Os acólitos de plantão
As vezes Moçambique parece uma religião, onde os deuses e seus profetas têm sempre razão. Onde a culpa (o pecado) está inequivoca e permanentemente com os puros mortais que não entenderam bem o sermão ou evangelho. Os imaculados não precisam de defender ou explicar a sua santidade. Para isso existem os acólitos em cada conversa de esquina prontos para advogarem a seu favor e esfregarem a culpa em alguém... de preferência um zé-ninguém que não entendeu patavina na catequese.
Aqui também é assim. Infelizmente! Há sempre alguém em prontidão combativa para defender asneiras e macaquices de quem quer que seja do topo da tabela e lançar as culpas às costas do primeiro zé-povão que passar por ali.
Ontem, 17 pessoas ficaram soterradas de lixo quando dormiam nas suas casas. Imediatamente, e do nada, surgiram os acólitos oferecendo culpa aos humildes falecidos. Alegam eles que a lixeira de Hulene foi a primeira coisa que chegou àquele local e que os falecidos invadiram o lugar do lixo. Ora essa!!!
Ignoram eles que as pessoas foram ali parar porque o Município de Maputo não tem plano de urbanização e por causa disso a cidade vai se alastrando como um câncro. A edilidade nunca arranjou terrenos condignos para as pessoas viverem. Quando isso acontece são para os "amigos dos deuses" para construírem as suas casas de porcelana.
Ignoram eles que aquelas pessoas pagam impostos e taxas cobradas pelo Município, incluindo a taxa de lixo. Não se perguntam como é que um indivíduo que paga taxa de lixo morre afogado no lixo?
Ignoram eles que aquele acidente podia ser evitado e, se não foi, é porque o Município é lerdo. O deixa andar.
Agora que o Umbeluzi secou, a culpa também é do povo que bebe muita água... devia usar a água da torneira só para tomar comprimidos. Foi assim com as dívidas ilegais. Alguém entendeu encher os bolsos da sua balalaika com dinheiro alheio e a culpa recaiu sobre o povo, por estar a falar dessa dívida, e sobre o dono, por estar a cobrar a dívida. O pior é que existem analistas de escolta para defender essa ladainha.
Assim não dá, irmãos!
Em 2007, um amigo meu perdeu o pára-brisa (vidro frontal) do carro quando os trabalhadores do Município estavam a podar acácias da sua rua. Foi-lhe dito que a edilidade não se responsabilizaria pelos danos porque ele, como munícipe de Maputo, devia ter-se apercebido que os galhos das árvores tinham crescido demais e que, por isso, devia ter desconfiado que a qualquer momento podia chegar alguém para cortar. E, em conversa de bar, alguém defendia essa macaquice.
Adoraria viver num país onde cada um é responsável pelos seus actos. Onde não há sentinelas de ocasião. Pois, o que eles não entendem é que estão a ser advogados da sua própria desgraça. Hoje foi a lixeira de Hulene que galgou o bairro, amanhã será o seu prédio que vai ruir porque foi construída uma outra cidade no seu terraço sob olhar sereno e cúmplice do vereador.
Isto parece uma seita religiosa do quinto século. Aqui os acólitos cantam o refrão antes de ensaiarem a cantiga.
- Co'licença!™
As vezes Moçambique parece uma religião, onde os deuses e seus profetas têm sempre razão. Onde a culpa (o pecado) está inequivoca e permanentemente com os puros mortais que não entenderam bem o sermão ou evangelho. Os imaculados não precisam de defender ou explicar a sua santidade. Para isso existem os acólitos em cada conversa de esquina prontos para advogarem a seu favor e esfregarem a culpa em alguém... de preferência um zé-ninguém que não entendeu patavina na catequese.
Aqui também é assim. Infelizmente! Há sempre alguém em prontidão combativa para defender asneiras e macaquices de quem quer que seja do topo da tabela e lançar as culpas às costas do primeiro zé-povão que passar por ali.
Ontem, 17 pessoas ficaram soterradas de lixo quando dormiam nas suas casas. Imediatamente, e do nada, surgiram os acólitos oferecendo culpa aos humildes falecidos. Alegam eles que a lixeira de Hulene foi a primeira coisa que chegou àquele local e que os falecidos invadiram o lugar do lixo. Ora essa!!!
Ignoram eles que as pessoas foram ali parar porque o Município de Maputo não tem plano de urbanização e por causa disso a cidade vai se alastrando como um câncro. A edilidade nunca arranjou terrenos condignos para as pessoas viverem. Quando isso acontece são para os "amigos dos deuses" para construírem as suas casas de porcelana.
Ignoram eles que aquelas pessoas pagam impostos e taxas cobradas pelo Município, incluindo a taxa de lixo. Não se perguntam como é que um indivíduo que paga taxa de lixo morre afogado no lixo?
Ignoram eles que aquele acidente podia ser evitado e, se não foi, é porque o Município é lerdo. O deixa andar.
Agora que o Umbeluzi secou, a culpa também é do povo que bebe muita água... devia usar a água da torneira só para tomar comprimidos. Foi assim com as dívidas ilegais. Alguém entendeu encher os bolsos da sua balalaika com dinheiro alheio e a culpa recaiu sobre o povo, por estar a falar dessa dívida, e sobre o dono, por estar a cobrar a dívida. O pior é que existem analistas de escolta para defender essa ladainha.
Assim não dá, irmãos!
Em 2007, um amigo meu perdeu o pára-brisa (vidro frontal) do carro quando os trabalhadores do Município estavam a podar acácias da sua rua. Foi-lhe dito que a edilidade não se responsabilizaria pelos danos porque ele, como munícipe de Maputo, devia ter-se apercebido que os galhos das árvores tinham crescido demais e que, por isso, devia ter desconfiado que a qualquer momento podia chegar alguém para cortar. E, em conversa de bar, alguém defendia essa macaquice.
Adoraria viver num país onde cada um é responsável pelos seus actos. Onde não há sentinelas de ocasião. Pois, o que eles não entendem é que estão a ser advogados da sua própria desgraça. Hoje foi a lixeira de Hulene que galgou o bairro, amanhã será o seu prédio que vai ruir porque foi construída uma outra cidade no seu terraço sob olhar sereno e cúmplice do vereador.
Isto parece uma seita religiosa do quinto século. Aqui os acólitos cantam o refrão antes de ensaiarem a cantiga.
- Co'licença!™
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