Não sei muito bem o que tanto procuro nesta jovem loira virgem chamada internet, mas cada vez mais que lhe vou tirando as mais de mil e uma saias que ela tem, uma por uma, vou descobrindo sozinho um dos mais brilhantes capítulos dos direitos humanos: o direito de sonhar. Não é por mero acaso que um dos maiores patos da história da humanidade teria dito que esta nossa rede social era uma fábrica de sonhos inalcançáveis. Um sonho inalcansável é uma utopia: como esta que eu sigo, deixando-me levar pela tesão de que quem sonha em encontrar algo de muito importante debaixo das saias desta minha jovem loira virgem chamada internet. Para desfrutar do direito de sonhar com o que se pode achar debaixo das saias desta linda menina de olhos azuis, muitos são chamados,mas pouco são os eleitos. Por isso, meu caro amigo Daniel Calvino Maposse, deixe-me sonhar. No lugar de andares ai a comentar que eu sou um frustrado pelo facto de passar a vida a questionar a legitimidade da existência do G 40, um grupo de propagandistas que recebem senhas de combustível e bebidas alcóolicas para torpedear, escamotear e intorpecer a verdade nos nossos serviços públicos de comunicação social, devias ser mais solidário com a causa dos que aqui chegaram, dos que estão a chegar e dos que ainda irão chegar, a fim de participarem nesta nossa primeira grande assembleia geral dos jornalistas anti-G 40, a reunião da grande família. Sei e tu também sabes bem o que é isso de um jornalista ter que dormir na redacção do jornal por ter sido desalojado por não pagar renda de casa devido a mais de oito meses que o jornal não paga salários. Tu também és uma vítima, por isso eu te perdoo, dado que em matérias de direitos humanos eu estou sempre do lado das vítimas. Sou um sonhador, por isso deixa-me sonhar, oh grande Maposse das grutas em pleno século das luzes. Esta coisa de sonhar com um mundo melhor, onde o homem deixará de ser lobo de outro homem e se tornará em irmão marcado pelo signo da solidariedade, como um direito humano que é, foi me introduzida pelo meu bom e velho domador de burros Augusto de Carvalho, que também era jornalista, sociólogo, teólogo e jurista. Foi com ele que aprendi que o pior crime que se pode cometer contra a humanidade é cortar o direito do homem de sonhar, dado que, como fixou o poeta António Gedeão, quando o homem sonha, o mundo pula e avança. Eles não sabem e nem imaginam que o sonho comanda a vida. Estou sonhando com o que vou achar debaixo das mil e uma saias desta loira virgem chamada internet, meu caro homem das grutas. Lembro-me hoje da primeira vez que tive o privilégio de publicar um artigo de opinião no jornal “Notícias” quando eu ainda era estudante do segundo ano na Escola de Jornalismo. Era um artigo que tecia duras críticas a Afonso Dhlakama. Eu era ingénuo, de tal sorte que vi na inserção do meu artigo um grande favor que me havia prestado o responsável pelas páginas de opinião daquele jornal na altura. Eu era um principiante, muito pequeno para saber o que significava quando a lei dizia que o direito à opinião é um direito e não um favor. Eu apenas celebrei o gáudio de ver o meu artigo publicado em letra de imprensa. Quase que ia acender foguetes de alegria, longe de saber que haveria na face da terra quem pudesse vender as suas opiniões no partido, utilizando-as para promover a intoxicação da opinião pública. Seguindo os meus sonhos, também ajudo os outros a sonharem comigo. Sei que estamos entrado num mundo louco, mas eu sou uma metamorfose ambulante em pessoa, embora também seja oriundo das grutas. Quando estavamos no terceiro ano na escola de jornalismo, veio um dia desses o nosso professor Américo Xavier, que também era director da escola, trazer-nos as oportunidades de estágio que a escola havia recebido, uma grande alegria para nós meninos de dezoito, dezanove e vinte e poucos anos que não viamos a hora de partirmos da teoria para a prática nas grandes redacções. Eu sentava na mesma carteira com o Arsénio Henriques, o Senito, ele que escolheu ir para a Stv, que estaria, entretanto, a ser criada. Eu gostava mais de escrever, queria muito