Lucas 6:29
Há posicionamentos difíceis de entender. Digo isto a propósito duma entrevista concedida pelo líder do MDM, Daviz Simango, à Lusa. Nessa entrevista ele considera que a afirmação do Chefe de Estado, segundo a qual ele não se ajoelharia a ninguém para pedir a paz constitui o que ele chama de discurso inflamatório e intolerante. Segundo o edil da Beira, “[ele próprio]... não teria dificuldades de me ajoelhar e pedir ao outro concidadão para que juntos, de mãos dadas, construamos o nosso país em paz, porque sem ela vai ser extremamente difícil criarmos um futuro estável para as próximas gerações”. E mais: “Negar-se a ajoelhar-se significa arrogância, intolerância, significa falta de perdão, e sobretudo falta de amor a si mesmo”. Conclusão: “Se é preciso trazer a paz para engrandecer o país, para garantir a estabilidade económica e política de Moçambique, não me importaria de me ajoelhar e falar com outro concidadão”.
Pela sua orientação cristã suponho que se tenha inspirado no Evangelho de Lucas, sobretudo naquela passagem onde Jesus recomenda que se dê a outra bochecha a quem nos dá uma bofetada, que se entregue a camisa a quem nos arranca o casaco, que se não exija de volta aquilo que nos foi arrancado. Só que Jesus, antecipando Calton Cadeado (“não se negoceia duas vezes com o mesmo bandido”), não aconselhou a ninguém para fazer isso toda a vida. Disse para dar a outra bochecha e não para oferecer as bochechas sem parar.
O que eu não percebo nestas declarações é porque este partido persiste em disparar tiros contra os seus próprios pés e porque ele tem um pavor enorme em relação à crítica à Renamo e ao seu líder, mas não poupa nenhum esforço em usar linguagem extrema para se posicionar em relação ao governo. Chamar de discurso inflamatório e intolerante o desabafo de alguém que tudo fez para que as exigências de quem periga a paz fossem ouvidas em sede própria é, no mínimo, estranho. Eu não percebo. Para já, se dizer “não” ao ajoelhar perante seja quem for pode ser interpretado como discurso inflamatório e intolerante num momento em que quem gosta da paz e não é arrogante devia se ajoelhar, então como classificar a sua própria acusação de que Nyusi está a ter um discurso inflamatório e intolerante? Não se devia ajoelhar perante Nyusi (que pelos vistos não quer a paz segundo o edil da Beira) para “trazer a paz”? Segundo, o que é que realmente custa ao MDM identificar uma posição de princípio, de preferência inspirada na defesa do espírito democrático da constituição, para formular a sua posição em relação a este assunto? Porque é que este partido que já foi tão promissor se recusa a assumir o seu lugar no concerto normativo do País?
1 comentário:
A Frelimo nunca teve a cultura de diálogo, a lista das execuções sumárias extrajudiciais, testemunham , nunca esteve interessada ao desenvolvimento social dos Moçambicanos, a pinúria em que se encontram os moçambicanos testemunha, nunca foi uma organização democrática, A exclusão social, a pinuria em que se encontram os moçambicanos, o facto de ter empurrado os moçambicanos para aldeias comunais para viverem como animais do curral por si revelam. . Sempre buscou a guerra para manter a hegemonia do poder a todo o custo.
È necessário os moçambicanos gritarem numa só voz, Nós queremos a justiça e a igualidade e não simplesmente a paz.
A Frelimo pretende mostrar que em Moçambique existe Unidade Nacional apenas por uma chama, chamada chama de unidade nacional que neste momento está a correr do norte ao sul do País.
Mas isto é um forte engano, essa chama não vai acabar com a miséria em que se encontram os moçambicanos, não vai destruir a exclusão social que a Frelimo montou, Não vai acabar com o clima de tensão que se gerou no País por causa de Fraudes eleitorais.
A unidade nacional cria-se com base num projecto que envolve vários programas tais como, programas para o desenvolvimento social de toda a Nação, numa base de igualdade de oportunidades.
Desde 1975 em Moçambique todos os juízes dos tribunais só são membros do partido Frelimo, todos os directores nos aparelhos do Estado a todos os níveis, instituições, localidades, distritos, províncias e nação, só são membros do partido Frelimo. Como consequência disto em Moçambique não se fala de Transparência, nem de Justiça, nem de Igualdade, nem de Cidadania, nem de Moral. Aqui estas são letras mortas.
A Frelimo tem extremo medo em ceder para a igualdade de oportunidades.
A Frelimo tem extremo medo na transformação do País numa República federa, porque já compreendeu há muito tempo que um país federal não tem espaço para a hegemonia do poder.
A luta da Frelimo é uma luta desumana.
É pena que alguns moçambicanos a procura de privilégios e de vida falsa se filiam na Frelimo.
Pedro
Moçambique
1 de Maio de 2015
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