A entrevista de Mahlusa para mim foi útil pois, como sabe, estou a escrever sobre a minha participação na Luta de Libertação Nacional, e neste preciso momento, estou exactamente a escrever sobre o período a que a entrevista de Mahlusa se refere: 1961/62. Uma das técnicas de avivar a memória, que alguns historiadores me recomendaram, foi exactamente de confrontar as nossas próprias recordações com os depoimentos de outros. Por isso, a entrevista de Mahlusa, veio mesmo a calhar, como soe dizer.
Eu cheguei a Dar-es-Salaam em 22/11/1961 (como e porque cheguei a Dar-es-Salaam, não interessa aqui para o caso e explicarei no meu livro). Em Dar-es-Salaam convivi com Mahlusa regularmente quase todos os dias até eu partir para Marrocos nos primeiros dias de 1962. Mas não só com Mahlusa; também com Paulo Gumane, com Calvino Mahlayeye, com David Mabunda, com João Munguambe e com Lopes Tembe. Estranhamente estes últimos não são referidos na entrevista de Mahlusa, que é tão rica de detalhes. Foi pena pois João Munguambe e Lopes Tembe estão vivos, estão entre nós e também podem testemunhar. Foi de Mahlusa que, na altura, ouvi com todo o pormenor o relato da constituição da UDENAMO. O relato de Mahlusa contido na entrevista em muitos pontos (mas não em todos) coincide com as minhas próprias memórias do que ele me contou a mim, há 39 anos.
Quero aqui aproveitar a oportunidade de felicitar Mahlusa pela correcção revelada em descrever o notável papel de Marcelino dos Santos nesta fase da nossa Luta de Libertação Nacional. Esse papel de extraordinária importância nem sempre tem sido devidamente documentado e devidamente dado a conhecer ao público.
Quero desde já deixar aqui bem claro que o verdadeiro arquitecto da Unidade Nacional é de facto Eduardo Mondlane, como demonstrarei a seguir, mas se for preciso encontrar algum adjunto nessa tarefa hercúlea, esse adjunto é, sem dúvida nenhuma, Marcelino dos Santos. Já que no SAVANA de 20/10/2000, se dedicou tanto espaço a quem merece nomes de ruas neste País, quero aqui afirmar que Marcelino dos Santos sim, merece ter muitas ruas com o seu nome por todo esse Moçambique. Só acho que se não deve ainda atribuir o seu nome a ruas, porque sou contra utilizar nomes de pessoas vivas, para designar ruas.
Mas o testemunho de Mahlusa, se tem essas virtudes, também tem muitos defeitos. Em primeiro lugar tem muitas imprecisões e incorrecções que denotam que a sua memória já não está tão viva, mas que de qualquer modo, não são muito importantes. Em segundo lugar, omite alguns factos, decerto intencionalmente, pois isso lhe deve convir para a sua estória. Voltarei sobre isso em alguns aspectos que me dizem respeito directamente, mas que descreverei no meu livro e que, em todo o caso, não me fariam escrever esta carta.
O mais importante, e realmente é isso que me move a escrever esta carta, é grosseira deformação que Mahlusa faz do papel de Eduardo Mondlane na criação da FRELIMO e na consolidação dessa unidade.
Devo desde já esclarecer que, em Dezembro de 1961, Mahlusa me falou de Eduardo Mondlane em termos bem diferentes daqueles que ele usou agora na entrevista do SAVANA. Para Mahlusa, nessa altura, Mondlane era uma figura carismática que lhe inspirava o maior respeito. Mahlusa contou-me naquela altura que Eduardo Mondlane preparava uma visita a Dar-es-Salaam, e que havia correspondência com ele. Disse-me também que lhe tinham oferecido para ele ser membro da UDENAMO e que Mondlane se tinha recusado, pois que estava interessado em promover a unidade de todos os partidos. Mahlusa falava de Mondlane nessa altura com bem maior estima do que aquela que ele revelou agora. Para melhor documentar a situação, Mahlusa mostrou-me uma carta de Mondlane, escrita dos EUA, onde nessa altura já não era funcionário das Nações Unidas, mas professor da Universidade de Syracusa, em que Mondlane agradecia a oferta que lhe tinham feito de se integrar na UDENAMO, e em que explicava as razões porque de momento não aderia à UDENAMO, deixando a porta aberta para posteriormente o vir, eventualmente, a fazer, se essa fosse a melhor estratégia para a unidade, como, de facto, acabou por acontecer. Em nenhum passo dessa carta Mondlane condicionava a sua participação a qualquer posto que tivesse na altura, nem Mahlusa, na altura se referiu a isso.
