segunda-feira, 30 de março de 2015

A minha fé


28.03.2015
DAVID PONTES
Os domingos são dias santos para milhões. Para mim, o de amanhã é. Será dia de milagre porque, admitamos, já é preciso alguma evocação do transcendente para continuar a apostar na imprensa e amanhã é dia de renovação no "Jornal de Notícias".
Escrevo isto não porque não acredite no valor deste título ou na valorosa equipa que continua a perpetuar uma herança de ligação ao leitor já quase com 127 anos. Digo isto porque, nos últimos anos, a imprensa escrita tem sofrido uma enorme erosão de receitas e a profissão de jornalista tem suportado imensos desafios devido à explosão do universo digital que passou a dominar as nossas vidas.
O paradoxo é que nunca, como hoje, os jornalistas tiveram ao dispor um tão grande acervo de recursos para cumprir a sua missão, mas, simultaneamente, talvez nunca tenha faltado tão dramaticamente o mais importante de todos: dinheiro. E este é um problema que fragiliza a atividade diária dos órgãos de comunicação social e abre a porta a todo o tipo de constrangimentos à liberdade de imprensa.
E, no entanto, cá nos continuamos a mexer, a apostar em coisas novas, a procurar a mudança mesmo no mais tradicional de todos os meios, o papel. Até porque temos a consciência diária de que a palavra impressa mantém o seu peso próprio. Os leitores que nos procuram na banca e ouvem os nossos títulos repetidos na manhã das rádios ou dissecados na televisão do almoço sabem do que é que estou a falar.
Com tinta ou com pixéis, a missão do jornalismo como pilar da democracia continua bem presente e a minha crença, a minha fé, é que, para lá de todos estes sobressaltos, os cidadãos tenham a consciência de que uma imprensa livre é um bem essencial pelo qual vale a pena pagar, no qual vale a pena acreditar.
Cá os esperamos amanhã.
SUBDIRETOR

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