Uma transportadora com cheios de feridos deu entrada esta manha no Hospital de caia.
Maning Nice que saia de Quelimane ate agora esta em caia desde 8: horas.
segundo um amigo que esta na viatura diz que estão parados e não sabem que horas vão seguir a viagem porque a estrada esta mal.
Sms: brother a situação não esta boa.
atacaram dois Maning nice agora mesmo, Agora não sei se vamos continuar com a viagem hoje ou não. isso aconteceu na primeira coluna e ate agora estamos aqui!
Feridos acabam de dar entrada no Hospital de Caia.
Há vários textos circulando nas redes sociais que, no essencial, argumentam que a "cultura" de ilegalidade de cada um de nós nos torna todos em renamo, no sentido em que não nos surpreende nem incomoda que por aí ande um partido armado a violar a constituição. Este tipo de reflexão é, de facto, muito profunda. Senão, vejamos. Deve ser porque cada um de nós precisa de uma ajudinha perante a lei que a polícia é corrupta - se não guiassemos embriagados e com excesso de velocidade, a nossa polícia seria limpinha, limpinha. Deve ser porque alguns de nós são membros de partidos políticos que o nosso estado está partidarização - se os partidos políticos não tivessem membros não existiriam, logo, o estado não poderia estar partidarizado. Deve ser porque temos rádio e televisão em casa que temos que aguentar com os monólogos em debates em que todos os participantes têm exactamente a mesma ideia sobre as mesmas questões, ideias essas que, curiosamente, coincidem sempre com o poder e mudam tão rapidamente quanto o poder muda de ideias. Só pode, a culpa é mesmo das lojas de produtos electrónicos. E deve ser porque cada um tem ambições e aspirações a viver melhor que os nossos recursos foram entregues a multinacionais com vantagens enormes para aquelas. E também deve ser por causa da nossa cultura violenta que quem protesta contra essa entrega e contra as condições laborais e comunitárias que emergem dessa entrega é declarado violador da lei e, por consequência, obriga a nossa polícia a intervir violentamente, brutalmente (já repararam que as greves e manifestações são sempre ilegais, excepto as organizadas pelo partidão, mas a violência social, económica, laboral, ambiental e política que motiva tais greves e manifestações é sempre protegida pela brutalidade policial - sim, claro, se a greve não fosse ilegal, nossa culpa, a polícia não estaria brutalmente associada ao grande capital). Sim, é nossa culpa por protestarmos e por queremos viver melhor. Também somos nós que criamos a fraude eleitoral - ora bem, se ninguém votasse, não poderia haver fraude pois não haveria votos alguns nas urnas para falsificar. E quem nos mandou querer ser libertados do colonialismo e querer democracia? Tivéssemos nós ficado apenas metidos nas nossas vidas, eternamente de cabeça baixa, hoje não teríamos nem "libertadores" nem "pai da democracia" a reclamarem direitos históricos que nunca foram anunciados enquanto lutavam contra o colonialismo e pela democracia.
Talvez haja um ponto interessante aqui - de repente, alguns anos depois da independência nacional, a elite dos "libertadores" começou a reclamar o direito a expropriar o país e enriquecer individualmente por serem "libertadores". Mas esta reclamação não estava listada nos objectivos da luta que hoje usam para legitimar um direito que nunca disseram que queriam ter quando lutavam. Isto é mudar as regras do jogo depois do resultado, para ficarem no lado vencedor mesmo à custa do total e completo sacrifício da retórica que presidiu à luta que os legitima como elites. Este comportamento parece-me não ser dissemelhante do daqueles que após perderem as eleições (com ou sem fraude) querem "governar" - entenda-se "mandar em" - as províncias onde dizem ter ganho as eleições. Então, quem sabe, se calhar não é por alguns de nós guiarmos embriagados e furarmos bichas que por aí andam partidos armados a dizer e a fazer disparates; talvez haja uma lógica entre poder e acumulação que cria ondas gravitacionais que se espalham a todos os que têm força militar para tentarem assaltar o poder do estado.
