Renamologos
Existe uma especie de agentes provocadores da FRELIMO, que se convenciona chamar renamologos. Isto e, trata-se de gente que diz saber mais da RENAMO do que o proprio Afonso Dhlakama.
No seu vasto reportorio, para alem de videos de qualidade duvidosa, estao as famosas analogias com o passado. E nao se pense que se trate de gente quadrada ou pouco informada. Sao professores-doutores, consultores e o diabo a quatro. Renamologos.
Defendem, entre varias coisas, que e possivel derrotar a RENAMO, cercando e liquidando Dhlakama na Gorongosa. Servem-se de dados do tempo em que as FPLM eram treinadas e apoiadas pelo Pacto de Varsovia e a RENAMO municiada pela Rodesia e depois pela Africa do Sul. Enfim, os renamologos, declaram triunfalmente que as FADM estao cada vez mais FPLMizadas, enquanto que a RENAMO esta cada vez mais desSULAFRICANIZADA, consequentemente, este e o momento de savimbizar a RENAMO.
Mas ha um detalhe importante, sr. renamologos, que voces nunca se referem. E que o contexto FPLM era muito mais propenso a mobilizacao popular do que a da FADM. E contrapartida, se a RENAMO hoje esta mais desSULAFRICANIZADA, e indiscutivel que se torna cada vez mais FPLM aos olhos do regionalismo que se consolida na politica nacional, tornando irrelevante qualquer assassinato politico daquela organizacao, que hoje e muito mais do que um partido politico. O que torna o prolongamento do actual conflito armado numa vantagem para a RENAMO, que assim se vai consolidando como um verdadeiro MOVIMENTO DE LIBERTACAO dos povos marginalizados do centro e norte de Mocambique, tal como um dia a FRELIMO o foi contra os portugueses.
E isso, nao se derrota com balas!
O Dente de SISE da nossa Democracia
Publica o jornal SAVANA, na sua última edição, um arrepiante relato feito por um “hitman” ao serviço do SISE, cuja missão é silenciar vozes que incomodem os governantes deste país.
Esta actuação não constitui novidade em países africanos, onde o Estado há muito faliu completamente e ficou entregue a senhores da guerra, ou se rendeu a regimes que se afundam numa autocracia jurássica, muitos dos quais, mantêm excelentes relações diplomáticas com Moçambique, razão pela qual, a exposição do monstro que o SAVANA nos faz – com muitos tomates, diga-se – é um sinal bem vermelho que se acende na tão propalada democracia e Estado de Direito, que muitas vezes por aí vemos propalado, nos discursos das ordens profissionais, na comunicação social e, ainda que de forma tímida, na academia, onde sempre se disse e negou esta possibilidade de terrorismo de Estado ao serviço de uma causa partidária concreta, sobretudo na comunidade local de analistas politicos, cientistas sociais e ate mentores de ONGs que frequentam os programas de rádio e TV, que sempre pareceram estar mais preocupados em projectar acontecimentos fugazes, do que a sistematizar o problema, ou seja, mais focados numa bôcacracia do “disse que disse”. E depois nada disse.
Esta reportagem feita pela Al-Jazeera no Quénia, mostra que o assassinato político financiado com os nossos impostos, já faz escola há muito tempo: https://www.youtube.com/watch?v=lUjOdjdH8Uk e também, nos ajuda a entender a anarquia terrorista e violenta que se apossou daquele país.
Por isso, de nada vale vir a terreiro dizer, na media do Primeiro Mundo, que:
“(...) há um crescimento cada vez maior de uma consciência política, uma participação cívica. Não porque haja um espaço que se abriu espontaneamente. Há cada vez mais organizações e indivíduos que sentem que é importante que a sociedade e o sistema político se democratizem; e com isso estão também conseguir abrir um espaço e por sua vez, aos poucos, está também a crescer a sensibilidade e consciência dos políticos de que é importante abrir esse espaço democrático. Não encontramos em muitos países a pressão que leva a esta abertura, então por esta razão olharia para Moçambique com mais optimismo.(...)”
E depois posicionar-se domesticamente na "comfort zone" moral de actos hediondos imputados ao crime organizado, minimizando os actos pensados, executados e reportados por um serviço secreto, que se diz defensor de um Estado de Direito pluralista e pluripartidario, mas que afinal nada difere de uma bafienta polícia política da década 30 na Europa, que por aqui ressuscita o ‘terror vermelho” da famigerada Tcheka.
Chega-se mesmo ao ponto de se fazer suposta análise sociólogica aos “ciberguerrilheiros” da RENAMO, quando o que se está é a contribuir gratuitamente com um trabalho de inteligência para o SISE depois traçar o perfil psicológico dos alvos a atacar e a eliminar. Que raio de cientistas sociais são estes? Que servem com a sua parcialidade "demode" esquerdista um estado absolutamente fascista. E que ignoram as dezenas de “trolls” da FRELIMO no Facebook, coordenados e pagos pelo SISE, cujo o emprego consiste em ficar à frente de um computador 24/24 para vigiar posts e fazer ciberpistolagem a quem critica o Governo.
Gilles Cistac, Paulo Machava e tantas outras personagens, nao tenho duvidas, tombaram pelas mãos ensanguentadas destes esquadrões da morte, coordenados pelo SISE, com assassinatos politicamente motivados. Prósperos empresários e comerciantes locais, também o têm sido, mas por puro "racket político" onde se confundem a protecção dos negócios, com as contribuições monetárias para a causa partidária. Talvez se perguntem agora, o que se pretende alcancar com isto?
Ora bem, possivelmente um dos dez estágios definidos por Stanton, onde o politicídio antecede o incontornável caos do genocídio. E governar no caos é óptimo para governantes incompetentes. Não se presta contas ao eleitorado.
Por isso, temos de exigir ao poder político da Ponta Vermelha, que nos explique se o SISE é agora um Estado dentro de outro Estado, em virtude do seu ilimitado poder para deter, assassinar, interferir e mesmo interromper direitos e cidadania inscritos na Constituição da República, que jurou defender na sua tomada de posse.
E por último, uma sugestão aos partidos representados na AR. Que o Conselho Constitucional se expresse também sobre a legalidade da corrente actuação do SISE, verdadeiramente um incómodo dente de siso no Estado de Direito democrático de Moçambique, tal como a STASI o tentou ser pouco antes do inevitável colapso da RDA.
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