quinta-feira, 30 de abril de 2015

Há posicionamentos difíceis de entender

Lucas 6:29
Há posicionamentos difíceis de entender. Digo isto a propósito duma entrevista concedida pelo líder do MDM, Daviz Simango, à Lusa. Nessa entrevista ele considera que a afirmação do Chefe de Estado, segundo a qual ele não se ajoelharia a ninguém para pedir a paz constitui o que ele chama de discurso inflamatório e intolerante. Segundo o edil da Beira, “[ele próprio]... não teria dificuldades de me ajoelhar e pedir ao outro concidadão para que juntos, de mãos dadas, construamos o nosso país em paz, porque sem ela vai ser extremamente difícil criarmos um futuro estável para as próximas gerações”. E mais: “Negar-se a ajoelhar-se significa arrogância, intolerância, significa falta de perdão, e sobretudo falta de amor a si mesmo”. Conclusão: “Se é preciso trazer a paz para engrandecer o país, para garantir a estabilidade económica e política de Moçambique, não me importaria de me ajoelhar e falar com outro concidadão”.
Pela sua orientação cristã suponho que se tenha inspirado no Evangelho de Lucas, sobretudo naquela passagem onde Jesus recomenda que se dê a outra bochecha a quem nos dá uma bofetada, que se entregue a camisa a quem nos arranca o casaco, que se não exija de volta aquilo que nos foi arrancado. Só que Jesus, antecipando Calton Cadeado (“não se negoceia duas vezes com o mesmo bandido”), não aconselhou a ninguém para fazer isso toda a vida. Disse para dar a outra bochecha e não para oferecer as bochechas sem parar.
O que eu não percebo nestas declarações é porque este partido persiste em disparar tiros contra os seus próprios pés e porque ele tem um pavor enorme em relação à crítica à Renamo e ao seu líder, mas não poupa nenhum esforço em usar linguagem extrema para se posicionar em relação ao governo. Chamar de discurso inflamatório e intolerante o desabafo de alguém que tudo fez para que as exigências de quem periga a paz fossem ouvidas em sede própria é, no mínimo, estranho. Eu não percebo. Para já, se dizer “não” ao ajoelhar perante seja quem for pode ser interpretado como discurso inflamatório e intolerante num momento em que quem gosta da paz e não é arrogante devia se ajoelhar, então como classificar a sua própria acusação de que Nyusi está a ter um discurso inflamatório e intolerante? Não se devia ajoelhar perante Nyusi (que pelos vistos não quer a paz segundo o edil da Beira) para “trazer a paz”? Segundo, o que é que realmente custa ao MDM identificar uma posição de princípio, de preferência inspirada na defesa do espírito democrático da constituição, para formular a sua posição em relação a este assunto? Porque é que este partido que já foi tão promissor se recusa a assumir o seu lugar no concerto normativo do País?
  • Mablinga Shikhani "Não oferecer as bochechas sem parar..." Hehehehehehehehehe.... Entretanto o outro, que o achou descalço em Inhambane pode vociferar e ameaçar: "Vão voar! Vão levar porrada! e mais alguma coisa..." Haja foco...
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  • Julião João Cumbane Quem achas que vai responder as questões, muito pertinentes, que tu colocas aqui, Elisio Macamo? O pão de cada dia na política da oposição moçambicana é feito usando os seguintes ingredientes: incoerência, demagogia, falácias, falta de sentido de Estado e ataques ao regime legitimamente instalado. Quem come deste pão fica empanturrado e não pode comer mais nada ao longo do dia. A consequência é desnutrição intelectual crónica, que não viabiliza a construção de um ambiente político que acomoda o aparecimento de alternativas credíveis à Frelimo fora da própria. Infelizmente, isto já não está fazendo bem nem mesmo à própria Frelimo, que está claramente precisando de uma almofada de ar fresco. Qual é a alternativa? Eu penso que alternativa agora reside só e somente na própria Frelimo (...). Enquanto não nascer essa alternativa, enquanto a Frelimo não se reinventar, continuaremos a comer pão que empanturra!
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  • Lenon Arnaldo O líder do MDM já percebeu que com a aparição do AMMD, ele e o seu partido, correm sérios riscos de desaparecer no mapa político moçambicano. Aliás, os últimos resultados são reveladores disso.
    Solução é aliar -se desesperadamente as "causas do povo" ou seja, tudo que tenha como proponente a Renamo e as demais forças vivas da sociedade civil (criticas ao poder do dia) com ou sem mérito, são defensaveis, pois, entendem, o que esteve por detrás do seu insucesso no último pleito eleitoral foram alguns alinhamentos que fizeram apoiando ideias da frelimo ( por isso, ter sido associado o poder em detrimento das vontades do povo).

