Monday, January 29, 2018

Aeroportos de Moçambique com prejuízos de 7,6 biliões e passivo ascende a 27 biliões

Aeroportos de Moçambique com prejuízos de 7,6 biliões e passivo ascende a 27 biliões
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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Adérito Caldeira  em 26 Janeiro 2018
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Foto de Adérito CaldeiraEmbora duas novas companhias aéreas estrangeiras tenham começado a voar para o nosso país em 2016 os Aeroportos de Moçambique (ADM) receberam menos aeronaves, passageiros e carga do que em 2015 registando prejuízos de 7,6 biliões de meticais. O passivo da empresa estatal aeroportuária “voou” para mais de 27 biliões e as dívidas à banca cresceram para 17,9 biliões de meticais.
Para sair da situação de falência que se encontrava em 2015, e que o @Verdade revelou, os ADM revalorizaram os seus activos tangíveis, em 19.433.742.410 meticais, o que permitiu equilibrar o seu capital próprio de 1,3 bilião para 13.115.632.908 meticais.
Não fosse este exercício contabilístico e a empresa estatal poderia ter capitulado, é que pelo terceiro ano consecutivo registou prejuízos que em 2016 ascenderam a 7.658.081.101 meticais negativos, mais do dobro do ano anterior, apurou o @Verdade no Relatório e Contas dos ADM.
No entanto, num ano em que a Qatar Airways e a Air Mauritius começaram a voar para o nosso país, os Aeroportos receberam menos aeronaves, menos passageiros e menos carga. Ironicamente o volume de negócios aumentou, fundamentalmente graças a desvalorização do metical em relação ao dólar, moeda usada pela Empresa Pública na venda dos seus serviços aeronáuticos e não aeronáuticos.
Dentre as vendas o crescimento maior foi dos serviços de navegação aérea, seguido pela taxa cobrada a cada passageiro, segundo as companhias aéreas dos mais caros do mundo.
Os ADM taxam 13 dólares por passageiro em voos domésticos e 35 nos voos regionais ou internacionais. Mas para além dos resultados negativos em 2016 o @Verdade descortinou que afundam as contas da empresa estatal de aeronáutica os passivos resultantes das dívidas contraídas em bancos, nacionais e estrangeiros, que aumentaram em 50% e ascendiam a 19.921.092.892 meticais, a 31 de Dezembro de 2016, agravados pela desvalorização do metical.
A maior dívida é ao Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social(BNDES) do Brasil, avaliada em 7.707.531.733 meticais, ao Banco Comercial e de Investimentos os ADM devem 2.059.766.502 meticais, ao Standard Bank devem 1.856.200.701 meticais, ao Exim Bank of China a dívida estava avaliada em 1.109.468.931 meticais, só para citar os mais elevados compromissos bancários, contratados com Garantias do Estado, portanto o povo é que paga.
Aliás os Aeroportos de Moçambique também deviam 440 milhões de meticais ao extinto Nosso Banco, contraídos “para financiar a tesouraria da empresa” poucos meses antes da dissolução pelo banco central.
Essas dívidas somadas a outras obrigações financeiras e a contas atrasadas com fornecedores, nacionais e estrangeiros, elevaram os passivos dos Aeroportos de Moçambique de 17,7 biliões, em 2015, para mais de 27 biliões de meticais.
Megalómano aeroporto de Mavalane recebeu dez vezes menos passageiros do que velhinho Jomo Kenyatta
Recorde-se que para fazer face a compromissos financeiros e operacionais da empresa o Estado, único accionista, injectou durante 2016 mais 733 milhões de meticais em nova dívida contraída junto do também estatal Banco Nacional de Investimentos.
Portanto mais dinheiro do povo, que por exemplo daria para cobrir o défice de fundos que o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades tem, gasto em investimentos sem rentabilidade como são os casos do aeroporto de Nacala e o aeroporto de Mavalane.
A título ilustrativo a maior instalação de aviação do Quénia é o velhinho aeroporto Internacional Jomo Kenyatta construído nos anos 70 mas que em 2016 recebeu 10 milhões de passageiros, contra o milhão registado em Mavalane, e não tem as megalómanas infra-estruturas edificadas na capital moçambicana.
Mas pelos vistos a falta de viabilidade não é um quesito para os governos do partido Frelimo que este ano decidiram iniciar a construção de outro aeroporto, em Gaza, com recurso a mais dívida pública.

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