Falando semana passada a certa Imprensa, D. Jaime Gonçalves imiscuiu-se abertamente em assuntos políticos, atirando culpas ao Partido Frelimo e ao Governo moçambicano pelos actos protagonizados pela Renamo, maior partido de oposição, desde a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) em 1992, aos dias que correm.
Atento a tais pronunciamentos, o secretário-geral da ACLLN, Fernando Faustino, citado hoje pelo Notícias, diz não ser ético e é até indecoroso que D. Jaime Gonçalves saia em defesa de um partido político que não respeita a Constituição da República e demais leis um partido que persegue, mata e fere cidadãos inocentes, pilha pertences da população e dificulta a livre circulação de pessoas e bens, sobretudo em Muxúnguè, Caia, Gorongosa (província central de Sofala), ao longo da Estrada Nacional Número Um (EN-1).
Agastado com tais pronunciamentos, Faustino considerou o prelado de tendencialmente regionalista e tribalista, lembrando que num passado não muito distante o antigo arcebispo da Beira defendeu rezas em Ci-Ndau e Ci-Sena (línguas locais), promovendo inclusivamente campanhas políticas no decurso das suas homilias favorecendo um determinado partido.
Se é padre, que se ocupe plenamente pela religião; se quer ser político que se assuma plenamente como tal, filiando-se abertamente a um partido político para que não seja confundido, aconselhou o SG da ACLLN.
Fernando Faustino recordou a D. Jaime Gonçalves que desde a assinatura do Acordo Geral de Paz o Governo e a Frelimo tudo fizeram em prol da consolidação da paz e do desenvolvimento, o que lamentavelmente não tem acontecido com a Renamo, que prima por rejeição constante e permanente dos resultados de todas as eleições alegando fraude.
Mais recentemente a Renamo assinou com o Governo do Presidente (Armando) Guebuza um acordo para a cessação das hostilidades militares, acordo esse que a própria Renamo o joga hoje no caixote de lixo, desencadeando uma campanha de matanças e destruições. D. Jaime Gonçalves não vê isso ou finge que não vê para atirar culpas ao Governo e à Frelimo, afirmou o secretário-geral.
Fernando Faustino pergunta a D. Jaime Gonçalves por que razão a Renamo se recusa a desarmar-se, ou seja, por que razão a Renamo teima em manter homens armados, prosseguindo com a sua campanha de perseguição a cidadãos civis.
Segundo ele, o Acordo de Cessação das Hostilidades Militares prevê a entrega de armas que se encontram nas mãos da Renamo e também a criação do Fundo da Paz e Reconciliação Nacional para a reintegração social dos homens residuais da Renamo e de outros combatentes.
A Renamo não entrega as armas, recusa-se a aceder ao Fundo da Paz, mas D. Jaime não questiona esses factos. Para ele, o culpado é o Governo, a culpada é a Frelimo. O que pretende, na verdade, D. Jaime Gonçalves?, questionou.
Fernando Faustino disse que o culpado do clima de tensão político-militar no país é a Renamo, que se furta terminantemente ao diálogo e no lugar disso promove desacatos contra inocentes. Acrescentou que o líder da Renamo devia aproveitar a boa vontade do Chefe do Estado, Filipe Nyusi, que desde a sua tomada de posse para estas funções sempre privilegiou a paz para os 24 milhões de moçambicanos, dos quais Afonso Dhlakama faz parte.
O Presidente Nyusi já disse reiteradamente estar disposto para o diálogo. Dhlakama cria sempre entraves. Quer o poder pela força das armas que possui. Gostaria de lembrá-lo e também lembrar a D. Jaime Gonçalves que a única solução para se ultrapassar o clima de instabilidade vigente no país é Afonso Dhlakama aceitar o convite do Presidente Nyusi para o diálogo a fim de se encontrar o melhor caminho para a paz duradoira, afirmou.
O secretário-geral da ACLLN pediu a toda a sociedade civil, incluindo a Igreja Católica, a se juntarem no intenso movimento contestatório de regresso às hostilidades militares, cuja principal culpada é a Renamo.
Os moçambicanos não querem a guerra. Devemos, pois, rejeitar todas as opções nesse sentido e devemos rejeitar também todos os pronunciamentos errantes, pois isso não ajuda em nada para a paz e para o desenvolvimento. Podemos fazer política, mas de forma ordeira e em respeito às leis, porque democracia não significa anarquia. Significa, pelo contrário, o respeito pelas leis, sublinhou.
FF
AIM – 01.03.2016
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