Mahlusa contou-me também que Mondlane mantinha correspondência com o Presidente Nyerere, com quem aliás já se tinha encontrado em várias ocasiões. Mahlusa também me contou que Mondlane já tinha abordado com Nyerere a questão da unidade que era também tão cara a este. Nem Mahlusa, nem Adelino Guambe, nem nenhum dos outros oficiais da UDENAMO, nunca tiveram acesso a Nyerere. No máximo falavam com funcionários subalternos da TANU. Se Nyerere concordou que a MANU fosse a Acra em 1 de Junho de 1962 para consolidar a unidade com a UDENAMO, seguramente que foi muito mais por influência de Eduardo Mondlane do que de Mahlusa ou de Guambe.
No livro de Nadia Manghezi sobre a vida de Janet Mondlane (página 220) mostra-se claramente como as relações de Mondlane, se não circunscreviam a Nyerere, mas que se estendiam também a Óscar Kambona (na altura secretário-geral da TANU e Ministro dos Negócios Estrangeiros), Rachidi Kawawa (primeiro-ministro) Nsilo Swai (Ministro sem Pasta e depois Embaixador nos EUA), etc.
A unidade nacional é uma questão muito séria e muito complexa que se não resume à fusão de pequenos partidos. Para que haja unidade e ela se consolide é preciso que haja um clima propício para isso e que os diversos intervenientes o queiram. O "arquitecto da unidade" não faz a unidade sozinho, mas tem que mobilizar os outros para que estes o queiram e tem que criar o clima propício para que a unidade aconteça e, mais importante ainda, para que essa unidade se consolide e não venha a ser destruída. E foi isso exactamente que Mondlane fez.
Adelino Guambe tinha ido para Gana e era financiado por Gana. Aliás toda a UDENAMO era financiada por Gana. É fácil de perceber que, nestas circunstâncias, Guambe fez sempre o que os interesses estratégicos de Gana ditassem. Felizmente que Kwame Nkrumah, do mesmo modo que Nyerere, era extremamente dedicado à causa da unidade africana e por consequência à causa da unidade dos partidos de libertação dentro de cada País. Duvido que Guambe alguma vez tivesse tido a oportunidade de encontrar Nkrumah, mas mesmo que isso tivesse acontecido, por aquilo que é bem conhecido de Nkrumah, tenho a certeza que este não pediu opinião a Guambe, mas deu-lhe instruções.
Eduardo Mondlane encontrou Nkrumah, pelo menos durante a Reunião da Assembleia-Geral das Nações Unidas em 1960, que se realizou ao nível de Chefes de Estado. É bem conhecido o papel de Mondlane, como conselheiro de muitas delegações africanas às Nações Unidas e isto mesmo antes da UDENAMO ter sido criada. Mondlane também se correspondia com esses altos funcionários e líderes africanos. Nessas circunstâncias, Mondlane teve muitas oportunidades, em diversas ocasiões, antes e depois da criação da UDENAMO, de trocar impressões com Nkrumah, com Nyerere, com outros líderes africanos, com os ministros e conselheiros de todos esses líderes africanos, sobre as questões da unidade africana e da unidade dos partidos de
libertação de cada país. Nesses encontros e nessa correspondência, Mondlane teve muito mais oportunidades de fazer, com sucesso, a promoção da necessidade de unidade do movimento de libertação do que Mahlusa e Guambe tiveram nos seus encontros com funcionários subalternos.