aprender a escrever, por isso escolhi ir para o “Vertical”, um pequeno jornal electrónico. Outros colegas foram para o “Notícias”, outros para a TVM, RM, “Desafio”, “Domingo” e outros órgãos de informação. Quis ir ao “Vertical”, que era um pequeno jornal electrónico porque no ano anterior tinha estado uma semana no “Diário de Moçambique” com os meus amigos Luis Gonzaga Jeque, Moisés Uetela e Armando Machona Jr, que agora largou o jornalismo para seguir carreira como magistrado judicial. O Alexandre Chiúre, delegado do DM em Maputo, recomendou-me depois ao Refinaldo Chilengue no “Correio da Manhã”, onde a minha carreira durou apenas um mês por conta de uma estória em que eu dizia que o então vereador de salubridade Yok Chan havia sido demitido, quando na verdade tinha sido alvo apenas de uma moção de censura na assembleia municipal de Maputo. Chilengue mandou-me passear longe, que ele não queria ver o seu jornal ir parar nos tribunais por causa de um energumeno que não sabe escrever. Foi por isso que, quando vieram as oportunidades de estágio, escolhi ir aprender qualquer coisa no jornal “Vertical”, um pequeno jornal electrónico “inspirado” no “Metical” de Carlos Cardoso. Cardoso havia sido assassinado em 2000 e a viúva Nina Berg decidira encerrar o jornal, por isso os jovens que o meticalista tinha formado criaram o “Vertical”, a fim de seguirem os ensinamentos do mestre assim como de terem com o que ganhar o dia. Foi ali naquela cave que tive o privilégio de trabalhar com os meus amigos Victor Matsinhe, Arnaldo Abílio, Arménia Mucavele, Zacarias Couto, Aurélio Muianga, os quais desdobravam-se para fazer a pequena máquina andar, quase que sem quaisquer conhecimentos de gestão, dado que eram todos eles uns aventureiros, como todos nós. A edição dos textos por Arnaldo Abílio tinha a particularidade ter a sua atenção pelas regras do jornalismo, mas também algum rigor para com aquilo que os jornalistas mais odeiam: as leis. Arnaldo Abílio, que é Mondlane também, era finalista em Direito, tendo posteriormente deixado o jornalismo para seguir carreira como magistrado do Ministério Público, onde vem exercendo actualmentes as funções de Chefe do Gabinete do PGR. Foi na cobertura dos julgamentos dos casos “Carlos Cardoso” e “BCM” que fui ganhando gosto pelas leis, assim como pela justiça, talvez tenha sido por isso que depois ingressei na Faculdade de Direito da UEM, uma aventura que parou pelo meio e que ficou por terminar. Sou uma metamorfose ambulante em pessoa, um homem bastante inconstante. Também aqui, no “Vertical”, trabalhei com Ungulani Ba Ka Kossa, que vinha aos domingos trazer o texto dele para a “Estepe”, uma rubrica semanal que saía as segundas-feiras. Trazia o texto na memória, porque não gostava dos computadores, por isso encarregava-me com a tarefa de datilógrafo, ditando-me. Também aqui conheci o meu grande amigo Amin Nordine, ele que era correspondente do jornal a partir da cidade da Beira. Nordine era um poeta boémio de mão cheia que se diz ter sido descoberto por Carlos Cardoso e com quem tive o privilégio de andar a importunar as elites de Maputo que passeavam a classe nos lançamentos dos livros. Às vezes iamos à casa da tia que vivia na Mafalala, às vezes íamos matrecar os tipos da AEMO, como ele mesmo dizia. A morte de Nordine viria a deixar um enorme vazio na nossa literatura, na nossa boemia, assim como no “Vertical”, onde ele inseria os seus epigramas, como vinha fazendo desde o “Metical”, se nos lembramos da “Sentença aos Gelados”: “Para a sentença/dessa récua que pilha de nossas energias de vida” ou mesmo de “Banqueiros de Banquete”: “Banqueiros de banquete obsequiados/Milhentas vezes da colheita graúda/Cintilar grandes pratos arrojados”. O Mhula, que também é sócio do “Vertical”, era correspondente do jornal a partir de Gaza, tal como vinha sendo no “Metical”. É no “Vertical” que trabalhei também com Lázaro Mabunda, que depois me deixou ali quando foi para “O País”, estando agora no Centro de Integridade Pública, assim como com o jovem beirense Manuel Matola, que depois foi para a Agência Lusa. Sei que o Matola deverá estar em