Aproxima-se a data limite para a concretização
da promessa do líder Afonso
Dhlakama segundo a qual o seu Partido, a
RENAMO governará nas províncias onde
vem ganhando eleições desde 1994.
A proposta de Lei que deve ser aprovada
para dar suporte legal à pretensão que
até já foi regada pelo sangue de um
académico muito respeitado e querido
no nosso país que voluntariamente
adoptou como Pátria apesar de ter
nascido na grandiosa nação francesa,
o Professor catedrático Gilles Cistac.
As acusações de a RENAMO querer
dividir o país, de estar atentando contra
a constituição e a Unidade Nacional,
vão-se dissipando à medida que
os preparativos se vão completando.
O texto da Lei começa a circular, e
pode ler-se que “as autarquias provinciais
exercem as suas atribuições
nos termos da Constituição e da lei
e no respeito pelo princípio da Unidade
do Estado.” (art.3 numero 4).
Vê-se pela proposta da RENAMO que
a pretensão é mesmo consolidar a
democracia, e não fraccionar o País.
O respeito pelas especificidades locais
pode ser indesejado para os que
não gostam nem querem ver implantada
no pais a democracia verdadeira,
onde a Unidade não tem que negar
a diversidade, mas ensinar cada um
a respeitá-la, e até a usa-la como factor
de fortificação da moçambicanidade,
através de leis e normas que assegurem
a protecção dos cidadãos em
relação aos crimes que possam ter a
sua origem em valores culturais locais.
A RENAMO está empenhada em realizar
com acções aquilo que a FRELIMO
desde 1974 e até mesmo antes, nos
vem prometendo com palavras apesar
de negar com as acções. O Partido de
Afonso Dhlakama está se transformando
no “Camarada Inimigo” enquanto os
camaradas se estão revelando os inimigos
do Povo que sempre foram. Afinal
não se definiram no seu III Congresso
como a “elite, a nata ideológica….”.
Não falta muito para os representados
tomarem em próprias mãos a defesa
da sua causa. Basta só jogarem o país
outra vez para a guerra recusando-se
a aprovar a proposta de lei da RENAMO
que afinal é deveras preciosa para
a democracia. A recusa da aprova-
ção desta Lei desvenda as causas da
descriminação e das assimetrias e
das desigualdades, e de todas as injustiças
que reinam em Moçambique.
Estamos dependentes do bom senso
do partido no poder, de quem depende
a bancada parlamentar da
FRELIMO. Do bom senso desta minoria
feita maioria na secretaria, depende
a paz e o desenvolvimento
da democracia em Moçambique.
É verdade que os sacos azuis que facilitam
o cabritismo podem ficar
menos manobráveis, mas verdade
também é que ao cabo das contas todos
sairemos a ganhar pois o desenvolvimento
do país beneficia a todos.
Uma terra onde impera a justiça, onde o
progresso depende do trabalho e da capacidade
de cada um, onde o trabalho
honesto é o meio seguro do enriquecimento,
só se consegue quando cada
parcela do país tem poder de decidir
sobre os seus fundos, e responsabilidade
de contribuir na criação da renda
nacional. Não se pode desenvolver todas
as regiões do país se os impostos,
as contribuições, os lucros gerados nos
distritos, esses tais que foram proclamados
como a unidade de desenvolvimento
do pais, se limitam a arrecadar
fundos dos impostos, das taxas, de tudo
e de nada, para entregá-los a capital e
esperar que Maputo decida sobre esses
dinheiro, devolvendo algumas migalhas
e informando que não é possível resolver
nenhum dos problemas que sufocam
os residentes daquela área onde o imposto
foi colectado. O método inverso,
o de permitir que as contribuições arrecadadas
sejam em primeiro, e na sua
maior parte para sustentar os projectos
locais, e depois, numa percentagem
menor para acudir as despesas centrais,
parece ser muito mais motivador
do desenvolvimento e do trabalho empreendedor
que é muito importante
para a redução das discrepâncias, assimetrias,
condições necessárias para a
manutenção, aliás, instauração da Paz,
porque este bem precioso nunca existiu
em Moçambique independente.
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