Na entrevista, Mahlusa dá uma grande importância à reunião de 1 e 2 de Junho de 1962 em Acra, e considera isso a verdadeira criação da FRELIMO. Num raciocínio simplista, conclue-se que, como Mondlane não estava lá, então não é o arquitecto da unidade.
Essa reunião teve uma certa importância pois ela representou que Nkrumah e Nyerere, tendo discutido o assunto com Mondlane, usaram da enorme influência que cada um deles tinha, respectivamente sobre a UDENAMO e a MANU, para lhes mostrarem que se tinham que unir. Mondlane mesmo ausente esteve por detrás do que motivou essa reunião. A presença de Marcelino dos Santos nessa reunião de certo modo também foi concertada com Mondlane, pois que nessa altura, entre esses 2 homens já havia contactos e, pelo menos, já existia um grande ponto de acordo: que a luta de Libertação Nacional só teria sucesso se os moçambicanos estivessem unidos.
A entrevista de Mahlusa tem uma virtude de nos mostrar como todos os partidos existentes na altura eram muito fracos. Pela entrevista de Mahlusa se pode facilmente perceber que até 25 de Junho de 1962, não existia qualquer organização política na clandestinidade dentro de Moçambique que tivesse resultado da acção de qualquer desses partidos. Os militantes eram tão poucos que eram quase todos dirigentes. A UDENAMO aparecia para o exterior como um partido um pouco mais articulado, quando passou a ter estatutos, que estavam extraordinariamente bem formulados, pois tinham sido redigidos por um intelectual de grande craveira, Marcelino dos Santos. Mondlane, Marcelino dos Santos, Joaquim Chissano, eu próprio e tantos outros que se seguiram, todos percebemos na altura que aquilo era muito fraquinho, mas bom ou mau, era o que havia, e era necessário contribuir para unir essas pequenas forças e depois consolidar essa unidade de desenvolvê-la.
Na altura, consideraram-se várias possibilidades de como fazer essa unidade. Em primeiro lugar se se devia fazer a unidade de partidos e pessoas ou só de partidos? Optou-se logo por fazer a unidade de partidos e as pessoas isoladas integrariam a FRENTE. Depois tratava-se de saber se a unidade seria feita pela constituição duma FRENTE, mantendo-se os partidos ou se a constituição dessa FRENTE, implicava a dissolução dos partidos. A Mondlane e a todos nós nos pareceu que de facto era necessário que os partidos se extinguissem, no momento da constituição da FRENTE. Este debate passou-se a um nível bem acima das cabeças de Mahlusa e Guambe. O coordenador desse debate foi Mondlane, secundado por Marcelino dos Santos.
Fundamentalmente, a reunião de Acra serviu para que Nkrumah e Nyerere influenciassem os seus "muchachos" para aceitarem essa solução que tinham previamente discutido com Mondlane e com Marcelino dos Santos.
É assim que finalmente, só poucos dias antes do 25 de Junho, Mondlane adere à UDENAMO, para poder participar na reunião de constituição da FRENTE como representante da UDENAMO. Faz todo o sentido que o não tivesse feito antes. Joaquim Chissano teve uma postura idêntica. É claro que Marcelino dos Santos e eu próprio tínhamos aderido antes. Tratou-se de estratégias diferentes, fruto de circunstâncias diferentes, mas sempre com o mesmo objectivo: como contribuir para reforçar um embrião de movimento de libertação que precisava ainda de crescer e de se reforçar para poder eficazmente defrontar o colonialismo fascista dirigido por um teimoso
obstinado como Salazar.
