Antes de partir, nesta
quinta-feira, para sua
nova missão em Nova
York, nos Estados Unidos
da América (EUA), onde vai
representar o seu país no Conselho
de Segurança das Nações
Unidas (ONU), a embaixadora
da Suécia, Irina Nyoni, concedeu
uma entrevista ao SAVANA, na
qual pede paciência ao povo mo-
çambicano, aos investidores e doadores,
afirmando que a auditoria
internacional independente está
bem encaminhada e não há motivos
de alarme. A diplomata diz
que esta foi a última prorrogação
do prazo (até 28 de Abril) para a
Kroll entregar o relatório final à
Procuradoria Geral da República
(PGR), entidade que tem a missão
de divulgá-lo.
Nyoni explicou que, numa primeira
fase, a PGR deverá publicar
um sumário executivo do trabalho,
sendo que 90 dias depois deverá
publicar o relatório final, que,
segundo os termos de referência
acordados entre as partes, não inclui
a divulgação dos nomes dos
orquestradores das dívidas ocultas
estimadas em mais USD 1.4 mil
milhões, avalizadas pelo Estado
a favor das empresas EMATUM,
MAM e ProÍndicus, e muitos menos
a informação militar classificada.
Alega a embaixadora que, paralelamente
a auditoria, a PGR está
a fazer as suas investigações para
averiguar se houve ou não prática
de factos que consubstanciam crime
para levar os infractores à barra
do tribunal. Deste modo, não
seria razoável publicar o relatório
final antes da conclusão das investigações
da PGR.
Contudo, diz esperar bom senso
das autoridades moçambicanas
para levarem à barra do tribunal
os infractores e responsabilizá-los
pelas suas práticas, uma vez que
não há nada escrito que garante
que o Governo vai seguir esse
caminho. Siga a entrevista nas linhas
abaixo.
Já de malas aviadas para uma nova
missão, depois de dois anos e seis
meses de trabalho em Moçambique,
que balanço faz do seu trabalho?
Em primeiro lugar, sinto-me um
pouco triste porque estou a sair
mais cedo do que havia sido planejado.
Tinha um contrato de quatro
anos, mas, como sabes, a vida diplomática
muda a qualquer momento.
O meu ministro das Relações Exteriores
enviou-me a Nova York,
nos Estados Unidos da América
(EUA), para integrar o Conselho
de Segurança das Nações Unidas
(ONU), dado que a Suécia foi eleita
para um mandato de dois anos.
Indo a tua pergunta, foram dois
anos e seis meses muito intensivos e
interessantes. Quando cheguei em
Setembro de 2014, havia um discurso
de muita esperança quanto ao
futuro. A economia estava a crescer
num bom ritmo, as eleições estavam
prestes a realizar-se. Depois entrou
um novo Governo com muitas expectativas.
No discurso inaugural,
o presidente Filipe Nyusi abordou
aspectos que as pessoas queriam
ouvir, mas que também constituíam
prioridades do país. Havia também
um cenário de crises em todo o
lado: crise política, crise económica,
cheias e depois a seca. Agora parece
que está tudo de novo a caminhar
para a crise política e económica.
O que lhe marcou pela positiva e
pela negativa?
O povo tocou-me muito, porque é
caloroso, carinhoso, aberto, criativo,
sabe estar em diferentes momentos.
Isso foi impressionante. Pela negativa
foi a corrupção. Hoje em dia o
mundo tem de tomar decisões informadas
e sinto que isso é difícil
aqui, há dificuldades em modernizar-se.
Noto que há uma vontade
de mudar, mas os processos demoram
muito. Há muita burocracia.
Há ainda o choque que tivemos
com as dívidas escondidas. Não há
coisa negativa que depois não tem
influências positivas.
A promoção da transparência e
boa governação é um dos focos da
cooperação entre Moçambique e
Suécia. Que avaliação faz do desempenho
de Moçambique nestes
capítulos?
O que é importante é que nós falamos
desses assuntos. O facto de
se ter abertura para falar e discutir
o significado disto para o país,
como está a andar, se temos ou não
transparência, o que podemos fazer
para ter mais transparência e o que
fazer para minimizar a corrupção,
é muito importante e esse diálogo
já existe. Enquanto esse debate não
existia, havia motivos de preocupa-
ção, mas agora existe e há uma vontade
de falar, pelo menos para nós
estrangeiros no mínimo, pode não
ser para todos e eu entendo. Não
sinto que essa seja uma área sensí-
vel de discutir com qualquer parte
da sociedade.
