Maputo (Canalmoz) – A onda de xenofobia na África de Sul está a ser noticiada em todo o mundo. A imprensa mundial parece estar de acordo numa posição: o Governo pouco faz para erradicar o discurso contra os estrangeiros. A imprensa mundial acusa os próprios membros do Governo de fazerem discursos que dão azo ao ódio contra os estrangeiros.
A actualização da situação feita na quinta-feira pelo jornal sul-africano “Mail&Guardian” com a ajuda da agência norte-americana Bloomberg e da agência francesa AFP, refere que, apesar do apelo à calma e ao fim da violência feito na quinta-feira pelo Presidente da República sul-africano, Jacob Zuma, “há um sentimento crescente de que o Governo sul-africano e o presidente Zuma estão a ser lentos e passivos, e a reputação da África do Sul já está muito danificada”, refere a imprensa internacional.
Mas as declarações do rei Goodwill Zwelithini e as de Edward Zuma, filho de Jacob Zuma, não foram as primeiras. A incitação ao ódio contra estrangeiros e para esta nova vaga de ataques xenófobos já tinha sido feita em Janeiro pela ministra dos Pequenos Negócios. Segundo a AFP e a Bloomberg, citadas pelo “Mail & Guardian”, em Janeiro último uma onda de ataques a estrangeiros tomou conta de Johannesburg, e, na altura, a ministra dos Pequenos Negócios disse à imprensa que “os proprietários das lojas estrangeiras na África do Sul devem partilhar os seus segredos comerciais com as pessoas nas cidades em que desenvolvem as suas actividades, para evitarem ser violentados”.
Segundo o “Mail & Guardian”, nenhum dirigente do Governo sul-africano nem do ANC, partido no poder na África do Sul, veio a público condenar as declarações da ministra, e o seu discurso era indicador de que há sectores do Governo sul-africano que optam por ignorar a questão, e três meses após os episódios de Janeiro nada foi feito para pôr fim ao problema.
Seis mortos é a última actualização feita pela Polícia sul-africana, desde que a violência deflagrou na semana passada nos arredores de Durban. A situação tem sido caracterizada por assassinatos e por torturas com catanas facas, paus e pedras. As fotos que estão a circular na internet e a chocar o mundo espelham uma brutalidade colossal e a ausência dos valores mais básicos de humanismo por parte dos sul-africanos.
Na quinta-feira, cerca de 4.000 pessoas marcharam nas ruas de Durban, clamando “Abaixo a xenofobia” e “África Unida”. A marcha teve a participação de moradores, estudantes, líderes religiosos e dirigentes políticos locais. Calcula-se que mais de 1400 estrangeiros tenham abandonado as suas casas, e estão a ser alojados em campos criados pelo Governo, mas em condições deploráveis.
O Governo moçambicano enviou ontem autocarros para evacuar 100 moçambicanos. Alguns moçambicanos de boa vontade e corajosos estão a desafiar a violência, indo aos subúrbios buscar os seus conterrâneos para os centros de acolhimento. (Redacção)
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