de falsas expectativas», e que houvesse, em casos de danos como de Hulene, séria responsabilização.
Eu Sou Hulene!
Ivan Maússe.
1. Localizada no Bairro de Hulene, ao longo da Avenida Julius Nyerere, arredores da Cidade de Maputo, a Lixeira de Hulene é, conforme dados oficiais, «a maior e a mais antiga lixeira do país, contando, neste momento, com mais de 35 anos de existência», cujo encerramento já devia ter ganho espaço há anos.
2. Com «promessas de encerramento que remontam há mais de 10 anos», a Lixeira de Hulene, até esta parte, tem vindo a firmar-se como um centro de proliferação de exército de ratazanas, moscas, mosquitos, baratas e outros insectos amadores do lixo, e que invadem as despensas das populações em volta de Hulene.
3. Facto recorrente nas proximidades da Lixeira de Hulene, em tempos chuvosos como estes, se já sufocada pelo lixo doméstico e industrial que ali continua a ser depositado, é a «invasão das camadas de lixo nas bermas da Av. Julius Nyerere», que resulta no condicionamento daquela via que leva ao Centro da Cidade.
4. Desta vez, e com todo o pesar, mas também facto que é recorrente, é a invasão das camadas de lixo às residências próximas àquela lixeira, umas que chegam a distar-se a dois metros daquela, com muito especial destaque à zona não abrangida pelo muro de vedação, que culminara com perdas humanas nesta madrugada.
5. A imprensa nacional, até ao momento, fala de 25 mortos na sequência deste incidente que afectou às famílias residentes à volta da Lixeira de Hulene, o que não exclui a possibilidade deste número vir a crescer feitas as actualizações, porquanto o trabalho de exumação dos corpos das vítimas ainda prossegue no local.
6. Ora, sem qualquer dose de pessimismo, este incidente já era previsível. Aliás, já em Junho de 2015, redigi um artigo de opinião com o título «Lixeira de Hulene: impacto sócio-económico», que até foi objeto de publicação no Jornal Notícias, em que apontava os males presentes e futuros da operação daquela lixeira.
7. No citado texto, apontei que era visceral o cheiro nauseabundo que emergia da lixeira e, sobretudo, em tempos chuvosos, das camadas de lixo que se estacionavam defronte aos quintais alheios e, em casos, extremos, até invadindo o seu interior como as construções, criando, nas raras vezes, uma espécie de esgoto.
8. Dentre outros males conexos à Lixeira de Hulene, também destacados no artigo, são os furtos recorrentes principalmente em tempos chuvosos, em que malfeitores, alguns se fazendo passar de catadores lixo, aproveitando-se do condicionamento da via, saqueavam bens de automobilistas nas bagageiras das viaturas.
9. Ainda no tocante aos saques, relatos têm sido vários, de pessoas que dizem ter sido desapropriadas seus bens como carteiras, telemóveis e dinheiro pelos catadores de lixo que penduram-se nos transportes semi-colectivo de passageiros em movimento que, inadvertidamente, surpreendem os passageiros feitos a bordo.
10. Curiosamente, para além das promessas de encerramento feitas por Enes Comiche, então edil há mais de 10 anos, por um lado, e pelo seu sucessor e actual edil, David Simango, por outro, a Lixeira de Hulene, visivelmente, continua a receber lixo e mais lixo diariamente, asfixiando aquela área e quintais residenciais.
11. Se partirmos do princípio de que ambos edis, Comiche e Simango, concorrem e presidirem o Município de Maputo pelo mesmo partido – a Frelimo, como propuseram-se, antes e na pendência de seus mandatos, encerrar àquela lixeira, pode considerar-se que nunca constituiu interesse destes a saúde e a vida daquelas populações.
12. Aliás, durante esse todo tempo de enfarte da capacidade da Lixeira de Hulene sem contar, a ondas de assalto, destacando-se de forma igual, as incursões dos homens-catana, bem como o facto de esta localizar-se em uma zona residencial, surpreende-nos o silêncio do Governo Provincial como Central face à este mal.
13. Numa situação em que o Direito ao ambiente afigura a um direito fundamental e interesse difuso, expressamente consagrado no artigo 90.º da nossa Constituição, e atentos ao que dispõe o artigo 117.º do mesmo instrumento, claramente que a indiferença do Governo provincial como central preocupa, e muito.
14. Com este incidente, vidas foram ceifadas. São filhos, pais e mães que experimentaram o luto, e se calhar, de pessoas que eram responsáveis pelo sustento de seus agregados familiares, tudo por conta de uma negligência e desinteresse institucional, numa prova clara de que a vida de um cidadão é atenção de poucos.
15. Em bom rigor, num desejo meramente utópico, quisera tanto que o manifesto eleitoral dos nossos edis fosse de cumprimento obrigatório, sendo que a sua falta de cumprimento pudesse afigurar uma «burla ou crime de falsas expectativas», e que houvesse, em casos de danos como de Hulene, séria responsabilização.
Eu Sou Hulene!
Ivan Maússe.
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