    Infelizmente, é este tipo de partidos ou oposição que o país tem. Veja que acabam de reprovar o Projecto das Autarquias Provínciais e, a chefe da bancada no seu discurso diz claramente, que "a Frelimo chumbou o projecto das populações do centro e norte", isso é grave, vindo de uma líder parlamentar. Moçambique, é um estado unitário e não é um Estado Federado.
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  • Eduardo Lichuge Pois, é por isso que até hoje a oposição não faz mais nada que faltar ou "tsuvar" aos eventos de Estado a que são convidados a tomar parte. As pessoas que gostam da paz, da democracia, da harmonia, que defendem tolerância e liberdade de expressão são as primeiras a infringir esse principio!
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  • Elton Das Neves Sinalo Haja santa paciência para nao desligar o jornal da noite quando essa gente começa ocupar-nos os ouvidos e as vistas...limitando-se em fazer pouco dos outros outorgando-se o merito de mocinhos e bonzinhos do filme...
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  • Elisio Macamo e acabo de ler isto no canal de moçambique: "... É oficial. A bancada parlamentar da Frelimo na Assembleia da República acaba de chumbar o projecto de Lei de Criação das Autarquias Provinciais submetido pela Renamo como alternativa para se ultrapassar a crise pós eleitoral. As bancadas da Renamo e do Movimento Democrático de Moçambique votaram a favor do projecto, mas não foi suficiente para evitar evitar o "chumbo" da maioria. Resta agora saber qual será a reacção da Renamo, principalmente da sua ala militar, que já vivia pressionando Afonso Dhlakama para uma solução depois da fraude eleitoral. (Redacção)". repito: "resta agora saber qual será a reacção da Renamo, principalmente da sua ala militar, que já vivia pressionando Afonso Dhlakama para uma solução depois da fraude eleitoral". poucos vão ver isto como inflamatório e intolerante... há gente doente na pérola do índico.
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  • Orlando Daniel Chemane É que, no meu país quem tem que se ajoelhar para trazer a paz é o outro. A responsabilidade pela paz, está no outro. O mau, é o outro. Estamos habituando-nos a uma discurso maniqueísta mesmo daqueles setores que deviam construir novas propostas para o país. Parece que toda a laboração analítica e intelectual esbarra hoje, infelizmente, no meu país, entre um, que é sempre mau e, o outro, que é, invariavelmente, bom...o que me preocupa é, em tudo isto, a falta de responsabilidade...me parece tamb´´em haver o problema de uma moral menor...
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1 comentário:

Pedro disse...

A Frelimo nunca teve a cultura de diálogo, a lista das execuções sumárias extrajudiciais, testemunham , nunca esteve interessada ao desenvolvimento social dos Moçambicanos, a pinúria em que se encontram os moçambicanos testemunha, nunca foi uma organização democrática, A exclusão social, a pinuria em que se encontram os moçambicanos, o facto de ter empurrado os moçambicanos para aldeias comunais para viverem como animais do curral por si revelam. . Sempre buscou a guerra para manter a hegemonia do poder a todo o custo.
È necessário os moçambicanos gritarem numa só voz, Nós queremos a justiça e a igualidade e não simplesmente a paz.
A Frelimo pretende mostrar que em Moçambique existe Unidade Nacional apenas por uma chama, chamada chama de unidade nacional que neste momento está a correr do norte ao sul do País.
Mas isto é um forte engano, essa chama não vai acabar com a miséria em que se encontram os moçambicanos, não vai destruir a exclusão social que a Frelimo montou, Não vai acabar com o clima de tensão que se gerou no País por causa de Fraudes eleitorais.
A unidade nacional cria-se com base num projecto que envolve vários programas tais como, programas para o desenvolvimento social de toda a Nação, numa base de igualdade de oportunidades.
Desde 1975 em Moçambique todos os juízes dos tribunais só são membros do partido Frelimo, todos os directores nos aparelhos do Estado a todos os níveis, instituições, localidades, distritos, províncias e nação, só são membros do partido Frelimo. Como consequência disto em Moçambique não se fala de Transparência, nem de Justiça, nem de Igualdade, nem de Cidadania, nem de Moral. Aqui estas são letras mortas.
A Frelimo tem extremo medo em ceder para a igualdade de oportunidades.
A Frelimo tem extremo medo na transformação do País numa República federa, porque já compreendeu há muito tempo que um país federal não tem espaço para a hegemonia do poder.
A luta da Frelimo é uma luta desumana.
É pena que alguns moçambicanos a procura de privilégios e de vida falsa se filiam na Frelimo.

Pedro
Moçambique
1 de Maio de 2015