Chega aqui a altura de fazer uma pergunta. Se Mondlane tivesse sido tão pouco importante para a criação da FRENTE, como se explica que tivesse sido proposto pela própria UDENAMO para presidente da FRENTE?. E como se explica também que tenha sido tão esmagadoramente votado para presidente dessa FRENTE? E ainda esmagadoramente votado de novo, 3 meses depois, no Congresso, para liderança da FRENTE? Mesmo antes do Congresso, a 23/09/62, quando chega a Dar-es-Salaam tem uma recepção tão calorosa que ele próprio fica espantado. E isto tudo porquê? Só porque era instruído? Ou porque já era nessa altura um líder carismático?
Mas como já indiquei atrás, por muito difícil e mesmo heróica, que tenha sido a batalha de criar a FRENTE, dissolvendo-se os partidos que lhe deram origem, o mais complicado estava para vir: como conservar essa unidade, como consolidá-la e como desenvolver a FRENTE para que ela pudesse ter implantação real no interior do País. Os dirigentes do tipo Guambe, Mahlusa, Paulo Gumane e outros ainda tinham uma visão muito simplista de que a Luta de Libertação Nacional era uma pequena guerra de comunicados de imprensa no exterior do País e com o apoio de qualquer amigo que nos financiasse. Mas Mondlane sabia bem que não era assim e que era preciso fazer aquilo que de facto se fez; desenvolver uma rede clandestina dentro do País, recrutar cada vez mais gente dentro do País e não só refugiados económicos do exterior, treiná-los e utilizá-los de novo na luta no interior do País. Os financiamentos dos amigos também só viriam se a luta tivesse sucesso. Para isso uma questão era fundamental: a FRENTE recém constituída tinha que ser fortalecida e reforçada e não podia ser minada muito menos por manobras cisionistas de líderes de ontem, incapazes de se acomodarem à nova fase e descontentes de terem perdido algumas mordomias que o seu estatuto de dirigentes no exterior lhe davam.
E isso foi o que Eduardo Mondlane soube fazer. Aliás, o epíteto de "arquitecto da unidade nacional" resulta muito mais de ter sido capaz de consolidar a unidade e desenvolvê-la ao ponto de hoje estarmos independentes, do que o seu papel para a constituição da FRENTE (que também foi de crucial importância). Muitas vezes teve que trabalhar nos bastidores dos centros de decisão. Aí Mahlusa não o podia ver, pois Mahlusa não se encontrava lá.
Mas qual foi o papel de Mahlusa, Guambe, Paulo Gumane, Calvino Mahlayeye e outros, depois de constituída a FRENTE? Alguns começaram logo com manobras divisionistas pois perceberam que tinham perdido o poder e as mordomias que daí advinham. Outros esperaram 3 meses até ao Congresso para verem se recuperavam o poder no Congresso. Como também não conseguiram, empregaram os anos seguintes a tentar destruir a FRELIMO, felizmente sem sucesso, através das mais diversas manobras cisionistas, que não interessa aqui descrever pois já têm sido largamente referidas na comunicação social, mas que a primeira das quais foi a constituição da malograda COREMO.
Mondlane, bem pelo contrário, empenhou-se a consolidar e a fortalecer a FRENTE. Renunciou ao excelente salário e à promissora carreira de professor universitário e dedicou-se à luta do Povo moçambicano. Deu a vida por ela.
Por último, permita-me corrigir as afirmações de Mahlusa e prestar mais alguns esclarecimentos, sobre a minha passagem em Dar-es-Salaam em Novembro de 1961/Janeiro de 1962.
