Julião João Cumbane is with Julião João Cumbane.
Desfazendo equívocos...
Moçambicanas e moçambicanos, principalmente vós que sois ainda jovens, quer de idade quanto de espírito, o debate sobre o que é mais importante entre ciências naturais e ciências sociais é muito antigo e sempre foi polémico. Eu não disputo a importância de um grupo de ciências sobre o outro. Nessa disputa eu não entro, porque a julgo fútil.
O que eu disputo é a utilidade prática das ciências naturais comparada com a das "ciências sociais", assim chamadas em vez de artes (dai o uso de " "). Sim, rigorosamente, "ciências sociais" não são ciências, mas sim artes.
A minha tese é de que as ciências naturais são as precursoras da prosperidade material e intelectual da humanidade. Com efeito, tal como a tecnologia, entendida como a arte de produzir e usar ferramentas na realização de trabalho, as artes são historicamente mais velhas que as ciências naturais. Porém, enquanto o ser humano não conhecia as leis que governam o funcionamento do mundo em que vive, não houve evolução significativa na tecnologia e nas artes. A evolução destas actividades humanas só foi possível com o advento do conhecimento sobre como a Natureza funciona, produto da pesquisa científica em ciências naturais (Física, Química e Biologia). Tal conhecimento deu origem à engenharia, entendida como a actividade de manipular processos para produzir um fim desejado.
Não preciso de ler almanaques ou compêndios de filosofia para entender que as ciências naturais são precursoras de desenvolvimento humano e das artes são geradores pedantes e confusionistas, com algumas poucas excepções. Isto pode ser ofensivo para os preguiçosos mentais que dependem do pensamento de outrem para suportar as suas próprias ideias, como se essas ideias de outrem que usam sem questionamento criterioso para suportar as suas próprias fossem infalíveis ou de validade absoluta.
As artes (ou ciências sociais) não geram progresso material, mas sim ideias controversas e, amiúde, conducentes ao caos social. A pesquisa em artes tem como objecto o modo de ser e estar dos seres humanos. Esta pesquisa só é útil na medida em que for bem sucedida na discriminação do bem do mal, do bonito do feio, o limpo do sujo, do desejável do indesejável,... e em convencer as pessoas a preferir o bem em vez do mal, o bonito em vez do feio, o limpo em vez do sujo, o desejável em vez do indesejável,... que seja aceite por TODAS das pessoas. Mas como NUNCA ocorre que todas as pessoas concordam no que é bom ou mau, no que é bonito ou feio, no que é limpo ou sujo, no que é desejável ou indesejável, as conclusões da pesquisa em artes NUNCA são conclusivas ou universais. Vai daqui que a intelectualidade das pessoas versadas em artes é simplesmente teórica e imaterial, razão pela qual não gera progresso tangível na vida humana. Isto explica, para mim pelo menos, que não haja prémio Nobel de Sociologia, por exemplo, o prémio Nobel de Economia sendo a única excepção. (Não me falai do prémio Nobel da Paz, pois Paz não é ciência!)
Por eu pensar assim, sou da opinião de um país que quer dar um salto qualitativo e quantitativo rumo ao progresso material (económico) e social (emocional e espiritual) DEVE considerar a promoção ponderada da educação em artes e em ciências naturais e matemática, dano maior peso à educação com potencial para produzir riqueza tangível, nomeadamente a educação em ciências naturais e matemática. Não é racional para um país que se quer de progresso económico e social, ter muitas escolas a graduar de filósofos, historiadores, politólogos, sociólogos, antropólogos, juristas e quejandos, em vez graduar matemáticos, físicos, químicos, biólogos, geólogos, geógrafos, engenheiros, médicos e veterinários.
Enfim, reitero que Moçambique, no contexto actual, precisa de uma escola que gradua pessoas preparadas não para fazer citações de pensamento de filósofos, historiadores, politólogos, sociólogos ou antropólogos, mas sim de pessoas que preparadas para produzir soluções para problemas reais. Por exemplo, eu gostaria de ver aquelas peças de inovação tecnológica para processamento de amendoim, coco, mandioca, batata, etc., que sãos expostas nas feiras de ciência e tecnologia, a serem industrializadas. Aquelas peças são soluções baseadas na aplicação do conhecimento das ciências naturais para resolver problemas locais. Problemas sociais, requerendo soluções artísticas idealizadas por "cientistas sociais" só abundam onde a comida nutritiva e saudável não chega para todos. Se a nossa escola graduar pessoas capazes de inventar soluções locais para os nossos problemas e não só, aí sim, Moçambique poderá desenvolver-se de forma sustentável. Dizer isto não é menosprezar as artes ou "ciências sociais", como alguns precipitados entendem e levam ofensa por isso. Não preciso desses na conversa discussão possível desta reflexão, pois suas intervenções não viabilizam um debate profícuo necessário. Espero ter sido bem sucedido em desfazer equívocos.
Tenho dito.
Palavra d'honra!
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