Ainda sobre a venda da HCB
Ainda não consegui engolir o recente pronunciamento do Presidente da República. Filipe Nyusi disse que a venda de 7.5 por cento das acções da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) era para permitir que mais moçambicanos pudessem ser incluídos nos negócios do país.
A intenção, despida de qualquer truque ou esquema, é muito boa. Porém, há que nos acautelarmos. É que a Frelimo que temos hoje ainda é a mesma que outrora vendeu o país e fez com que grande parte da indústria nacional fosse a sarjeta.
Quem não se recorda do BPD, um banco de todos os moçambicanos. Qualquer um de nós, pé- descalço, Zé ninguém, rico ou pobre, tinha lá as suas poupanças. Nos anos 90, por imposição do FMI, o banco teve que ser privatizado. Ou seja, passou a chamar-se Banco Austral.
Joaquim Chissano usou como capa um empresário duvidoso de origem malaia chamado Mugathan, para fingir que havia comprado o banco. Montou-se lá o Octávio Muthemba como PCA, e Nyimpine Chissano como assessor. Ao cabo, o dinheiro que movimentava o banco vinha dos cofres do Estado. Ou seja, o Banco Austral foi utilizado como saco azul dos camaradas.
Alguns, talvez porque são mais novos, devem não ter sabido que este país tinha uma indústria com que se gabar. Ainda me ocorrem empresas como Vidreira, Mabor, Ceres, Riopele, Alumínios de Moçambique, IMA, e tantas outras que sumiram sem deixar rastos.
Não me vou admirar se fizerem da HCB o mesmo que fizeram com tantas empresas. A Frelimo que está no poder é a mesma, gananciosa, preocupada com o seu umbigo. Provavelmente Samora, no quesito enriquecer ilicitamente, é que era diferente.
Aliás, quando o Presidente Samora Machel visitou Songo em 1986, teria dito o seguinte: “Esta maravilhosa obra humana, do género humano, constitui um verdadeiro hino à inteligência , um promotor do progresso, um orgulho para os empreiteiros (…) Cahora Bassa é a matriz do desenvolvimento de Moçambique independente. (…) que sirva os interesses mais altos do desenvolvimento e prosperidade da República Popular de Moçambique (…)”.
Samora, em vida, não conseguiu que a HCB se revertesse totalmente a favor dos moçambicanos. Não porque não haja tentado. Havia muito em jogo. O dossier continuou com Joaquim Chissano. Mas foi com Armando Guebuza que se chegou lá. E hoje, com Filipe Nyusi, a HCB está à venda.
Quem é o moçambicano rico capaz de comprar alguma percentagem da HCB? Voltamos ao principio. Se Chissano usou malaios para comprarem o BPD, porquê hoje o Guebuza, o mesmo Chissano, o Nyusi, o Chipande, enfim, os camaradas não podem usar o mesmo truque para retalhar a HCB?
Primeiro são os 7.5 por cento. Acreditem…mais tarde será mais que isso. Tudo o que arrancamos dos portugueses destruímos. Não me admirava nada que se fizesse o mesmo com a HCB. Quem dos camaradas gere um negócio a sério? Todos comem do Estado. Fingem ser empresários mas é do Estado que mamam. Agora não me venham com essa de que será diferente com a HCB.
Posso não ter o domínio de todos os dossiers relacionados com o gás, carvão mineral e petróleo, mas sei de que sempre há gato. O ministro Pedro Couto foi empurrado dos Recursos Minerais e Energia por ser sério. Dificultava qualquer acção que visasse prejudicar o povo. Os camaradas não gostaram. Caiu. A farra foi declarada.
Os defensores deste regime podem falar o que quiserem. O facto é que a HCB, como carne de porco, está a ser dividida entre os camaradas. Cada um quer o melhor pedaço. E acham que 7.5 por cento serão suficientes?
Nini Satar
Ainda não consegui engolir o recente pronunciamento do Presidente da República. Filipe Nyusi disse que a venda de 7.5 por cento das acções da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) era para permitir que mais moçambicanos pudessem ser incluídos nos negócios do país.
A intenção, despida de qualquer truque ou esquema, é muito boa. Porém, há que nos acautelarmos. É que a Frelimo que temos hoje ainda é a mesma que outrora vendeu o país e fez com que grande parte da indústria nacional fosse a sarjeta.
Quem não se recorda do BPD, um banco de todos os moçambicanos. Qualquer um de nós, pé- descalço, Zé ninguém, rico ou pobre, tinha lá as suas poupanças. Nos anos 90, por imposição do FMI, o banco teve que ser privatizado. Ou seja, passou a chamar-se Banco Austral.
Joaquim Chissano usou como capa um empresário duvidoso de origem malaia chamado Mugathan, para fingir que havia comprado o banco. Montou-se lá o Octávio Muthemba como PCA, e Nyimpine Chissano como assessor. Ao cabo, o dinheiro que movimentava o banco vinha dos cofres do Estado. Ou seja, o Banco Austral foi utilizado como saco azul dos camaradas.
Alguns, talvez porque são mais novos, devem não ter sabido que este país tinha uma indústria com que se gabar. Ainda me ocorrem empresas como Vidreira, Mabor, Ceres, Riopele, Alumínios de Moçambique, IMA, e tantas outras que sumiram sem deixar rastos.
Não me vou admirar se fizerem da HCB o mesmo que fizeram com tantas empresas. A Frelimo que está no poder é a mesma, gananciosa, preocupada com o seu umbigo. Provavelmente Samora, no quesito enriquecer ilicitamente, é que era diferente.
Aliás, quando o Presidente Samora Machel visitou Songo em 1986, teria dito o seguinte: “Esta maravilhosa obra humana, do género humano, constitui um verdadeiro hino à inteligência , um promotor do progresso, um orgulho para os empreiteiros (…) Cahora Bassa é a matriz do desenvolvimento de Moçambique independente. (…) que sirva os interesses mais altos do desenvolvimento e prosperidade da República Popular de Moçambique (…)”.
Samora, em vida, não conseguiu que a HCB se revertesse totalmente a favor dos moçambicanos. Não porque não haja tentado. Havia muito em jogo. O dossier continuou com Joaquim Chissano. Mas foi com Armando Guebuza que se chegou lá. E hoje, com Filipe Nyusi, a HCB está à venda.
Quem é o moçambicano rico capaz de comprar alguma percentagem da HCB? Voltamos ao principio. Se Chissano usou malaios para comprarem o BPD, porquê hoje o Guebuza, o mesmo Chissano, o Nyusi, o Chipande, enfim, os camaradas não podem usar o mesmo truque para retalhar a HCB?
Primeiro são os 7.5 por cento. Acreditem…mais tarde será mais que isso. Tudo o que arrancamos dos portugueses destruímos. Não me admirava nada que se fizesse o mesmo com a HCB. Quem dos camaradas gere um negócio a sério? Todos comem do Estado. Fingem ser empresários mas é do Estado que mamam. Agora não me venham com essa de que será diferente com a HCB.
Posso não ter o domínio de todos os dossiers relacionados com o gás, carvão mineral e petróleo, mas sei de que sempre há gato. O ministro Pedro Couto foi empurrado dos Recursos Minerais e Energia por ser sério. Dificultava qualquer acção que visasse prejudicar o povo. Os camaradas não gostaram. Caiu. A farra foi declarada.
Os defensores deste regime podem falar o que quiserem. O facto é que a HCB, como carne de porco, está a ser dividida entre os camaradas. Cada um quer o melhor pedaço. E acham que 7.5 por cento serão suficientes?
Nini Satar
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