Temos essa discussão com este Governo,
o Presidente e o ministro
Adriano Maleiane dizem que temos
de trabalhar para acabar com
a corrupção.
Sentiu alguma melhoria ou retrocesso
nesse capítulo de transparência
e de boa governação?
Uma coisa que aconteceu após a
minha chegada em Moçambique
foi a aprovação da Lei do Direito
à Informação em Novembro de
2014. É uma lei única e importante
de usar, nos encontros que mantenho
com os parceiros da Sociedade
Civil, eles mostram-se satisfeitos
com a lei, mas reclamam que ainda
não há muita transparência. Isso
significa que de um lado já se usa a
lei. Se os moçambicanos não usam
os instrumentos que já existem é
claro que não vão desenvolver. Então,
tem de mostrar que essas coisas
são importantes e nós vamos
exigir esses direitos. Há que notar
que em caso de conflito militar e
crise política, como se verificou no
último ano, regra geral, os Governos
são mais fechados e nervosos
e Moçambique não fugiu à regra.
No entanto, espero que quando a
situação melhorar esse fechamento
desapareça.
Dizia que o actual Governo mostra
abertura para a questão de
transparência e boa governação.
Com a informação que tem disponível
do mandato anterior, qual
dos presidentes, entre Guebuza e
Nyusi, mostra-se comprometido
com a promoção da boa governa-
ção e transparência?
Não seria justo fazer essa compara-
ção porque tive pouco tempo com
o Presidente Guebuza. O mais
importante é que agora temos um
bom diálogo com o Governo sobre
esses assuntos. Temos algumas áreas
em que a Suécia e Moçambique
estão a trabalhar juntos e colocamos
a mesma importância em algumas
áreas. Fazemos uma ligação dessas
áreas com o desenvolvimento em
geral no meu país e aqui sentimos
que não estamos no mesmo caminho,
não estamos em concordância
que essas coisas são importantes.
Pode ser que não estejamos a dar
os mesmos passos, porque é normal
um estar ligeiramente a frente
e outro atrás, mas acho que temos
de concordar que o caminho é uma
determinada direcção.
Falo de áreas como igualdade de
género, por exemplo, em que se
você não tem os direitos das mulheres,
a possibilidade de acabar com
casamentos prematuros, meninas
que não vão à escola, fica remota
e toda a sociedade não vai desenvolver.
Esse é um trabalho que fizemos
na Suécia e levou muitos anos,
até hoje travamos essa luta. Temos
um Governo feminista e as nossas
políticas estrangeiras também são
feministas porque realmente achamos
que sem essa igualdade de gé-
nero a sociedade não vai crescer. É
nesse sentido que nós concordamos
e como temos um Governo feminista,
discutimos muito esses assuntos
aqui. Onde temos um bom
entendimento é no meio ambiente.
Neste capítulo, tudo é igual porque
quando não tens sustentabilidade
o país não vai desenvolver a longo
prazo. Já cometemos muitos erros
ambientais na Suécia, destruímos
a nossa floresta e agora estamos a
discutir com Moçambique como
ter parceiros que podem ajudar para
que não tenham os mesmos problemas
que nós tivemos. Estamos num
bom entendimento mútuo.
A Suécia optou por financiar algumas
ONG´s para influenciarem
os processos locais de desenvolvimento
bem como exigir a presta-
ção de contas. Os resultados são
satisfatórios?
Com o programa AGIR apoiamos
muitas Organizações Não Governhamos
de tentar. Começamos assim
e, quando chegámos no fim dos
90 dias, vimos que precisávamos de
mais tempo, porque a informação
num primeiro momento chegava
muito devagar, e quando se aproximava
o fim do prazo começamos a
ter muita informação.