terras lusas, a fazer o seu mestrado. E aqui iniciava a minha geração de jovens jornalistas que sonham com um jornalismo verdadeiramente independente numa floresta como esta. Floresta altamente selvagem. Fui depois para o “Savana”, a convite de Fernando Lima, que se interessou por aquilo que eu andava a escrever no “Vertical” e me “roubou” de lá, onde quando sai deixei o meu amigo Almeida Oliveira, com o Joel Chambale. Como sou um cara muito inconstante, não tardaria que eu seguisse caminho com os meus amigos Fernando Veloso, o João Chamusse e o Luís Nhachote, que fomos fundar o “Canal de Moçambique”, que começou por ser um pequeno jornal electrónico que funcionava numa pequena garagem, mas que mais tarde viria a ser o grande semanário das quartas-feiras que todos nós conhecemos. Aqui tive o privilégio de trabalhar com o Celso Manguana, de quem aprendi a questionar “afinal de contas de que valeria a liberdade se as mesmas armas que ontem libertaram hoje também matam”. Era ainda muito ingénuo. Nem o facto de terem matado Cardoso me convencia até que ponto eram verdadeiras as palavras de Manguana, que chegou a partilhar a mesma cela com os madgermanes, por haver sido confundido com eles quando na verdade ele era jornalista e estava ali a cobrir a manifestação. Mas também, oh Celso, quem te manda ter cara de madgermane? O Celso Manguana, o poeta do “Pátria que me pariu”, para quem “isto não é um país é um sítio”, encontra-se hoje no exílio na África do Sul, onde está a estudar teologia. Só hoje é que eu consigo perceber o que leva um homem a dizer que “isto não é um país é um sítio”. De facto, estamos sitiados. Estamos em Estado de Sítio. Sempre fomos um país em paz armada, basta olharmos à nossa volta. Isto é um sítio. Todos são uns sonhadores estes jornalistas. Todos uns amantes da liberdade e da independência. Não é por acaso que são como umas pulgas, que vão saltando de um jornal para o outro. Quando querem fundam novos jornais, sempre em busca da tão almejada liberdade e da tão sonhada independência, eles saltam que nem umas pulgas. Não é por acaso que eles são a expressão mais viva do que é pluralismo de expressão, havendo quem lhes considere demasiadamente libertinos, porque eles divertem-se com o pluralismo. Porque pulga é sempre pulga, não tardou para que eu largasse o “Canal de Moçambique”, abrindo alas para que outros meninos rebeldes despontassem, como um tal de Borges Nhamirre, um menino muito teimoso, de quem se diz ter sido o mentor deste Matias de Jesus Junior, o Guente-rebelde-do-Chiveve que tanto incomoda o regime com as suas estórias, bem como com os seus editoriais que são uma crítica mordaz, as vezes mais satíricos, outras vezes nem tanto. Grande responsável por colocar atrás das grades alguns corruptos ligados às elites políticas, como o caso dos Cambazas, dos Munguambes e companhia limitada, Matias Guente é um dos jornalistas que pode nunca ter recebido um prémio de jornalismo, dado que os nossos prémios de jornalismo são direccionados e os seus juris outros serviçais do regime, mas sabe que tem esse direito por todo o seu trabalho abnegado. Tempos depois decidi regressar para o Savana, porque já era pai e achava que precisava de arrumar a minha vida como deve ser. Foi aqui onde encontrei novos jovens que despontavam no jornalismo. Refiro-me ao Raúl Senda, ido do Magazine Independente, ao Emídio Beúla que vinha da Escola de Jornalismo, ao Rui Lamarques (Xigono) e a Salane Muchanga, que viriam a ser recrutados pela SOICO, @verdade e Notícias, respectivamente. Um dia, foi-me instaurado um processo disciplinar por ter ido à Beira a convite do Misa-Moçambique. Tendo achado que isso era um grande insulto à minha consciência e como pulga é sempre pulga, segui o caminho com os meus amigos Anselmo Sengo e Inácio Pereira, que fomos criar o “Expresso Moz”. Há sempre alguma coisa que nos faz partir. De todos os jornais em que participei na fundação, nunca fui proprietário de nenhum. Eu só andei seguindo as aventuras da constante busca de liberdade e independência que caracteriza a história contemporânea do jornalismo. Nós gostamos de ser