Talvez, por isso, sejamos, de facto, culpados de algumas coisas que aqui acontecem: 1) termos demasiada paciência com os usurpadores do estado; 2) sermos demasiado cobardes e indiferentes perante esses usurpadores; e 3) passarmos o nosso tempo a discutir e criticar esses usurpadores em vez de nos organizarmos, articularmos politicamente as reivindicações sociais e mobilzarmos acção política que nos liberte dos "libertadores e dos "combatentes da democracia". Não sei se é por alguns de nós pagarem a polícias ou deitarem lixo no chão que estamos onde estamos. Talvez seja pela inércia social e política, pelo desinteresse e pela falta de coragem, que permitimos que o país se tornasse refém de forças políticas que devem a sua legitimidade a causas que elas dizem ser a sua génesis, mas que não respeitam. No dia em que percebermos que não temos que estar agradecidos a ninguém e que, por consequência, ninguém é nosso dono nem somos propriedade de ninguém, nesse dia talvez comece a caminhada para normalizar este país.
In Professor Carlos Nuno Castel-Branco.
Benedita Felix Cumbane Concordo, penso que somos demasiado pacíficos com o que é mau, talvez seja por nos ensinarem quem reclama é rebelde, perturbador, contra a paz. Há ideologias que enganam nossas mentes, o nosso modo de pensar é muito manipulado. Há necessidade de reconstrução do conhecimento.
Abel Zico Simplesmente perfeito... Inercia e cobardia social leva-nos ao fundo...
Raúl Salomão Jamisse Hehehe grande ironia, grande crítica..inércia de todos nós.
Cidia Chissungo Verdades
David Colaco Ribeiro Eu também li aqui bujardas sobre este aspecto...esse texto do prof. Nuno Castel Branco (sempre ele) vem dar bofetada aqueles que propalam por ai aspectos que nem eles próprios acreditam. Comparar o refresco dado ao trânsito a violação da constituição por parte da Renamo e, por via disso, tornar—nos todos em Renamo.
Mateus Joaquim Mutembué Melhor ficar calodo do manifestar porque nunca se sabe quêm será a proxima vitima de bala perdida desparada pela policia sob ordens dessa elite.
Há vários textos circulando nas redes sociais que, no essencial, argumentam que a "cultura" de ilegalidade de cada um de nós nos torna todos em renamo, no sentido em que não nos surpreende nem incomoda que por aí ande um partido armado a violar a constituição. Este tipo de reflexão é, de facto, muito profunda. Senão, vejamos. Deve ser porque cada um de nós precisa de uma ajudinha perante a lei que a polícia é corrupta - se não guiassemos embriagados e com excesso de velocidade, a nossa polícia seria limpinha, limpinha. Deve ser porque alguns de nós são membros de partidos políticos que o nosso estado está partidarização - se os partidos políticos não tivessem membros não existiriam, logo, o estado não poderia estar partidarizado. Deve ser porque temos rádio e televisão em casa que temos que aguentar com os monólogos em debates em que todos os participantes têm exactamente a mesma ideia sobre as mesmas questões, ideias essas que, curiosamente, coincidem sempre com o poder e mudam tão rapidamente quanto o poder muda de ideias. Só pode, a culpa é mesmo das lojas de produtos electrónicos. E deve ser porque cada um tem ambições e aspirações a viver melhor que os nossos recursos foram entregues a multinacionais com vantagens enormes para aquelas. E também deve ser por causa da nossa cultura violenta que quem protesta contra essa entrega e contra as condições laborais e comunitárias que emergem dessa entrega é declarado violador da lei e, por consequência, obriga a nossa polícia a intervir violentamente, brutalmente (já repararam que as greves e manifestações são sempre ilegais, excepto as organizadas pelo partidão, mas a violência social, económica, laboral, ambiental e política que motiva tais greves e manifestações é sempre protegida pela brutalidade policial - sim, claro, se a greve não fosse ilegal, nossa culpa, a polícia não estaria brutalmente associada ao grande capital). Sim, é nossa culpa por protestarmos e por queremos viver melhor. Também somos nós que criamos a fraude eleitoral - ora bem, se ninguém votasse, não poderia haver fraude pois não haveria votos alguns nas urnas para falsificar. E quem nos mandou querer ser libertados do colonialismo e querer democracia? Tivéssemos nós ficado apenas metidos nas nossas vidas, eternamente de cabeça baixa, hoje não teríamos nem "libertadores" nem "pai da democracia" a reclamarem direitos históricos que nunca foram anunciados enquanto lutavam contra o colonialismo e pela democracia.