Nós vimos que realmente devíamos
dar mais tempo porque havia
mais discussões e as informações
estavam a sair. Para nós, o importante
é que o relatório responda a
todas as questões possíveis. Demos
mais trinta dias (fazendo 120 dias),
no fim da prorrogação, muitas coisas
de novo estavam a acontecer, a
Kroll tinha de enfrentar alguns obstáculos
jurídicos que vêm de fora e
não de Moçambique e precisava-se
de muito tempo para resolver esses
assuntos jurídicos. Esse mesmo
tempo é o que estava programado
para a redacção do relatório final.
A Kroll contactou-nos há duas semanas
para informar-nos que devido
à constrangimentos não tinha
possibilidade de finalizar o relatório
nas datas programadas e pedia mais
tempo. Paralelamente estava a receber
mais informações das partes
Não serão publicados os nomes
Oque dizem os termos de referência sobre a publicação
do relatório final. Será que haverá um mais “lite” para o
consumo público e outro de consumo restrito?
O que vai acontecer é que a auditoria independente faz parte
de uma investigação que a PGR está a fazer. Significa que se há coisas
neste relatório que estão ligadas à investigação que a PGR está a fazer,
evidentemente que se essa informação sair antes da conclusão das
investigações da PGR vai estragar o trabalho. Temos mais uma vez uma
coisa difícil, porque, por um lado, temos a questão da transparência, o
direito à informação do público e, por outro, temos a contabilidade e não
queremos estragar isso.
Se a PGR disse que tem a investigação e pretende no fim abrir um
processo crime, os advogados dos visados podem dizer que as evidências
já foram tornadas públicas e tudo está estragado.
Isso é também uma coisa sensível e complicada. No entanto, o que vai
acontecer na verdade quando o relatório estiver pronto é que a Kroll
vai fazer um sumário executivo que será publicado pela PGR. Este vai
conter aspectos que não vão perturbar as investigações da PGR. Depois
da publicação do sumário executivo, a PGR terá um prazo de 90 dias
para concluir as suas investigações e depois publicar o relatório final.
A única coisa que não vai aparecer no relatório final são os nomes, bem
como informação militar detalhada que esteja ligada à segurança do país
Segundo os termos de referência, 90 dias após a publicação do sumário
executivo, o relatório final deve ser publicado e isso não tem volta.
Sabemos que a Suécia não estaria satisfeita apenas por ver publicados
os resultados sem as consequências. A propósito, quais os passos
subsequentes e quais as garantias dadas pelo Governo?
Os termos de referência focalizam-se no acordo de trabalho com a Kroll
até ao seu término. O que vai acontecer depois não está nos termos de
referência, será o trabalho da PGR. Entretanto, Moçambique tem de ter
o relatório e fazer o máximo uso possível dos resultados.
Quais as garantias dadas pelo Governo para responsabilização?
Não temos nada por escrito. Mas se o Governo concordou em fazer a
auditória com os termos de referência que são muito detalhados, tem
uma ideia clara do que vai fazer depois. Trata-se de uma decisão que
Moçambique deverá tomar e não a Suécia.
O avanço ou não da responsabilização é crucial para o restauro da
confiança?
O mais importante neste momento é ver como o processo está
andando. É uma coisa muito complicada que envolve muitos actores
internacionais e não é fácil para qualquer país responsabilizar as pessoas.
É muito complicado, vamos ser realistas, mas nas conversas que tenho
com a PGR vejo essa vontade de avançar com a responsabilização.
Ela está a trabalhar muito. A partir de Nova York vou acompanhar o
desenvolvimento do processo.
Em quanto está orçada auditoria?
Não posso responder. É um acordo entre a Suécia e a Kroll e nem o
Governo sabe.
Insisto. Sendo a Suécia promotora do direito à informação não é
contra-senso não revelar o valor?
Estou com muita vontade dar informações de coisas que são significantes
para se saber. Mas há outras que não posso dar. O que nós pagamos à
Kroll não tem interesse comum. O que interessa é que a Kroll faça o
trabalho e nós estamos satisfeitos.
Que conclusões tirou do relatório da Comissão Parlamentar de
Inquérito sobre as dívidas?
Acho que foi importante. As instituições moçambicanas devem resolver
os problemas do seu país. Tem muita informação correcta. Ajudou
a clarificar a visão. Todo o país tem o seu sistema de defesa e isso é
inquestionável. O importante é a maneira como isso é feito.
