Geração da Viragem Não, Geração (sem) Historia Sim
Contextualização:
O presente artigo de opinião é escrito num contexto onde se procura problematizar o conceito da geração da viragem e sobretudo o substituindo por um outro conceito, e esta problematização é resultado da insustentabilidade da ideia da geração da viragem.
Para uma melhor compreensão do mesmo, num primeiro momento traz-se uma abordagem histórico geracional, fazendo uma breve consideração sobre as gerações da história, neste caso a geração 25 de Setembro e 8 de Março, no segundo momento faz-se a discussão do título acima referido.
1. As Gerações da História: da Geração 25 de Setembro a 8 de Março
1. 1. Breves Considerações sobre a Geração 25 de Setembro
Prezados, a história oficial aquela escrita pelos vencedores, preza que há sensivelmente 50 anos atrás, houve um grupo composto por mais de 200 jovens, que imbuídos duma consciência de que só unido o povo alcançaria a autodeterminação, tanto pelo reconhecimento da causa da luta bem como pela sua justeza, estes deixaram seu individualismo e alguns sonhos para atrás e rumaram até à Argélia.
A razão que levou estes jovens até Argélia é historicamente clara, que era da busca de um treinamento militar que os possibilitasse desencadear uma luta com o objetivo de derrubar o regime colonial português, e cientes das fragilidades que estes poderia enfrentar no campo de batalha tomando em consideração a desproporcionalidade da logística militar, estes jovens estavam mais que determinados a dar o seu sangue pela pátria e pelas gerações futuras. Eis a razão que os levou a nunca desistirem.
Entretanto caríssimos, foi desta forma que em 196(3)4 a geração 25 de Setembro não sou escreveu a sua história bem como entrou para a história dos melhores movimentos de libertação nacional que o continente teve, e independentemente da forma que foi escrita a nossa história apresentando algumas vicissitudes e sobretudo exaltando de forma exacerbado estes heróis, o papel que estes jogaram é incontestável.
Esta geração não somente destacou-se no processo de luta de libertação a nível doméstico, mas também a nível regional e de forma moral a nível sistêmico. Em suma a geração 25 de Setembro fez a sua história.
1. 2. Breves Considerações sobre a Geração 8 de Março
Conforme relata a nossa história, foi à 8 de Março de 1977, ano que também teve lugar o terceiro Congresso do partido FRELIMO, que jovens idos de diferentes pontos do país internaram-se no famoso e conhecido Centro 8 de Março isso em Maputo para responderem ao desafio de assumirem o comando da reconstrução do país, após a fuga de vários cérebros portugueses, no seguimento da independência nacional.
Meus caros, estes jovens na altura trabalharam em todas as áreas como técnicos de campo, chegando até a categorias de Diretor de empresas estatais e de instituições públicas e privadas, e até responsáveis por áreas consideradas estratégicas para o desenvolvimento de Moçambique.
Imagina-se como foi tão difícil ter que conduzir o país naquelas condições, um povo mal instruído e com grandes défices sob ponto vista técnico-profissional, mas mesmo assim ninguém vergou-se acreditaram que com a forca de vontade e imbuídos dum forte espírito patriótico tudo seria possível.
Imagina-se como foi tão difícil ter que conduzir o país naquelas condições, um povo mal instruído e com grandes défices sob ponto vista técnico-profissional, mas mesmo assim ninguém vergou-se acreditaram que com a forca de vontade e imbuídos dum forte espírito patriótico tudo seria possível.
Quase que ninguém tanto a nível regional bem como sistémico, acreditava que fosse possível os moçambicanos aceitarem este desafio, até os próprios portugueses chegaram a pensar que pudessem serem convidados a dar continuidade da gestão administrativa das nossas instituições, mas nada disso aconteceu, provamos ao mundo que com escassos recursos humanos, o cenário seria invertido, independentemente de certas lacunas institucional que hoje o pais apresenta no quadro administrativo, esta geração fez a sua história e ela é respeitado por este feito.
2. Sobre a Geração da Viragem
Muitas vezes foram questionados quais os indicadores que levaram o Ex Presidente da República Armando Emílio Guebuza a considerar a nossa geração de ser da viragem, e um dos conceituados Ex Reitor da Universidade Eduardo Mondlhane o Padre Couto publicamente questionou ao Ex-Presidente.
Meus caros, antes considero relevante contextualizarmos quando surgiu a ideia da geração da viragem e para o efeito irei-me basear num texto publicado a 12 de Agosto de 2012, por um conceituado analista político de nome Egídio Vaz.
Segundo Vaz afirma que, o termo foi adotado em 2010 pelo Ex-Presidente de Moçambique Armando Guebuza para apelidar a juventude Moçambicana da atualidade.
Segundo Vaz afirma que, o termo foi adotado em 2010 pelo Ex-Presidente de Moçambique Armando Guebuza para apelidar a juventude Moçambicana da atualidade.
Importa referir que o historiador Egídio Vaz, considerou bastante complexa a ideia da Geração da Viragem, pois sob ponto de vista pessoal, metodológica e historiograficamente, achou que o Ex-Presidente quando pensou na conceptualização da atual juventude sob ponto de vista geracional esteve a colocar a carroça à frente dos bois, uma vez que segundo ele, a nomenclatura das gerações é normalmente feita a posterior (depois) e não a prior (antes), da mesma forma como se procede em relação à heroificação de um determinado indivíduo.
Avança ainda o nosso historiador que, o Ex-Presidente da República ao decidir apelidar-nos por Geração de Viragem queria ele “saciar a fome de uma clique de jovens” da Frelimo que procura uma identidade própria e, por essa via, um lugar ao sol no seio de várias correntes e grupos de interesse do partido Frelimo e assim reclamar um quinhão.
