04.04.2015
DOMINGOS DE ANDRADE
Este é o tempo da política. Não é o tempo da economia. Advém daí a relevância que as eleições presidenciais adquirem e o lento, mas previsível, desfile até ao verão de candidatos e protocandidatos à Presidência da República. Caberá ao futuro inquilino de Belém, e não a Cavaco Silva, o peso da escolha de uma solução governativa para Portugal, no caso mais do que provável de sair das legislativas um caldo de tendências difícil de conciliar num Governo que se quer estável e durável. Mas já lá vamos.
Henrique Neto, que olha para si próprio com a autoridade de um "senador" num país onde poucos o conhecem, ou Sampaio da Nóvoa, um reitor respeitável no meio de uma certa elite política que já se posicionou para anunciar o anúncio da sua candidatura, são apenas os primeiros atropelos do desfile. Faltam todos os outros, à Esquerda e à Direita, que vão entrar em cheio nacampanha eleitoral para as legislativas. E essa é a segunda parte do enredo.
Pedro Passos Coelho, já aqui o dissemos, é o que mais razões tem para estar sereno. Não só renasceu da terra queimada que foi a aplicação do memorando da troika, como resiste à sucessão de casos que se multiplicam na memória: lista VIP do Fisco, trapalhadas várias em muitos ministérios, uma sociedade estrangulada mas antiga no pensamento e nas ações que joga a favor de uma certa forma de exercer o poder.
A ele, as presidenciais podem correr de feição. Com jeitinho, ainda impõe um candidato único à direita que não o atrapalhará na campanha, antes ajudará no caminho.
Pior será o andor de António Costa. Dele, de quem se espera mais política, temos tido economia de palavras e de ações, e teremos um programa de governo que se deseja não esteja apenas assente na pena de meia dúzia de homens dados aos números, que acrescentarão chavões ao quadro macroeconómico do país e da Europa.
E sobram as presidenciais. Com uma certeza. Se o líder doPartido Socialista gerir tão bem o processo como tem gerido os seus tempos, terá em cima da sua campanha uma mão-cheia de candidatos a carregar os seus slogans com todos os defeitos e virtudes dos últimos governos PS. Já para não falar do inegável peso de Sócrates detido.
Os tempos não estão para distrações. A menos que Costa tenha a tentação de não se meter. Mas aí paira o fantasma da Madeira. E a humilhação dos socialistas, pela forma como o líder não cuidou das eleições.
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