No encontro de despedida com o PM moçambicano, disse que o
processo de paz deve ser inclusivo e destacou a inclusão da mulher?
Como é que deve ser feito se não há mulheres na mesa negocial?
Quando tens o processo de reconciliação, de paz e em todas as negociações
é importante ter a perspectiva de igualdade de género. Muitas vezes
esquecemos e achamos que assuntos como guerra, conflito ou armas
devem ser resolvidos por militares ou homens. Um país é formado por
homens, mulheres, jovens, adultos e velhos. Quando você quer fazer um
processo de paz, que vai ajudar numa paz sustentável, tem de incluir a
todos e tem de saber quais são essas perspectivas ligadas às mulheres.
Não significa necessariamente que tens de colocar 50% de mulheres na
mesa negocial, mas já seria bom. Essas pessoas têm de ter conhecimento
dessas perspectivas de igualdade. Não são apenas mulheres que sabem
disso, há muitos homens que também sabem o que significa igualdade
de género. Se temos um processo onde as mulheres têm voz podem falar
e apresentar como são afectadas e apresentarem as possíveis soluções já é
positivo. Se ninguém pergunta como você vai para frente.
se pode dizer isso, porque pode
surgir uma contrariedade. Mas o
trabalho desenvolvido até ao momento
indica que esta é a última
prorrogação. O tempo está a andar
e a análise que a Kroll faz do ponto
de situação do trabalho indica que
vai ser suficiente para a conclusão
do relatório até finais de Abril, data
combinada.
Contaram com o apoio da nossa
PGR para ultrapassarem os obstáculos
jurídicos internacionais?
Sim houve. Em alguns momentos
eles trabalham juntos e noutros em
paralelo, para se complementar e
acho que os obstáculos foram importantes
para PGR, de maneira
que tire lições que vão sustentar as
suas futuras investigações.
Dizia que o relatório pode não resolver
tudo, o que pretende dizer
concretamente?
Sabemos que é um processo complexo,
a vida do país, as finanças, o
orçamento tudo que está ligado ao
crescimento financeiro está ligado à
auditoria. Antes desta auditoria, nós
já tínhamos muitas discussões com
o Governo sobre as reformas, sistemas
velhos que devem ser reformados
que o novo Governo tinha
novas ideias que pretendia implementar
e tudo isso ficou parado devido
à situação política e esta crise
também. Essas ideias estão lá, têm
de andar, a confiança depende também
do que vão fazer com os resultados
da auditoria. Certamente que
haverá recomendações e depende
de como é que vão ser recebidas.
Os sucessivos adiamentos da divulgação
dos resultados não vão
afectar a credibilidade do trabalho?
É possível!. Eu espero que não. O
comunicado da PGR emitido semana
passada era realmente para
garantir que o trabalho ande e esteja
no caminho certo. É preciso
perceber que é uma coisa supercomplicada,
tem tantas partes internacionais
e nacionais ligadas a
essa auditoria e realmente temos de
ter um pouco de paciência. Entendo
que as pessoas comecem a suspeitar
que haverá mais demora, mas
não é assim. Particularmente estou
impressionada com o trabalho que
a Kroll está a desenvolver. Eles têm
uma equipa de sete pessoas que está
a trabalhar com muito profissionalismo.
Estamos num bom caminho.
internacionais interessadas sobre os
assuntos jurídicos.
Estas partes disseram que essa informação
que acharam ia melhorar
a qualidade do relatório de uma
maneira significante e para nós a
qualidade do relatório é muito importante,
por isso optamos por dar
mais tempo para se incluir a análise
desta nova informação.
Sabemos que há muita esperança,
interesse e ansiedade por parte da
sociedade moçambicana, dos investidores
e doadores que querem ver o
relatório publicado e acho isso muito
perigoso porque não vai resolver
todos os problemas. Isso é gestão de
expectativas de um assunto difícil,
por um lado, e nós somos sensíveis
à importância de ter o relatório o
mais rápido possível.
Por outro lado, se a qualidade não
estiver lá, se o relatório não responder
nada, então não vai ajudar Mo-
çambique e haverá muitos questionamentos.
Discutimos com a PGR,
FMI e claramente com a Kroll sobre
isso e decidimos que vamos dar
mais 30 dias até 28 de Abril, mas
que devem ser os últimos.