Logo depois da minha chegada fui recebido por Oscar Kambona, então secretário-geral da TANU e Ministro da Educação do Governo de Transição do Tanganyka, pois que este País só ficou independente a 9/12/1961. Eu levava uma carta de apresentação para o Presidente Nyerere e este designou Kambona para me receber. Este facilitou-me a vida em Dar-es-Salaam e aconselhou-me a pedir apoio a uma organização católica americana que se ocupava de refugiados, pois que eu estava com recursos muito escassos e acompanhado da minha esposa e de um filho de 9 meses de idade. Ao padre que dirigia a organização perguntei pelos movimentos nacionalistas de Moçambique e disse-lhe que sabia da existência da UDENAMO. Ele, que não estava muito seguro sobre quem eu era, disse-me que só conhecia a MANU , que era uma organização de macondes emigrados e onde ele não me aconselhava a ir, sobretudo se eu já tinha contactado Kambona. Disse-me que não sabia da UDENAMO. Isso não era verdade e ele informou Mahlusa da minha presença e deu-lhe o nome do pequeno hotel onde eu me hospedava. No dia seguinte fui visitado no hotel por Mahlusa, Paulo Gumane, David Mabunda e Calvino Mahlayeye. Foi uma longa conversa de cerca de 6 horas. Eu expliquei toda a minha história de deserção da marinha de guerra portuguesa no Reino Unido e como tinha lá chegado. Eu tive a impressão de, tanto a minha mulher como eu, termos estado a ser sujeitos ao maior interrogatório policial das nossas vidas. Em nenhum momento pedimos para aderir à UDENAMO. No dia seguinte voltaram com um cartão da UDENAMO para mim e outro para a minha mulher.
Tínhamos convencido!.
Enquanto estivemos em Dar-es-Salaam sempre nos apoiaram. Para além desses elementos também passámos a conviver com João Munguambe e Lopes Tembe, que também faziam parte dos "oficiais" do escritório. O meu cartão da UDENAMO cuja cópia lhe envio, é assinado por Lopes Tembe. Com todos eles sempre mantivemos relações muito cordiais. A UDENAMO nessa altura estava em dificuldades financeiras, mas sempre compartilharam connosco o pouco que tinham. Nessa altura houve dias em que eu e a minha mulher passámos fome (só comíamos arroz uma vez por dia e um chá de manhã), mas eles também passavam as mesmas privações.
Marcelino dos Santos tinha prometido mandar uma carta de apresentação para os líderes da UDENAMO. Só depois de muita insistência a carta chegou, em finais de Dezembro de 1961, quando já não era precisa pois a minha aceitação era total.
Entretanto, tomei a decisão de deixar Dar-es-Salaam e de ir para Marrocos, porque nessa altura apesar de todas as influências de Kamona, o meu diploma de licenciatura em Medicina de Lisboa não era válido no Tanganyika. Eu precisava de ter um meio de subsistência. Se o meu Diploma tivesse tido validade, como veio a ter anos depois, eu não teria saído de Dar-es-Salaam. Portanto, não fui mandado embora de Dar-es-Salaam pela UDENAMO, muito menos junto com o Marcelino dos Santos, como Mahlusa conta na sua entrevista. A minha partida não teve nada que ver com as relações entre a UDENAMO e a MANU.
Claro que nos últimos dias em Dar-es-Salaam, desde que comecei a falar em ir para Marrocos, apercebi-me que isso satisfazia e aliviada os meus camaradas da UDENAMO. Pensei que isso fosse porque eles estavam em dificuldades e assim dividiriam o pouco que tinham por menos pessoas. Mas poucos dias depois de chegar a Rabat, chegou lá também o Jaime Sigaúke, vindo de Acra. O Sigaúke também me deu uma recepção calorosa e pôs-me então ao corrente de que a minha aceitação e da minha mulher na UDENAMO, tinha levantado as iras do Adelino Guambe, que achava que eles nunca deviam ter aceite um branco na organização. A democracia não imperava na UDENAMO, quando Guambe não queria, isso bastava. Aí percebi a razão do alívio que a minha partida de Dar-es-Salaam causava ao Mahlusa, Gumane e aos outros.
Estes factos não convém a Mahlusa agora revelar, pois na sua campanha de promoção e embelezamento da imagem de Guambe, não convém mostrar esta faceta de racista. Aliás, Sigaúke esclareceu-me logo, e Marcelino dos Santos confirmou-me, que estava ele também com más relações com Guambe, por ter tomado partido a favor da admissão de brancos. Sigaúke indicou-me que iria lutar para que essa questão da participação de brancos e de outros indivíduos originários da minoria étnicas fosse objecto de debate num futuro congresso.