Talvez haja um ponto interessante aqui - de repente, alguns anos depois da independência nacional, a elite dos "libertadores" começou a reclamar o direito a expropriar o país e enriquecer individualmente por serem "libertadores". Mas esta reclamação não estava listada nos objectivos da luta que hoje usam para legitimar um direito que nunca disseram que queriam ter quando lutavam. Isto é mudar as regras do jogo depois do resultado, para ficarem no lado vencedor mesmo à custa do total e completo sacrifício da retórica que presidiu à luta que os legitima como elites. Este comportamento parece-me não ser dissemelhante do daqueles que após perderem as eleições (com ou sem fraude) querem "governar" - entenda-se "mandar em" - as províncias onde dizem ter ganho as eleições. Então, quem sabe, se calhar não é por alguns de nós guiarmos embriagados e furarmos bichas que por aí andam partidos armados a dizer e a fazer disparates; talvez haja uma lógica entre poder e acumulação que cria ondas gravitacionais que se espalham a todos os que têm força militar para tentarem assaltar o poder do estado.
Talvez, por isso, sejamos, de facto, culpados de algumas coisas que aqui acontecem: 1) termos demasiada paciência com os usurpadores do estado; 2) sermos demasiado cobardes e indiferentes perante esses usurpadores; e 3) passarmos o nosso tempo a discutir e criticar esses usurpadores em vez de nos organizarmos, articularmos politicamente as reivindicações sociais e mobilzarmos acção política que nos liberte dos "libertadores e dos "combatentes da democracia". Não sei se é por alguns de nós pagarem a polícias ou deitarem lixo no chão que estamos onde estamos. Talvez seja pela inércia social e política, pelo desinteresse e pela falta de coragem, que permitimos que o país se tornasse refém de forças políticas que devem a sua legitimidade a causas que elas dizem ser a sua génesis, mas que não respeitam. No dia em que percebermos que não temos que estar agradecidos a ninguém e que, por consequência, ninguém é nosso dono nem somos propriedade de ninguém, nesse dia talvez comece a caminhada para normalizar este país.
In Professor Carlos Nuno Castel-Branco.
Benedita Felix Cumbane Concordo, penso que somos demasiado pacíficos com o que é mau, talvez seja por nos ensinarem quem reclama é rebelde, perturbador, contra a paz. Há ideologias que enganam nossas mentes, o nosso modo de pensar é muito manipulado. Há necessidade de reconstrução do conhecimento.
Abel Zico Simplesmente perfeito... Inercia e cobardia social leva-nos ao fundo...
Raúl Salomão Jamisse Hehehe grande ironia, grande crítica..inércia de todos nós.
Cidia Chissungo Verdades
David Colaco Ribeiro Eu também li aqui bujardas sobre este aspecto...esse texto do prof. Nuno Castel Branco (sempre ele) vem dar bofetada aqueles que propalam por ai aspectos que nem eles próprios acreditam. Comparar o refresco dado ao trânsito a violação da constituição por parte da Renamo e, por via disso, tornar—nos todos em Renamo.
Mateus Joaquim Mutembué Melhor ficar calodo do manifestar porque nunca se sabe quêm será a proxima vitima de bala perdida desparada pela policia sob ordens dessa elite.
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