Apesar da resignificação que o historiador vem sofrendo, este antes de ser resignificado rematou bem forte ao afirmar que o Ex-Presidente esteve a zoar conosco, pois, no fundo, ele até nem assim nos considera, uma vez que, para quem está atento, e relendo as passagens de colegas, tiradas dos vários discursos do PR, ele impõe condições para que assim sejamos considerados. Por outras palavras, o PR está a dizer aos "seus jovens" que ainda não fizeram nada. E se quisermos merecer alguma distinção, devemos fazer qualquer coisa útil e heroica para este povo. Como se não bastasse, ele aponta algumas dessas coisas. A subtileza da sua linguagem e a ironia patente nos seus discursos e mensagens, fazem com que a maioria de jovens distraídos não seja capaz de ver, pensar e agir. Logo correram em assumir que o PR disse que nós éramos a geração de viragem, qual rolas em fuga debandada.
Associando a minha opinião ao do historiador não vejo razão tanto de ordem pragmático (Ação) bem como temporal que de certa maneira poderá validar a ideia da geração da viragem, ouve de certa forma uma precipitação em sermos considerados o que não somos, ou seja, o Ex-Presidente quis enganar a história, por um efeito utópico, pois ate então não se sabe o que viramos, só se tem a certeza de que fomos virados e nada viramos.
3. Geração da Viragem, Não
Meus caros, tomando em consideração a leitura que pude fazer em torno do texto do historiador Egídio Vaz, pude constatar que não somos da geração nenhuma da viragem, pois a ideia da viragem pressupõe um conjunto de ações que uma vez desenvolvidas mudaram alguma coisa, sendo assim passam hoje 17 anos e nada de concreto que tenhamos feito e que de certa maneira veio engrandecer ainda mais a nossa moçambicanidade.
Se realmente eu estiver errado desafio a qualquer um de vós que se considera realmente desta geração que me prove com factos que somos uma geração da viragem, contudo acredito que, por uma razão de ordem moral, o Ex-Presidente deveria em público comparecer e pedir desculpas e caso não se acha no dever, pelo menos mais uma vez que venha nos explicar o que queria dizer sobre a geração da viragem.
Meus caros, se forem a prestar mais atenção vão perceber que antes de ir a essência do presente artigo de opinião, fiz uma viagem histórico geracional, com objetivo de fazer menção as gerações da história, gerações essas que tiveram realmente um marco histórico, neste caso a Geração 25 de Setembro e a 8 de Março. Entretanto meus caros o facto de não ter encontrado razões a plausíveis da tal designação afirmo como um dia também afirmou o historiador Egídio Vaz, que eu Bitone Viage no tenho patavina (nada) da geração da viragem.
4. Geração (sem) historia, Sim
Acredito que, a primeira duvida que esta pairando no leitor, é o porquê da proposição “sem” estar entre parênteses, meus caros por um lado acredito que somos uma geração sem história e por outro com história, neste caso uma história que é descrita por não termos feito historia quando podíamos sim fazer história.
Mas porque somos uma geração sem história? Caríssimos antes permitam-me referir que nós perdemos a oportunidade de ser a geração 12 de Abril, pois, foi a 12 de Abril de 2015 que fomos alertado que o nosso país havia-se endividado sem o consentimento dum dos principais órgãos de soberania que é a Assembleia da República onde todos os Moçambicanos sentem-se representados.
Importa referir que desde 2012, a dívida externa subiu de 40% para 130% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos anos passados, os bancos estrangeiros concediam créditos a Moçambique com facilidade, uma vez que o país parecia ter liquidez devido aos grandes recursos de gás e carvão. Mas uma parte do dinheiro desapareceu e ninguém consegue explicar bem como e para onde foi o “taco” que poderia tirar milhões de pobres da sua condição de empobrecidos e em vias de esfomeatização coletiva.
Sabe-se que parcialmente terá sido utilizado para armamento. Afirma-se que a “bomba explodiu” com a descoberta de dívida escondida e com as dificuldades financeiras de três empresas estatais - a ProIndicus, a Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM) e a Mozambique Asset Management (MAM).
Fomos burlados de tal maneira que não conseguimos fazer nada, não digo que devíamos pegar em armas, pois isso não resolveria nada e se mesmo resolvesse nada faríamos pois não temos elas, mas uma juventude unida sinceramente falando não teria aceitado o que fomos feito.
12 De Abril seria sim uma data onde poderíamos escrever muito bem a nossa história, mas infelizmente nada conseguimos fazer pois, o exercício democrático me parece um privilégio para alguns, mas tudo por nossa culpa.
12 De Abril seria sim uma data onde poderíamos escrever muito bem a nossa história, mas infelizmente nada conseguimos fazer pois, o exercício democrático me parece um privilégio para alguns, mas tudo por nossa culpa.
Entretanto meus pares hoje o custo de vida aumenta, vivemos uma situação de défice, onde as nossas despesas são superior que o nosso rendimento, somos submetidos há uma situação de humilhação por culpa própria.
Em suma meus caros pelo menos podemos ter orgulho de uma coisa, nós somos uma geração com história, e a nossa história prende-se pelo facto de não termos feito uma história que poderia ter sido feita a 12 de Abril de 2015.
Em suma meus caros pelo menos podemos ter orgulho de uma coisa, nós somos uma geração com história, e a nossa história prende-se pelo facto de não termos feito uma história que poderia ter sido feita a 12 de Abril de 2015.
Atenciosamente!
21/04/2017
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