sábado, 12 de março de 2016

Vida de moçambicano refugiados no Malawi deteriora-se e Governo investiga supostos abusos cometidos pelas FDS em Tete


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Destaques - Nacional
Escrito por Redação  em 11 Março 2016
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Depois de uma letargia profunda em relação ao sofrimento dos moçambicanos residentes em Tete, que por conta de supostos maus-tratos perpetrados pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) refugiaram-se no Malawi, Governo criou uma equipa que já se encontra naquela província para averiguar uma série de abusos e violações dos direitos humanos. Todavia, no Malawi, o número de moçambicanos que procuram refúgio é de cerca de 11 mil e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) diz que precisa urgentemente de 15 milhões de dólares para fazer face à degradação das condições de vida no campo de Kapise.
Quando os primeiros moçambicanos entraram no Malawi à busca de refúgio, fugindo da crise política que permanece sem solução à vista, o Executivo do Presidente Filipe Nyusi negou que os compatriotas que às dezenas entravam naquele país estivessem a fugir da guerra.
"Precisamos de fundos para implementar vários programas devido ao crescente número de recém-chegados de Moçambique, traduzindo-se no excesso de trabalho e numa maior pressão sobre os poucos recursos disponíveis", disse Monique Ekoko, representante do ACNUR no Malawi, em declarações à Rádio Moçambique.
Até segunda-feira (07), pelo menos 8.776 moçambicanos tinham sido registados e parte deles pedem asilo alegadamente por sofrerem perseguições pelas tropas governamentais, além de as suas casas terem sido queimadas por supostamente albergarem membros da Renamo, disse Monique Ekoko à agência Lusa, tendo acrescentado que falta inscrever 2.250.
Por conta da superlotação do acampamento de Kapise, sito a seis quilómetros da fronteira com a província de Tete, o ACNUR pretende transferir os refugiados daquele centro para o acampamento de Luwani, que acolheu milhares de refugiados da guerra civil moçambicana, a qual durou 16 anos e terminou com a assinatura do Acordo Geral de Paz, em 1992, e que mais tarde viria a ser contestado por um dos signatários, a Renamo, alegando violação de vários pontos pelo Governo da Frelimo.
Refira-se que há poucas semanas, numa visita efectuada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, o Governo acusou Monike Ekoko de mobilizar os moçambicanos refugiados no Malawi, na altura eram pouco mais de 5.600, para não regressarem a Moçambique, apesar das precárias condições em que vivem no centro de acolhimento. A 03 de Março, Baloi disse no Parlamento que os moçambicanos que abandonaram as suas casas em Tete e refugiaram-se no Malawi por conta da crise política em Moçambique "estão a ter habitação, alimentação e assistência médica nas condições possíveis", o que não é verdade, porque vivem um drama humanitário de tal sorte que se encontram albergados em pequenas cabanas de construção precária.
Em Fevereiro último, Gift Rapozo, administrador do distrito de Mwanza, que alberga o centro de acolhimento de Kapise, alertou que se o Governo moçambicano não tomar a peito o problema daquela gente, que fugiu das confrontações entre as FDS e os guerrilheiros da Renamo, em Tete, a situação irá deteriorar-se cada vez mais nos próximos seis meses e resvalar para “uma catástrofe”, até porque as autoridades dos dois países não falam a mesma linguagem de quem está no terreno.

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