Sei que neste tipo de assuntos não
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“Este foi o último adiamento da publicação da auditoria”
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namentais (ONG) a nível nacional
que são cerca de 80. Algumas
são pequenas e trabalham no meio
rural, outras são grandes e influenciam
o debate nacional, por isso
é difícil dar uma resposta porque
depende da área de acção de cada
uma. A questão da igualdade de
género e meio ambiente foi muito
evidente nos últimos anos e nota-
-se uma boa colaboração entre as
organizações da Sociedade Civil
e o Governo. O Governo vê as
ONG´s como conhecedoras dos
assuntos, como parceiros válidos e
vale a pena ouvi-las, porque precisam
do conhecimento e capacidade
dessas ONG´s. É o que nós queremos
criar, uma Sociedade Civil
forte com capacidade de criticar,
olhar o que o Governo faz e exigir
a prestação de contas. A outra parte
importante são as sugestões, se
criticarmos e não sugerimos nada
para resolver os problemas para
onde é que vamos? Acho que isto é
importante e hoje há muitos representantes
do Governo que vêem as
ONG´s como parceiros e não como
inimigos, o que é positivo. A Sociedade
Civil tem de ser independente
e nunca deixar de questionar ou
mesmo criticar.
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DFRUGR
A descoberta das dívidas ocultas,
no primeiro semestre do ano
passado, azedou as relações entre
Moçambique e os parceiros de cooperação,
incluindo a Suécia. O
que motivou apenas a Suécia a financiar
a auditoria internacional
independente e não todo o grupo
dos parceiros que por sinal já a
exigia?
Foi evidente que era importante
para o Presidente e para o Governo
sentir que esta auditoria fosse mo-
çambicana e não algo imposto pela
comunidade internacional, que se
tinha de realizar mediante as suas
exigências.
Nós achamos também que esta
auditoria constituía uma oportunidade
para oferecer experiências importantes
a Moçambique para o futuro.
Era importante a auditoria ser
propriedade dos moçambicanos, do
que toda a hora termos de dizer que
se deve fazer assim. Foi uma crise
de confiança muito grande e ainda
é difícil restaurá-la. Nós queríamos
ver qual era o melhor caminho
para sair desta crise de confiança
e ao mesmo tempo salvaguardar o
desenvolvimento de Moçambique
e a possibilidade de Moçambique
aprender alguma coisa disso. Foi
isso que Moçambique queria, ser
proprietário desse processo. Assim,
durante as discussões que tivemos
com o FMI e a PGR acabamos por
encontrar esta solução da Suécia financiar.
Não dissemos que queríamos
ser únicos financiadores.
Moçambique e Suécia têm uma
longa história desde a época colonial
e talvez Moçambique sinta
confiança da Suécia pelo facto de
não ter outros interesses neste país
senão apoiar o povo. Acredito que
isso deu uma certa confiança ao
Estado moçambicano e sentiu mais
segurança em colocar nas mãos de
um parceiro amigo como nós essa
responsabilidade. Havia possibilidade
de chamar outros países, mas
desta vez foi a Suécia. Como o processo
é muito complicado, achamos
por bem não meter muitos chefes,
temos uma boa relação com os parceiros
e sentimos que nós representamos
esse grupo que também está
confortável.
Só para clarificar, houve uma solicitação
do Governo ou a Suécia
prontificou-se a financiar?
Resultou de um diálogo com Governo,
FMI e parceiros.
Semana finda foi anunciada mais
uma prorrogação do prazo para
divulgação do relatório final da
auditoria internacional e independente.
Na qualidade de financiador,
e por isso tem informação
privilegiada, quais as razões de
fundo dos sucessivos adiamentos?
Nós não sabíamos quanto tempo
exactamente iriam precisar. Os primeiros
90 dias eram um prazo indicativo.
Ao mesmo tempo sabíamos
que não tínhamos muito a perder
porque o processo de elaboração
dos termos de referência demorou.
Isto foi agravado porque tudo
estava parado, à espera da auditó-
ria, sem ela nada podia acontecer e
tínhamos de ter essa sensibilidade
que temos de fazer tudo o mais rá-
pido possível. Já prevíamos que esse
tempo não seria suficiente, mas tí-
$SyVDSXEO
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