segunda-feira, 23 de março de 2015

QUARENTA ANOS DE INDEPENDÊNCIA NACIONAL: Ganhos são inquestionáveis


QUARENTA ANOS DE INDEPENDÊNCIA NACIONAL: Ganhos são inquestionáveis
Segunda, 23 Março 2015
OS GANHOS resultantes da independência nacional, proclamada há 40 anos no Estádio da Machava, em Maputo, pelo falecido Presidente Samora Machel, são resolutamente inquestionáveis. Tal como foi factor preponderante e decisivo para o triunfo da luta contra o colonialismo português, a unidade nacional continua, nos dias de hoje, a ser a arma indispensável para as vitórias que os moçambicanos estão a alcançar no seu dia-a-dia, no quadro da luta contra a pobreza, e para a edificação dum futuro risonho e garantia duma vida feliz, afinal o principal propósito da libertação da terra e dos homens.
Nestes termos se expressaram, em contacto, sexta-feira, com a nossa Reportagem, na Fortaleza de Maputo, personalidades ligadas a diversos sectores da vida do país e dirigentes a vários níveis, na cerimónia de lançamento do programa cultural alusivo às comemorações dos 40 anos da independência nacional, que este ano se celebram sob o lema “Moçambique 40 Anos de Independência: Unidade Nacional, Paz e Progresso”.
O lançamento do programa cultural alusivo às comemorações dos 40 anos da independência nacional foi feito pelo Primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, que, na ocasião, exortou a todos os moçambicanos para que de forma festiva e efusiva exaltem a história do país e dos seus melhores obreiros e servidores, que em determinado momento da sua vida consentiram sacrifícios indescritíveis para que a nossa liberdade perante o jugo colonial fosse uma realidade.
O Primeiro-ministro lembrou que Moçambique é um país detentor de um rico mosaico cultural, composto por usos e costumes, diferentes expressões artísticas e por um grande património material e imaterial.
Para o governante, o lançamento das festividades representa a forma mais nobre e adequada que os moçambicanos encontraram para incentivar a participação de todos através das artes e cultura na promoção do bom nome de Moçambique dentro e além-fronteiras.
Carlos Agostinho do Rosário disse também que aquela cerimónia representa a valorização das nossas tradições culturais, o reforço da unidade nacional, a paz e da contínua luta para atingir o progresso que sempre os moçambicanos sonharam atingir.
O PAÍS CRESCEU IMENSO
Daniel Clemente, Secretário Permanente do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, o país cresceu imenso em várias vertentes, ao longo dos 40 anos da independência nacional. Muitas realizações estão a ter lugar em prol dos moçambicanos, num esforço colectivo resultante da entrega de cada um ao trabalho, bem como da boa governação empreendida pelas autoridades legitimamente encarregues da condução dos seus destinos.
“Muitos programas e projectos estão neste momento em implementação para benefício dos moçambicanos. Assisti a proclamação da independência nacional a 25 de Junho de 1995. Era miúdo. No meu distrito (Angónia) não havia hospital, mas há um hospital rural. No posto administrativo onde eu cresci e brinquei, não tínhamos um hospital. Neste momento há um hospital que até atende população que vem do Malawi. Tudo isto mostra que o país mudou consideravelmente para o melhor”, disse, a título de exemplo sobre os ganhos conquistados com a independência nacional.
Para Daniel Clemente, a própria conquista da independência nacional foi o aspecto marcante dos últimos 40 anos da história de Moçambique. Trata-se, segundo a fonte, duma conquista, um ganho de que todos os moçambicanos têm de se orgulhar.
A construção de infra-estruturas de diversa índole, sobretudo na área da educação, com destaque para a abertura de muitas universidades, a quantidade e qualidade de quadros formados em diversas áreas ao longo destes anos, entre outros ganhos, foram apontados pelo Secretário Permanente do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar como sendo importantes marcos do percurso histórico do país pós-independência.
“Estamos no bom caminho. O importante é que todos os moçambicanos estejam unidos do Rovuma ao Maputo, tal como se uniram para lutar contra a dominação colonial portuguesa, sob a direcção do arquitecto da unidade nacional, o Dr. Eduardo Chivambo Mondlane. A paz é fundamental para prosseguirmos com os desígnios da independência nacional. A paz deve começar na família e todos nós devemos preservá-la como um bem precioso para alcançarmos o desenvolvimento. Temos de trabalhar, temos de conversar como irmãos na busca da paz como condição para o desenvolvimento socioeconómico que almejamos”, afirmou.
ORGULHO NACIONAL
O secretário-geral do partido Frelimo, Eliseu Machava, disse que quando os moçambicanos decidiram enveredar pela via da luta de libertação sabiam o que queriam.
“São os próprios moçambicanos que trabalharam, não só para libertar a terra e os homens, mas projectando o futuro risonho. É com agrado e orgulho que olhando para trás ganhamos a vontade de falar do passado e do presente, projectando o futuro. É com orgulho que olho para este país e vejo que é produto do esforço colectivo dos moçambicanos. Olho para o país com muito optimismo e espero que continuemos a trabalhar de forma colectiva para chegarmos ao objectivo”, indicou.
