De
Lula, réu em três ações do processo, a Marina, citada uma só vez, todos
os favoritos nas eleições de 2018 estão sob a mira do juiz Sérgio Moro.
Presidente Michel Temer incluído
É
cada vez mais provável que o próximo presidente do Brasil eleito tenha
sido, no mínimo, citado na Operação Lava-Jato. A julgar pelas últimas
sondagens, realizadas no início deste mês, os seis principais candidatos
à sucessão de Michel Temer em 2018 - incluindo o próprio chefe do
Estado - surgem nas propostas de delação premiada de executivos de
construtoras associadas ao esquema de corrupção na Petrobras. De Lula da
Silva, que lidera as pesquisas de opinião à primeira volta, a Marina
Silva, que venceria em qualquer cenário de segunda volta, passando pelo
trio de presidenciáveis do Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB).
Numa operação policial com
proporções bíblicas - são 1434 processos instaurados, 188 prisões, 730
buscas e apreensões, 120 condenados contabilizando 1257 anos de penas
acumuladas, prováveis 150 acordos de delação premiada, mais de dez mil
milhões de euros em pedido de ressarcimento e centenas de políticos
envolvidos - não escapa, de facto, ninguém. Isto é, os brasileiros,
apesar de aplaudirem a operação e exigirem a cabeça dos implicados na
Lava-Jato, provavelmente elegerão daqui a ano e meio um envolvido.
Acusações
Lula,
do Partido dos Trabalhadores (PT), é o mais atingido - é réu em três
ações, investigado em duas e citado noutra. Em causa, acusações de
corrupção passiva, como a obtenção de imóveis por via de construtoras,
ou de interferência nas investigações. E Marina, do Rede
Sustentabilidade, a menos: foi citada uma vez pelo presidente da
empreiteira OAS como beneficiária de uma doação de campanha não
declarada. A defesa dela diz que prestou contas à justiça eleitoral. A
dele considera as acusações dignas "de Kafka ou do Minority Report",
aludindo ao mestre checo do realismo fantástico e ao filme de Steven
Spielberg em que os suspeitos eram presos mesmo antes de cometerem
crimes.
Na área do PSDB, Aécio Neves,
presidente do partido, senador e candidato derrotado em 2014, é
investigado duas vezes por corrupção e citado outras tantas como
destinatário de doações ilegais de construtoras. Geraldo Alckmin,
governador do estado de São Paulo e segundo classificado nas
presidenciais que reelegeram Lula, aparece sob a alcunha de Santo nas
listas do setor de subornos da empresa Odebrecht, que garante ter-lhe
feito doações ilegais de campanha. José Serra, ministro dos Negócios
Estrangeiros derrotado em anteriores sufrágios por Lula e por Dilma
Rousseff, terá recebido ilegalmente 23 milhões de reais da mesma
Odebrecht na campanha eleitoral de 2010 frente à ex-presidente. Os três
desmentem as acusações.
Sobra Michel
Temer, citado duas vezes na Lava-Jato, na delação de um ex-executivo e,
por 43 vezes, no primeiro de 77 acordos de delação premiada de
ex-quadros da Odebrecht vindo a público há duas semanas. O Palácio do
Planalto negou que, ao contrário do que dizem os delatores, algum dia
tenha pedido doações ilícitas.
Outsiders
Atentas
ao "efeito Silvio Berlusconi" - magnata da comunicação e do futebol
eleito em Itália na sequência da Operação Mãos Limpas, que dizimou os
partidos tradicionais -, as empresas de sondagens, como o Instituto
Datafolha, têm incluído nomes fora do establishment. Sérgio Moro, o juiz
que comanda a Lava-Jato e por isso influi no futuro de Lula, Temer e
companhia; o também juiz Joaquim Barbosa, que liderou com mão de ferro o
processo do mensalão; o autoproclamado candidato Roberto Justus,
empresário e apresentador de reality shows; e Jair Bolsonaro, opção de
extrema-direita pelo Partido Social Cristão. E Moro, que nega ser
concorrente, ou Bolsonaro, cuja pré-campanha está em andamento, superam
nalguns cenários o presidente Temer.
Em São Paulo
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