independentes e acreditamos que é assim que tem que ser em todo o jornalismo que se preze,incluindo o que se pratica nos nossos serviços públicos de rádio e televisão. Hoje, mais do que nunca, o pluralismo de opinião e de expressão deverá seguir outro rumo, devendo deixar de se expressar pela diversidade de órgãos de informação, como se os órgãos privados devessem ser tubos de escape face ao controlo político dos órgãos públicos, para uma nova fase em que o pluralismo deverá ser uma ordem e não um favor nos serviços públicos de comunicação social, dado que eles pertencem aos cidadãos e não a uma elite política no poder. Foi assim quando, nos primórdios dos anos 90, uns jornalistas atrevidos, como que animados pelo avanço do constitucionalismo moderno e do pluralismo político, ideológico e de expressão trazido pela Constituição de 1990, mesmo sem conhecerem nas suas vidas outra coisa senão um jornalismo que actuava como caixa de ressonância do discurso do poder político que vigorou durante os tempos do centralismo democrático, do marxismo-leninismo, do socialismo, do Estado-Partido, tomaram a coragem de se libertar das redacções da “Agência de Informação de Moçambique”, da revista “Tempo” e do jornal “Domingo”, que ainda vinham funcionando nos moldes dos tempos do Ministério da Informação, do Departamento do Trabalho Ideológico e da censura prévia, tendo ido criar a “Mediacoop, Jornalistas Associados”, a fim de experimentarem o jornalismo independente. Foram eles: Fernando Lima, Kok Nam, Carlos Cardoso, Fernando Manuel, Naíta Ussene, Joel Chiziane, Armindo Chavana, Fernando Veloso, Salomão Moyana, Lourenço Jossias e outros, numa altura em que conseguiriam levar a aprovação de uma Lei de Imprensa que deveria servir aos desígnios de uma imprensa livre, independente, justa e plural. Conseguiram-no através de um importante manifesto, chamado “Direito do Povo à Informação”. Porque pulga é sempre pulga, não tardaria que houvesse uma cisão na própria “Mediacoop, Jornalistas Associados”, que levou Cardoso a ir fundar o “Metical”, onde trabalhava também o Marcelo Mosse e aqueles outros que criariam o “Vertical” com a morte do mestre. Mais tarde, o Moyana e o Jossias – que tinham vindo do jornal “Domingo” – sairiam para fundar o grande “Zambeze”, uma saída que provocou baixas no “Savana”, dado que levaram com eles o Ericino de Salema, o Paulo Machava, o Angelo Munguambe, o Nelo Cossa, o Alvarito de Carvalho, o Rui de Carvalho e o Anselmo Sengo. Foi esta a sangria que fez com que eu, o Francisco Carmona que vinha do “Correio de Manhã” e a Maura Quatorze, a filha do José Catorze, fossemos os novos recrutas, onde fomos nos juntar a uma equipa da qual faziam parte o Fernando Gonçalves, o Milton Machel, o Rafael Bié (mais tarde recrutado para assessor imprensa da ministra da justiça), o Luís Nhachote, o Ruben Jossai, o Paulo Mubalo, a Carla Lopes e o José Matlombe. Mais tarde, a Fátima Mimbire e a Salane Muchanga. Porque as pulgas estão sempre a saltar de um lado para o outro, lá mesmo no “Zambeze” haveria uma nova cisão, tendo os jornalistas Ericino de Salema, Rui de Carvalho e Paulo Machava seguido o caminho para irem criar o “Embondeiro” e o jornal electrónico “Diário de Notícias”. Mais tarde, o Moyana e o Jossias deixariam o “Zambeze” e foram criar o Magazine Independente. A história real por detrás destas cisões todas ainda não apurei, mas por hora prefiro pensar que é da natureza dos homens livres ir a busca do que eles acham que é o melhor para eles. Antes de nascer esta nossa rede social, cada um destes jornais foi surgindo como uma pequena fábrica de sonhos inalcançaveis, sendo a independência um desses sonhos. É o que deve ser entendido sempre que alguém fala em regulamentar a utilização das redes sociais. Há sempre por detrás escondida a intenção de limitar o exercício da liberdade de expressão, sendo o direito à informação, nos dias de hoje, um direito de cidadania. Não é por mero acaso que gosto de todos os jornais que foram surgindo nesta mesma senda do combate pela independência. Eles são a tentativa de expressão do que quer dizer pluralismo de