Segundo Eliseu Machava, 40 anos depois, pode-se afirmar que Moçambique está no alto-mar, parafraseando Julius Nyerere, primeiro Presidente da Tanzania, ora falecido, sobre a proclamação da independência nacional. Disse que qualquer cidadão que queira avaliar o desempenho dos moçambicanos com olho de ver terá o orgulho de dizer que valeu a pena a independência nacional.
Para o Secretário-geral do partido Frelimo, o fundamental neste momento é continuar-se a reforçar a unidade nacional, consolidar a paz e cultivar o espírito de trabalho e o desejo de vencer os obstáculos. Eliseu Machava afirmou que os moçambicanos devem ter em mente que viver em paz é o desejo de todos e condição fundamental para o progresso e criação do bem-estar.
“Vimos a desgraça que as guerras trazem, vimos a morte de pessoas e vimos o atraso que tivemos. Não há razão para ameaças. Qualquer cidadão que quer contribuir para este país, tem formas de fazer chegar a sua contribuição sem recorrer a ameaças. O apelo é para que mantenhamos a paz, com todo o nosso esforço”, disse.
ULTRAPASSAR OS DESAFIOS
Para o antigo Primeiro-ministro Aires Aly, é com muito orgulho e alegria que os moçambicanos celebram este ano 40 anos da sua independência nacional, e particularmente para si que viu a sua proclamação a 25 de Junho de 1975.
Segundo afirmou, sem dúvida nenhuma que volvidos 40 anos Moçambique está no alto-mar. “Avançámos muito do que aquilo que alguns de nós pensam. Olhando para o nosso país hoje, o lugar que ocupamos na arena internacional, no mapa do mundo como uma referência, temos o orgulho de afirmar que sim estamos no alto-mar”, disse
Aires Aly enumerou uma série de ganhos conquistados durante os 40 anos da independência nacional, com destaque para a formação de muitos quadros em todos os sectores, com uma capacidade de análise e intervenção própria sobre a realidade do país. Em 1975 Moçambique não tinha quadros nacionais suficientes à altura dos desafios decorrentes da própria independência, o que exigiu do Governo a tomada de medidas para fazer os mesmos, de que resultou a chamada “Geração 8 de Março”, composta por jovens estudantes que tiveram de abdicar dos seus sonhos para assegurar o funcionamento de diversas frentes do Aparelho do Estado.
“Hoje temos um Aparelho do Estado totalmente preenchido com quadros, temos jovens analistas na comunicação social, nas universidades, na frente económica como empresários de gabarito, com visão. Significa, efectivamente, que estamos no alto-mar. Desafios ainda temos muitos, e é assim que nós vamos avançar e crescer mais. Felizmente, estamos a tomar consciência de descobrir recursos naturais no nosso solo, que vão trazer mais desafios”, indicou, acrescentando que se deve continuar a apostar na formação de pessoal, para que o país tenha cidadãos conscientes da sua responsabilidade, da riqueza do seu país e, sobretudo, determinados a vencer.
ESTAMOS A ANDAR
Para Pascoal Mocumbi, que também foi Primeiro-ministro durante a governação do antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, o país está a andar. Segundo afirmou, o que é preciso é fazer com que cada vez mais todos os moçambicanos saibam que a conquista da independência nacional não foi uma tarefa fácil, daí que é necessário continuar a cultivar o espírito de unidade para vencer.
Disse que a conquista da independência exigiu a entrega de cada um.
“Hoje já temos gente que sabe fazer. Naquela altura íamos aprendendo e aplicando, trocando experiências, procurando amigos sempre e estabelecendo relações com Estados como a Itália, com os Estados que nos primeiros tempos sempre questionavam quem éramos. É extraordinário sabermos que estamos no caminho, construir e desenvolver o nosso próprio país”, disse.
Pascoal Mocumbi lembrou que a criação da Frente de Libertação de Moçambique resultou dum esforço feito na altura para que os moçambicanos encontrassem os seus próprios passos.
“Foram interessantes os passos dos países colonizados por Portugal, no sentido de se organizarem de tal modo que na África do Norte (Marrocos) tivemos um lugar de onde começámos a circular, fazendo conhecer que os países dominados pelos portugueses estavam prontos a conquistar a sua independência”, afirmou.
Disse que o início foi difícil, mas com o decorrer do tempo as coisas foram-se tornando fáceis. O movimento de militantes da Frelimo, de Moçambique para Tanzania, era impressionante. Na altura, Pascoal Mocumbi estava no sector de informação e propaganda.
PROGREDIMOS BASTANTE
A Ministra do Género, Criança e Acção Social, Cidália Chaúque Oliveira, disse que os 40 anos da independência nacional são de progresso e de desenvolvimento notório em todas as esferas. O país progrediu bastante em todas as áreas, com destaque para a educação, saúde, agricultura, económica e principalmente na área da mulher, onde se notam avanços incomensuráveis.
“Hoje nós vemos a mulher na área política, na área económica, na área da tomada de decisão. São inquestionavelmente 40 anos de desenvolvimento. Temos, naturalmente, desafios que exigem de nós um enorme esforço e entrega. Precisamos de consolidar cada vez mais a independência nacional, a paz e a estabilidade deste país”, afirmou, destacando as inúmeras conquistas alcançadas durante o percurso histórico de Moçambique independente, mercê da unidade dos moçambicanos.
Cidália Chaúque sublinhou a importância da paz para o desenvolvimento do país, indicando que ninguém está autorizado a pôr em causa a independência nacional e a perigar a paz, a estabilidade e a democracia.

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