Por temer retaliação xenófoba
“VALE” paralisada
Tete (Canalmoz) – Vários trabalhadores de nacionalidade sul-africana que trabalham em vários projectos mineiros do carvão em Tete, começaram a abandonar esta província, temendo alguma retaliação por parte dos trabalhadores moçambicanos. O caso mais visível foi a empresa “Kentz Engineering”, que é responsável pela montagem e manutenção das máquinas de transporte e processamento do carvão. Segundo uma fonte da Inspecção do Trabalho, encontram-se a trabalhar nesta empresa mais de dois mil sul-africanos.
A direcção da “Kentz”, por motivos de segurança e por temer o pior, havia pedido protecção policial nas suas instalações e em vários acampamentos onde vivem os trabalhadores sul-africanos.
O pedido foi aceite pela Polícia da República de Moçambique, que guarneceu o acampamento com um efectivo da Unidade de Intervenção Rápida. Mas os comentários sobre xenofobia e sobre os trabalhadores sul-africanos tomaram conta da empresa e instalou-se o pânico.
Na quinta-feira, a empresa paralisou as actividades e fretou dois aviões Boeig-730-7, para evacuarem o pessoal todo para a República da África do Sul, concretamente com destino a Joanesburgo. O primeiro voo partiu de Tete às 9h20m, transportando 235 trabalhadores. A segunda aeronave partiu de Tete às 16h45m, transportando 198 trabalhadores, com o mesmo destino.
A PRM teve que mobilizar várias viaturas e efectivos e fazer colunas desde o acampamento da “Kentz” até ao aeroporto de Chingodzi.
Airlink põe à disposição mais dois voos
A empresa sul-africana de transporte aéreo garantiu mais dois aviões Boeing, hoje, sexta-feira, para que todas as empresas com trabalhadores sul-africanos, se quiserem, possam evacuá-los. “Normalmente temos tido um voo por dia, de segunda a sexta-feira. Mas hoje recebemos um voo extra. Tenho a informação de que amanhã vamos receber dois a três voos, por causa desta situação de emergência. Somos a única operadora aqui em Tete, para ligar a África do Sul a Tete”, explicou um gestor da empresa ao “Canalmoz”.
“VALE” paralisada
Com o cenário a tornar-se preocupante, e a agitação que se registou na mina de carvão da “VALE” onde estes sul-africanos trabalham, vários trabalhadores, por solidariedade com os seus colegas e até amigos, recusaram-se a entrar na mina e trabalharem. As operações foram suspensas durante todo o dia de quinta-feira.
Trabalhadores moçambicanos prometem não retaliar
“A nossa cultura não é a violência. Respeitamos a vida humana. Maltratar os sul-africanos aqui não resolve o problema”, afirma Armindo Tomás, trabalhador da “Kentz”.
Consequências económicas para os hotéis e os restaurantes
Com a saída de Tete de vários empresários, as consequências económicas para as empresas de hotelaria e de restauração estão à vista. Restaurantes e hotéis frequentados por estrangeiros em Tete estiveram vazios. (José Pantie, em Tete)
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