expressão, mesmo quando se trata de uma simples utopia. Porque o sonho comanda a vida. Gosto muito de todos estes jornais, por isso mesmo que sou alguém que parece querer estar em todas as redacções ao mesmo tempo, mas que depois não consegue estar em nenhuma, porque é uma pulga. Quando isso acontece, é porque de certeza que estamos em presença de um poeta. Por isso estou muito a vontade para vos dizer que Je Suis “Vertical”, “Savana”, “Canal de Moçambique”, “Zambeze”, “Magazine Independente”, “@verdade”, “MediaFax”, “Diário de Notícias” e todas as maltas de jornalistas independentes que abundam na face da terra: Je suis all of you. Não me esqueço do “Demos” dos tempos da minha irmã Célia Claudina, uma outra frente no combate pela liberdade e independência. Não me esqueço dos colaboradores do “Savana” com os quais tive o privilégio de privar e continuo a privar com eles, o próprio Fernando Manuel, a quem toda a gente culpa por me ter transformado num poeta pobre, bonito e inteligente. O João Machado da Graça que escreve crónicas bonitas em “Talhe de Foice” e faz uns bonecos engraçados que muito aborrecem os políticos no “Sacana”. Portanto, Je Suis “Sacana” aussi. O Adelino Timóteo, meu Deus. Quanta rebeldia abunda naquela alma das margens do Chiveve. Não me esqueço do saudoso Kok Nam que passava a vida a me atormentar com as suas birras, tendo sido para mim uma grande escola de jornalismo a sua casmurrice. Nós somos uma legião de jornalistas que amam a liberdade e a independência. É por isso que nos ofendem as inferferências políticas abusivas que nos são dadas a testemunhar na Agência de Informação de Moçambique, na Rádio Moçambique, na Televisão de Moçambique, no jornal “Notícias”, “Domingo” e “Desafio”, sendo também nossa obrigação zelar pela defesa da independência destes nossos colegas. Eles têm sofrido interferências políticas no seu trabalho e quando procuram fazer face a essas interferências, denunciando-as, são perseguidos com processos disciplinares, ao mesmo tempo que intelectuais como Carlos Nuno Castel Branco são perseguidos com processos criminais de instrução duvidosa – violando-se muitas vezes o princípio in dubio pro reu, em caso de duvida favorece o reu, dado que não me lembro de terem chamado críticos literários para ajudarem na perícia –, enquanto outros, como Gilles Cistac, são assassinados apenas porque exercem a sua liberdade intelectual, de pensamento e de expressão com independência, objectividade, imparcialidade, integridade e isenção. É para isso que se instituiu um grupo chamado G 40, que está a aterrorizar os nossos colegas, deixando-os em pânico. É a política de pendor socialista a sobrepor-se ao jornalismo nas nossas rádios e televisões públicas. A independência que todos nós temos na ponta da língua não é um mero privilégio do jornalista, antes pelo contrário, é uma garantia de um verdadeiro jornalismo ao serviço do cidadão, sendo deste que vem o dinheiro dos impostos que vai pagar os salários destes jornalistas. Nós estamos talvez mais calejados, andamos nisto há algum tempo já, estamos habituados que nos venham cortar a publicidade, que não nos incluam nas viagens presidenciais, nas presidências abertas, que nos persigam com projecessos judiciais ridiculos, injustos e enfadonhos. Esses jornalistas da rádio e da televisão não têm culpa. São vítimas da violência estrutural que se enraizou nas nossas instituições e que nos últimos tempos vai tomando contornos de terrorismo psicológico. Eles precisam de se libertar do G 40, assim como do gquarentismo patusco herdado dos recentes tempos patológicos. Eles consideram isso um sonho inalcansável. Mas o sonho é uma constante da vida. Quando o homem sonha, o mundo pula e avança. É um crime contra a humanidade cortar o direito que as pessoas tem de sonhar. Mas o sonho, como já dizia o poeta, o sonho comanda a vida. São jornalistas anti-G40 todos aqueles que acreditam no sonho de um dia poderem se libertar do G 40 e do gquarentismo. Que Deus nos acompanhe nesta nossa nobre missão. E a Luta Continua!
Major-General Henry Miller
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