HÁ um ano e um mês, Blaise Compaoré fugia do Burkina Faso, perseguido pela rua (protestos populares). Agora, a transição política está quase a fechar e o país acaba de eleger o seu futuro chefe de Estado: Roch Marc Christian Kaboré. Não é um desconhecido no cenário político burkinabe. Fez parte do antigo regime, antes de abandonar o partido no poder, o CDP, no início de 2014 para fundar o seu próprio Movimento Popular para o Progresso (MPP).
Roch Kaboré foi eleito Presidente do Burkina Faso à primeira volta, com 53,49 por cento dos votos, contra 21,65 por cento recolhidos por Zephirin Diabré, seu principal adversário, dos 14 candidatos que disputavam a chefia do Estado, segundo resultados anunciados pela comissão eleitoral na noite de segunda-feira (30).
Diabré reconheceu a derrota e deslocou-se, mal os resultados foram divulgados, à sede de campanha de Kaboré para o felicitar pessoalmente pela vitória eleitoral.
Os partidários de Kaboré celebraram, durante toda a noite de segunda para terça-feira, nas ruas de Ouagadougou, a capital, e de Bobo Dioulasso a vitória do candidato do MPP.
"É a vitória de um povo. (…). Foi demonstrado que já existe democracia (…) a verdadeira democracia no Burkina Faso (…) ”, afirmou, segundo a Rádio França Internacional (RFI), um apoiante do presidente-eleito burkinabe.
O campo de Zéphirin Diabré não esperava a derrota do seu candidato logo na primeira volta, mas diz-se sem amargura nem espirito de vingança, porque a democracia “prevaleceu”.
UM “HOMEM DE ESTADO”
“Claro, estou desapontado porque meu candidato não ganhou. Mas de algum modo estou também feliz porque é a expressão da democracia. Depois do que o povo burkinabe passou, estamos felizes, é uma vitória (do povo) ”, afirmou um partidário de Diabré, citado pela RFI.
Diante de milhares de pessoas que o aclamavam na sede do MPP, o candidato vencedor disse: “Todos juntos precisamos servir ao país”.
O presidente-eleito, 58 anos, é um homem do Estado burkinabe. Entrou no sistema em 1983, “puxado” por Thomas Sankara. Ficou depois 26 anos ao lado de Blaise Compaoré e exerceu vários cargos ministeriais, incluindo o de primeiro-ministro (1994-1996), e o de presidente da Assembleia Nacional (2002-2012). Há vários anos em conflito com Compaoré no seio então partido no poder, o Congresso para a Democracia e progresso (CDP), Roch Kaboré rompe definitivamente com o regime em Janeiro de 2014 e funda o MPP.
As eleições de domingo (29) - legislativas e presidenciais - são um virar de página a um ano de transição tensa, que pôs fim a 27 anos do regime de Blaise Compaoré
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